Ecos na Escuridão
Eu me encontrava numa vala profunda, um poço fétido onde os corpos de soldados e bestas caídos em um antigo campo de batalha haviam sido lançados para apodrecer. Eram centenas, talvez milhares, empilhados uns sobre os outros, em diferentes estágios de decomposição — a maioria já reduzida a fragmentos de ossos e tendões secos, com quase nenhuma massa orgânica útil restante.O corpo do qual eu havia emergido era como eles: putrefato, um esqueleto envolto em restos moles que exalavam um cheiro de morte que grudava na pele e saturava o ar.A maior parte da biomassa nesse lugar já não servia para minha evolução. Restava pouco para consumir, quase nada que pudesse alimentar o Codex Devorador em seu cruel ciclo de crescimento.Mas havia os necrófagos — criaturas pequenas e vorazes que ainda se alimentavam desses restos, seus corpos ainda vivos e ativos, com carne, sangue e vísceras frescas o suficiente para se tornarem alimento.Eles eram minha chance.Enquanto rastejava com cautela entre as sombras da vala, meus sensores captavam o menor movimento — cada passo era calculado, cada ondulação do corpo pensada para não alertar a próxima presa. Eu buscava, paciente e silencioso, o próximo necrófago para me alimentar, sabendo que a verdadeira mutação só ocorreria quando atingisse o limite exato de biomassa exigido — até lá, cada refeição era mais uma etapa na construção da força que viria.O silêncio sombrio daquele lugar era pontuado pelo som arrastado de patas e mandíbulas mastigando carne, pela vibração dos corpos que ainda se moviam — uma dança macabra na vala dos esquecidos.E eu rastejava, faminto e determinado, entre o apodrecimento e a morte.📊 [ Progresso para mutação física: 47g / 500g necessários]O cheiro da carne fresca atraiu minha atenção. Mais adiante, do outro lado de um amontoado instável de cadáveres, uma criatura se movia entre as frestas — seus passos leves sobre costelas quebradas e vísceras secas criavam ecos vibrantes nas paredes orgânicas da vala.Era um carniçal, uma criatura que lembrava um cão raivoso e esquelético, com cerca de 1 metro de comprimento e corpo magro, coberto por pele ressecada esticada sobre ossos salientes. Pelos falhados e manchas de sangue seco marcavam seu corpo. Os olhos, fundos e brilhantes, reluziam com uma ferocidade insana, enquanto os dentes afiados expostos rangiam em um rosnado rouco.Ele se alimentava de um cadáver relativamente intacto, talvez o último a ser lançado na vala — um corpo que ainda guardava carne fresca o suficiente para sustentar a fome voraz do carniçal.Sabendo que o tamanho do inimigo e sua agressividade me colocavam em desvantagem direta, mudei de estratégia. Rastei pelas sombras da vala, movendo meu corpo anelado com cuidado e silêncio, usando cada contração muscular para me aproximar furtivamente.Esperei o momento certo, estudando seus movimentos enquanto ele devorava.Quando o carniçal levantou a cabeça, atraído por algum som distante, aproveitei para lançar minha emboscada.Me projetei em um arco rápido, mirando um golpe certeiro com o ferrão na região vulnerável perto do pescoço. O espinho ósseo perfurou uma veia importante, e o carniçal recuou, sacudindo o corpo de dor, acelerando a hemorragia.Ele começou a se mover de forma desajeitada, buscando apoio enquanto a perda de sangue aumentava.Eu rolei para o lado, evitando uma mordida selvagem, e usei o ambiente escuro para me reposicionar, preparando o próximo ataque.A emboscada era minha vantagem; inteligência contra força bruta.Cada movimento era calculado para minimizar o risco e maximizar o impacto.