EPISÓDIO 11 – A CONFISSÃO DE JOAQUIM
Interior – Fazenda Monteiro – Escritório antigo – Noite
Joaquim Monteiro, de olhos cansados, sentava-se em frente a uma caixa de madeira que guardava há mais de vinte anos. Em suas mãos, uma carta amarelada com o nome **“DANIEL”** em letras fortes.
Ele respirou fundo, como quem sabe que o tempo da mentira terminou.
— “Está na hora…”
Verônica entrou, silenciosa.
— “Você vai contar?”
— “Se eu não contar agora… a verdade vai morrer comigo.”
Interior – Ônibus intermunicipal – Em trânsito
Isabela olhava pela janela. O reflexo dela se misturava às paisagens que passavam depressa. Em seu colo, o diário da mãe.
Ela sussurrou:
— “Será que Miguel me espera mesmo?”
Ela pegou o celular. Uma nova mensagem de número oculto:
**“O que Joaquim esconde… é pior do que você imagina.
Volte antes que seja tarde.”**
Ela franziu o rosto.
— “Quem está me mandando isso?”
Interior – Fazenda Monteiro – Sala – Manhã seguinte
Miguel olhava para o celular. Nada de mensagens de Isabela. Sua expressão era tensa. Joaquim apareceu com uma pasta nas mãos.
— “Preciso que você leia isso.”
— “O que é?”
— “Minha confissão.”
Miguel franziu o cenho.
— “Confissão de quê, vô?”
— “De que fui o responsável por separar Helena e Daniel.”
Miguel se levantou.
— “Você… o quê?”
— “Eu entreguei Helena para Alberto. Disse que Daniel era instável, perigoso. Que ela estava melhor longe dele.”
— “Mas isso não era verdade!”
— “Não no começo. Mas depois… Daniel começou a se transformar. Obcecado. Não aceitava perder. Eu temi por ela.”
— “Você podia ter protegido. Em vez disso, entregou ela ao homem que destruiu a vida dela.”
Joaquim ficou em silêncio.
— “Você quer que a Isabela te perdoe por isso?”
— “Não. Só quero que ela saiba a verdade de mim… antes que descubra por alguém pior.”
Interior – Delegacia – Cela de Alberto Ferraz – Ao mesmo tempo
O carcereiro entrega uma carta a Alberto.
Ele abre. A letra é de Daniel.
**“Você destruiu ela, mas não vai destruir o que resta dela.
Isabela é minha agora.
E você vai apodrecer assistindo isso de longe.”**
Alberto amassa a carta.
— “Esse maldito voltou pra terminar o que começou…”
Interior – Estação rodoviária – Tarde
Isabela desce do ônibus. Miguel está lá, esperando.
Ela o vê… hesita… e corre até ele.
— “Você veio…”
— “Eu sabia que você voltaria.”
— “Recebi uma mensagem estranha. Dizendo que o Joaquim esconde algo… algo pior.”
Miguel engoliu seco.
— “Ele quer te contar. Hoje.”
Interior – Fazenda Monteiro – Escritório – Pouco depois
Isabela entra, com o diário da mãe nas mãos. Joaquim está sentado, os olhos vermelhos.
— “Tem algo que preciso te dizer, Isa.”
— “Estou ouvindo.”
— “Eu menti pra sua mãe. Disfarcei medo de amor. E amor de controle. Disse que Daniel era um risco. Mas a verdade… é que eu tinha inveja.”
— “Inveja de quê?”
— “De como ele fazia sua mãe sorrir. Eu nunca tive isso com ninguém.”
Isabela, confusa, senta-se em frente a ele.
— “Então você… os separou por ressentimento?”
— “Por ego. E quando ela quis fugir com Daniel… fui até Alberto. Achei que estava salvando ela. Mas a entreguei pro lobo.”
Isabela tremeu.
— “Você era o único que ela confiava…”
— “E mesmo assim… fui eu quem a destruiu primeiro.”
Ela o olhou por longos segundos. Depois se levantou.
— “Obrigada por contar. Mas perdão… não se pede com palavras. Se conquista com tempo. E verdade.”
Interior – Porão abandonado – Noite
Daniel acendia uma vela. Ele observava um grande quadro com fotos de Isabela.
— “Ela está se lembrando. Está sentindo. E logo, ela vai saber quem realmente esteve ao lado de Helena… até o fim.”
Exterior – Fazenda Monteiro – Varanda – Madrugada
Miguel e Isabela estavam deitados sob uma manta, olhando as estrelas.
— “Você ainda me ama?” — perguntou ele.
— “Mesmo depois de tudo… sim. Mas meu amor está cansado. Preciso de algo que me sustente, não que me quebre.”
— “Eu não vou te quebrar. Posso tropeçar… mas vou lutar por você.”
Ela sorriu com tristeza.
— “Então lute comigo. Não por mim.”
Eles se deram as mãos.
Mas do outro lado da rua… Daniel observava. A raiva em seus olhos crescia.
Ele tirou do bolso um antigo colar de Helena.
— “Ela vai lembrar… nem que seja pela dor.”
———
PRÓXIMO EPISÓDIO: “O Colar de Helena”
Daniel envia um presente misterioso a Isabela: o colar que sua mãe usava no dia em que desapareceu. Com isso, uma nova memória enterrada começa a emergir... e coloca a vida de Verônica em risco.