Episódio 16

EPISÓDIO 16 – DISTÂNCIA

Interior – Fazenda Monteiro – Quarto de Miguel – Manhã

Miguel terminava de arrumar uma mala pequena. A raiva que sentia de Camila era visível no olhar determinado. Verônica entrou no quarto com um envelope na mão.

— “São as provas. O número da linha usada pra mandar as fotos, as mensagens... tudo está registrado. Foi Camila.”

Miguel pegou o envelope.

— “Obrigado. Eu mesmo vou mostrar a ela o fim dessa história.”

Verônica o observou por um momento.

— “Miguel… vai atrás da Isabela também?”

Ele suspirou fundo.

— “Se ela ainda estiver aqui... sim. Mas algo me diz que ela já decidiu ir embora.”

Interior – Estúdio de Arte – Centro da cidade – Ao mesmo tempo

Isabela embalava suas telas com a ajuda de uma curadora. Seu olhar estava distante, mas sua decisão era firme.

— “Tem certeza que quer levar tudo pra Jeju?”

— “Sim. Preciso recomeçar. E o convite da galeria veio na hora certa.”

A curadora sorriu.

— “Vai ser uma exposição linda. A dor transforma, sabia? E você transformou tudo em arte.”

Isabela não respondeu. Apenas encarou uma pintura inacabada: o rosto de Miguel, desenhado com cores partidas.

Interior – Fazenda Monteiro – Sala de Estar – Tarde

Miguel desceu as escadas com a mala e encontrou Camila no sofá, tomando chá como se nada tivesse acontecido.

— “Vai sair?”

— “Estou indo encerrar esse circo que você criou.”

Camila riu, debochada.

— “Você está nervoso, Miguel. Eu entendo. É difícil aceitar que a menina dos campos não aguentou a pressão.”

— “Você não conseguiu me separar dela, Camila. Foi o orgulho que nos afastou. Mas o que você fez… isso não tem perdão.”

Ele jogou o envelope em cima da mesa. Camila olhou. Quando viu o conteúdo, o sorriso desapareceu.

— “Então é isso? Vai me expulsar?”

— “Você tem até o fim da tarde pra sair da minha casa. E da minha vida.”

Camila se levantou lentamente. O olhar, agora, era frio e sem máscaras.

— “Você vai implorar pra me ver de novo, Miguel. Porque no final… é sempre comigo que você volta.”

— “Não desta vez. Não mais.”

Exterior – Aeroporto de Busan – Noite

Isabela aguardava o embarque. Sozinha. Uma mala, uma pasta de pinturas e o colar de Helena no pescoço.

Ela pegou o celular, digitou uma mensagem… mas apagou antes de enviar.

Interior – Fazenda Monteiro – Quarto de Miguel – No mesmo momento

Miguel encarava o celular. Viu a última foto com Isabela. Depois, deixou o telefone de lado e pegou a caixinha de veludo.

Dentro, o anel de compromisso que nunca chegou a entregar.

— “Se eu ainda te encontrar... será com isso nas mãos.”

Interior – Galeria de Arte – Ilha de Jeju – Dias depois

Isabela caminhava entre os quadros pendurados. Todos traziam pedaços de sua história: a fazenda, Verônica, Helena… e Miguel.

Uma senhora coreana elegante se aproximou.

— “Você pintou com o coração partido. Dá pra ver em cada cor.”

Isabela sorriu, cansada.

— “Pintei com tudo que sobrou de mim.”

— “E às vezes, isso é o suficiente pra recomeçar.”

Ela agradeceu em silêncio.

Exterior – Ilha de Jeju – Falésias – Final do dia

Sozinha diante do mar, Isabela fechou os olhos. O vento bagunçava seus cabelos.

Ela tocou o colar.

— “Se ele ainda me amar… vai me procurar. Mas eu não vou me perder de novo tentando ser suficiente pra alguém.”

Interior – Fazenda Monteiro – Quarto de Miguel – No mesmo instante

Miguel estava sentado à mesa, olhando um mapa da Coreia. Seus dedos pararam em Jeju.

Ele se levantou.

— “Chega de esperar.”

———

PRÓXIMO EPISÓDIO: “O Voo”

Miguel decide ir atrás de Isabela na ilha de Jeju. Enquanto ela se prepara para sua grande noite na galeria, o reencontro promete ser tenso, verdadeiro... e talvez definitivo.