Episódio 17

EPISÓDIO 17 – O VOO

Interior – Aeroporto de Busan – Manhã

Miguel atravessava o terminal com passos decididos. A mala de mão balançava ao lado e, no bolso interno da jaqueta, a caixinha com o anel que não conseguiu entregar a Isabela.

No guichê, a atendente sorriu.

— “Destino?”

— “Jeju. Ida… e volta, eu decido depois.”

Interior – Galeria de Arte – Ilha de Jeju – Tarde

Isabela caminhava entre os quadros, ajustando molduras, conferindo luzes, revisando catálogos. Era a sua grande noite — sua primeira exposição solo.

A curadora coreana a observava.

— “Você parece nervosa.”

— “É a primeira vez que algo meu vai ser visto… de verdade.”

— “E você quer que ele veja?”

Isabela parou por um momento.

— “Não sei. Parte de mim, sim. Parte de mim… quer esquecer.”

Exterior – Céu da Coreia – Voo JK207 para Jeju – Mesmo momento

Miguel olhava pela janela do avião. As nuvens passavam como pedaços do passado que ele tentava atravessar.

Ao seu lado, uma senhora simpática puxava conversa.

— “Vai visitar alguém?”

— “Na verdade… alguém que não me esperava mais.”

Ela sorriu.

— “Esses são os melhores reencontros. Ou os piores.”

Miguel deu um riso sem força.

— “Só preciso tentar. Mesmo que o não já esteja lá me esperando.”

Interior – Galeria de Arte – Ilha de Jeju – Início da noite

Convidados começavam a chegar. O local estava decorado com elegância discreta. Entre quadros e esculturas, um destaque: a obra mais intensa de Isabela — um retrato dividido entre luz e sombra. Era Miguel.

A curadora anunciou:

— “Senhoras e senhores, com vocês, a artista da noite: Isabela Monteiro!”

Palmas. Fotos. Sorrisos.

Mas no meio da multidão, o olhar de Isabela procurava alguém… e não encontrava.

Interior – Aeroporto de Jeju – Poucos minutos depois

Miguel desembarcava. Pegou um táxi, mostrou o endereço da galeria. O motorista partiu.

Miguel olhava o anel na caixinha, respirando fundo.

— “Se ela ainda me deixar entrar…”

Interior – Galeria de Arte – Salão principal – Meia hora depois

Isabela conversava com jornalistas, admiradores, artistas. Mas o brilho nos olhos faltava.

Camila aparecia em sua mente de vez em quando. E a última cena com Miguel ainda ardia no peito.

A curadora sussurrou em seu ouvido:

— “Tem alguém na entrada perguntando por você.”

— “Quem?”

— “Disse que veio de longe. Que não podia perder essa noite.”

Isabela caminhou até a entrada da galeria. Quando o viu, seu coração bateu tão forte que por um segundo, esqueceu de respirar.

Miguel estava ali.

Vestido com simplicidade, segurando a pequena caixinha nas mãos.

Silêncio entre eles.

— “O que você tá fazendo aqui?” — ela perguntou, num sussurro.

— “Fazendo o que eu devia ter feito desde o início. Lutando por você.”

Ela desviou o olhar.

— “A essa altura?”

— “Se ainda existir alguma parte sua que me queira… é por ela que eu vim.”

Ele estendeu a caixinha.

— “É só um anel. Mas simboliza tudo que quero construir com você. Com verdade, sem dúvidas. Sem outra mulher entre nós.”

Ela olhou para o anel. Para os olhos dele. Para o passado entre eles.

— “Você não devia ter vindo…”

— “Mas eu vim.”

Lágrimas encheram os olhos dela. Mas ela sorriu, mesmo sem resposta.

— “Você chegou na hora certa. Minha exposição só acaba quando eu fechar o coração. E acho… que ainda não fechei.”

Ele se aproximou. Pegou sua mão. O salão inteiro silenciou como se sentisse a intensidade entre os dois.

— “Se você quiser… eu fico.”

— “Se você ficar… então eu volto a respirar.”

———

PRÓXIMO EPISÓDIO: “Noite de Arte e Verdade”

Após o reencontro, Isabela precisa decidir se recomeça com Miguel ou se guarda esse amor apenas como arte. Enquanto isso, um repórter descobre algo do passado da família Monteiro que pode colocar tudo em risco.