EPISÓDIO 22 – A AMEAÇA
Interior – Apartamento de Verônica – Seul – Noite
Verônica chegava em casa exausta, após uma reunião intensa com a diretoria da Monteiro & Seo. Jogou a bolsa no sofá, tirou os sapatos e se dirigiu à cozinha, buscando uma taça de vinho. Ligou a música clássica em volume baixo.
Mas algo estava errado.
O porta-retratos sobre a estante… estava virado de cabeça pra baixo. Ela franziu a testa.
— “Deixei assim…?”
Antes que pudesse refletir, o telefone tocou. Número desconhecido.
Atendeu, ainda desconfiada.
— “Alô?”
Uma voz mascarada, fria, ecoou:
— “Você protege os Monteiro há tempo demais, Verônica. Talvez já tenha passado da hora de alguém proteger você.”
— “Quem está falando?!”
— “Não se preocupe. Logo você vai entender. Todos vão.”
A ligação caiu. O coração de Verônica disparou. Ela correu para trancar as portas, olhando pelas janelas. Lá fora, apenas a escuridão e o som distante de carros.
Interior – Hotel em Seul – Quarto de Isabela – Ao mesmo tempo
Isabela assistia, ao lado de Miguel, aos preparativos da coletiva de imprensa que fariam no dia seguinte. Havia câmeras, microfones, banners com seu nome e suas obras.
Miguel estava ao telefone, coordenando com advogados e agentes de segurança.
— “Quero vigilância dobrada. Ninguém entra sem credencial. Eduardo Feraz vai tentar alguma coisa, tenho certeza.”
Isabela desligou a TV e se aproximou.
— “E se não der certo, Miguel?”
— “Vai dar. Já vencemos a pior parte. Agora temos a verdade, temos provas, temos um ao outro.”
Ela sorriu, mas o olhar ainda era de incerteza.
— “E se ele atacar quem a gente ama? E se… for a Verônica?”
Nesse momento, o celular de Miguel tocou. Era ela.
— “Verônica?”
— “Miguel… precisamos conversar. Agora. Pessoalmente.”
Interior – Café isolado – Meia hora depois
Verônica estava sentada, os olhos atentos ao redor. Miguel e Isabela chegaram e sentaram-se à sua frente.
— “Você está bem?” — Isabela perguntou, preocupada.
— “Recebi uma ameaça. Ligação anônima. Alguém entrou no meu apartamento. Mexeu nas minhas coisas.”
Miguel cerrou os punhos.
— “Foi ele.”
Verônica assentiu.
— “Ele está nos cercando. Jogando sujo.”
— “Quer nos intimidar antes da coletiva.” — Isabela concluiu.
Verônica olhou diretamente para Miguel.
— “Tem certeza que quer continuar com isso? Se expor? Expor a Isabela?”
Miguel olhou para Isabela. Os dois se entreolharam. E então ele respondeu com firmeza:
— “A gente não volta atrás. Se ele mexeu com você, agora é pessoal.”
Verônica suspirou.
— “Então cuidado. Ele não tem limites. E ele sabe que vocês dois juntos… são o que ele mais teme.”
Interior – Prédio abandonado – Madrugada
Eduardo Feraz andava de um lado ao outro diante de uma parede coberta de fotos: Helena, Miguel, Isabela, Verônica.
Ele apontava para a imagem de Isabela com raiva.
— “Ela vai acabar com tudo. Com a memória do nosso pai. Com o legado.”
Um de seus capangas o observava, em silêncio.
— “Eu quero um aviso. Rápido, direto. Antes da coletiva. E se for preciso… tirem alguém do caminho.”
O capanga engoliu em seco.
— “Senhor… isso pode virar crime federal.”
— “Já é crime o que ela fez com o nosso nome. Eu só tô equilibrando a balança.”
Exterior – Rua silenciosa – Noite
Verônica deixava o café e seguia sozinha pela rua. Estava distraída, mexendo no celular, quando ouviu passos atrás dela.
Acelerou.
Os passos também aceleraram.
Olhou pra trás. Dois homens, capuz escuro, vinham se aproximando.
Ela começou a correr.
— “Ei!” — gritou um deles.
Verônica correu desesperada pela calçada, mas tropeçou e caiu perto de uma esquina.
Um dos homens se aproximou e a agarrou pelo braço.
— “Aviso dado, querida.”
Ele mostrou uma arma. Mas, ao invés de atirar, apenas entregou um envelope.
— “Próxima vez… é de verdade.”
Correram e desapareceram no beco.
Verônica, ofegante, abriu o envelope com mãos trêmulas.
Dentro, apenas uma frase:
> “A próxima bala não será falsa.”
Interior – Hotel – Quarto de Isabela – Amanhecer
Isabela observava a cidade pela janela. Miguel dormia, exausto, na cama.
Ela segurava o colar de Helena e lembrava da infância. Lembrava do dia em que a mãe lhe dissera:
— “Nunca se curve à maldade. Seu silêncio é ouro, mas sua verdade é armadura.”
Ela sussurrou para si mesma:
— “Hoje… eu vou vestir minha verdade.”
Interior – Sala de Coletiva de Imprensa – Manhã
Câmeras, repórteres, flashes. A sala estava cheia.
Miguel entrou primeiro. De terno preto, postura séria.
Depois, Isabela. Elegante, serena, com o cabelo solto e um colar discreto no pescoço.
Ela se posicionou diante dos microfones.
— “Durante dias, fui atacada por meu sobrenome. Por uma mentira que visava não apenas me destruir, mas separar o amor que encontrei.”
Pausa. Ela olhou para Miguel, que assentiu com o olhar.
— “Eduardo Feraz inventou uma história sobre laços sanguíneos inexistentes. Apresentou fotos falsas, ameaçou minha segurança e a de quem amo.”
Ela tirou do bolso a certidão original. Mostrou.
— “Essa é minha verdade. Esse é o meu passado. Meu pai biológico nunca foi o mesmo que o de Miguel Monteiro. Somos livres. E estamos juntos… por escolha, não por laço de sangue.”
Aplausos. Muitos.
Um jornalista levantou.
— “Você está dizendo que Eduardo Feraz… forjou documentos?”
Miguel respondeu:
— “Sim. E temos testemunhos, arquivos do hospital e provas digitais de manipulação. Todas serão entregues às autoridades hoje mesmo.”
Outro jornalista:
— “Vocês não têm medo de represálias?”
Miguel olhou para Isabela. Ela segurou sua mão.
— “Temos medo, sim. Mas temos mais coragem do que medo.”
Interior – Escritório de Eduardo – Ao mesmo tempo
Eduardo assistia à coletiva, atônito.
Jogou o controle na parede.
— “Não. Não. Isso era pra ser o fim deles!”
Um dos capangas entrou apressado.
— “Senhor… temos um problema.”
— “O quê agora?”
— “A promotoria recebeu denúncia formal. E os arquivos do hospital estão na mão da polícia. O senhor… está sendo investigado por falsificação, perseguição e ameaça.”
Eduardo ficou em silêncio. Depois, sussurrou com raiva:
— “Eles me declararam guerra…”
Exterior – Galeria de Jeju – Noite
Isabela e Miguel caminhavam de mãos dadas, em silêncio.
O clima ainda era tenso, mas havia um alívio. Uma respiração nova.
— “Eu ainda tô com medo.” — disse ela.
— “Eu também. Mas não estamos mais sozinhos.”
Ela parou, o encarou.
— “Você podia ter desistido.”
— “Mas aí eu teria perdido você. E viver sem você… nunca foi uma opção.”
Ela sorriu, com lágrimas nos olhos.
— “Eu te amo, Miguel Monteiro.”
— “Eu também te amo, Isabela. Monteiro. Sempre Monteiro.”
Eles se abraçaram ali, sob as luzes da galeria, prontos para enfrentar o que viesse.
Do alto, uma câmera os filmava. O próximo golpe já estava sendo preparado...
———
PRÓXIMO EPISÓDIO: “A Prisão”
A polícia entra em cena. Eduardo Feraz é intimado. Mas antes que seja preso, prepara uma última jogada mortal: ele sabe algo sobre **Helena Monteiro** que pode virar toda a história de cabeça pra baixo. E Isabela precisará decidir: justiça ou vingança?