EPISÓDIO 29 – A ÚLTIMA HERDEIRA
Interior – Fundação Helena Monteiro – Manhã
Miguel observava a fachada da fundação, agora manchada por escândalos e manchetes sensacionalistas. Do lado de fora, manifestantes exigiam “transparência” e gritavam palavras de ordem. André olhava pela janela, os punhos cerrados.
— “Eles acham que somos criminosos.” — murmurou.
— “Eles querem que a gente perca o controle.” — respondeu Miguel. — “Mas a verdade ainda está do nosso lado. Ainda temos tempo pra virar esse jogo.”
Verônica entrou na sala com o celular na mão e um olhar atônito.
— “A coisa piorou.”
— “O que aconteceu agora?” — perguntou André.
Verônica mostrou uma manchete publicada por um site de fofoca:
> **“SURGE TERCEIRA FILHA DE HELENA MONTEIRO – NOVA HERDEIRA DISPUTA LEGADO”**
Miguel leu em silêncio. Seu rosto ficou pálido.
— “Isso… é loucura.”
— “Ela está em Seul. Chegou ontem à noite. Deu uma entrevista para o canal K-Secrets. Disse que Helena a registrou em segredo, fora do país.” — explicou Verônica.
André se afastou, incrédulo.
— “Mais um segredo? Quando essa avalanche vai parar?”
— “Ela se chama **Alina Monteiro Seo**.” — disse Verônica. — “Tem 25 anos, e o advogado dela afirma ter provas do registro de nascimento, testamento e até cartas escritas por Helena.”
Interior – Suíça – Estúdio de Arte – Tarde
Isabela pintava em silêncio. Seus olhos estavam vermelhos, e o pincel hesitava a cada traço.
A porta se abriu. Uma assistente entregou um envelope.
— “É da Coreia, senhorita Isabela. Chegou agora.”
Ela abriu. Dentro, um pendrive e uma carta anônima.
> “Se quer saber quem realmente era Helena Monteiro, assista isso. E volte. Antes que tudo se perca.”
Ela hesitou por alguns segundos. Depois, conectou o pendrive no laptop.
Apareceu um vídeo antigo. Helena, ainda jovem, sentada diante da câmera.
> “Se alguém estiver vendo isso, é porque meu passado bateu à porta.
>
> Há coisas que nunca pude dizer.
> Eu tive três filhos.
> Miguel… André… e Alina.
>
> Alina nasceu durante meu exílio na França, fruto de uma relação que não pude manter.
> Eu a deixei sob os cuidados de uma amiga, pois não podia trazê-la de volta à Coreia.
> Tive medo. Medo de perder tudo. Medo de ser julgada.
> Mas Alina é… tão minha quanto os outros dois.
>
> Se um dia ela voltar, espero que o mundo a aceite. E que meus filhos… a recebam como irmã.”
Isabela levou a mão à boca, em choque.
— “Meu Deus…”
Interior – Hotel em Seul – Suíte presidencial
César Vargas servia um copo de vinho para uma jovem de cabelos escuros, traços refinados e expressão altiva. Era **Alina**.
— “A entrevista teve o efeito que queríamos.” — disse ele, satisfeito.
Alina bebia o vinho sem sorrir.
— “Você quer vingança. Eu… só quero o que é meu.”
— “Você vai ter. Se seguir o plano. Miguel e André estão desestabilizados. A fundação está caindo. Em breve, só restará você.”
Ela olhou para ele com frieza.
— “Eu não sou sua marionete, César. Não me compare a Eduardo Feraz. Se eu estiver aqui… é porque **eu** decidi entrar nessa guerra.”
— “Guerra essa que você já está vencendo.”
— “Apenas comecei.”
Interior – Fundação – Escritório de Miguel – Final da tarde
André entrava com um envelope nas mãos.
— “Chegou por entrega especial. Um convite.”
Miguel abriu.
> “Convite para coletiva de imprensa de Alina Monteiro Seo.
>
> Apresentação oficial da herdeira.
>
> Amanhã, às 15h, na galeria da família Feraz.”
Miguel encarou o papel com raiva.
— “Claro. César está por trás.”
Verônica chegou logo depois, ofegante.
— “Temos que agir antes. Fazer um pronunciamento. Mostrar que essa mulher pode ser real, mas está sendo manipulada.”
André olhou para Miguel.
— “E se for verdade? Se ela for nossa irmã mesmo?”
Miguel não respondeu. Mas seu olhar era de incerteza.
Interior – Suíça – Noite
Isabela gravava um vídeo no celular. A câmera tremia levemente.
— “Miguel…
Eu vi o vídeo da sua mãe. Eu sei sobre Alina.
Se ela for mesmo sua irmã… você vai precisar de mim mais do que nunca.
Tô voltando.”
Ela fechou a mala.
Exterior – Aeroporto de Incheon – Dia seguinte
A multidão de jornalistas se acumulava em frente à galeria dos Feraz. Alina apareceu, usando um vestido branco e sorriso sereno. Flashes explodiram. César a acompanhava de longe.
Miguel e André chegaram minutos depois, atravessando o tumulto.
— “Ela tá usando o nome Monteiro como se fosse um título real.” — murmurou André.
Alina subiu ao palco improvisado. Pegou o microfone.
— “Boa tarde.
Meu nome é Alina Monteiro Seo.
Sou filha de Helena Monteiro. Irmã de Miguel e André.
E hoje, reivindico meu lugar no legado que me foi negado.”
Barulho. Confusão. Câmeras. Perguntas.
Miguel subiu ao palco também.
— “Se for verdade… bem-vinda. Mas se isso for uma farsa montada por homens que tentam destruir tudo o que minha mãe construiu, você vai responder por isso.”
Alina o olhou com frieza.
— “Ficarei feliz em provar. E quando você souber que sou legítima… vai ter que pedir perdão por me chamar de impostora.”
André ficou entre eles.
— “Chega. Já passamos uma vida nos odiando. Não vamos começar tudo de novo.”
Os repórteres registravam tudo ao vivo.
A guerra agora tinha **três lados**.
———
PRÓXIMO EPISÓDIO: “O Sangue Fala”
Isabela retorna à Coreia no meio do caos e propõe um teste de DNA entre os três irmãos. Enquanto isso, César manipula a opinião pública com vídeos falsos e documentos antigos. Mas algo inesperado acontece: Alina começa a questionar se está do lado certo… ou apenas sendo usada.