EPISÓDIO 31 – O TESTAMENTO ESCONDIDO
Interior – Escritório de César Vargas – Noite
A noite estava fria, mas César suava ao segurar o envelope amarelado que havia encontrado nos arquivos secretos de Raul Seo, antigo sócio de Helena Monteiro.
— “Eles acham que venceram… mas esqueceram que todo império tem um esqueleto no porão.” — murmurou ele, abrindo o documento com cuidado.
As páginas estavam antigas, mas a assinatura era nítida: **Raul Seo**. O testamento continha uma cláusula esquecida que poderia virar o jogo.
> “Em caso de morte súbita de Helena Monteiro, os bens da fundação devem ser resguardados sob tutela legal até que as ações estejam 100% regularizadas entre todos os beneficiários legítimos — inclusive os descendentes do cofundador original.”
César sorriu.
— “Descendentes do cofundador… Isso inclui Alina. Mas também... eu posso contestar a legalidade da fundação inteira!”
Interior – Fundação Helena Monteiro – Sala de Reuniões – Manhã Seguinte
Miguel passava os dedos pelas páginas do jornal. A manchete estampava:
> “Família Monteiro Reconhece Nova Herdeira. Mas será o fim da Fundação?”
Verônica entrou apressada, segurando um tablet.
— “César convocou coletiva. Vai revelar um novo documento.”
— “O que ele está tentando agora?” — resmungou André, sentando-se.
Alina entrou logo atrás, ainda com os olhos inchados. Ela dormira pouco, remoendo as cartas de Helena e o peso do novo sobrenome.
— “Ele encontrou o testamento de Raul?” — perguntou ela, direta.
Miguel olhou para a irmã, surpreso com a precisão.
— “Como você sabe disso?”
— “Eu conheci Raul Seo. Quando eu era criança, na França. Ele me levava doces escondido de Helena… E um dia mencionou um ‘papel de emergência’. Sempre achei que fosse conversa de velho.”
Isabela se levantou.
— “Se for esse documento, pode causar uma paralisação judicial. E César vai usar isso como trunfo para afastar vocês da presidência.”
— “Ou colocar ele mesmo no comando.” — completou Verônica.
Alina suspirou.
— “Ele não vai parar enquanto não nos destruir.”
Interior – Galeria Feraz – Coletiva de César – Tarde
A imprensa estava toda reunida. Luzes, câmeras, perguntas gritando no ar.
César subiu ao palco com seu advogado ao lado.
— “Boa tarde. Estou aqui não como rival, mas como defensor do verdadeiro legado de Helena Monteiro. Trago um documento esquecido: o testamento de Raul Seo, cofundador da fundação.”
Ele ergueu a pasta, os flashes estouraram.
— “Neste documento, está claro que a fundação só é legítima se todos os descendentes estiverem plenamente legalizados. Como ainda existem dúvidas sobre Alina Monteiro Seo, e sobre a divisão das ações, peço o BLOQUEIO cautelar da presidência dos três herdeiros.”
Barulho. Reação. Confusão.
Do outro lado, Alina observava escondida, sob o capuz de um casaco. Ela fechou os olhos.
— “Ele vai mesmo me usar até o fim…”
Interior – Fundação – Escritório de Miguel – Noite
Miguel dava murros na mesa.
— “Como ninguém sabia desse testamento?!”
— “Ele foi escondido. Raul e Helena romperam depois da fundação ser criada. Talvez ela nem soubesse do documento final.” — respondeu André.
Isabela segurou a mão de Miguel.
— “E se esse for o momento de usar a pedra?”
Todos se calaram.
Alina se levantou.
— “A pedra de poder…”
— “Sim.” — disse Isabela. — “Helena não deixou só palavras. Ela deixou símbolos. E a pedra… foi dada a mim quando criança. Ela brilha diante do sangue verdadeiro. Eu testei. Ela brilhou diante de você, Miguel… e diante da Alina.”
— “Ela pode não ter valor jurídico… mas pode provar que somos uma família unida.” — disse Alina, com voz firme.
Miguel a encarou.
— “Você está conosco agora?”
Ela assentiu.
— “Se tem algo que Helena me ensinou, mesmo de longe… é que quem foge da verdade, um dia é engolido por ela.”
Interior – Tribunal Administrativo – Dia seguinte
A audiência para avaliar o pedido de César acontecia com tensão. Os advogados de ambos os lados debatiam sobre o testamento.
O juiz pediu silêncio.
— “A defesa tem alguma apresentação final?”
Miguel se levantou com a pedra nas mãos.
— “Excelência. A lei é fria, mas a história é viva. Minha mãe, Helena Monteiro, criou essa pedra como símbolo. Ela só brilha diante do sangue Monteiro. Não é ciência… é herança afetiva. E hoje… quero mostrar algo.”
Ele caminhou até Alina e posicionou a pedra diante dela.
A pedra brilhou intensamente. A sala ficou em silêncio.
Depois, ele fez o mesmo com André. Novamente, a luz azul brilhou forte.
E então, diante dele próprio. A pedra brilhou como nunca antes.
O juiz pareceu tocado.
— “Isso não tem valor jurídico. Mas tem valor simbólico.”
César se contorceu na cadeira.
— “Isso é encenação! Um truque de luz!”
Mas a imprensa já havia capturado tudo.
— “A pedra de Helena Monteiro reconhece os filhos verdadeiros!” — sussurrava um jornalista.
Ao final da sessão, o juiz suspendeu o pedido de bloqueio temporariamente, e pediu mais 48 horas para verificar a autenticidade do testamento de Raul Seo.
Interior – Restaurante Privado – Noite
Miguel, Alina, André, Isabela e Verônica brindavam.
— “Pela primeira vitória.” — disse Isabela.
— “E pela pedra da nossa mãe.” — completou Alina, com um sorriso suave.
Do lado de fora, um carro observava. Dentro, César, com raiva nos olhos.
— “Se eles querem guerra simbólica… então eu vou buscar a verdade mais dolorosa do passado deles.”
Ele fez uma ligação.
— “Traga a mulher. A que Helena mandou sumir do mapa. Ela vai falar agora.”
Do outro lado da linha, uma mulher respondeu:
— “Ela está viva. Mas o que sabe… pode acabar com tudo.”
———
PRÓXIMO EPISÓDIO: **“A Mulher do Segredo”**
César vai atrás da única mulher que conheceu os pecados mais obscuros de Helena Monteiro — e ela está viva. Enquanto isso, Alina começa a ter sonhos estranhos com a infância e descobre que a pedra de poder talvez esconda uma memória que pode mudar tudo.