Episódio 32

EPISÓDIO 32 – A MULHER DO SEGREDO

Interior – Local Desconhecido – Início da Noite

O carro preto estacionou em frente a uma pequena casa afastada, no interior de Busan. A chuva fina caía, e a neblina encobria a visão da estrada. César desceu com um capuz escuro e um envelope nas mãos.

Bateu na porta três vezes.

A porta se abriu lentamente. Uma mulher de aproximadamente 60 anos surgiu, com os cabelos grisalhos presos num coque e os olhos fundos como quem carrega décadas de silêncio.

— “Você é César Vargas?” — perguntou ela, com um sotaque sul-coreano carregado.

— “Sim. A senhora é Eun‑ji?” — perguntou ele, entrando sem esperar convite.

Ela assentiu, fechando a porta com calma.

— “Fui babá de Helena Monteiro por mais de vinte anos. Fui mais que isso. Fui o esconderijo de todos os pecados dela.”

— “Então você vai me contar tudo. Hoje.” — disse ele, jogando o envelope sobre a mesa.

Ela olhou para o dinheiro, depois para ele.

— “Tem certeza que quer ouvir isso? Tem coisas que, uma vez ditas… não voltam.”

— “Eu quero acabar com os filhos dela. E mostrar ao mundo quem Helena realmente foi.”

Eun-ji suspirou.

— “Então sente-se. Porque a verdade… dói mais que a mentira.”

Interior – Fundação Helena Monteiro – Sala da Pedra – Mesmo Momento

Alina estava sozinha na sala onde a pedra de poder era guardada. A pedra brilhava levemente, como se pulsasse.

Ela se aproximou, e, ao tocá-la, uma sensação estranha percorreu seu corpo.

Flash de memória:

Uma mulher chorando. Uma criança sendo entregue a alguém. E Helena gritando: “Leve-a para longe. Eles não podem saber que ela existe.”

Alina recuou, ofegante.

— “O que foi isso…?”

Isabela entrou na sala naquele momento.

— “Você está bem?”

— “A pedra… ela me mostrou algo. Como se fosse um pedaço da minha infância perdido.”

Isabela se aproximou, tocou a pedra também. Mas para ela, nada aconteceu.

— “Acho que ela reage ao seu sangue.”

— “Então… talvez haja mais nela do que pensamos.” — disse Alina, tocando a pedra novamente.

Interior – Casa de Eun-ji – Algumas horas depois

César ouvia atentamente, os olhos fixos na mulher.

— “Helena teve três filhos. Mas o pai de Alina… não foi Raul Seo.” — revelou Eun-ji.

César arregalou os olhos.

— “Como assim?”

— “Foi um homem misterioso. Um artista. Tatuador, sul-coreano, que Helena conheceu quando fugiu da família por alguns meses. Ela engravidou e escondeu de todos. Quando voltou, inventou que Alina era filha do Raul, mas a verdade… só eu sabia.”

— “Então Alina não tem direito à fundação?” — disse César, empolgado.

— “Depende. Helena deixou uma carta reconhecendo Alina como filha. Legalmente, talvez sim. Mas moralmente… ela mentiu para todos.”

— “Você tem provas disso?”

Eun-ji tirou um pequeno cofre de madeira e entregou a César.

— “Helena me deu isso antes de morrer. Disse que só deveria abrir se a guerra familiar começasse. E você a está fazendo começar.”

César abriu. Dentro, estavam:

- Uma carta com a letra de Helena: *“Perdão, Alina.”*

- Uma foto antiga da jovem Helena com um homem tatuado.

- Um colar com uma pedra idêntica à da fundação, porém rachada.

— “Duas pedras?” — murmurou César.

— “A original e a cópia. A verdadeira está na fundação. A que você tem… é só o reflexo de uma mentira.”

Interior – Apartamento de Isabela – Madrugada

Miguel, Alina, André e Isabela estavam reunidos em volta da mesa, estudando os documentos da fundação.

Verônica chegou com más notícias.

— “César apresentou um novo depoimento. De uma mulher chamada Eun-ji. Ele afirma que Helena falsificou a paternidade de Alina.”

Todos olharam para Alina.

— “Isso não importa!” — gritou André. — “Você é nossa irmã. O DNA provou.”

— “Mas ele quer destruir a imagem dela. Vai usar qualquer brecha pra nos afastar.”

Miguel segurou a mão de Alina.

— “Vamos enfrentar isso. Juntos.”

Alina abaixou a cabeça.

— “Eu só queria pertencer a algum lugar.”

— “Você pertence. Aqui.” — disse Isabela, firme.

Interior – Tribuna de Imprensa – Dia Seguinte

César subiu novamente ao púlpito.

— “Tenho provas de que Alina Monteiro Seo não é filha de Raul Seo. Helena mentiu. E mais: existem duas pedras de poder. Uma verdadeira, outra falsa. O símbolo da fundação… está comprometido.”

Ele mostrou a pedra rachada para os repórteres.

Miguel interrompeu a coletiva, invadindo o palco.

— “Você não tem o direito!”

— “Tenho o direito da verdade, Miguel. A sua família vive de aparências. E eu vou derrubar cada uma.”

Interior – Fundação – Sala da Pedra – Tarde

Alina entrou sozinha, segurando a pedra original.

Ela a colocou sobre a mesa e falou em voz baixa:

— “Quem sou eu de verdade?”

A pedra brilhou com uma intensidade azul nunca vista. Um vento estranho percorreu a sala. As luzes piscaram.

E então… uma luz dourada saiu da pedra e projetou um holograma com o rosto de Helena.

Era uma gravação escondida.

> “Se você está vendo isso, Alina, é porque o segredo foi revelado. Você não é filha de Raul. Mas é minha filha. E isso… é tudo o que importa. O sangue pode ser diferente. Mas o amor… esse é verdadeiro. E eu te escolhi. Como filha. Como herdeira. Como Monteiro.”

Alina chorava enquanto ouvia.

Miguel, André e Isabela entraram e viram a projeção.

— “Ela sabia… tudo.” — disse Isabela.

— “Ela não queria esconder por maldade. Ela queria proteger.” — disse Miguel.

— “E agora… vamos proteger ela.” — completou Alina.

— “E vamos destruir o César.” — disse André.

Exterior – Estacionamento da Fundação – Final do Dia

César saía de seu carro quando foi surpreendido por Miguel.

— “Você cruzou a linha.”

— “Ainda nem comecei.”

— “Não vamos cair. Sabe por quê? Porque não somos Monteiro pelo papel. Somos Monteiro pelo coração. E esse… você nunca teve.”

César sorriu.

— “Vai ver que o coração também pode ser corrompido.”

Ele entrou no carro e partiu.

Interior – Escritório de César – Noite

César olhava a carta de Helena mais uma vez. E então ligou para um contato misterioso.

— “Prepare a próxima fase. Se não consegui vencê-los pelo passado… então vou destruir o futuro.”

———

PRÓXIMO EPISÓDIO: **“A Herança Fragmentada”**

César ameaça contestar todos os documentos da fundação, agora com a revelação da carta secreta de Helena. Enquanto isso, Alina decide honrar o nome Monteiro e assumir a liderança de um novo projeto. Mas um acidente muda tudo — e o futuro da fundação entra em risco.