EPISÓDIO 33 – A HERANÇA FRAGMENTADA
Interior – Fundação Helena Monteiro – Sala de Reuniões – Dia
O ambiente era tenso. Alina estava sentada à cabeceira da mesa, cercada por Miguel, André, Isabela e Verônica. Ela segurava um dossiê com documentos originais de Helena Monteiro. Seus olhos estavam fixos nas palavras da mãe.
— “Ela não queria deixar brechas… mas deixou.” — murmurou Alina, com um suspiro cansado.
Miguel se inclinou.
— “A gravação é clara, Alina. Helena te reconhece como filha. E isso tem valor.”
— “Sim. Mas César está indo além. Ele quer destruir a fundação, não só a mim.” — ela respondeu, fechando o dossiê com firmeza.
Isabela ajeitou os cabelos, ansiosa.
— “E o projeto ‘Raízes’ que você ia liderar com a pedra? Vai continuar?”
Alina hesitou por um instante.
— “Vai. Mas vamos reformular. Vamos recomeçar com o que temos de mais verdadeiro. Eu, Miguel, André… e vocês. Nada de fachada. A Fundação precisa renascer.”
Verônica se levantou.
— “Então vamos fazer isso. Antes que César jogue o nome Monteiro na lama de vez.”
Interior – Escritório de César Vargas – Mesmo Momento
César observava uma tela cheia de gráficos. Do outro lado da videoconferência, estava uma mulher de cabelos ruivos, expressão fria.
— “Você tem certeza que quer desenterrar isso?” — perguntou ela.
— “Absoluta. O testamento pode ser derrubado se provarmos que Helena tinha desequilíbrio emocional nos últimos anos de vida.”
— “Vai usar a saúde mental dela contra os próprios filhos?”
— “Vou usar tudo. Até o que está enterrado. Helena construiu a fundação com uma mentira. Eu vou destruí-la com a verdade.”
Interior – Casa de André – Tarde
Alina folheava um antigo diário de Helena. Cada página era uma lembrança da mulher que tanto a marcou. Em meio aos registros, encontrou uma folha solta com um mapa desenhado à mão.
— “O que é isso…?” — sussurrou.
Miguel se aproximou e olhou por cima do ombro dela.
— “Parece... o antigo sítio dos Monteiro. Mas está marcado com um X.”
— “Acha que tem algo escondido lá?” — perguntou André, curioso.
— “Só tem um jeito de descobrir.” — disse Alina, determinada.
Exterior – Estrada de Terra – Fim da Tarde
O carro de Miguel cruzava a estrada cercada de árvores. O céu alaranjado dava um tom nostálgico à cena.
— “Lembro dessa estrada.” — disse Miguel. — “Helena trazia a gente aqui pra colher jabuticaba quando éramos crianças.”
— “Você acha que ela escondeu algo aqui?” — perguntou Isabela, olhando pela janela.
— “Ela nunca fazia nada sem motivo.” — respondeu Alina.
O carro parou em frente a uma casa abandonada, cercada por mato alto. O vento soprava forte.
Interior – Casa Abandonada – Sítio Monteiro
Com lanternas em mãos, o grupo entrou na casa. O piso rangia. As paredes estavam cobertas de pó e teias de aranha.
Alina seguiu o mapa e apontou para uma parede de tijolos.
— “Aqui.”
André pegou uma marreta que estava no carro e começou a quebrar. Após alguns minutos, revelou-se um cofre embutido na parede.
Miguel limpou com um pano e girou o disco. Nada.
— “Código?” — murmurou.
Alina encostou a mão na pedra que carregava. Um brilho suave acendeu, e ela olhou para a parede. No canto inferior havia números riscados à faca: 7–4–8.
Ela tentou o código.
*CLIQUE.*
O cofre se abriu.
Dentro, uma pasta preta, selada. Ao abrir, encontraram vários documentos: extratos, cartas antigas, recibos, fotos, inclusive imagens que ligavam César a esquemas ilegais no passado da fundação.
— “Ela guardou tudo.” — disse Alina, chocada.
— “Isso pode mudar tudo!” — exclamou Miguel.
Isabela tirou fotos com o celular.
— “Temos que levar isso agora para o advogado da fundação.”
Alina segurou uma das cartas.
> “Se estiver lendo isso, minha filha, é porque o passado veio cobrar sua conta. Não se assuste com o que descobrir. Lute. Como uma Monteiro.”
Exterior – Estrada de Volta – Noite
O carro retornava em velocidade controlada. Miguel estava concentrado na direção. Alina observava as estrelas pela janela.
— “Nunca imaginei que minha vida mudaria tanto…” — murmurou.
Isabela sorriu.
— “É só o começo.”
De repente, um carro preto surgiu do nada, cortando a frente deles.
— “Miguel! Freia!” — gritou Verônica.
O carro derrapou na curva. Tudo ficou em câmera lenta.
Vidros quebraram. O carro capotou.
Escuridão.
Interior – Hospital Geral – Madrugada
Luzes brancas. Sirenes. Médicos correndo.
Miguel abriu os olhos com dificuldade. Estava em uma maca. Sangue escorria de sua testa.
— “Alina…” — sussurrou, antes de desmaiar.
Isabela estava inconsciente na outra maca.
Verônica gritava com os médicos.
— “Ela não está respirando!”
— “Rápido, entubação!” — disse o enfermeiro.
Interior – Hospital – Sala de Espera – Horas Depois
André chegava às pressas, com os olhos marejados.
— “Eles estão vivos?” — perguntou ao médico.
— “Miguel teve um corte profundo na cabeça, mas está estável. Isabela está em coma leve. Alina… sofreu uma pancada no tórax. Mas o que nos preocupa é...”
Ele hesitou.
— “O quê?!” — gritou André.
— “A pedra foi encontrada fraturada no peito dela. Parece ter absorvido parte do impacto. Ela sobreviveu… por causa disso.”
André olhou para a pedra trincada nas mãos do médico.
— “A pedra... a protegeu.”
Interior – Escritório de César – Mesmo Momento
César recebeu a notícia do acidente. Seu assistente sussurrou algo no ouvido dele.
— “Tentei atrasá-los, mas não pensei que a estrada estivesse molhada.”
César apenas fechou os olhos.
— “Não era pra eles morrerem. Era só um susto.”
— “Mas agora a fundação toda tá em choque.” — disse o assistente.
— “Então é hora de agir. Amanhã, convoco assembleia geral. Com ou sem Alina… a fundação vai cair.”
———
PRÓXIMO EPISÓDIO: **“Despertar”**
No hospital, Alina tem um sonho com Helena, onde descobre a última mensagem de sua mãe. Enquanto isso, César toma posse temporária da fundação, mas é surpreendido por uma carta oficial que pode impedir tudo. A guerra está apenas começando — e agora, com vidas em jogo.