EPISÓDIO 42 – LADO A, LADO B
Interior – Quarto de Isabela – Madrugada
Isabela acordou com uma dor repentina na região inferior do ventre. Sentou-se devagar, tentando controlar a respiração. O celular ao lado da cama mostrava 4:12 da manhã.
Ela pegou o telefone e digitou:
**"Miguel, estou com dor. Acho que algo está errado com as meninas."**
Antes que pudesse enviar, o celular desligou subitamente.
— “Não... não agora!” — murmurou.
Ela tentou religá-lo, mas a bateria ainda estava em 89%. Algo não fazia sentido.
Exterior – Rua Próxima ao Apartamento de Isabela – Mesmo Momento
Dentro de um carro preto, um homem de boné observava a janela do quarto dela. Ao lado, uma mulher digitava algo em um tablet.
— “A comunicação está cortada. Ela está isolada. Se começarem as contrações, vai ser a oportunidade perfeita.”
— “A segunda criança vai sumir antes do amanhecer.” — respondeu o homem.
Interior – Fundação – Escritório de Alina – Manhã
**Alina** folheava registros médicos com fichas duplicadas, anotadas por Helena anos atrás. Uma das pastas trazia uma ficha marcada como **"A/B – Projeto Estelar"**.
— “Lado A: criança registrada e entregue à mãe.”
— “Lado B: criança levada para adoção internacional.”
Ela recuou da cadeira, tremendo.
— “Ela fez isso… de propósito. Com mais de uma mãe.”
Um nome chamou sua atenção na borda da ficha: **Amélia Song**.
— “Quem é você, Amélia?”
Interior – Hospital de Gyeonggi-do – No mesmo momento
**Miguel** e **Verônica** conversavam com o mesmo informante, **Sr. Hyeon-Soo**.
— “Amélia era enfermeira da Clínica Aurora. Ela desapareceu pouco antes da clínica ser fechada, mas dizem que ainda vive em uma vila rural, isolada.”
Verônica anotava o endereço quando seu celular vibrou. Era uma notificação: **“Tentativa de invasão detectada”**.
Ela mostrou para Miguel.
— “Estão nos rastreando. E estão tentando sabotar nossas comunicações.”
Miguel franziu o cenho.
— “Isso confirma. Isabela está sendo vigiada. Ela pode estar em perigo agora mesmo.”
Interior – Apartamento de Isabela – Tarde
Isabela tentava comer algo, mas tudo causava enjoo. As dores vinham e iam, como ondas.
Ela ligou a televisão e mudou de canal para tentar se distrair.
O noticiário exibia um caso antigo de crianças desaparecidas ligadas a uma fundação filantrópica no interior da Coreia.
— “Helena Monteiro…” — disse a repórter. — “Foi citada como testemunha em um processo sobre adoções duplas, mas o caso foi arquivado por falta de provas.”
Isabela largou o controle remoto. Os olhos se encheram de lágrimas.
— “Você escondeu tudo, vó… inclusive de mim.”
Interior – Escritório de César Vargas – Noite
**César** observava o mapa da cidade em silêncio. **Min-Ho** apareceu com um dossiê.
— “Amélia Song foi localizada. Vive com identidade falsa. Mas parece que Verônica está indo atrás dela.”
César sorriu.
— “Então tratem de interceptar a visita. Se essa mulher abrir a boca… perde-se tudo.”
— “E Isabela?” — perguntou Min-Ho.
— “Esperem até a internação. Já temos alguém dentro do hospital. Assim que nascerem… executem o plano. Lado A, Lado B. Só uma sairá.”
Interior – Fundação – Sala Privada – Final da Noite
**Alina** fazia uma chamada por vídeo com um detetive particular que contratou em sigilo.
— “Preciso que encontre tudo sobre essa mulher.” — ela disse, apontando para o nome de Amélia.
— “Ela pode ser a chave para impedir um sequestro. E para provar que Helena Monteiro… não era a heroína que todos pensam.”
Interior – Vila Rural – Casa de Amélia – Manhã Seguinte
Verônica e Miguel chegaram em uma estrada de terra, onde uma casa simples se erguia. Uma senhora de cabelos brancos, com expressão sofrida, abriu a porta.
— “Vocês vieram… atrás da verdade, não é?”
Miguel assentiu.
— “Precisamos saber o que aconteceu com os bebês do Projeto Estelar.”
Amélia os fez entrar, trêmula.
Interior – Casa de Amélia – Pouco depois
A mulher abriu uma caixa de metal e mostrou um conjunto de fichas, pulseiras de nascimento e fotos de bebês.
— “Helena dizia que estava protegendo as mães. Mas a verdade é que... parte delas nunca soube que tiveram dois filhos.”
— “E Isabela?” — perguntou Verônica, com a voz embargada.
Amélia hesitou.
— “Ela é a próxima.”
Miguel se levantou.
— “Ela está grávida de gêmeas. Mas ninguém além de mim e da médica sabe disso.”
Amélia olhou com os olhos cheios de dor.
— “Então uma das meninas já está marcada. Se vocês não fizerem nada… uma delas desaparecerá antes de completar um dia de vida.”
Interior – Quarto de Isabela – Mesmo Momento
Isabela tossiu e gritou de dor. Caiu de joelhos no chão.
— “Não… não agora…”
Ela tentou alcançar o telefone, mas o aparelho explodiu em estática e travou.
De repente, a porta do apartamento foi aberta com um cartão magnético.
Duas pessoas de branco, com crachás médicos falsos, entraram.
— “Senhorita Isabela, estamos aqui para levá-la ao hospital. Seus sinais estão alterados. Vamos monitorar de perto.”
Ela tentou recuar.
— “Eu… não pedi ambulância…”
Mas as dores se intensificaram. Os olhos dela pesaram.
Ela desmaiou nos braços de um deles.
Interior – Ambulância Falsa – Mais tarde
Enquanto o veículo se afastava pela estrada, uma das mulheres checou os sinais da paciente.
— “Monitoramento completo. Ela será levada à sala 3B do hospital privado.”
O outro retirou um envelope do bolso com duas certidões já impressas:
**Filha A – Isabela Monteiro Feraz – Destino: Mãe**
**Filha B – Identidade em branco – Destino: Outro país**
———
PRÓXIMO EPISÓDIO: **“Separação Silenciosa”**
Enquanto Miguel e Verônica correm para impedir o pior, Isabela acorda em uma clínica isolada. O parto se aproxima, e ela percebe que algo está muito errado. César prepara a fuga com uma das bebês, enquanto Alina confronta os diretores da fundação. A história caminha para sua fase mais sombria.