EPISÓDIO 43 – SEPARAÇÃO SILENCIOSA
Interior – Quarto Clínico – Amanhecer
Isabela abriu os olhos lentamente. A luz branca do teto ofuscava sua visão. Estava deitada em uma cama hospitalar, com aparelhos conectados a seu braço e um leve zumbido nos ouvidos.
Tentou se levantar, mas o corpo estava fraco. Ao olhar em volta, percebeu que o quarto não tinha janelas e a porta estava trancada.
— “Onde estou…?”
Uma mulher de jaleco entrou, sorridente demais.
— “Bom dia, senhora Monteiro Feraz. Fique tranquila, está tudo sob controle.”
— “Onde está o meu médico? Isso não é o hospital em que me consultei!”
A mulher manteve o tom calmo.
— “Estamos apenas realizando exames de rotina. Em breve, tudo estará resolvido.”
Mas Isabela sentia. Algo estava errado.
Interior – Fundação – Sala de Reuniões – Mesma Hora
**Alina** reuniu três diretores antigos da fundação Monteiro. Em cima da mesa, um dossiê com provas sobre as adoções ilegais, registros de falsificações e vídeos deixados por Helena.
— “Essas crianças foram roubadas. A fundação foi usada como fachada. E César Vargas está por trás da reativação desse esquema.”
Um dos diretores, visivelmente abalado, perguntou:
— “E o que propõe, Alina?”
— “Que ajudem a salvar Isabela. Ela está em risco. E não temos tempo.”
Interior – Carro de Miguel – Estrada de Seul – Tarde
**Miguel** dirigia em alta velocidade. Ao seu lado, **Verônica** atualizava as informações pelo tablet.
— “A ambulância que buscou Isabela nunca foi registrada. Foi uma equipe falsa.”
Miguel apertou o volante.
— “Então eles já a levaram. Ela pode dar à luz a qualquer momento. E vão sumir com uma das meninas.”
— “Temos que encontrá-la antes que seja tarde.”
O celular de Verônica vibrou. Era uma notificação anônima com coordenadas: **“Clínica Silvestre, Distrito 9.”**
Ela olhou para Miguel.
— “É a chance que temos.”
Interior – Clínica Silvestre – Quarto 3B – Noite
Isabela estava deitada, sentindo contrações fracas. A mulher de jaleco continuava a monitorá-la, agora com um segundo assistente.
— “Está tudo progredindo normalmente. Mas você não precisa se preocupar com detalhes… só concentre-se em respirar.”
Isabela tentava manter a calma, mas a presença dos dois a deixava inquieta.
— “Quero falar com meu médico. Ou com meu namorado. Ou com a polícia.”
O assistente sorriu com sarcasmo.
— “Você vai ter sua filha logo. Uma delas, pelo menos.”
Ela arregalou os olhos.
— “O que você disse?”
Ele sorriu.
— “Nada.”
Interior – Fundação – Escritório de Alina – Ao mesmo tempo
Alina recebeu uma ligação do detetive particular.
— “Confirmado. A Clínica Silvestre está ligada a uma empresa de fachada registrada em nome de Min-Ho Kang, braço direito de César.”
— “Então é lá que ela está.”
Alina digitou rapidamente no computador.
— “Verônica. Miguel. A coordenada que receberam bate com o endereço da clínica. Salvem Isabela. Agora.”
Interior – Entrada da Clínica Silvestre – Pouco depois
Miguel e Verônica chegaram no local. O prédio parecia abandonado por fora, mas havia movimentação interna. Portas automáticas, sistema de segurança e guardas disfarçados.
— “Vamos pela lateral.” — disse Miguel.
Verônica sacou uma chave-mestra que haviam conseguido com Amélia.
— “Segundo Amélia, a sala 3B é onde mantinham as mães desacordadas.”
Eles entraram silenciosamente.
Interior – Quarto 3B – Mesmo instante
Isabela sentiu a contração aumentar. Gritou.
— “Ajudem-me!”
A mulher apertou um botão. Um líquido transparente foi injetado no soro da paciente.
— “Hora de dormir, senhora Monteiro…”
Mas antes que pudesse completar a aplicação, a porta foi arrombada.
— “ISABELA!” — gritou Miguel, entrando com Verônica.
O homem ao lado da cama sacou uma seringa, mas Verônica o derrubou com um golpe preciso.
Miguel correu até Isabela e a soltou dos aparelhos.
— “Vai ficar tudo bem… nós chegamos.”
Isabela, fraca, tentou sorrir.
— “Elas estão vindo… Miguel…”
Ele a abraçou com força.
— “Vamos tirar vocês daqui.”
Interior – Corredor da Clínica – Minutos depois
Com Verônica guiando, o trio caminhava pelos corredores enquanto alarmes começavam a soar.
— “Eles ativaram o protocolo de emergência.” — disse ela.
— “Temos que sair agora!” — completou Miguel.
Interior – Entrada da Clínica – Instantes depois
Ao saírem pela porta lateral, viram um carro estacionado com **Alina** ao volante.
— “ENTREM!” — gritou ela.
Isabela foi colocada no banco de trás.
— “Hospital mais próximo, agora.” — disse Miguel.
Alina pisou no acelerador.
Interior – Escritório de César – Noite
César atirou uma pasta contra a parede.
— “Eles a tiraram da clínica! Como deixaram isso acontecer?”
Min-Ho Kang entrou apressado.
— “Mas ainda temos o segundo plano. O parto está próximo. Podemos agir no hospital.”
César andava de um lado para outro.
— “Então façam. Agora é tudo ou nada.”
Interior – Hospital Geral – Sala de Parto – Mais tarde
Isabela, já em trabalho de parto, era acompanhada por dois médicos verdadeiros.
Miguel segurava sua mão.
— “Estamos juntos… estou aqui.”
Ela gritou de dor. Lágrimas escorriam pelo rosto.
— “Promete… que vai protegê-las…”
— “Prometo. Com minha vida.”
Interior – Hospital – Sala de Espera – Minutos depois
Verônica e Alina aguardavam ansiosas.
Um médico apareceu.
— “Nasceram duas meninas. Ambas saudáveis.”
Verônica chorou.
— “Ela conseguiu…”
Mas no corredor oposto, uma mulher com uniforme do hospital sorria discretamente e falava no celular.
— “As duas nasceram. Mas só uma sairá com a mãe.”
Fim do Episódio.