A semana voou.
Laura mergulhava no trabalho com a mesma intensidade de sempre. Reuniões, provas de tecido, viagens curtas entre unidades de produção, esboços, lançamentos, orçamentos e as crianças do orfanato, que nunca deixava de visitar.
Leonardo também mal tinha tempo de respirar. As novas parcerias da Valmont Group, fusões em negociação e a cobertura da última matéria da revista só o mantinham ainda mais em evidência — o que significava mais atenção, mais ameaças, mais proteção.
Mesmo assim, bastava um olhar trocado no elevador ou uma mensagem breve no celular para o coração de ambos se aquecer como se o tempo parasse.
Na quinta-feira, Laura mencionou casualmente:
— No fim do mês, vou visitar meus pais. Vai ser uma viagem longa, talvez fique uns dias a mais do que o previsto.
Leonardo não respondeu de imediato. Engoliu seco.
Sabia que ela precisava daquilo, que a conexão dela com os pais era forte e especial. Admirava essa parte dela. Mas imaginar ficar dias longe de Laura o incomodava mais do que gostaria de admitir.
— Seus pais moram longe mesmo? — ele perguntou.
— No interior. A estrada é cansativa, mas vale a pena. Faz bem ao coração. — Ela sorriu. — Eu queria que você conhecesse eles um dia. Mas é cedo, né?
Ele apenas assentiu. Aquilo ficou martelando dentro dele. Queria estar em cada parte da vida dela. Inclusive nas mais simples.
Então decidiu que, antes de ela partir, precisava criar uma lembrança. Um momento só deles. Sem distrações, sem interferências. Só os dois.
— Que tal passar o fim de semana fora da cidade? — ele sugeriu casualmente. — Tenho uma casa no lago. É um lugar lindo, tranquilo. Acho que vai gostar.
Laura arqueou uma sobrancelha, surpresa.
— No lago?
— Casa de madeira, lareira, janelas enormes... silencioso. Seguro. E, claro, quartos separados — acrescentou com um sorriso sutil.
Ela riu. Achou encantador o cuidado dele em sempre deixá-la confortável. E, por dentro, uma parte dela desejava com intensidade que esses quartos separados não fossem uma barreira intransponível.
— Eu topo.
Quando chegou em casa naquela sexta à noite para arrumar a mala, Laura se pegou parada diante da gaveta de lingeries.
Sabia que ele a respeitaria, que não forçaria nada. Mas também sabia do olhar dele... da maneira como a tocava mesmo sem tocar. O modo como o corpo dele se tensionava quando estavam perto demais.
Era desejo. Cru, contido, perigoso.
E ela desejava também. Há muito tempo.
Pensou por longos minutos, até escolher uma camisola preta de cetim, delicada, de alças finas e fenda lateral. Não era vulgar. Mas também não era inocente.
Embaixo, uma calcinha de renda preta, minimalista.
Fechou a mala com um suspiro e partiu para o fim de semana que mudaria tudo.
A casa à beira do lago era ainda mais bonita do que ela imaginava. Rústica, com móveis elegantes, janelas grandes que deixavam o pôr do sol colorir o ambiente, e uma vista que parecia pintura.
Jantaram juntos à luz de velas.
Conversaram, riram, provocaram um ao outro com olhares que diziam mais do que as palavras.
Depois do jantar, cada um seguiu para seu quarto. Ela entrou no banho, lavando o corpo como se estivesse se preparando para algo que não sabia ao certo se aconteceria.
Vestiu a camisola e, já deitada, percebeu que a garrafinha de água que trouxera estava vazia.
Desceu até a cozinha descalça, com o tecido leve da camisola deslizando pelas coxas. Estava tranquila, mas por dentro, sentia o coração mais apressado.
Quando chegou à cozinha, ele estava lá.
De costas, sem camisa, vestindo apenas uma calça de moletom escura. Segurava uma taça de vinho e observava o lago pela janela. A luz suave da luminária iluminava os músculos bem definidos das costas dele e a cicatriz no abdômen — o mesmo lugar onde ela o salvara semanas antes.
Laura ficou ali, parada por um segundo, hipnotizada.
Ele se virou ao ouvir seus passos. E ficou imóvel.
Ela, com o copo na mão, com a luz tocando a pele clara sob a camisola fina.
— Perdeu o sono? — ela perguntou, com a voz baixa.
Ele respirou fundo, desviando os olhos por respeito, mas sua voz traiu o desejo.
— Pensei em você. E o sono não voltou mais.
Laura se aproximou em silêncio, o som dos pés descalços no piso de madeira ecoando como um sussurro.
Parou diante dele.
— Então para de pensar — disse, com coragem súbita, tirando a taça da mão dele.
E o beijou.
Sem permissão.
Sem hesitação.
Leonardo ficou paralisado por um segundo, surpreso... mas então, finalmente, cedeu.
Beijou-a de volta com fome. Com urgência. Como se estivesse há séculos esperando aquele momento.
Entre os beijos, ela sussurrou contra os lábios dele:
— Eu te quero.
Foi tudo o que ele precisava ouvir.
Com cuidado, passou as mãos pelo corpo dela. A pegou no colo como se ela fosse a coisa mais preciosa que já segurou. Seus olhos buscaram os dela antes de falar:
— Confia em mim?
Ela assentiu.
— Se você quiser parar, é só dizer. Eu paro na hora. — A voz dele era firme. Quente.
Ela o beijou novamente em resposta.
Ele a levou até o quarto. Fechou a porta com o pé e a deitou com carinho na cama. O cabelo dela se espalhou no travesseiro como seda, e os olhos cor de céu acinzentado o encaravam com algo entre ternura e desejo.
Beijou seus ombros, seu pescoço, deslizou os dedos pela lateral do corpo até a fenda da camisola. Ela arqueou levemente o corpo ao sentir os lábios dele descendo, explorando cada centímetro da pele.
Com delicadeza, tirou a camisola, revelando o corpo nu sob a luz tênue.
— Você é perfeita — sussurrou, beijando entre os seios, o abdômen, descendo aos poucos.
Quando tirou sua calcinha de renda, ela sentiu um arrepio percorrer a espinha. Ele a olhou uma última vez, como se pedisse silêncio e permissão com o olhar, e então se inclinou entre suas pernas.
O primeiro beijo ali foi leve, respeitoso.
Ela prendeu a respiração.
Nunca tinha sido tocada assim. Nunca sentira aquilo.
Aos poucos, ele foi intensificando os movimentos. A língua dançava com precisão, alternando entre lentidão e ritmo. Os dedos firmes seguravam suas coxas, e os olhos fixos no rosto dela.
Laura se entregou. Gemeu baixinho, os dedos cravados no lençol. E, quando o prazer a atingiu, ela sentiu as lágrimas escaparem dos olhos — não por dor, mas por alívio. Por ternura. Por prazer verdadeiro.
Leonardo subiu, beijou os olhos dela, depois a boca.
— Eu te disse... que não ia te machucar.
— E eu acreditei — ela sussurrou, ainda ofegante.
Deitaram-se abraçados. Ela colada ao peito dele. Ele traçando desenhos invisíveis em suas costas.
— Me promete uma coisa? — ela pediu, quase dormindo.
— O que quiser.
— Não vai embora.
Ele sorriu contra os cabelos dela.
— Nunca.