CAPÍTULO 1

"E a sua esposa?" ela sussurrou, seus dedos traçando preguiçosamente a linha do peito dele. "O que você acha que ela vai fazer... quando entrar e nos encontrar assim? Na cama dela?"

Naquele momento, James riu sombriamente, sem nem piscar. "E quem disse que é a cama dela? Não se esqueça, esta é a minha casa. Tudo aqui dentro—cada móvel, cada cortina, cada centímetro deste lugar—pertence a mim. Nada pertence a ela, nada!!."

"Ah, querido..." Seus lábios se curvaram, provocando. "Mas ela ainda é sua esposa. Isso não é... traição?"

Naquele momento, o maxilar de James se enrijeceu. Então sua voz baixou, grave e afiada como um aviso. "Ela perdeu o direito de se chamar minha esposa há muito tempo."

Ele se sentou, olhos duros de nojo. "Eu a suportei por dois anos. Dois malditos anos do silêncio dela, da rotina entediante, dos sorrisos falsos. Não aguento mais."

Ele zombou.

"Ela deveria ser grata. Tudo o que ela tem—tudo—foi por minha causa. E se ela entrar agora?"

Naquele momento ele pausou, seus olhos estreitados, cheios de frieza definitiva. "É melhor ela agradecer. Porque estou cansado de me esconder. Pelo menos agora, não preciso mais fingir."

A mulher debaixo dos lençóis soltou uma risadinha suave. "Tudo bem, bebê..."

O que nenhum deles sabia—

Cora estava paralisada atrás da porta.

Sem respirar. Sem se mover.

Apenas ouvindo.

Ela tinha ouvido cada palavra. Cada gemido. Cada risada zombeteira que vinha do seu quarto. O mesmo quarto que ela havia decorado para eles após seu primeiro aniversário de casamento.

E agora—ela não conseguia sentir suas pernas.

Seu marido. James Franklin.

Ele a estava traindo. Não com qualquer mulher, mas com sua valentona da faculdade. A mesma mulher que costumava humilhá-lo naquela época porque ele não tinha nada.

A mesma mulher que James jurou que desprezava.

Agora que ela tinha dado tudo a ele—seu dinheiro, seu tempo, seu coração—ele correu direto para os braços da mesma vadia que uma vez o chamou de inútil.

E o pior? Ele estava orgulhoso disso.

Naquele momento, Cora não conseguia se mover. Não por causa da cadeira de rodas—mas por causa do peso em seu peito. Um peso tão agudo, tão cruel, que parecia que algo a estava apunhalando por dentro.

Suas mãos tremiam, suas lágrimas pingando uma após a outra em seu colo... depois no assento de veludo da cadeira de rodas em que estivera sentada por quase dois anos.

A rosa vermelha pousada em suas coxas deslizou levemente, suas pétalas tremendo com a brisa que se infiltrava pelo corredor. Era uma flor rara—uma da coleção favorita de James. Ela tinha se esforçado tanto para consegui-la. Só para surpreendê-lo, só para dizer: Feliz Aniversário.

Hoje deveria ser seu sonho. Seu segundo aniversário de casamento. Um dia que ela havia marcado com tanta esperança. Tanta expectativa. Ela pensou—não, ela acreditou—que seria o momento em que tudo mudaria para melhor.

Sua família finalmente havia concordado.

Depois de anos de insultos e pressão, eles finalmente disseram: "Ok, vamos aceitar James."

Mas apenas com uma condição cruel.

Eles não confiavam nele. Eles acreditavam que James só a amava por seu dinheiro, seu nome, seu status. Então Cora havia fingido—por dois anos inteiros—estar paralisada. Viver em uma cadeira de rodas. Fazer sua família acreditar que ela estava em seu estado mais baixo e fraco.

Se James ficasse ao lado dela durante isso... então provaria que seu amor era real.

Ela lutou contra tudo. As mentiras. A humilhação. A dor de fingir todos os dias.

E através de tudo isso, ela o ajudou a crescer.

Ela o transformou no que ele é hoje. A fama. O dinheiro. A influência. Tudo sem que ele soubesse. Ela impulsionou sua marca. Ela investiu em suas ideias através de parceiros anônimos. Ela o conectou a pessoas que ele pensava ter descoberto sozinho.

Porque ela queria que fosse real, porque ela queria mostrar a verdade a ele, neste exato dia... Hoje.

O dia em que tudo deveria finalmente fazer sentido.

Ela ia se levantar. Caminhar até ele. Olhá-lo nos olhos e dizer: "James, eu nunca estive paralisada. Mas escolhi essa dor... para provar seu amor."

Mas em vez disso—ela estava parada atrás da porta. Ouvindo o homem a quem ela deu tudo... jogá-la fora como se ela não significasse nada.

Ela não era nada para ele. Ela era apenas um inconveniente.

Justo quando ela pensou que poderia revelar sua identidade a James, isso tinha que acontecer.

Nesse momento, Cora ouviu mais vozes saindo do quarto—baixas, íntimas e carregadas de crueldade.

"Como você consegue dormir com ela?" a mulher zombou com uma risada. "Tenho pensado nisso e... simplesmente não consigo imaginar como você faz."

Naquele momento, James riu, profundo e sem vergonha.

"O quê? Você acha que eu realmente faria isso?" Ele parecia divertido. "Isso é nojento. Nem consigo me imaginar fazendo tal coisa com ela. É horrível, realmente horrível."

Cora prendeu a respiração.

Seu coração falhou uma batida. Depois outra. Então começou a bater tão forte, tão alto, que abafou o resto das risadas deles.

Suas mãos apertaram os lados da cadeira. Ela tinha ouvido o suficiente.

Ela havia pensado em partir silenciosamente. Ela havia pensado que simplesmente desapareceria da vida de James sem uma palavra, sem arruinar o homem que uma vez amou.

Mas não mais, não depois disso.

Seu silêncio não era mais bondade. Era fraqueza.

E agora—ela havia jurado destruí-lo.

Sem uma única palavra, Cora se ajeitou em sua cadeira de rodas, e empurrou sua mão para frente, sua cadeira de rodas elétrica zumbindo enquanto rolava pelo corredor para dentro do quarto.

No momento em que ela entrou, o ar mudou.

James congelou. A garota envolta em seus braços se ergueu de repente, o cobertor caindo de seu ombro.

A visão de Cora—vestida com seu suave vestido de aniversário, olhos frios e úmidos de fúria, com uma única rosa ainda em seu colo—fez o sangue drenar dos rostos deles.

"Cora..." a garota sussurrou, sua voz falhando.