Naquele momento, a voz da garota tremeu enquanto ela sussurrava, "Cora..."
Então os olhos de Cora se estreitaram. Ela conhecia aquela voz.
Emily, a secretária de James.
A mesma mulher que sempre sorria educadamente para ela em público, agindo de forma leal e inofensiva. A mesma mulher que cuidava de todas as ligações de James, suas agendas — e agora, aparentemente, seu corpo também.
Imediatamente James se apressou, pegando suas calças e puxando-as para cima. Suas mãos atrapalharam-se com o zíper enquanto seu rosto se contorcia com irritação em vez de culpa.
"Que diabos você está fazendo aqui?" ele latiu. "Você não disse que tinha uma consulta com seu terapeuta hoje?"
Ao ouvir o que James acabara de dizer, os dedos de Cora se curvaram firmemente ao redor do apoio de braço de sua cadeira de rodas. Seu rosto escureceu — lenta e friamente — até que mesmo a luz fraca no quarto parecia se afastar de sua presença.
Ela ergueu a cabeça e olhou diretamente para ele.
"Então agora eu preciso de permissão para entrar no meu próprio quarto?" Sua voz estava calma. Calma demais. O tipo de calma que vem logo antes de uma tempestade.
Ela inclinou a cabeça, seus olhos nunca deixando os dele.
"Eu nem sequer tenho o direito de exigir uma explicação para o que estou vendo? Na minha cama? Em nossa casa?"
Naquele momento, James abriu a boca, mas o peso das palavras dela o silenciou.
"Como você ousa, James?" ela disse, sua voz rachando nas bordas, mas ainda afiada como vidro. "Como você ousa me trair sob o mesmo teto onde sacrifiquei tudo por você?"
Emily, agitada e corada, rapidamente alcançou seu vestido, tentando vesti-lo com mãos trêmulas. Ela fez um movimento em direção à porta, desesperada para fugir da tensão fervente.
Mas antes que ela pudesse dar dois passos, James agarrou seu pulso. "Espere," ele murmurou.
Aquele único movimento — a mão dele no braço de Emily — fez a expressão de Cora se contorcer ainda mais. A dor havia desaparecido. O que restava agora era outra coisa.
Emily virou-se para James, sua voz baixa e trêmula, fingindo estar envergonhada. "O que diabos você está fazendo?" ela sussurrou.
Mas seus olhos — aqueles olhos astutos e brilhantes — contavam a verdade. Ela não estava envergonhada. Estava aproveitando cada segundo.
James apertou seu aperto na mão de Emily. Sua voz estava baixa, mas cada palavra atingiu Cora como um tapa.
"Estou cansado de esconder isso," ele murmurou, nem mesmo parecendo envergonhado.
Ele se virou completamente para Emily, colocando o cabelo dela atrás da orelha, ignorando completamente a mulher cuja vida acabara de ser destruída momentos atrás.
"Emily... a verdade é que estou te vendo há um ano," ele disse suavemente.
Naquele momento, Cora piscou. Uma vez. Duas vezes.
James virou-se para encará-la, braços cruzados como se estivesse fazendo uma declaração final em uma reunião de negócios. "Eu tentei, Cora. Eu realmente tentei. Mas sua... condição —" ele gesticulou vagamente para a cadeira de rodas dela "— foi demais. Eu sou um homem. Um homem normal. Tenho necessidades. Não podia continuar suprimindo-as."
Ao ouvir as palavras de James, a boca de Cora se abriu levemente, mas nenhuma palavra saiu.
"Quero dizer, vamos lá," James continuou com um dar de ombros. "Olhe para o sucesso que alcancei nos últimos dois anos. Você acha que as mulheres não têm se jogado em cima de mim? Recusei todas elas. Fui disciplinado. Permaneci leal... pelo tempo que pude."
Ele disse isso como se merecesse uma medalha.
"Mas sou humano," ele acrescentou, como se isso de alguma forma justificasse tudo. "E você não entenderia o que a fama faz com as pessoas, Cora. Então nem vou explicar."
Ele fez uma pausa, estudando o rosto dela como se esperasse que ela desmoronasse ou implorasse.
Em vez disso, Cora permaneceu imóvel. Silenciosa. Seu rosto indecifrável.
"Eu me casei com você por amor," ele disse, suavizando a voz como se estivesse fazendo um favor a ela. "Mas as coisas mudam."
Então, com um suspiro profundo, ele disse as palavras finais que fizeram os lábios de Emily se contraírem com um pequeno sorriso vitorioso.
"Tenho pensado em como compensar você. Então aqui está minha decisão — vou pagar a você. Por tudo. Um milhão de dólares. É isso que decidi."
James zombou, balançando a cabeça como se estivesse falando com alguém inferior a ele.
"E nem pense em entrar com pedido de divórcio," ele disparou, com tom afiado e pingando arrogância. "Você não vai receber um centavo, nem um único dólar, se tentar fazer isso."
Ele deu um passo à frente, cruzando os braços com confiança, como se já tivesse vencido. "Vou garantir isso. Tenho advogados — poderosos. Se você tentar ser esperta, vou enterrá-la no tribunal."
Suas palavras ecoaram no silêncio, pesadas e sem coração.
"Então seja sábia, Cora," ele disse lentamente. "Pegue o milhão e desapareça. É o melhor que você vai conseguir. Estou oferecendo misericórdia. Não me provoque."
Ele olhou para Emily ao seu lado, que estava com os braços em volta de si mesma, fingindo parecer insegura — embora seus olhos brilhassem de satisfação.
James assentiu, finalizando sua oferta cruel como um homem fechando um negócio.
Mas assim que o quarto ficou silencioso novamente —
Cora de repente caiu na gargalhada.