Capítulo 5

O salão principal da academia estava repleto de vida. As tochas acesas em cada canto lançavam sombras dançantes nas paredes de pedra, e os estandartes dos quatro elementos – Aurora, Manhã, Crepúsculo e Breu Profundo – estavam pendurados com orgulho. Era um dia especial, uma cerimônia em honra aos elementais que guiavam e protegiam o reino. Todos os alunos da academia estavam reunidos, usando seus uniformes impecáveis, com olhos brilhando de expectativa e ansiedade.

Sansara, Hakui e Kaledus se mantinham em pé, lado a lado, na área reservada para a equipe Aurora. Eles tinham sido chamados à frente, e a atenção de todos estava sobre eles. Ao redor, as outras equipes sussurravam e lançavam olhares curiosos.

O Mestre de Cerimônias, um homem idoso com barba longa e branca, deu um passo à frente, segurando dois brasões de prata com símbolos intrincados.

— A equipe Aurora — começou ele, com uma voz que ecoou por todo o salão — é reconhecida por sua coragem e determinação. Eles não apenas sobreviveram à Prova de Vida no primeiro dia sem perder nenhum integrante, como também enfrentaram uma criatura antiga, um verme de fogo, e cumpriram sua missão com sucesso.

O burburinho entre os outros times aumentou, olhares de respeito e inveja recaindo sobre os três. Até mesmo Sansara sentiu o peso do momento, seu peito se enchendo de orgulho. Ela ergueu o queixo e olhou para o Mestre de Cerimônias, que entregava o primeiro brasão a Hakui.

— Em reconhecimento por sobreviverem à Prova de Vida — ele disse, colocando o brasão de prata nas mãos de Hakui, que o aceitou com um leve aceno de cabeça.

Em seguida, ele se virou para Sansara e Kaledus, entregando o segundo brasão. — E em reconhecimento por enfrentarem e derrotarem uma criatura antiga, vocês recebem o Brasão dos Grandes Guerreiros. Que este símbolo lembre a todos vocês do caminho que ainda têm a percorrer.

— Obrigado — respondeu Sansara, a voz firme apesar da emoção que sentia.

Kaledus sorriu, inclinando-se para Sansara e sussurrando: — Parece que estamos nos saindo bem, não é?

— Até você pode se surpreender, Kaledus — ela respondeu, contendo um sorriso.

Enquanto eles voltavam para seus lugares, os murmúrios das outras equipes não cessaram. Alguns pareciam impressionados, outros claramente incomodados. Mas um nome era repetido entre os sussurros: Entardecer.

— A próxima equipe a ser reconhecida — continuou o Mestre de Cerimônias — é a Equipe Entardecer, que cumpriu sua missão mesmo diante de perdas.

Os três membros restantes da Equipe Entardecer se aproximaram, com os olhos fixos no chão. Um deles, um garoto alto com um braço enfaixado, ergueu o olhar e encarou Hakui por um momento antes de desviar. Eles receberam um brasão, mas a marca da perda de seu companheiro estava evidente em seus rostos.

— Que este brasão sirva para lembrá-los do sacrifício de seu colega — o Mestre disse, sua voz tingida de respeito. — Que vocês continuem em frente e honrem sua memória.

Hakui, Sansara e Kaledus sentiram o peso do olhar do garoto da Equipe Entardecer. Eles haviam sobrevivido, mas outros não tinham tido a mesma sorte. Era um lembrete do quão fina era a linha que separava a vida da morte na academia.

Por fim, o Mestre de Cerimônias ergueu a mão, e o salão mergulhou em um silêncio absoluto. — Hoje, também apresentamos os membros substitutos. Aqueles que aguardam pacientemente sua oportunidade de integrar as equipes quando o momento chegar.

Uma fila de jovens nervosos e ansiosos foi conduzida ao centro do salão. Eles eram os primeiranistas que ainda não tinham sido designados a uma equipe. Todos estavam ali aguardando uma única coisa: a morte de um dos atuais membros para que pudessem ter sua chance. Um deles, um garoto com cabelos ruivos e sardas, olhava diretamente para a equipe Aurora, seus olhos brilhando com ambição.

— Eles parecem... famintos — Kaledus murmurou, avaliando os novos rostos.

— São sobreviventes como nós — Sansara respondeu, observando-os atentamente. — E sabem que, um dia, um de nós pode não voltar.

Hakui não disse nada, mas sua expressão endureceu. Para ele, aquilo não era uma competição, mas um caminho inevitável. A realidade da academia era dura, e momentos como esse apenas tornavam tudo mais claro: o caminho para a glória estava pavimentado com o sangue daqueles que não conseguiam acompanhar.

Com o final da cerimônia, as equipes foram dispensadas. Enquanto voltavam para seus alojamentos, a equipe Aurora não pôde deixar de sentir o peso dos brasões em suas mãos. Eles eram uma marca de honra, sim, mas também um lembrete da responsabilidade que carregavam.

E, mesmo com os murmúrios e olhares ao redor, os três sabiam que a jornada estava apenas começando.