A Tempestade Dentro de Seu Coração

O peito de Jean arfava de raiva e urgência enquanto ela se virava para Logan, que estava ao seu lado, com o maxilar firmemente cerrado. "Cuide do Junho," ela ordenou sobre o rugido dos ventos. "Eu pego o telefone."

A expressão de Logan escureceu. Ele odiava a ideia dela sair correndo sozinha, especialmente com a tempestade tornando as coisas imprevisíveis. Mas não havia tempo para discutir. Ele deu um aceno brusco. "Mas esteja pronta para as consequências, Adams."

Antes que Jean pudesse responder, Logan girou e desferiu um único e brutal soco no rosto de Junho. Junho mal teve tempo de reagir antes de ser jogado ao chão, gemendo de dor enquanto Logan o imobilizava com facilidade.

Enquanto isso, Farah, segurando o telefone firmemente, soltou um suspiro assustado. O pânico passou por seu rosto enquanto ela girava sobre os calcanhares e corria em direção ao convés, seus saltos escorregando levemente na superfície molhada.

Jean não hesitou. Ela correu atrás dela, a chuva encharcando seu cabelo e vestido instantaneamente. O som do trovão estourou acima delas, seguido por outro violento solavanco do iate. O convés inclinou-se ligeiramente, forçando Jean a se equilibrar contra o corrimão antes de retomar a perseguição.

"Jean! Tenha cuidado!" A voz de Logan soou atrás dela, mas ela não tinha tempo para reconhecê-lo.

Farah era rápida, seu corpo esbelto permitindo que ela deslizasse pelo convés escorregadio sem esforço. Mas Jean estava determinada. Seus olhos fixos no dispositivo que continha as provas incriminadoras.

Quando chegaram à borda do convés, onde o piso encharcado pela chuva encontrava o oceano sem fim, Jean se lançou. Seus dedos mal roçaram o braço de Farah antes que o iate balançasse violentamente de novo, quase fazendo ambas perderem o equilíbrio.

Com o coração martelando em seu peito, Jean sabia, esta era sua única chance.

O ar dentro do iate estava quente, preenchido com o murmúrio de conversas e o tilintar de taças, mas Emma sentiu um arrepio de inquietação subir por sua espinha. Jean estava ausente há tempo demais.

No início, ela pensou que Jean tinha apenas se afastado para respirar ou trocar algumas palavras com alguém, mas conforme os minutos se estenderam para meia hora, sua paciência deu lugar à preocupação total.

Ela examinou a sala, seus olhos saltando entre rostos familiares, procurando um vislumbre da postura característica de Jean. Nada. Seu olhar se voltou para o assento de Logan.

Vazio.

Um nó apertou em seu estômago. Isso não era coincidência.

"Alguém viu a Jean?" ela perguntou a Ganga, Sasha e Rosalie, tentando manter o pânico longe de sua voz.

Alguns trocaram olhares confusos antes de balançar a cabeça.

"Acho que a vi caminhando em direção ao Sr. Kim. Ela deve ter ido falar com ele mais cedo, mas depois não sei, pode estar no banheiro, mas já deveria ter voltado," disse Rosalie, sem ter certeza.

Os dedos de Emma se curvaram em punhos. Algo estava acontecendo e ninguém tinha ideia do que era.

Quando ela virou-se para encontrar respostas, um estrondo profundo ecoou pelo iate. As ondas lá fora agitavam-se violentamente, sacudindo os elegantes lustres de cristal acima. Alguns convidados olharam pelas grandes janelas, murmurando enquanto as nuvens escuras se adensavam, apagando os últimos vestígios da luz do sol.

Uma tempestade estava se formando.

Emma sentiu seu pulso acelerar.

Ela moveu-se rapidamente pela multidão, dirigindo-se ao Sr. Kim. O homem estava envolvido em uma conversa com um grupo de convidados distintos, mas Emma não se importava com etiqueta social naquele momento.

"Sr. Kim," ela interrompeu, sua voz urgente. "Preciso falar com o senhor."

O homem mais velho virou-se, seu olhar afiado estreitando-se para ela. "Você é a assistente da Srta. Adams, certo?"

Ela assente.

"É a Jean," ela disparou. "Ela está ausente há muito tempo, e Logan também sumiu. A tempestade está piorando. Estou preocupada que algo possa ter acontecido."

O aperto do Sr. Kim em sua taça de champanhe apertou-se ligeiramente. Sua expressão escureceu, ilegível, antes de colocar a taça na mesa mais próxima.

"O capitão disse que não havia sinais de tempestade, mas agora que há, vejo que não são apenas a Srta. Adams e o Sr. Kingsley, mas os três." Ele falou olhando para o assento vago de seu próprio filho. Sua voz estava calma, mas havia uma tensão nela.

Sua mente já estava considerando as possibilidades. O momento era peculiar demais. Primeiro os rumores sobre Jean e Logan, e agora a ausência simultânea deles com seu filho?

Sua expressão endureceu, e pela primeira vez naquela noite, uma verdadeira tensão se instalou sobre a reunião.

"Encontrem-nos," ele ordenou à sua equipe. "Agora."

Os convidados trocaram olhares intrigados enquanto o clima mudava, mas Emma já estava em movimento, seu coração batendo forte enquanto ela rezava para que não fosse tarde demais.

A respiração de Jean vinha em rápidos arquejos enquanto ela perseguia Farah, seus saltos batendo contra o convés escorregadio. A tempestade havia se tornado feroz, o vento uivando em seus ouvidos, o iate inclinando-se levemente sob a força das ondas crescentes. A chuva caía em lençóis implacáveis, tornando difícil ver, difícil pensar.

Farah agarrava o telefone com força, olhando para Jean com determinação. Jean avançou, e as duas colidiram. "Me dê logo o telefone, sua mulher estúpida!"

"Cala a boca, vadia!" Uma luta se seguiu, ambas as mulheres lutando pelo controle, suas roupas encharcadas grudando nelas enquanto brigavam no caos da tempestade. Jean arranhou o pulso de Farah, tentando afrouxar seu aperto, mas Farah se contorceu para fora de seu alcance com uma força surpreendente.

Então, na loucura da luta, Farah escorregou. Seu salto prendeu na superfície molhada e, com um grito agudo, ela perdeu o equilíbrio.

O telefone voou de sua mão, quicando antes de deslizar perigosamente perto da borda do convés.

O coração de Jean martelava enquanto ela observava o dispositivo balançar, a centímetros de mergulhar no oceano escuro abaixo. O medo a dominou.

Se aquele telefone desaparecesse no abismo, ela nunca saberia se as fotos já haviam sido enviadas, nunca teria certeza se a ira de sua família era iminente.

Cega pelo desespero, Jean jogou a cautela de lado. Ela avançou rapidamente, com as mãos estendidas, ignorando a superfície escorregadia sob seus pés.

Ela derrapou, mal conseguindo se segurar a tempo, seus dedos se fechando ao redor do telefone em um aperto vitorioso. O alívio inundou suas veias.

Mas então... Uma maldição afiada veio de trás dela. Farah havia se levantado, seus olhos arregalados de horror. Jean virou-se para ver o que havia congelado sua oponente de medo.

Seu estômago afundou.

"Oh Deus." Uma onda monstruosa se erguia à frente, elevando-se sobre o convés como uma força vingativa da natureza.