Assim que chegamos no palácio, mal tenho tempo para descansar, logo Salima vem avisar que tudo está pronto para meu banho especial, sigo com elas para o SPA.
— Raajkumaaree, dekhen, sugandhit paanee, doodh aur gulaab kee pankhudiyon mein usaka snaan aadarsh taapamaan par taiyaar kiya gaya hai. (Princesa, veja, seu banho em água perfumada, leite e pétalas de rosas está preparado, em temperatura ideal.) – Rani diz e sorri.
Me dispo e entro na banheira.
— Unhonne socha tha ki main apane sagaee ke lie meree Rajkumari nahin hoga? (Pensou que eu não viria preparar a minha Princesa para seu noivado?) – minha mãe aparece e diz, fazendo todas nós sorrirmos.
— Aapako hamesha ye vishesh kshan mein meree taraph se kar rahe hain, mujhe lagata hai ki ke lie, maan aabhaaree hoon. (Você sempre está ao meu lado nestes momentos especiais, sou grata por isso mamãe.) – digo.
— Meree betee, yah ek bahut hee khaas pal hai, main kya sachcha pyaar aur apane nae parivaar, aaj ve saboot hai ki aap apane jeevan mein aur apane gharon mein chaahate hain de denge se milata hai ke lie aap taiyaaree kar raha hoon. (Minha filha, esse é um momento muito especial, estou te preparando para que vá ao encontro do verdadeiro amor e de sua nova família, hoje mesmo eles darão provas de que te querem em suas vidas e em suas casas.) - ela molha os meus cabelos e os massageia com carinho enquanto diz.
Minha pele é massageada com as pétalas de rosas, as sudras cantam músicas alegres, próprias para esse momento.
O banho está terminando, saio e me enrolo em um tecido em meu corpo, minha mãe seca meus cabelos com carinho, vou com elas para a sala do SPA, é neste momento que vejo os músicos, Dinah, esposa do Pandith, minhas madrinhas e amigas famosas, que me cumprimentam com o Namastê e se sentam nas muitas poltronas desta sala, dá para sentir o perfume do incenso e dos oléos aromáticos.
Sento sobre uma chaise e logo minha mãe e a Dinah se posicionam ao meu lado.
Uma das sudras traz uma bandeja e deixa em um aparador ao nosso lado, minha mãe mergulha os dedos em um preparado, começa a massagear a minha pele.
— Kesar, gehoon ka aata aur paanee, ya ek pattee kamal aapakee tvacha se adhik naram ho jaega ... Betee suno, tum usakee maan, pahale saal aap shaant hona chaahie ke ghar mein vyavahaar karane ke lie jaanane ke lie hoga, tum kuchh bhee badalane ke lie bhale hee ve pasand nahin hai koshish nahin karanee chaahie. Phir jab aap apanee maan se kuchh aatmavishvaas milata hai to aap kuchh bhee lekin bahut, bahut saavadhaan sujha sakate hain. Usakee maan bhee, usakee maan ko sunane ke lie kiya tha ab samay ke roop mein vah chaahata hai yah bhejane ke lie aur kya karana hai, apane samay bhee aa jaega. (Acafrão, farinha de trigo e água, nem uma pétala de lótus vai ficar mais macia do que a sua pele... Ouça filha, você vai ter que aprender a se comportar na casa da sua sogra, no primeiro ano você deve ficar quieta, não deve tentar mudar nada mesmo que não goste. Depois quando conseguir um pouco da confiança da sua sogra aí você poderá sugerir alguma coisa, mas com muito, muito cuidado. A sua sogra também teve que ouvir a sogra dela, agora chegou o tempo de ela mandar e de fazer como ela quiser, o seu tempo também vai chegar.) – minha mãe começa a me aconselhar.
— Por que os músicos estão aqui? Homens podem estar aqui neste ambiente? - Samara pergunta.
— Eles são artistas. Devem sempre estar presente assim com a música deles. – Tia explica.
— Yah sabhee aanandadaayak vaataavaran ho shaadee aur khushee kee oorja ko aanand le, to sangeetakaaron is samay mein shaamil hona chaahie chaahie. (É preciso deixar todo o ambiente alegre, trazer a alegria para o casamento e a energia da alegria, por isso os músicos devem participar deste momento.) - Dinah diz.
— Ek chhote se adhik shahad aur chandan kee kuchh boonden, aapakee tvacha naram aur sugandhit ho jaega ... tum hamesha sugandhit aur usake pati ke lie sundar hona chaahie, aankhon ko baandhe aur unhen aap ke lie dhaaran karana chaahie. (Um pouco mais de mel e umas gotas de sândalo, sua pele vai ficar macia e perfumada... você sempre deve estar perfumada e bonita para seu marido, deve cativar os olhos dele e prendê-los a você.) – minha mãe diz e eu sorrio para ela.
— Haan, maan, main samajhata hoon. (Sim mãe, estou entendendo.) – digo.
Enquanto minha mãe passa o preparado na minha pele, massageando com calma, Dinah começa a me dar conselhos sobre como uma esposa e Princesa deve agir.
— Raajakumaaree, aapako kabhee bhee bina bulae samraaton ya apane pati kee upasthiti mein pravesh nahin karana chaahie, ek mahila ko apanee jagah aur kaise vyavahaar karana chaahie, jab bhee vah aapake saath raat bitaana chaahega to usaka pati use bhej dega. (Princesa, você nunca deve estar entrar na presença dos Imperadores ou do seu marido sem ser chamada, uma mulher deve saber seu lugar e como se portar, seu marido mandará chamá-la quando quiser passar a noite com você.) – ela introduz o assunto.
— Har mahila ko pata hona chaahie ki kaise vyavahaar karana hai, kam kahana hai, bas paryaapt hai, apanee sthiti ke lie uchit roop se poshaak karana hai, aur upadrav ka kaaran nahin banana chaahie. Bhojan ke samay, sanketit sthaan par baithen aur samraat ke baad hee svayan seva karen aur jab vah apana bhojan samaapt kar len to koee aur nahin kha sakega, jab vah uthega, to sabhee ko khada hona hoga. Yaad rakhen, kabhee bhee samraat se apanee peeth na pheren ya bina anumati ke usakee aankhon mein dekhen. (Toda mulher deve saber se portar, fale pouco, apenas o suficiente, vista-se adequadamente para a sua posição e não cause escândalos. No momento da refeição, sente-se no local indicado e sirva-se somente após o Imperador e quando ele terminar sua refeição ninguém mais poderá se alimentar, quando ele se levantar, todos devem ficar de pé. Lembre-se, jamais dê as costas para o Imperador ou o olhe nos olhos sem permissão.) – Dinah diz.
— Raajakumaaree, har patnee apane pati ko bhagavaan kee tarah maanen, isalie vinamr rahen, lekin saath hee shaant, nyaayapriy, saahasee aur pyaar karane vaale bhee hon, aapakee aavaaj hamesha unase neechee honee chaahie, apane ghar mein sammaan, dharm, paramparaon aur reeti-rivaajon ko rakhen, arthaat aapakee jimmedaaree. aapako apane ghar ka prabandhan karana chaahie. (Princesa, toda esposa deve tratar seu marido como a um deus, portanto, seja submissa, mas também seja pacífica, justa, corajosa e amorosa, sua voz deve ser sempre mais baixa do que a dele, mantenha a honra, religião, tradições e costumes em seu lar, essa é a tua responsabilidade. Você deve gerir a sua casa.) – a esposa do Pandith diz.
Confesso que alguns desses conselhos eu não queria pensar nesse momento, porque me apavoram e me fazem pensar em desistir do shádi com um homem que será tão poderoso, mesmo que seja em um futuro distante.
Agradeço mentalmente por saber que a presença das minhas amigas restringe as falas da esposa do sacerdote, a fim de preservar o segredo dos Imperadores.
A massagem termina e também os conselhos para esse momento, sei que elas precisam ir para a cerimônia.
Levanto para me despedir da minha mãe e das minhas amigas, então volto para a chaise, aproveito para relaxar, mas a minha mente ainda está inquieta e insiste em relembrar tudo o que aconteceu desde a minha chegada em Hindustan.
Nunca imaginei estar em uma situação como essa, eu estou realmente começando a viver um conto de fadas na vida real. Até onde isso tudo vai?
Qualquer mulher genuinamente romântica sonha pelo menos uma vez em ser uma princesa, ver um lindo príncipe buscá-la em um cavalo branco e leva-la para morar em um castelo, onde serão felizes para sempre... Mas a vida nos faz crescer e enterrar definitivamente os sonhos mais românticos sob a dura realidade que vivemos, afinal são meros sonhos inatingíveis e infantis... Mas eu.... Eu estou me casando com um Príncipe de verdade e dizem que eu sou uma Princesa, ainda não acredito.
— Rajkumari Weenny, rajkumari, tum mujhe sun? Aap theek hain? (Princesa Weenny? Princesa, está me ouvindo? Você está bem?)
Desperto dos meus pensamentos com a voz da Madhavi, que está muito aflita.
— Haan, main thek hun. Main soch raha tha. (Sim, estou bem. Estava pensando.) – digo e sorrio ao ver que a serva suspira aliviada.
— Sab kuchh aapake dulhan sari aur saare gahane sahit, ke lie taiyaar hai, use dresing room mein hain, ham jab mahaaraaj vaanchhit ja sakate hain. (Tudo está pronto, inclusive seu sari de noiva e todas as joias, estão em seu quarto de vestir, podemos ir quando Vossa Alteza desejar.) - Shiva diz.
— Haan, chalo. (Sim, vamos) – digo.
Vou com as sudras para o quarto de vestir, elas me ajudam a colocar o choli e o sari que são na cor vinho, bem bordados. Shiva e Zaara fazem a maquiagem, enquanto Salima penteia meus cabelos, Rani e Madhavi me adornam com todas as joias, de repente ouvimos uma agitação na entrada, peço que Salima vá ver pessoalmente do que se trata, me surpreendo ao saber o que é.
Os Amigos POV:
As madrinhas e amigas famosas se acomodam nas confortáveis chaises do SPA e assistem ao rápido ritual de preparação da Dulhana para a próxima cerimônia, tudo tão singelo quanto bonito.
Ainda estranham os conselhos, mesmo que tenham aprendido cada um desses rituais com o Guru Shankar, ele sempre foi diligente em suas explicações, mas ainda é difícil compreender que uma Dulhana deva ser obrigada a morar com a família do marido e por qual motivo Vilma está fazendo esse aconselhamento?
Eros e Weenny vão querer viver como hindus?
Vão morar com os pais dele depois do casamento?
Por que não teriam contado essa resolução para os amigos?
Tia trabalha fazendo a tradução pela metade, protegendo o segredo imperial e as amigas nem desconfiam de nada.
Essas dúvidas apenas os noivos poderão responder, mas as madrinhas não podem perguntar nada nesse momento, então vão ter que conter essa curiosidade.
Tia avisa que elas precisam se despedir para ir porque a cerimônia Sakhar Puda começará em pouco tempo, Vilma também se prepara para partir.
Enquanto isso, os padrinhos se preparam para partir.
Victor sente o gosto amargo da derrota ao saber que sua tão amada Weenny irá ficar noiva daqui algumas horas, mesmo que ela já tenha assumido esse compromisso no Brasil, agora ela realmente está prestes a se casar, provocando nele um desespero, uma tristeza profunda, então ele toma uma decisão ousada, dá uma desculpa para ficar distante de Amitabh e dos amigos por algum tempo e vai para o palácio da Dulhana, percebe uma movimentação e imagina que só pode ser a presença das madrinhas, decide se esconder até que elas saiam ou que essa agitação diminua.
Vê quando Vilma, uma mulher que parece ser a esposa de um dos sacerdotes, as tradutoras, as madrinhas e as amigas famosas saem e entram nos veículos.
Victor decide sair do seu esconderijo e tenta caminhar até a entrada do palácio, mas é interceptado por soldados com espadas. Ele tenta se identificar como amigo e padrinho da Dulhana, mas falha por não conseguir se comunicar em hindi, tenta em inglês e tem sorte porque um dos soldados também é fluente nesse idioma, uma das servas aparece na porta principal do palácio e é avisada que o padrinho deseja conversar com a noiva.
Salima o leva até ela, Victor emudece ao ver Weenny com o sari de noiva, seu coração fica descompassado, seus cabelos ainda estão soltos, tão longos, brilhosos e perfumados, consegue perceber isso mesmo estando longe dela.
Quanta saudade ele sente de tocá-la e de amá-la, ainda sente tanto desejo e amor como naquela época em que eram namorados, a verdade é que nunca esqueceu dela, mesmo tendo sido um moleque irresponsável, quem sabe possa convencê-la disso.
As joias ainda estão sendo colocadas pelas servas, ela fica ainda mais linda a cada adorno adicionado.
Victor, o Guh a quem Weenny tanto amou, pega um dos colares que estão na penteadeira e estende na direção dela... A Dulhana o olha com tanta frieza e surpresa que lhe constrange.
Ela diz algo para as servas e elas os deixam sozinhos, depois olha para Victor, pega o colar da mão dele em um gesto brusco.
— O que você faz aqui? – Weenny pergunta.
— Estou aqui para dizer que te amo e meu coração é seu para sempre, só basta dizer que ainda me quer, nós podemos...
— Agora? Por quê? Quando o meu casamento está acontecendo? Já não esperei por você tanto tempo? Você já não feriu o meu coração o suficiente? – ela o interrompe e seu olhar demonstra o quanto está magoada.
— Ainda há tempo, sempre há tempo para o amor, posso convencer a minha família a te aceitar... – Victor tenta explicar.
— Tua família? Quer convencer a tua família a me aceitar quando deveria tentar me convencer a aceitá-los? A minha vontade não importa? Minha honra não importa? Teus pais podem ser ricos e famosos, mas os meus pais não são inferiores porque são pobres e meros trabalhadores. Nunca enganamos ninguém, nunca desprezamos ninguém, deve ser por isso que nunca magoamos alguém como fui magoada por você e por sua família. – ela avança em sua direção com o dedo indicador em riste.
— Eu nunca te enganei! Fui um fraco, me deixei levar... – Victor Gustavo tenta dizer.
— Ah, quão fraco você pode ser? Num capricho você diz que me ama e que vai se casar comigo, chegamos até sonhar juntos com essa ocasião... Ou seria mais apropriado dizer que me iludi com essa expectativa? Para então no momento seguinte você mentir para mim e me abandonar como se eu nunca tivesse passado por sua vida... – Weenny o acusa e o faz lembrar do passado que tanto quer esquecer.
— Está na hora de você ir embora, a cerimônia vai começar. – ela diz e aponta para a porta.
— Eu não aceito este casamento! - Victor, com firmeza, diz.
— Que diferença faz? Pois eu aceito e de todo o meu coração! – ela ergue o tom de voz e diz com veemência.
— Então eu direi a todos agora... - ele, com raiva, diz.
Weenny avança na direção dele.
— Que eu namorei com você? Que eu abandonei meus amigos e meus sonhos por você? Quer me difamar? – Weenny o desafia indagando.
— Eu te difamar? Como pode pensar nisso? Se você disser isso outra vez... – Victor, enfurecido, responde.
— Vai fazer o que? Me bater? Cumprir sua ameaça? Há muito tempo você me manteve cativa e apaixonada, realizei todos os seus desejos e o perdoei muito mais do que você jamais mereceu, mas quando pedi o que eu tinha direito, que cumprisse a sua palavra e demonstrasse a todos da sua família o quanto me amava e que desejava se casar comigo, você simplesmente me abandonou! – Weenny diz em um tom desafiador.
— Chega! Para com isso, não seja injusta! Para que tanta arrogância? – ele pergunta.
— Por que eu não teria esse direito? Por que você é o Victor Gustavo, rico, bem relacionado e bonito? Eu tenho qualidades e depois do meu casamento terei influência e riquezas também... De agora em diante serei e terei tanto quanto você e sua família ou mais. – ela diz apenas com a clara intenção de feri-lo.
— Weenny, por favor não diga isso, essa vaidade não combina com você. – Victor Gustavo diz, claramente magoado.
— Como pode ser tão cego? Tão estúpido? Depois de tudo o que me fez passar como pode imaginar que eu passaria a vida toda aos seus pés ou que eu deixaria o meu Eros para voltar para você? Vá embora e me esqueça definitivamente. – Weenny, com os olhos ardendo de raiva, diz.
É nesse momento que ele se dá conta da gravidade de todos os erros que ele cometeu e da profundidade da mágoa da mulher que ele ama, sabe que ele é o único culpado não só pelo término quanto pelo desprezo que ela sente, arrependimentos e remorsos não bastarão para receber seu perdão, mas precisa tentar.
— Me perdoe por toda a mágoa e por todas as lágrimas que você derramou por mim, eu te amo e sempre vou te amar, você tem toda razão. - Victor ajoelha diante da Weenny e implora.
— Se é verdade que você me ama, respeite o que me faz feliz, fique satisfeito por eu ter encontrado o verdadeiro amor. Se realmente me ama tanto quanto diz da boca para fora, deve desejar que minha felicidade seja completa nos braços do homem que realmente demonstra o que sente e tem orgulho de quem eu sou. – Weenny diz e com lágrimas nos olhos.
Victor chora descontroladamente.
— Sim, eu farei isso, serei como seu padrinho e tentarei agir apenas como um amigo de agora em diante, mesmo que você não acredite, eu te amo tanto que quero que você seja feliz, mas você está certa em me odiar e me desprezar e você definitivamente merece alguém como Eros – tenta enxugar as lágrimas, respira fundo e olha nos olhos da Dulhana — Eu vou tentar e conseguir mostrar que te amo dessa maneira que você está pedindo.
Weenny dá uma ordem e as servas retornam, ele a observa por pouco tempo e sai correndo do palácio, vai ao encontro dos padrinhos a tempo de irem juntos para o Sakhar Puda.
Weenny Alves POV:
Fico surpresa ao ver Victor em meu palácio, percebo que ele não vai dizer nada enquanto as servas estiverem comigo, peço que nos deixem a sós por poucos minutos, mesmo que isso não seja adequado, afinal uma mulher hindu solteira jamais deve ficar sozinha na presença de um homem.
Iniciamos uma dura discussão, espero que seja a última e que tenha ficado bem clara a minha posição, Eros é insubstituível em minha vida.
Infelizmente usei alguns argumentos que costumo reprovar, comparando riquezas, luxo, influência e poder, coisas que nunca me importaram ou cativaram a minha atenção ou interesse, pelo contrário, só me fizeram com que eu me sentisse diminuída e preterida, mas ele merecia ouvir isso.
As servas voltam e terminam de me arrumar colocando as últimas joias e reposicionando meu sari, enquanto Victor continua olhando fixamente para mim, com o pranto um pouco mais controlado.
Sinto tanta raiva nesse momento, meus olhos estão marejados de lembrar tudo o que passei e senti por causa dele e de sua família, mas eu me recuso a derramar uma lágrima que seja por ele, não mais e nunca mais, ele não merece.
Suas últimas palavras mexem comigo, mas não consigo confiar que ele as cumprirá, só o tempo vai dizer.
Victor se retira e finalmente estou pronta para ir para a cerimônia, evito demonstrar fraqueza diante das minhas sudras, me acalmo e invento um motivo qualquer para que um dos meus padrinhos tenha feito uma visita.
A cada compromisso eu uso um novo sari, sempre com novas joias, isso é importante para demonstrar o valor e importância da Dulhana diante de toda a sociedade e nobreza indiana. Segundo eles, sou uma Rajkumari ou Princesa indiana, portanto a minha responsabilidade é ainda maior, tanto comportamento quanto na apresentação, com a vestimenta e joias adequadas.
A preparação fica mais demorada com o passar dos dias, ainda tento me acostumar com tanta ajuda e atenção, muitas vezes me obrigo a aceitar, mesmo que me incomode por não ter costume de depender de alguém.
O Sakhar puda é uma cerimônia de noivado e deve ser realizada com a presença do meu noivo, meus pais e os dele, meu pai representará a minha vontade, ainda que eu não conhecesse o meu noivo, a decisão do meu amado pai me deixa em paz.
Enquanto isso eu devo ficar esperando em meu palácio, logo meu pai virá junto com o Pandith, este será o momento em que eu terei o direito e dever de responder se concordo em me casar ou não.