Capítulo 55: Ritual de purificação

Jagadeesh Manohari (Eros Myron) POV:

Decido ir direto para o palácio escolhido para esse ritual, enquanto os servos e funcionários se ocupam com os últimos preparativos, vou para um dos aposentos para aguardar a chegada dos Imperadores, padrinhos, amigos e os convidados.

Aproveito que estou sozinho para fazer algumas breves reflexões.

O atentado que sofri quando era apenas um bebê mudou completamente o meu destino e me afastou dos Imperadores por décadas. O soberano foi aconselhado e convencido de que a única alternativa para preservar a minha vida e segurança seria me mandando para um lugar bem distante, um país onde eu poderia me refugiar e ser amparado, o Brasil.

O Imperador jamais foi me visitar, mas me cercou de cuidados, enviando-me servos fiéis, tais como ama de leite, conselheiros, guerreiros, sacerdotes e outros diversos trabalhadores que garantiram e supriram todas as minhas necessidades ao longo de tantos anos, minha vida foi guardada, protegida e preservada como o bem mais precioso do Império, enquanto o meu povo e toda a nobreza fariam conjecturas a respeito da minha vida e paradeiro.

Jamais passei por privações, na verdade fui criado nos mesmos padrões do Império, com toda a rigidez imposta pelo Imperador para o ensinamento do seu sucessor, sem o direito de ser uma criança ou adolescente, crescendo diante de suas normas e exigências, mesmo a distância, cumprindo todas suas ordens. Nunca me deixaram esquecer dos meus deveres para com o Império, com o meus pais, com meu povo, para com a religião, tradições e costumes, conclui toda a doutrina, conforme a minha obrigação, por isso ganhei alguns benefícios e liberdades, realizando finalmente alguns desejos.

Pouco antes da maioridade recebi uma nova identidade, passei a ser chamado de Eros Myron, como se fizesse parte de uma família grega, parecia um bom disfarce naquele momento. Logo depois recebi permissão para estudar e para escolher uma ocupação, como qualquer pessoa, como mais um entre milhões de brasileiros ou naturalizados.

Eu me graduei pela primeira vez e escolhi montar e gerir uma multinacional indiana, então eu finalmente pude experimentar a incrível sensação de ser sustentado pelo fruto do meu próprio esforço e trabalho, já não precisando dos recursos Imperiais.

Por essa razão, quando completei a maioridade, dispensei todos os meus servos, retornaram ao Império para voltar a servir o soberano, eu estava pronto para resolver minhas questões e cuidar dos meus próprios interesses.

Uma das decisões mais importantes para mim naquele momento foi a de reencontrar a Imperatriz, sentia falta do seu carinho de mãe, mesmo sabendo que não podia me atrever a retornar para Agra e que não era adequado que ela viesse até o Brasil, essas atitudes poderiam por nosso segredo ou meu paradeiro em risco, então nossos breves encontros aconteciam em Dubai, Londres e Inglaterra.

A Imperatriz sempre foi uma mãe amorosa, a todo momento lúcida e coerente, compassiva, misericordiosa, oferecendo seus conselhos preciosos, mas como esposa sempre foi obediente, submissa e cautelosa, por isso se manteve resignada aos mandos e desmandos do soberano.

O Imperador Himanshu sempre foi excessivamente austero, impassível, implacável, impiedoso, a todo o momento impondo a sua vontade acima de tudo e de todos, governava com mãos de ferro. Era raríssimo vê-lo sorrir, demonstrar satisfação ou alegria.

Como pai sempre foi ausente, frio e distante, os muitos filhos que teve lhe serviram para manter seu status, demonstrando sua virilidade e poder. Nas vezes que ele se aproximou de mim foi para me fazer exigências, me ensinar a governar e para exigir que eu cumprisse o que ele esperava de mim, consolidando o seu Império.

O Imperador sempre teve muitas mulheres à sua disposição, minha mãe era sua primeira esposa e por isso recebeu o título de Imperatriz, mas o soberano teve muitas outras esposas e concubinas, seu harém era bem farto. Fui o primeiro filho e o primeiro na linha de sucessão ao trono e sempre sofri intensas cobranças por conta dessa posição.

O Imperador foi agraciado com dezenas de outros filhos e filhas das outras esposas e concubinas, mas apenas as filhas sobreviveram e até hoje pensam que foi a vontade de Bhrama, o deus supremo. Tenho apenas uma irmã legítima, Malikah Banu Begum, infelizmente ela não pode vir ao meu casamento, seu marido jamais permitiria, visto que eles são mulçumanos e ele despreza a relação com hindus.

Pensei que demoraria muitos anos ainda para retornar para o meu povo, mas quando eu conheci a Weenny tudo mudou e uma urgência se instalou em meu coração. Passei a entender que eu era capaz de amar, que deveria permitir que meu coração fizesse escolhas, decidindo meu próprio caminho.

Para isso eu precisaria convencer nada menos que o Imperador, o homem que era considerado um deus pelo meu povo, que deveria ser um deus para minha família e também para mim, alguém que jamais cedeu, senão em favor de seus próprios desejos e deleites, mas eu estava disposto a insistir, persistir e até mesmo entregar a minha vida em favor desse amor... E saí vitorioso dessa minha primeira grande guerra.

Weenny me fez conhecer o verdadeiro amor e dele eu nunca serei capaz de desistir, não importa o que aconteça.

Agora, diante do espelho, depois de um breve banho, penso no Pithi dastoor, que é o importante ritual que vai nos purificar para essa nova jornada juntos.

Dentro de poucos dias o nosso shádi estará concluído, enfim estaremos livres para partir para a nossa lua de mel, quando retornarmos ao Brasil, darei a casa que mandei reformar como um presente para a minha esposa e viveremos lá, ao lado de nossa família.

Raajakumaar, sab log aa rahe hain, aapako jaldee karana chaahie. (Principe, todos estão chegando, precisa se apressar.) – desperto dos meus pensamentos com a voz de Ravi.

Main aa raha hoon. (Estou indo.) – aviso.

 

Os Amigos POV:

Os padrinhos chegam ao palácio escolhido pelo Dulhan e mais uma vez ficam admirados pela grandiosidade, se reúnem para registrar esse momento com uma foto.

Salmaan e Ravi os veem e logo vão recebê-los, fazem questão de levá-los para conhecer os ambientes preparados para esse ritual.

Entram no palácio juntos, passam pelo belo hall de entrada decorado em branco, observam a pequena fonte de mármore que o decora, além das poltronas confortáveis, a monotonia da cor é quebrada apenas pelas almofadas coloridas e folhagens ao redor.

Chegam na entrada do salão do cerimonial que é dividido em três ambientes distintos, a decoração segue o mesmo padrão de cor, apreciam o bonito design no teto, os pilares, lustres, arranjos com flores e tecidos, tudo isso dá um ar requintado e especial aos ambientes.

Notam que os convidados estão chegando, caminham calmamente pelo salão e são direcionados para a outra extremidade do salão, onde estão as três grandes fileiras com centenas de cadeiras para acomodá-los.

Os músicos já estão no palco preparando os instrumentos.

Veem na lateral do salão do cerimonial a área de descanso, que é decorada com espelhos, cortinas, poltronas e pequenas mesas de centro, nas cores branco e azul.

Ficam surpresos com a grandiosidade do mandap principal, decorado com um grande painel, almofadas sobre a poltrona, lustres e grandes pilares floridos, tudo decorado em branco e sobre uma elevação no piso, está em frente ao local onde os convidados estão se acomodando.

Seguem para o salão de convivência, grande, decorado em branco e com muitas poltronas, arranjos de flores e cortinas, conhecem o salão de festas que segue o mesmo padrão de decoração, tem muitas mesas espalhadas por todo o ambiente e grandes arranjos de flores sobre as mesas, em um dos extremos desse salão há o mandap do Dulhan decorado com um grande painel decorado, flores e castiçais.

Eles retornam apressadamente para o salão do cerimonial, ou ouvir algumas instruções no microfone, assumem suas posições, enquanto aguardam a chegada do Dulhan.

 

Jagadeesh Manohari (Eros Myron) POV:

Pandith pede que eu vá para o salão, o ritual deve começar.

Os Imperadores não virão a esse ritual, querem me deixar mais à vontade com meus padrinhos e convidados, mas Mahana Aala virá, é como uma mãe, já que me criou durante toda a infância e adolescência, tenho grande respeito por ela.

Vou para o salão do cerimonial, cumprimento a todos com o Namastê, sigo para o mandap e algumas pessoas me acompanham, Pandith, Brâmanes, suas esposas, Mahana Aala e algumas de suas servas.

Assumo uma postura mais séria e centrada, sento no lugar que me é destinado, dobro as pernas e espero até que todos se posicionem ao meu redor. Vejo as muitas bandejas sendo colocadas ao meu lado, os sacerdotes iniciam breves pujas e mantras, que tem como finalidade invocar os deuses para esse momento importante e que eles possam influenciar nessa purificação.

A melodia vai mudando suavemente, de cânticos aos deuses, para músicas que expressam a alegria e importância desse momento, nós indianos temos canções para todos os momentos, em especial para cada cerimônia do shádi.

Sento com os joelhos dobrados, os sacerdotes entoam algumas pujas e mantras com a finalidade de preparar o começo da purificação, logo depois os músicos tocam canções alegres.

Pandith estica sua mão direita e alcança um chumaço de ramos verdes que está na bandeja a sua frente, o usa para tocar os meus pés, joelhos, ombros e cabeça, enquanto diz algumas palavras auspiciosas, seguidas dos nomes dos deuses.

Mahana Aala e as esposas dos Brâmanes recebem a autorização para iniciar a aplicação do haldi, molham os dedos na pasta, começando a esfregar em meu rosto e braços, pouco tempo depois preciso retirar a kurta para que a pasta comece a ser passada em meu peito, costas, pescoço, pernas e pés.

Em seguida os padrinhos são convocados para vir sob o mandap e fazer o mesmo, logo depois todos são convidados a vir também para participar ativamente dessa purificação.

Nesse momento começo a brincar com meus amigos e convidados, faço questão de sujá-los com haldi e com a outra pasta passada em meus cabelos, dançamos por algum tempo, então é hora de ir para o banho.

Mahana Aala e as outras mulheres me levam e me banham em leite e em água perfumada até que todo o haldi saia do meu corpo, mãe anciã faz questão de ajudar eu me secar, visto um dhoti e seguimos juntos para o salão do cerimonial.

Então a minha pele começa a ser massageada com óleos aromáticos especiais, esse é o momento propício para mais brincadeiras, mas não sei se meus amigos estão prontos para elas ou se as conhecem.

Kya shubh din, Rajkumar jald hee shaadee karenge! (Que dia auspicioso, logo o Príncipe estará casado!) - Shri Arnav, um Brâmane diz.

Itana utsaahit mat ho, aane vaalee dulhan nahin jaanate ki use chaay kaise banaie. (Não se animem tanto, a noiva que vai chegar não saberá preparar seu chai.) - Salmaan diz e todos riem, uns negam e outros concordam.

Usane jo kaha hai, use mat suno, vah is ghar ka svaad jaanakar aaega! (Não escute o que ele diz, ela vai chegar sabendo o sabor desta casa!) - Ananya, a esposa de Arnav diz.

O meu dever é parecer assustado nesse momento, faço uma expressão de espanto e sorrio em seguida.

Kya vah Rajkumar se pyaar karega? (Será que ela vai amar o Príncipe?) - Ravi pergunta.

Mujhe nahin lagata ki vah ise pyaar karane ja rahee hai... (Acho que ela não vai amar...) - Anika, esposa de um Brâmane sorri e diz.

Rio e fujo das mãos que massageiam as minhas costas.

To koee maamala nahin! (Então não caso!) – digo e todos riem.

Beshak raajakumaaree aapako pyaar karegee, raajakumaar bahut keematee hai. (É claro que a Princesa vai amá-lo, o Príncipe é muito precioso.) – Surya, esposa de um Brâmane, diz.

Demonstro alívio, sorrio e volto a concordar com o casamento, é isso o que esperam de mim.

Com essas e outras brincadeiras o ritual é finalmente concluído, agora vamos começar a festejar, enquanto meus padrinhos e convidados são levados para o salão de festas, sigo para um dos aposentos.

Esse é o momento de vestir novas roupas e joias, mãe anciã continua ao meu lado, mas não parece feliz com o meu casamento, sei que faz questão de estar ao meu lado, como qualquer mãe estaria, mas sinto que não compartilha da minha felicidade pelo shádi.

Vou para o salão de festas, celebro por muitas horas ao lado dos meus amigos, com muita alegria, músicas e um farto banquete.

Penso na minha Dulhana, como será que ela está se sentindo agora?

 

Os Amigos POV:

Eles se emocionam com os rituais e auxiliam em tudo o que podem, ficam alegres ao ver a felicidade de Eros e Weenny, tudo está sendo tão bonito, mesmo depois das aulas e das exaustivas explicações, não podiam imaginar que seria tão lindo.

Não deixam a diversão de lado, tratam de brincar com o haldi passando nos rostos e braços dos outros amigos e convidados, é claro que tentando evitar sujar suas roupas.

Logo depois do ritual começam as festas, comemoram a tarde toda, dançam e se fartam com os banquetes.

— Daqui a pouco começará a puja para as deusas Durga e Parvati, a Dulhana a liderará e acontecerá em seu palácio, todos estão convidados a ir. – Amitabh avisa.

— Até os homens? – Enzo pergunta e vê o tradutor concordar.

— Devemos sair agora então? - Guilherme pergunta.

— Melhor senão podemos nos atrasar. Eros virá conosco? – Igor pergunta.

— Não, ele não irá nesta puja. – Amitabh revela.

— Por que não? – Eduardo pergunta.

— Essas deusas são mais cultuadas pelas mulheres, isso justifica o motivo para a Dulhana liderá-lo. – Filipe diz.

— Ah gênio, esqueci que você entende de tudo. – Rafael debocha.

— Essas deusas são importantes para as mulheres por causa de seus significados. Durga é a protetora de lei e da ordem, é a destruidora do mal, a forma feminina e poderosa de Shiva e representa o invencível, é uma deusa guerreira, que elimina sofrimentos. Durga pode ser tanto a guardiã protetora e sempre atenta, quanto uma guerreira feroz no amor. Já Parvati representa a esposa e mãe carinhosa, a fertilidade, maternidade e a energia de Shiva, representando também o casamento ideal. – o tradutor explica.

— Agora entendo por que Weenny invocará essas deusas. – Ricardo diz, satisfeito pela explicação.

— Será então uma cerimônia com uma maior participação feminina, correto? – Victor pergunta.

— Sim liderada pela Dulhana e celebrada pelas mulheres, seremos apenas espectadores respeitosos. Elas irão diante do altar, farão oferendas e pujas e talvez dancem para as deusas. Podemos ir? Os outros tradutores já fizeram a mesma explicação e estão indo para o palácio da Dulhana. – Amitabh diz.

— Dá tempo de passarmos no hotel? – Leonardo pergunta.

— Precisamos tomar um banho rápido e trocar de roupas. – Eduardo diz.

— Prometemos que vai ser rápido. – Enzo diz.

Amitabh concorda e eles partem sem ao menos se despedirem do Dulhan, afinal ele deve estar em um dos aposentos do palácio.

...

Enquanto isso as madrinhas conversam com algumas convidadas:

— Esse palácio é tão grande e luxuoso que Eros podia ter feito todas as cerimônias do casamento aqui. – Cícera diz.

— Tenha toda razão, mãe. Eu sempre disse que isso tudo só para a Weenny é exagero, mas as meninas sempre discordam de mim. – Samara diz.

— Samara, vou ser bem franca, quando você fala assim fica parecendo que você tem inveja da Weenny. – Maria José diz.

— Concordo com você, Maria José. Samara você tem que deixar de ser chata e implicante, meu irmão não gosta de mulheres assim... – Laís começa a dizer e vê que Dani faz um sinal para ela parar, mas ela não se importa.

— Com certeza Eros quis escolher tudo o que havia de melhor e de mais bonito para eles e está certo. – Milena diz.

— Porque o casamento deles precisa ser tão lindo e grandioso quanto o amor que eles têm um pelo outro. – Michele diz e quase todas concordam.

— E tudo está simplesmente perfeito, me emociono demais com as cerimônias. – Ana diz.

— Quem não está gostando ou acha demais é porque está se corroendo de inveja. – Carol diz.

— Agora acontecerá uma cerimônia puja para as deusas Durga e Parvati, a Dulhana a conduzirá. Todas as mulheres irão fazer suas oferendas e pujas particulares para as deusas e a cerimônia será finalizada com uma dança especial. – Tia faz questão de explicar.

— Vejam essas mulheres vestidas com saris amarelos, as roupas e joias são iguais, por quê? – Iara pergunta e aponta para um grupo de mulheres.

— Tia, não somos nós as madrinhas que devemos usar saris iguais? – Vivian, já afetada pelos ciúmes, diz.

— Já não bastam aquelas seis grudadas na Weenny... – Gislaine resmunga.

— Não para cerimônias como essa, nós nos unimos para falar sobre as histórias das deusas, as mulheres que participarão ativamente do ritual costumam vestir roupas iguais, fazemos oferendas e pujas. Essas mulheres que estão com sari amarelo dançarão com a Dulhana no final do ritual. – a tradutora explica.

— Ficou bem mais fácil entender agora. - Mayara diz.

— E os padrinhos e os outros convidados virão? – Carol pergunta e vê Tia concordar.

— Não é uma cerimônia exclusiva para mulheres? – Tatiane pergunta.

— Não. Homens e mulheres participam, apesar de que as mulheres cultuam essas deusas com mais fervor, será interessante que todos vocês vejam essa bonita cerimônia. – Tia diz.

— Estou começando a ficar curiosa. – Dani diz.

— Vocês devem se preparar para essa puja, lembrem-se de que devem usar saris mais claros e poucas joias. Vocês vão sair deste salão e serão levadas para um quarto de vestir e banheiros se precisarem, logo depois serão levadas para o templo neste palácio que fica bem próximo ao jardim e tem uma área extensa e coberta que vai abrigá-los. - Aisha, tradutora das amigas famosas, diz.

Todas agradecem e vão se arrumar, a Dulhana já está longe delas há algum tempo, provavelmente deve estar se preparando para a puja e logo retornará.

Algum tempo depois elas são levadas ao templo, veem que seus lugares estão preparados em um salão enorme, muito bem decorado e coberto, as poltronas estão reservadas, sendo que as mulheres se sentarão nas primeiras fileiras de cadeiras e os homens nas últimas.

Todos se cumprimentam rapidamente e se acomodam ao lado de seus tradutores, agora só há a movimentação de algumas servas indianas, todos aguardam a chegada da Dulhana.