Durante todo o trajeto meus pensamentos estiveram voltados para o meu Príncipe, seu excessivo silêncio, quietude e gestos tão contidos me mostravam que algo o perturbava, mesmo que tentasse disfarçar a todo momento entregando-se a diversão desta noite.
Amanhã será o dia mais especial das nossas vidas, finalmente estaremos unidos por sete vidas, então nossa jornada como casal vai começar, vamos voltar para o Brasil, provavelmente para São Paulo e teremos que encontrar um lugar para nos estabelecer, encontrarei um novo emprego e formaremos nossa família, sem nunca esquecer dos nossos amigos.
De repente sinto que o palanquim para e é baixado, chegamos rapidamente ao meu palácio ou meus pensamentos estão me mantendo distraída por um longo tempo.
Minhas sudras preparam um banho para mim, aproveito esses momentos de calmaria para relaxar, logo que saio da toalete, recebo algumas massagens com óleo aromático e em seguida vou descansar no meus aposentos.
Jagadeesh Manohari (Eros Myron) POV:
Me despeço da minha Dulhana, depois dessa noite memorável e retorno para o hotel.
Em mais uma noite insone, passo tempo olhando para as estrelas que adornam o céu da minha Hindustan, reflito e me alegro ao pensar no fim dos meus dias de solidão, ainda hoje passarei a ser um Grihasta e finalmente meu segredo deverá ser revelado diante dos meus convidados, imprensa e amigos.
Encobertos pela escuridão da madrugada, vejo que muitos indianos estão enfeitando as ruas por onde o meu cortejo passará mais tarde, com cordões de flores, rangolis e muitas luzes, eles cantam músicas de amor e felicidade durante este árduo trabalho, celebram não apenas o meu shádi, mas o meu tão esperado retorno.
Salmaan e Ravi percebem minha movimentação pela suíte e vem ver se preciso de alguma coisa, estão sempre preocupados com a minha segurança, conforme a exigência do Imperador, como se eu não fosse capaz de me defender.
Aproveitam para avisar que assim que amanhecer uma pequena parte do enxoval da minha Princesa será entregue no palácio dela, são as roupas que ela passará a usar depois de casada, além de alguns conjuntos de joias, acessórios e calçados. Após o nosso casamento lhe darei o restante dos presentes.
Saio rapidamente porque preciso chegar em Agra ainda antes do amanhecer, escolho uma saída menos movimentada, monto em um dos meus cavalos e sigo protegido e camuflado pelo manto da noite. Ao chegar no Forte, os servos parecem estar me aguardando, me saúdam assim que desmonto, pegam as rédeas do Zarek para levá-lo para a estrebaria, sigo com eles porque quero ver como estão meus outros animais, Quotar, Vougan e Yvon, cavalos militares das raças shire e percheron, relicham ao me ver, parece que estão começando a se acostumar comigo, afinal tenho cavalgado com eles diariamente, faço um carinho em suas crinas e saio.
Caminho observando a luxuosa decoração em todo o Forte Agra, tudo está pronto para esse dia que é o mais especial do shádi, o casamento será concluído na morada dos Imperadores, assim como a noite de núpcias deve ser, tudo conforme manda a tradição. Entro nos meus aposentos e vejo que a cama está preparada com esmero e requinte para a nossa primeira noite, o que me faz lembrar do pedido da minha Princesa.
O lindo espetáculo do amanhecer me distrai, posso supor que neste momento os primeiros raios do sol brincam na face rosada da minha Princesa, despertando-a.
— Subah mere bete ko dekhana bahut achchha hai, khaasakar usake chehare par us khoobasoorat chaudee muskaan ke saath. (É tão bom ver meu filho pela manhã, ainda mais com esse belo e largo sorriso no rosto.) – Maan diz, enquanto adentra meu aposento e se aproxima de mim.
Me curvo para receber suas bençãos.
— Allaah aapako buree najar se bachae aur aapako achchha aur khushahaal banae. (Que Alá te proteja do olho mal e o deixe bem e feliz.) – ela diz e logo depois faz um carinho no meu rosto.
— Tathaastu. Maan, aapakee upasthiti mein rahana hamesha achchha hota hai. (Amém. Mãe, é sempre bom estar na sua presença.) – digo e a vejo sorrir.
— Aao, aao, pahale bhojan parosane ke lie taiyaar hai, ham samraat ko intajaar nahin karava sakate. (Venha, a primeira refeição está pronta para ser servida, não podemos deixar o Imperador esperando.) – ela diz e vamos caminhando para o palácio das refeições.
Por todo o caminho os servos fazem reverências, entramos no palácio em silêncio e ocupamos os nossos lugares na longa mesa, a Imperatriz em uma das cabeceiras e eu a destra da outra, que em breve será ocupada pelo Imperador. Devemos aguardar sua chegada para que o banquete possa ser servido.
Alguns minutos depois, vemos e ouvimos os movimentos dos soldados que acompanham o Imperador, ficamos em pé e os sudras se afastam, enquanto o Soberano caminha pelo salão e ocupa o seu lugar.
— Jagal.
— Dirrábana! (Majestade!) – digo e me curvo para receber suas bençãos.
— Lamba Jeevan. (Vida Longa) – ele diz e toca a minha cabeça rapidamente.
Voltamos a nos acomodar. O Soberano é servido, logo depois as sudras vem nos servir, olho para o meu thali e não sinto fome, Maan não ousa dizer nada, mas compreendo seu olhar reprovador em minha direção, me obrigo a comer alguma coisa até ver um discreto sorriso adornar seus lábios.
O Imperador continua fazendo questão de me deixar ciente a respeito dos assuntos do Império, apesar de não ter consolidado seu poder dominando grande parte das províncias indianas, não há ameaça de guerra ou invasão, vivemos em relativa paz. Mas Hindustan vive tempos difíceis, a miséria aflige o povo, assim como as doenças.
Me permito erguer a cabeça e olhar para o rosto do Soberano, que parece tão cansado e estranho, mas não ousarei perguntar o que lhe aflige, não tenho esse direito e ele jamais dará satisfações a alguém.
Terminamos a refeição em silêncio, recebo a permissão para me retirar, preciso retornar ao hotel para me preparar para o próximo compromisso do shádi, a puja mais importante.
— Raajakumaar ke jaane kee vyavastha karo. (Providencie a partida do Príncipe.) – a Soberana diz para sua serva.
Maan me convida para ver tudo o que está preparado para os cerimoniais de hoje, está realmente orgulhosa de ver que seu herdeiro está se casando. Seguimos juntos pelos palácios de festa em Agra e no Taj Mahal, verificamos as decorações, vemos as equipes reunidas recebendo as últimas instruções de seus líderes, os banquetes sendo organizados, checamos os últimos detalhes e constatamos que tudo está dentro do previsto e realizado com excelência.
Nos despedimos e sigo o meu caminho até o pátio, vejo um servo segurando as rédeas de um dos meus outros animais, agora Quotar, monto e parto.
Chego em pouco tempo, subo direto para a minha suíte e vou quero ir direto para o banho, mas meu celular vibra sobre o aparador, vou ver o que é, são mensagens da Andrea, minha secretária.
"Senhor Eros, tudo está pronto para suas viagens de lua de mel em todos os países e hotéis escolhidos e de acordo com a ordem solicitada, translados, transportes, decorações das suítes e documentos providenciados e conferidos, não falta mais nada. Deixarei tudo em uma pasta preta em sua suíte daqui algumas horas."
"Sobre a mansão no Rio de Janeiro. Está reformada e recebe nesse momento a decoração, os profissionais são zelosos e detalhistas para que tudo seja exatamente conforme o seu desejo, Senhor. A documentação deve ficar pronta ainda essa semana, após passar pela última vistoria. Todos estão encantados com a beleza desse empreendimento fantástico, mas continua sendo mantido o sigilo sobre a sua identidade, conforme solicitado."
Agradeço ao bom serviço da minha eficiente secretária, peço que descanse e aproveite o café da manhã que ainda deve estar sendo servido.
O primeiro compromisso de hoje foi o café da manhã, mas os Imperadores haviam solicitado a minha presença em Agra e minha Princesa precisava descansar um pouco mais, então meus sogros assumiram a responsabilidade como anfitriões nesse evento.
Vou para o banho, visto um pajama branco e uma kurta laranja, quando estou pronto para sair da suíte, um dos sudras vem me trazer uma mensagem do Pandith, dizendo que tudo está pronto para o Ganesha Puja e aguardam a minha chegada, já que eu liderarei essa cerimônia.
Vou até a sala de estar e vejo que todas as oferendas estão prontas e os servos preparados para carregá-las até o local da puja.
Desço para o saguão e vejo e que muitas pessoas estão me esperando, meus sogros, padrinhos e amigos famosos, além de seus tradutores.
Me aproximo de forma respeitosa para saudar Ronaldo e Vilma e pedir suas bençãos.
Conforme manda a tradição, minha sogra está pronta para realizar o aarti, segura uma bandeja de prata nas mãos e nela está a chama sagrada, flores e tilak, então Vilma me unge com o tilak e movimenta a bandeja fazendo sete círculos ao redor do meu rosto, com a intenção de me purificar e abençoar para que esse dia seja auspicioso.
— Que essa marca represente a aliança e o forte elo que une nossas famílias. – Ronaldo diz enquanto me unge com o tilak, sorrio em agradecimento.
Cumprimento a todos e conversamos um pouco.
— E aí, meu amigo, ansioso pelo seu casamento? – Ricardo pergunta.
— É hoje que você vai se enforcar – Guilherme diz — Ai! Era uma brincadeira – esfrega o local onde Dani acaba de beliscar.
— Muito! Hoje é o dia mais importante da minha vida. – digo.
— Tenho certeza de que a Weenny também se sente assim. – Michele diz.
Seguimos juntos para essa importante puja que será a céu aberto e em uma das avenidas principais da minha Hindustan.
As madrinhas se despedem e avisam que vão ao encontro da minha Dulhana, é realmente o mais adequado a se fazer, já que nas pujas os homens e mulheres devem permanecer separados na maior parte do tempo.
Fico tranquilo ao saber que minha Princesa está ao lado das irmãs que nossos corações escolheram.
Tão logo chegamos ao local, os sacerdotes vêm ao meu encontro e me levam diante da enorme estátua de Lord Ganesha, observo que o altar já preparado para receber as primeiras oferendas, meus sudras caminham em silêncio, se aproximam e estendem as bandejas para que eu pegue as minhas oferendas e as deposite sobre o altar. Assim que eu termino, vejo os outros homens fazendo o mesmo.
Fiz questão de escolher as melhores frutas, mel, iogurte, iguarias diversas e flores para esse importante deus hindu.
Vejo os líderes das províncias se aproximando, levantam as grandes bandeiras laranja e amarela e as deixam tremulando bem alto.
Brâmanes e Pandith recomendam que eu acenda a chama sagrada, já que sou o Príncipe e Dulhan.
— Raajakumaar, sab kuchh taiyaar hai. Ham aapake aadesh ka intajaar kar rahe hain. (Príncipe, tudo está pronto. Aguardamos sua ordem para iniciarmos.) – Pandith diz.
Músicos e sacerdotes estão prontos, a multidão formada pelo meu povo e convidados está em um silêncio respeitoso, vejo dois Brâmanes diante da estátua, eles seguram o dung kar e o tocam quando aceno positivamente, mostrando que estou pronto para iniciar o ritual.
Inicio a puja em forma de canção, invocando poder e proteção de Ganesha.
Weenny Alves POV:
Treze de fevereiro.
Acordo inquieta porque sinto que esse dia será inesquecível, finalmente serei a esposa do meu Eros Myron...
Na verdade, esposa do Príncipe Jagadeesh Manohari, sucessor do trono do Império, filho de Himanshu Manohari e Hameeda Bakshi Begum, Imperadores da Índia, da dinastia Rajput... Talvez seja melhor esquecer dessa parte, antes que a ansiedade e o pavor me tomem.
Minhas sudras entram em meu aposento cantando e celebrando esse dia auspicioso, me levam para um banho relativamente rápido e logo depois seguimos para o quarto de vestir, escolho um sari simples na cor rosa e sou adornada com poucas joias, é o mais adequado a se fazer para esse tipo de cerimonial.
Seguimos para a câmara das refeições, sou servida com um farto thali, além de frutas, doces e várias bebidas como lassi, sharbat e nimbu pani. Sozinha naquela enorme mesa, com as sudras me olhando atentamente, sinto o cheiro da comida e não me desperta a fome, mexo nas tigelas e meus pensamentos parecem me levar para longe desse palácio...
— Raajkumaaree, aapako bhojan karana hoga, aapako apanee naee yaatra ke lie majaboot aur svasth hona chaahie. (Princesa, você tem que se alimentar, precisa estar forte e saudável para sua nova jornada.) – Madhavi diz, me fazendo concordar e sorrir.
Me obrigo a comer um pouco e logo estou satisfeita, saio na companhia das sudras e vejo Nimat vir apressado em minha direção.
— Raajkumaaree, mere paas tumhaaree uchchata ke lie ek mahatvapoorn sandesh hai. (Princesa, tenho uma importante mensagem para vossa alteza.) – Nimat diz.
— Aage badho, Nimat. (Prossiga, Nimat.) – respondo e ele me estende um papiro com o selo imperial.
"Raajkumaaree,
Main aapako samraat kee or se vishesh anurodh karana chaahata hoon.
Samprabhu aapako aary ke saath jaane aur sikhaane ke lie kahata hai, jo usakee haram kee betiyon mein se ek hai, use samraat ke dharm ka paalan karate hue hindoo devataon ke prati samarpan seekhana chaahie, kyonki kaanoon tay karata hai.
Isalie main aapako aapakee aagya maanane aur aapakee jaroorat kee har cheej seekhane ke lie siphaarish ke saath ladakee ko bhejata hoon."
(Princesa,
Quero lhe fazer um pedido especial em nome do Imperador.
O soberano pede que você acompanhe e ensine Arya, que é umas das filhas do seu harém, ela precisa aprender a ter devoção aos deuses hindus, seguindo a religião do Imperador conforme manda a lei.
Por isso lhe envio a menina com recomendações de que lhe obedeça e aprenda tudo o que é necessário.) – leio e volto a enrolar o papiro.
Lembro das aulas do Guru Shankar quando fui ensinada sobre os deveres da esposa hindu, que não se limita a cuidar do marido, mas da administração de toda a casa, família e recursos, além do dever de manter as tradições e costumes. Geralmente essa responsabilidade é da sogra, mas ela pode transferir para a nora quando desejar.
— Mujhe ladakee le aao. (Tragam-me a menina.) – digo e Nimat a faz entrar.
— Aapakee mahaaraanee. (Alteza.) - a menina diz, faz a saudação real e se mantém de cabeça baixa.
Converso brevemente com a Arya para fazer com que se sinta mais à vontade em minha presença, percebo que tem muito amor e admiração pelo Príncipe e fica feliz ao saber que logo vamos encontra-lo. Faço questão de lhe dar algumas instruções sobre a puja, enquanto arrumo a bandeja e as oferendas para essa celebração.
As servas estão preparando a nossa partida. Pouco tempo depois Rani avisa que a comitiva está pronta, seguimos para a área externa do palácio, entro no meu palanquim e Arya no dela, os servos e soldados se posicionam ao nosso redor, é nesse momento que Salima me avisa sobre a chegada das madrinhas.
Peço que detenham a partida e desçam o palanquim, saio com a ajuda de uma das sudras e vou até elas, nos cumprimentamos com certa pressa.
— Chegamos atrasadas, não é? – Carol pergunta.
— Não sabia que vocês viriam me buscar, querem entrar? – pergunto.
— Não precisa, estamos aqui apenas para acompanhá-la. Vamos? – Marília pergunta.
— Melhor irmos, a cerimônia deve começar em breve, Eros já foi. – Michele diz.
Concordo com elas, volto para o palanquim e elas para o micro-ônibus, então partimos rumo ao local escolhido para o Ganesha puja.
Por todo o caminho vejo decorações especiais, rangolis nas portas das casas, flores e muitas cores, é muito lindo de se ver, Shiva faz questão de dizer que é dessa forma que o povo indiano demonstra a felicidade pelo retorno do Príncipe e o nosso casamento.
Chegamos na avenida principal e logo vejo uma multidão, homens e mulheres se juntam diante da enorme estátua de Lord Ganesha, meu palanquim é baixado, saio com a ajuda de Nimat, olho para o lado e vejo Arya assustada com o movimento das pessoas ao nosso redor.
Pego na mão dela e seguimos juntas na direção dessa aglomeração, minhas madrinhas vem logo atrás, as servas também nos acompanham, assim nos misturamos com a multidão.
Toda a decoração é em tons de amarelo e laranja, meu Príncipe deve estar à frente ao lado dos sacerdotes, que estão usando apenas um dhoti branco e dupatta amarela, as vestes tradicionais para essas cerimônias, outros homens envolvidos nesse cerimonial usam vestes em cores branca e laranja, da mesma cor das bandeiras que tremulam bem no alto.
Já podemos ouvir os primeiros instrumentos e o dung kar*, a voz do meu Jagadeesh pode ser ouvida na canção que exalta esse importante deus hindu e a proteção que ele nos oferece.
Ah, essa linda voz é tudo o que tenho do meu Príncipe agora, meu coração está acelerado.
Centenas de homens e mulheres se interpõe entre nós, o que me deixa ainda mais curiosa, vou mais adiante e consigo vê-lo, faço questão de mostrar para Arya onde ele está, apontando em sua direção.
Consigo ver quando meu Dulhan ergue a chama sagrada para consagrá-la diante de Lord Ganesha, se purifica em seguida e a leva diante do povo para que todos façam o mesmo. Quando ele chega diante de nós, estendo minhas mãos na direção do fogo sagrado e logo em seguida as direciono para a minha cabeça, recebendo a benção e purificação, peço que Arya faça o mesmo.
Jagal sorri ao nos ver, levo Arya para dançar em meio à multidão, enquanto o Príncipe pede um dos instrumentos e começa a tocar.
Então meu Príncipe deixa o instrumento, me oferece o seu braço esquerdo e dá sua mão direita para Arya e nos leva diante do altar, unge sua meia-irmã com o tilak, e continuamos nosso devocional fazendo pedidos auspiciosos para o nosso shádi, pensando em todos os aspectos de Ganesha.
A sabedoria e intelecto representados por sua cabeça de elefante, sua paciência e capacidade de digerir o bem e o mau sempre mostrado pelo tamanho de sua barriga, observo seu veículo que é um rato que representa sabedoria, talento e inteligência na resolução das dificuldades. Olho sua única presa e lembro que a outra foi quebrada, reflito sobre os sacrifícios necessários para atingir a felicidade.
Concluímos nossos pedidos e lançamos pó vermelho sobre a estátua, assim termina o nosso Ganesha Puja.
Somos reverenciados pelo povo indiano e apreciamos todo esse carinho e respeito, os soldados imperiais se aproximam para garantir a nossa segurança e nos conduzem para uma área mais reservada, peço que Rani se encarregue de levar Arya e a prepare para partir em segurança para Agra.
Jagadeesh pede que os soldados nos deem um pouco de privacidade, então apenas nossos padrinhos permanecem ao nosso lado, parece que nenhum de nós se sente à vontade para conversar.
— Peço licença para me retirar, devo começar a minha preparação para o cerimonial. – digo, sob os olhares atentos dos nossos padrinhos.
— Então talvez eu deva dizer adeus para a minha noiva, já que esse novo encontro será marcado pelos juramentos e promessas que a tornarão minha esposa. – Jagal diz e sorri.
— Adeus meu Dulhan... Só quero que saiba que espero por esse momento auspicioso com a mesma expectativa e alegria – digo e me adianto, sinto que ele segura a minha mão direita — Lord Ganesha há de nos proteger e abençoar nossa união.
— Minha única súplica a ele é que me perdoe por oferecer toda a minha adoração só a você, meu amor. – ele diz, beija a minha mão e acaricia o meu rosto, me fazendo sorrir timidamente.
Aceno para nossos amigos e vou caminhando na direção do meu palanquim, enquanto ouço os elogios que nossos amigos fazem à nossas palavras apaixonadas.
Antes do início dos cerimoniais que vão concluir o shádi, haverá um almoço para os nossos convidados e padrinhos.
Em breve minhas madrinhas irão para o meu palácio, para assistir os rituais da minha preparação e depois seguirão comigo para o cortejo.
Entro no palanquim e sinto que ele é erguido, observo pela fresta da cortina Arya sendo levada na direção oposta e com a devida segurança.
Um turbilhão de sensações e pensamentos me vem à mente, me inquietam e me fazem temer o destino que me espera, tento não me render.
Assim que chegamos no palácio percebo que todos os servos estão agitados, andam de um lado para o outro carregando grandes bandejas, vasos, flores, objetos de decoração, bebidas e alimentos, enquanto outros alimentam os animais e os soldados mexem em suas espadas e adagas, todos param ao me ver e me saúdam com o devido respeito.
Entro no palácio na companhia das sudras.
— Raajkumaaree, main chaahoonga ki aap mere saath raajakumaar Jagadeesh Manohari dvaara bhejee gaee upahaaron ko dekhen. (Princesa, gostaria que me acompanhasse para que veja os presentes que foram enviados logo ao amanhecer pelo Príncipe Jagadeesh Manohari.) – Salima diz e caminhamos juntas até o quarto de vestir.
Me surpreendo ao ver tanto luxo, saris e lehengas dignos de uma rainha, conjuntos completos de joias, sapatos e khussas, roupas de cama e banho, além de outros itens de uso pessoal. As sudras elogiam o Príncipe e seu cuidado ao enviar tão precioso enxoval.
De acordo com a tradição hindu, toda noiva deve se despir de sua vida anterior, de suas vestes, sentimentos e lembranças ruins para começar sua nova jornada como uma mulher casada, por isso recebemos um novo enxoval que usaremos a partir da conclusão do casamento, faz parte das responsabilidades do Dulhan.