Capítulo 4 – Sangue e Chuva
04:25 da manhã
As nuvens pesadas tomavam o céu. O topo da torre, antes iluminado pelo brilho da vitória, agora estava mergulhado em escuridão.
O sangue de Drago espalhado pelo chão começou a ferver.
Gustavo sentiu um calafrio.
O corpo decapitado de Drago começou a se mover.
Seus ossos estalaram.
Seu peito voltou a subir e descer.
— "Impossível..." — murmurou Julian, de longe.
Drago se ergueu.
Seus olhos agora brilhavam em carmesim profundo.
Sua presença era sufocante.
A chuva começou a cair.
Pesada. Fria.
Como lágrimas do próprio céu.
— “Eu disse que não cairia sozinho…”
A voz de Drago soou mais demoníaca do que antes.
**Ele rugiu.
As gotas de chuva evaporavam ao tocar sua pele.
Seu corpo estava coberto por runas negras.
Era o resultado da Magia de Sangue Suprema:
"Renascimento Carmesim".
Gustavo, mesmo exausto, ergueu sua katana.
Seus olhos estavam cheios de dor, mas também de coragem.
A chuva molhava seu rosto, escondendo suas lágrimas.
— "Se você voltou... então vai cair de novo.
Por Beatriz. Por todos."
O confronto final começou.
Gustavo se movia rápido, sua katana criando trilhas negras no ar.
Drago rebatia com garras feitas de sangue sólido, cada golpe era um trovão.
O chão rachava.
As paredes da torre desabavam.
O mundo inteiro parecia ruir com eles.
Em um momento decisivo, Drago acumulou energia em seu punho.
Seus olhos brilharam.
— "MORRA!"
Ele lançou seu ataque final em Gustavo.
Um punho feito de puro sangue carmesim, capaz de atravessar montanhas.
Mas então…
Beatriz surgiu.
Saltou para frente.
Abraçou Gustavo.
E...
O ataque atravessou seu peito.
O mundo parou.
A chuva se intensificou.
Tudo ficou em silêncio.
Só o som da respiração falha de Beatriz.
Ela sorriu…
Mesmo com os olhos se fechando, mesmo com o sangue escorrendo.
Ela sussurrou com a voz mais doce e triste que Gustavo já ouviu:
“Se houver o amanhã em que não estaremos juntos...
há uma coisa que você precisa lembrar:
você é mais corajoso do que acredita,
mais forte do que parece,
e mais esperto do que pensa.
Mas o mais importante…
mesmo que estejamos separados,
eu sempre estarei com você.”
Gustavo segurava ela nos braços, o corpo dela tremia, mas o sorriso não sumia.
E então ele disse, com a voz partida:
“A verdade é que...
quando te conheci, eu tive medo de gostar de você…
e bem, eu gostei.
E agora...
eu tenho medo de te perder.
Eu realmente te amo como ninguém.
Mesmo quando me comporto mal, mesmo quando erro...
Eu não quero te perder.
Você é a minha felicidade,
uma parte do meu coração.
Eu te amo, Beatriz… Beatriz…”
Ela chorava.
Mesmo ferida, mesmo à beira do fim.
E respondeu, quase sem fôlego:
“Às vezes eu acho que devia ter te dito mais vezes…
que te amo, e que te quero mais que qualquer coisa.
Pra ser sincera…
eu preferiria reconstruir nosso amor um milhão de vezes…
do que ficar sem te amar.
Eu queria tanto te ter pra sempre ao meu lado...
Mais uma vez… não pela última vez…
Gustavo…
Eu… eu… eu te amo.”
E antes que a vida deixasse seu corpo…
Beatriz juntou forças.
E deu um beijo nos lábios de Gustavo.
Um beijo com gosto de saudade, de amor eterno, de adeus.
O corpo dela então relaxou.
E caiu, leve, em seus braços.
A chuva não parava.
O trovão rugiu ao fundo.
Ao longe…
Mike e Natália chegaram.
E viram a cena.
Gustavo ajoelhado na chuva, com Beatriz morta nos braços.
Sem falar nada.
Sem conseguir chorar mais.
Apenas… em silêncio.
A torre…
queimada, rachada, destruída…
foi o túmulo da menina que deu a vida pelo garoto que amava.
Fim do Capítulo