Modo Hidra

Capítulo 5 – Modo Hidra

04:32 da manhã

A chuva continuava a cair, como se o mundo lamentasse.

O corpo de Beatriz ainda estava nos braços de Gustavo.

Ele não dizia nada.

Não chorava mais.

Não respirava direito.

A mão dela escorregou de seus dedos.

Fria.

Sem vida.

Drago ria.

Um riso cruel, monstruoso, que ecoava entre as ruínas da torre.

“Patético. Era isso o melhor de vocês? Uma garota tola se jogando por amor? O fim mais ridículo que eu já vi.”

Algo dentro de Gustavo se quebrou.

Algo que não podia mais ser consertado.

A dor virou silêncio.

E no silêncio...

aquela voz voltou.

"Vamos…"

“Eu tenho o que você precisa para matá-lo de vez.”

“Aceite… vou te ajudar.”

“Eu não gosto dessa raça.”

A mente de Gustavo escureceu, depois clareou.

Agora, ele estava em um espaço branco infinito.

Sem chão, sem teto.

Apenas ele e o vazio.

“O que é isso…?”

Então, o chão tremeu.

E uma sombra colossal surgiu atrás dele.

Vários olhos.

Várias bocas.

Serpentes entrelaçadas.

A Hidra.

A mesma que ele e Beatriz enfrentaram e mataram no Lago das Miragens.

“Garoto…” — a voz da Hidra era rouca, profunda, ancestral. — “Você finalmente tem potencial.”

“Potencial? Eu te derrotei.”

“Exato. E por isso…

eu te respeito.

E agora eu ofereço um presente.”

Gustavo apertou os punhos.

O nome de Beatriz ecoava em sua mente.

Beatriz sorrindo.

Beatriz caindo.

Beatriz dizendo “eu te amo”.

“Um poder que pode matar até um deus.” — disse a Hidra. — “E mais… posso te contar como trazê-la de volta.”

Gustavo não hesitou.

Nenhuma dúvida.

A dor era maior que tudo.

Ele olhou para a criatura e disse:

“Eu aceito.”

A Hidra sorriu.

Os olhos dela brilharam em verde ácido.

Ela avançou.

E se fundiu com ele.

Cada gota do poder da criatura milenar penetrou o corpo de Gustavo.

E então…

Ele abriu os olhos.

De volta ao campo de batalha.

A chuva evaporava ao tocar sua pele.

Drago parou de rir.

Algo mudou.

Gustavo estava de pé.

Seu olhar…

não era mais humano.

A voz soou uma última vez, como um comando:

“Diga…

MODO HIDRA.”

Gustavo murmurou:

“Modo Hidra.”

O céu tremeu.

Uma explosão de energia verde claro sacudiu a torre.

Sua katana se envolveu em ácido fervente.

Seu cabelo ficou verde, vibrante, como veneno vivo.

Suas vestes foram substituídas por escamas escuras e irregulares.

E de suas costas…

surgiu uma cabeça de Hidra.

Gritando com uma fúria ancestral.

A aura de Gustavo pingava ácido no chão.

Cada gota corroía a pedra como se fosse papel.

O campo se encheu de vapor.

Era como se ele carregasse consigo a selva mais letal do mundo.

Silencioso. Mortal. Sem alma.

Drago encarava a cena, sem esboçar sorriso.

Pela primeira vez… ele sentiu medo.

Gustavo deu um passo à frente.

A chuva cessou, como se o mundo parasse para assistir.

Agora… era ele e Drago.

Homem e monstro.

Sombra e Sangue.

Dor e Vingança.

O capítulo termina com os dois frente a frente.

Sem palavras.

Só o som do ácido pingando.

E o vento cortando entre os destroços.

Fim do Capítulo 5 – Modo Hidra