👻 Capítulo 4 – A Vila de Lamentos
Depois de atravessar as Terras Silentes, Gustavo chegou a um campo enevoado onde ruínas se erguiam como ossos antigos. Ali, envolta por neblina densa e eterna, estava a Vila de Lamentos — uma aldeia esquecida pelo tempo, onde ninguém estava vivo... mas todos ainda estavam lá.
Casas podres. Roupas secas penduradas em varais que balançavam sozinhos. Portas se abriam lentamente sem vento algum. No centro da vila, um velho sino tocava sem som, movido por uma corda invisível.
A Hidra sussurrou em múltiplas vozes.
— Gustavo... esse lugar não é só amaldiçoado. Ele é... condenado.
— “Eu sei. Sinto o peso nos ossos.”
Ao dar o primeiro passo na vila, vultos começaram a surgir. Fantasmas em forma humanoide, envoltos em trapos etéreos, com olhos ocos brilhando em azul gélido.
Eles não falaram. Apenas atacaram.
A batalha começou sem aviso.
Gustavo sacou a Kusanagi e girou com violência, dispersando três aparições com cortes velozes. A aura roxa explodiu ao redor dele, protegendo suas costas enquanto mais vultos surgiam de todos os lados.
Os fantasmas não paravam de vir.
— “Eles estão sendo invocados por algo maior... Isso é uma prisão espiritual.”
A Hidra saltou de seu ombro e cresceu rapidamente até o tamanho de um cão médio, disparando jatos de veneno etéreo contra os espectros, dissolvendo parte deles.
— Na torre da vila... sinto uma presença maior... E ela está nos observando!
Gustavo olhou para cima. No topo da antiga capela, havia um fantasma colossal, com mais de três metros, envolto em correntes flamejantes e carregando uma foice feita de ossos. Seus olhos ardiam como brasas, e uma coroa rachada flutuava sobre sua cabeça.
— Esse é o Condenado-Rei. O guardião da vila.
O monstro avançou num rasante, e a luta real começou.
⚔️ Luta Contra o Condenado-Rei
Gustavo desviou da foice por milímetros, sendo arremessado contra uma parede de pedra. Tossiu sangue e se levantou cambaleando, olhos fixos na criatura.
— “Droga... A Kusanagi não está cortando completamente ele...”
O espírito era denso demais, feito de dor acumulada por séculos. Cada golpe da foice criava explosões de energia espiritual que rasgavam o chão. A Hidra pulava e cuspia ácido, queimando parte da essência dos fantasmas menores, mas eles continuavam voltando.
Gustavo foi empalado de raspão no ombro, caindo de joelhos.
O monstro se aproximou, lentamente. Rindo. Correntes vibravam.
— Humano... por que insiste em desafiar a noite eterna...?
A voz dele era um coro de lamentos.
Mas então, algo mudou.
A aura roxa de Gustavo se condensou, fervendo. O chão rachou sob seus pés e as sombras o cobriram por completo.
— “...Porque eu sou a noite.”
Explosão de Escuridão Absoluta.
Do corpo de Gustavo, brotaram braços sombrios, como garras gigantes feitas de trevas líquidas, que se estenderam metros à frente e seguraram a foice do inimigo.
— “Novo estilo...”
As sombras se moldavam à sua vontade — formavam mãos, garras, lâminas, espinhos e até olhos.
— “Mãos do Vazio.”
Ele avançou com uma enxurrada de golpes usando os membros sombrios como extensões do próprio corpo, esmagando os fantasmas ao redor. A Hidra, agora em cima da cabeça do rei fantasma, cravou os dentes no crânio espiritual, enquanto jorrava ácido nas correntes flamejantes.
O Condenado-Rei rugiu.
Gustavo saltou, puxado pelas próprias sombras, e com uma combinação perfeita com a Hidra, perfurou o peito do espectro com a Kusanagi envolta pelas garras negras.
— “Volte para o esquecimento de onde nunca deveria ter saído.”
Sentença do Vazio.
A realidade foi cortada.
O espírito foi consumido num grito silencioso, e os fantasmas da vila desvaneceram aos poucos, libertos.
🌌 Depois da Batalha
A vila caiu em paz. O sino parou de tocar. Um vento leve soprou pela primeira vez.
A Hidra voltou à forma miniatura e se deitou cansada no ombro de Gustavo.
— Você... se superou. Essas garras novas... são assustadoras até pra mim.
Gustavo olhou para as próprias mãos.
Partes escuras ainda pulsavam, reagindo às suas emoções.
— “A Escuridão é maleável. Se eu aprender a moldá-la como parte de mim...”
— “...então não haverá mais limites.”
Ele olhou para o céu negro do Continente da Meia-Noite. A jornada estava longe de acabar.
Mas agora, ele havia dado mais um passo rumo ao impossível.