🌘 Capítulo 8 – O Vento que Cala
As Florestas Gêmeas ficaram para trás.
Agora, Gustavo e sua Hidra caminhavam sobre um caminho de pedra esbranquiçada, onde nenhum som parecia existir.
— “...Está... quieto demais.”
Ele murmurou, mas não ouviu a própria voz.
Olhou para a Hidra, que também tentava falar — em vão.
O mundo ao redor deles estava silenciado. A realidade parecia... afundada.
O céu era escuro, mas sem estrelas.
Então ele viu.
Uma torre em ruínas, esculpida em uma montanha com forma de caveira, com ventos girando lentamente ao redor. No topo, uma figura flutuava.
Seu corpo era magro, alto, feito de brumas negras e metal quebrado. Não tinha rosto — apenas uma máscara cinza rachada, de onde nenhuma luz escapava.
Nos braços, lâminas giratórias feitas de vento sólido.
No peito, um selo com três luas negras.
— Esse... é um Guardião. — disse a Hidra, com telepatia.
— “E é meu próximo obstáculo.”
O ser desceu.
Cada movimento gerava redemoinhos invisíveis que arrancavam folhas, pedras e pedaços de chão. A presença dele distorcia o ambiente. Gustavo sentia a pressão em seus ouvidos, como se estivesse debaixo d’água.
Então, ele atacou.
Sem aviso.
O Guardião do Eclipse girou no ar e lançou uma rajada cortante de vento cinzento, mudo, mas devastador.
Gustavo foi lançado para trás, batendo contra uma coluna de pedra que se partiu ao meio.
— Ele manipula os ventos... mas não são comuns. São feitos de energia mágica que nega som e eco... até parte da magia...!
Gustavo se ergueu. Seus olhos roxos brilharam.
A aura sombria explodiu ao redor. Corvos surgiram, cortando o céu sem som. Gustavo moldou uma lâmina dupla de sombras nos braços, pronto para o contra-ataque.
O Guardião avançou com movimentos circulares, e o ar ao redor dele se partia em linhas cortantes, tornando impossível se aproximar de frente.
Gustavo saltou para o alto, tentando pegar ângulo. Quatro corvos atacaram o inimigo pelos lados.
Mas antes de alcançarem, os ventos se dobraram, formando uma barreira circular que os desfez em partículas negras.
— “Maldito...”
Ele usou a Porta do Vazio, sumindo por um rasgo escuro atrás de si e reaparecendo do outro lado do Guardião, desferindo um Rasgo Sombrio na diagonal.
A lâmina quase tocou o ombro do inimigo, mas no último instante, o Guardião torceu o próprio corpo de forma antinatural e contra-atacou com uma rajada giratória que cortou o ar.
Sangue escorreu da costela de Gustavo.
Ele recuou, arfando.
A Hidra saltou do ombro dele e se multiplicou, três mini-cabeças lançando rajadas de ácido que evaporaram ao tocar os ventos do inimigo.
— Esse maldito não tem corpo fixo... é como se estivesse entre duas dimensões do ar...!
Gustavo então recuou e mergulhou em sua própria sombra, ressurgindo atrás de uma coluna caída.
— “Eu não consigo vencer isso só com força bruta...”
Os olhos dele brilharam. Os corvos começaram a se reunir em formações ao redor do campo de batalha. Um plano se formava.
Enquanto isso, o Guardião descia lentamente, braços abertos, absorvendo o ar ao redor como se fosse um vórtice vivo. O céu escureceu ainda mais. Três luas surgiram por trás das nuvens, simbolizando o próximo ataque...
Gustavo respirou fundo.
— “Vamos ver se o silêncio também sangra.”
Fim do Capitulo