Sombras em Cornélia

🌑 Capítulo 11 – Sombras em Cornélia

A lua cheia pairava sobre Cornélia, tingida de roxo pelo reflexo das torres de obsidiana que formavam a muralha da capital dos vampiros. Silencioso como um caçador, Gustavo deslizava por entre os becos, agora com sua nova aparência: manto negro bordado com pétalas, olhos intensamente brilhantes em tom púrpura, e os corvos sombrios que giravam ao seu redor como sentinelas vivos.

A mini-Hidra pousava sobre seu ombro, três cabecinhas alertas.

A cidade fede a morte... — murmurou uma das cabeças.

— “É uma capital feita de sangue e negócios imundos... não esperava perfume aqui.” — respondeu Gustavo, seco.

Estavam na zona externa, onde os plebeus sobreviviam em meio à sujeira, bares de sangue e gangues noturnas. O alvo era o local mais protegido: o Bordel Sangue de Rosas, reduto de aristocratas vampiros, mercado negro e tráfico de vida.

Gustavo se esgueirou até um telhado, ajoelhando-se na sombra de uma torre. Seus corvos sobrevoaram em silêncio, espalhando-se como névoa viva. A nova habilidade de controlar essas criaturas sombrias permitia que seus olhos enxergassem pelos olhos deles — e ele o fez.

— “Três guardas na entrada... dois no beco lateral... e um sistema mágico de detecção na porta principal. Se eu pisar ali, estou cercado em segundos.”

Vamos pelo subterrâneo?

Gustavo refletiu. Uma das visões dos corvos mostrou uma velha escotilha atrás de um açougue abandonado, por onde alguns carregadores entravam durante o dia.

— “Esse é o caminho.”

🕳️ A Infiltração

A escotilha rangeu. Gustavo caiu direto em uma escadaria de pedra escorregadia. Paredes úmidas, cheias de fungos e velas apagadas. Passou por salas com jaulas, criptas usadas para tortura, e corredores abafados com cheiro de sangue velho.

Isso é um inferno disfarçado de prazer... — disse a Hidra, encolhida em sua forma menor no ombro de Gustavo.

Ao avançar, escutaram vozes... dois brutamontes guardavam a porta de acesso ao salão principal.

Gustavo ergueu a mão. As sombras ao seu redor vibraram.

— “Vamos testar isso…”

Do chão, lâminas feitas de pura escuridão se ergueram como mãos distorcidas, cortando o ar em velocidade. Os dois guardas foram atingidos antes mesmo de reagirem — não mortos, mas nocauteados com cortes profundos e precisos.

Com o caminho livre, Gustavo entrou em um corredor luxuoso e profanado. Tapeçarias vermelhas, lustres de sangue, espelhos negros. Vozes de risos, gemidos e gritos vinham do salão à frente.

Antes de se revelar, Gustavo se aproximou de uma varanda e espiou: o bordel era um teatro de horrores.

— “Ali…” — seus olhos afiaram.

Entre as dezenas de “mercadorias humanas”, uma jovem estava acorrentada, com traços delicados e cabelos longos e prateados. Era Fuyuki.

Cercada por três guardas de elite: um vampiro de armadura, uma súcubo de garras cristalinas, e um ser encapuzado que exalava necromancia.

Gustavo puxou sua katana lendária, Meiun, ainda selada — mas viva, pulsando em sua mão.

— “Hora de causar um pouco de caos.”

Vamos queimar tudo.

Com um movimento, Gustavo ergueu os braços e convocou os corvos. Um enxame púrpura estourou pelas janelas e vitrôs, mergulhando o salão na escuridão.

Os gritos começaram.

E a batalha... também.

Fim do Capítulo