🌘 Capítulo 13 – O Fogo da Raposa e o Orgulho das Sombras
No coração da capital Cornélia, nobres vampiros reuniam-se em uma sala repleta de vitrais sombrios. O cheiro de sangue pairava no ar.
— “O bordel foi destruído... completamente. Em menos de uma hora.”
— “Súcubos, necromantes e cavaleiros foram derrotados. Um massacre.”
O mais velho dos vampiros, com olhos vermelhos como brasas apagadas, rosnou:
— “Um humano? Isso é impossível. Abram os portões do setor leste. Preparem a segurança.”
Mas não adiantaria.
Enquanto isso, Gustavo corria pelas vielas escuras com Fuyuki desacordada nos braços, a Hidra em sua forma miniatura voando ao lado, protegendo os flancos.
O som de soldados ecoava pelas ruas, mas Gustavo nem hesitou.
Ergueu uma das mãos, e as sombras à sua volta se torceram como serpentes famintas. Um portal negro se abriu — como um rasgo na realidade.
Sem olhar para trás, ele passou por dentro.
E então... silêncio.
Ao abrir os olhos, estava de volta à vila dos demi-humanos. As árvores com flores azuis e vermelhas balançavam suavemente. A brisa da noite era leve.
Gustavo olhou para Fuyuki e a colocou suavemente no chão de pedra polida.
Ela tossiu levemente e despertou, os olhos dourados lentamente se abrindo.
— “Onde...?”
— “Você está a salvo. Estamos fora da capital.”
— “Você me... salvou?”
Gustavo apenas assentiu. A Hidra deu um grunhido baixinho e pousou no ombro dele.
— “Amanhã...” — disse Gustavo em voz firme — “Eu vou atacar a capital.”
Todos os presentes na vila, inclusive os guardas e o ancião, se entreolharam.
Riram, alguns com escárnio, outros com incredulidade.
Mas o riso cessou. Eles lembraram o que ele fez — sozinho. E ficaram em silêncio.
Fuyuki sentou-se, os cabelos brancos com reflexos avermelhados dançavam ao vento.
— “Posso fazer uma pergunta...?”
— “Fale.”
— “Você... poderia me contar histórias de onde veio? Como é lá fora?”
— “Histórias?”
Ele se sentou ao lado dela, encarando o céu.
— “Sim. Sempre fui trancada lá dentro. Nunca vi o mundo.”
Gustavo a olhou, e algo em sua expressão mudou. Pela primeira vez, suavidade.
Então, discretamente, ele ativou uma habilidade que não usava com frequência. Seus olhos brilharam em um roxo profundo, revelando os potenciais ocultos de Fuyuki.
Ela tinha sangue de raposa mágica. Fogo Azul Ilusório — uma chama ancestral, raríssima, que confundia mente e corpo. Seu talento com espadas era nato, quase genético.
Mas ele não disse nada.
Apenas se virou e perguntou:
— “Você tem certeza que quer ser uma caçadora?”
Ela hesitou. Olhou ao redor, viu os olhares de todos os outros demi-humanos.
— “Eu... quero. Mas... não quero deixar meus amigos pra trás.”
Um dos guerreiros felinos da vila tocou seu ombro:
— “Fuyuki, você já fez o suficiente por todos nós. Vá. Cresça. Lute. Nós cuidaremos daqui.”
Ela sorriu, as orelhas de raposa tremendo levemente.
— “Então... sim. Eu quero.”
Gustavo se levantou e disse apenas:
— “Espere eu terminar o que tenho pra fazer. Depois... eu mesmo vou te treinar.”
Ela arregalou os olhos.
— “Sério?!”
Mas ele já caminhava de costas, encarando o horizonte. A Meiun presa às costas, os corvos girando sobre sua cabeça em círculos silenciosos. A Hidra bufou com orgulho.
— “Essa vila... será o começo de algo maior.” — murmurou ele.
Fim do Capítulo