55 - Uma Viagem Qualquer! II

Então, um senhor de aparência frágil, cabelos brancos desgrenhados e vestindo roupas gastas, surge do balcão da pousada. Seus olhos arregalados, como se tivesse acabado de presenciar algo aterrorizante, fitam Sekiro e Astracar com uma mistura de medo e urgência. Ele gagueja enquanto tenta falar.

"Vo... vo... vocês são viajantes que... que querem um quarto?" Sua voz treme de pavor, as palavras saindo fragmentadas.

Astracar e Sekiro trocam um olhar curioso. Algo naquela vila parecia profundamente errado. Sekiro, sempre cauteloso, decide perguntar:

"Sim, queremos dois quartos. Mas, senhor, me diga... O que aconteceu nesta vila para estar tão vazia a essa hora?" A voz de Sekiro era firme, mas não ameaçadora.

O velho engole em seco antes de responder, sua voz baixa como um sussurro, ainda permeada pelo medo.

"Ba... ban... bandidos, viajante. Eles sequestram mulheres e homens jovens... Por isso ni... ni... ninguém sai de casa a essa hora. Todos trancados com medo..." Seus olhos nervosos percorrem o ambiente ao redor, como se esperasse que algo emergisse das sombras a qualquer momento.

Astracar, franzindo a testa, questionando com cautela: "Mas vocês estão perto da fronteira. Por que não chamam os soldados?"

O velho abaixa a cabeça, como se estivesse envergonhado. "Cha... cha... chamamos... mas quando os soldados chegaram, não... não encontraram n... nenh... nenhum sinal dos bandidos. Foi então que os ataques ficaram mais frequentes. Eles nos caçam como... como fantasmas..." A voz dele falha, o medo o consumindo. Ele rapidamente estende as mãos trêmulas com as chaves. "Aqui estão suas chaves. Por favor, fiquem em segurança."

Sekiro e Astracar pegam as chaves silenciosamente. O cavaleiro da morte sente que há algo muito mais sombrio em jogo. Antes de seguirem para os quartos, Astracar olha para Sekiro com um olhar sério.

"Sekiro, acho que devemos ficar alertas enquanto dormimos. Esses bandidos parecem muito mais organizados do que o normal."

Sekiro, com um meio sorriso, responde: "Astra, não se preocupe. Não preciso dormir. Ficarei atento enquanto você descansa."

"Bom. Qualquer coisa me chame." Astracar bateu no ombro de Sekiro antes de seguir para seu quarto.

Com um aceno de cabeça, Sekiro observa seu companheiro entrar no quarto, o som da porta fechando-se atrás dele. Ele então se posiciona no corredor, encostando-se na parede, em silêncio absoluto. Seus sentidos estavam aguçados, cada sombra, cada som mínimo sendo registrado por seus olhos e ouvidos. A noite avançava lentamente, envolta em um manto de quietude que só amplificava a tensão que pairava sobre a vila.

Algumas Horas depois, Sekiro, ainda em vigília, percebeu um leve som. Passos distantes, furtivos, quase imperceptíveis. Algo estava se movendo lá fora, nas sombras da vila. Ele se aproximou da janela estreita, espiando para o lado de fora. Movimentos sutis, figuras envoltas em mantos escuros, se esgueiravam pelos becos.

O cavaleiro apertou os punhos, seus olhos brilhando com um brilho gélido enquanto a aura da morte emanava lentamente ao seu redor. Ele então caminhou até a porta de Astracar, batendo suavemente três vezes.

"Astra," disse ele em voz baixa, "eles estão aqui."

Astracar, sempre em alerta, acordou quase instantaneamente. "Quantos?"

"Não sei ao certo, mas estão se espalhando. Eles se movem como sombras... Não são apenas bandidos comuns."

Sem perder tempo, Astracar se levantou e se preparou. "Precisamos descobrir o que está acontecendo aqui de verdade. Vamos fazer isso rápido e silencioso."

 Após sentir a presença crescente dos invasores, virou-se para Sekiro com um olhar sério.

"Fique um pouco mais para trás, Sekiro. Sua presença é muito forte, e você não consegue esconder sua energia tão bem quanto eu," disse em tom baixo, mas firme.

Sekiro assentiu, sabendo que a furtividade não era sua especialidade, mas confiando nas habilidades de Astracar para seguir à frente sem ser detectado. Astracar se moveu então como uma sombra entre sombras, cada passo seu era silencioso, cada movimento meticuloso, lembrando um predador caçando sua presa. O manto da noite parecia abraçá-lo, ocultando sua presença enquanto ele avançava.

Ao se aproximar de uma das casas na vila, Astracar avistou os bandidos agindo. Três deles se aproximavam furtivamente da porta de uma pequena casa, as tochas quase apagadas nas ruas não iluminavam muito, mas sua visão, treinada pela experiência, capturou cada detalhe. Dentro da casa, ele viu a silhueta de um jovem casal, completamente alheio ao perigo iminente.

Ele observou enquanto os bandidos forçavam a porta, entrando sem fazer barulho. No entanto, algo chamou sua atenção de imediato, o símbolo que um dos bandidos tinha tatuado em sua mão. Um símbolo que Astracar reconheceria em qualquer lugar… o símbolo de Santirama.

Os olhos de Astracar brilharam com uma mistura de fúria e entendimento. Santirama, um culto com o qual ele já havia travado batalhas antes, estava por trás dos sequestros. Isso explicava a astúcia dos bandidos, o porquê de seus rastros desaparecerem tão facilmente e os ataques coordenados. Não eram meros bandidos, mas agentes infiltrados de Santirama.