57 - Uma Viagem Qualquer! IV

Astracar e Sekiro avançavam cautelosamente em direção à base de Santirama, cada passo cuidadoso e silencioso. Seus olhos estavam atentos, caçando qualquer sinal de perigo iminente. Quanto mais se aproximavam, mais intensa a energia do culto se tornava. Astracar sentia aquela força como uma versão distorcida da energia sagrada – corrompida, macabra e impregnada de um fanatismo cego. Era como se a própria atmosfera estivesse impregnada de um mal demoníaco.

Sekiro, preocupado com o estado de Astracar, inclinou-se levemente, falando em um tom baixo, quase um sussurro:

"Astra, você está bem?"

Astracar o olhou, seus olhos refletindo um misto de tristeza e raiva contida. "Sinto muito, Sekiro. Não queria te preocupar... e lamento por ter agido daquele jeito antes," ele disse com sinceridade.

Sekiro respirou fundo e, com um leve sorriso, respondeu:

"Não se preocupe. Se eu soubesse que você ficaria com essa cara de tristeza e raiva, teria vindo sozinho. Mas já que estamos aqui, vamos juntos!"

Astracar assentiu, mais tranquilo com o apoio do amigo. Eles continuaram andando, e o silêncio predador ao redor parecia aumentar sua tensão, mas não encontraram nenhum inimigo em seu caminho. Quando chegaram à entrada da base, a primeira impressão foi de simplicidade. A abertura lembrava uma caverna natural, com musgos cobrindo as rochas e pequenas rachaduras nas paredes. Contudo, à medida que adentravam, as paredes de pedra se transformavam gradualmente em algo mais ordenado, parecendo uma fortaleza construída com tijolos pesados. Alguns dos tijolos carregavam símbolos estranhos e desconhecidos para ambos.

Enquanto seguiam por aqueles corredores tortuosos, chegaram a um cruzamento. O som de vozes vindo da direita os alertou, e rapidamente se esconderam no teto, camuflando-se entre as sombras. Os servos de Santirama passaram sem perceber os dois espreitadores.

"As pessoas que pegamos pediram para irmos até lá," disse um dos servos, sua voz carregada de desdém.

"Sim, mas os outros ainda não voltaram com mais materiais," respondeu o outro.

"Eles devem estar brincando. O mestre está cuidando da filha do líder do vilarejo pessoalmente. Tenho pena dela."

As vozes se tornaram cada vez mais distantes até que o silêncio voltou a dominar o corredor. Astracar e Sekiro desceram do teto, suas expressões agora mais sombrias e determinadas.

"Sekiro, vá resgatar os outros prisioneiros. Eu vou atrás da filha do chefe!" Astracar decidiu com firmeza.

Sekiro colocou a mão no ombro de Astracar, uma demonstração de apoio e preocupação. "Juízo, garoto!" Ele disse, meio sério, meio brincando. Sabia que Astracar enfrentava tanto inimigos externos quanto as batalhas internas que o atormentavam, mas essa era uma jornada que o jovem precisava trilhar por si mesmo.

Astracar sorriu em resposta, e Sekiro retribuiu com um sorriso rápido antes de se separarem. 

Sekiro avançava pelos corredores em uma tensão quase palpável, ajustando cada movimento para diminuir o som metálico que sua armadura produzia. A cada passo, o aço de sua armadura reverberava pelo ambiente, ameaçando revelar sua presença. Quando percebia que os servos ficavam inquietos, ele cessava qualquer movimento, esperando até que a desconfiança deles passasse.

Os servos murmuravam entre si, inquietos e sem perceber a sombra imponente de Sekiro que os seguia. Finalmente, os dois pararam diante de uma imponente porta de ferro, alta e coberta de marcas que sugeriam antigos feitiços de proteção. Observando cuidadosamente, Sekiro os viu abrirem a porta com um cuidado ritualístico, desaparecendo dentro dela. Esse era o momento. Avaliando as possibilidades, Sekiro aguardou que eles entrassem completamente antes de dar o próximo passo, seu olhar fixo na porta entreaberta, imaginando o que poderia esperar do outro lado.