61 - Uma Viagem Qualquer VIII

Astracar surgiu da escuridão do santuário abandonado, seus passos firmes o levando para a saída, onde os primeiros raios do sol surgiam no horizonte. Ele parou diante da entrada e após uma breve pausa, afastou-se alguns passos. Fechando os olhos, concentrou o prana em seus punhos, que começaram a brilhar com uma energia intensa. Em um movimento poderoso, ele lançou uma série de golpes contra a entrada, que cedeu sob o impacto, desmoronando em uma avalanche de pedras e poeira.

Com determinação, Astracar usou o terreno ao redor para selar o local de forma definitiva. Manipulando o prana, ele fez a vegetação crescer rapidamente, cobrindo a entrada com raízes e plantas espessas. Ao terminar, respirou fundo e murmurou para si mesmo: 'Que este lugar permaneça enterrado.'

Ele então seguiu em direção ao ponto, onde viu Sekiro à distância, esperando-o com os moradores resgatados. Para sua surpresa, Sekiro acenava alegremente, um gesto que causou espanto entre os sobreviventes, acostumados à sua figura sombria e quieta.

'Astracar!' Sekiro exclamou ao vê-lo se aproximar. 'Já tratei de todos e fiz os primeiros socorros!'

Astracar sorriu ao ouvir isso, balançando a cabeça em aprovação. 'Sempre eficiente, Sekiro. Agora, vamos levar todos de volta à vila.' Ele então se virou para os moradores e, com uma voz calma e segura, declarou: 'Vocês não precisam mais temer. O culto de Santirama não perseguirá nenhum de vocês. Estão livres para viver em paz, em suas casas.'

O alívio tomou conta das pessoas. Alguns choraram de alegria, enquanto outros apenas desabaram de cansaço e emoção. As crianças, alheias à profundidade da situação, apenas seguravam as mãos dos adultos, confusas, mas sentindo a atmosfera mudar.

Algum tempo depois, ao chegarem à vila, o som de passos ecoou pela estrada, atraindo a atenção do chefe do vilarejo. Ele saiu de sua casa apressadamente, sua expressão de preocupação transformando-se em choque e emoção ao ver sua filha entre os resgatados.

'Por nossa mãe sagrada, Yarandira!' Ele exclamou, correndo na direção da jovem. Ele a abraçou com força, lágrimas escorrendo livremente por seu rosto. A filha, igualmente emocionada, devolveu o abraço, chorando junto com ele.

A vila, tomada por um misto de alegria e comoção, começou a se reunir para receber os sobreviventes. Astracar e Sekiro se afastaram ligeiramente, observando a cena com satisfação. 'Missão cumprida', Astracar comentou em voz baixa. Sekiro, cruzando os braços, apenas assentiu com um pequeno sorriso.

Astracar olhou para Sekiro e disse com um sorriso descontraído:

"Sekiro, acho que precisamos de um churrasco para comemorar. Que tal você caçar uns javalis enquanto eu preparo o fogo?"

Sekiro nem hesitou. Com um aceno rápido, partiu em busca de caça. Enquanto isso, Astracar começou a reunir galhos secos e preparar o fogo. As pessoas do vilarejo, observando à distância, mantinham um leve receio. A expressão séria de Astracar fazia muitos acharem que ele era inacessível ou severo.

Curiosos, o chefe do vilarejo e sua filha se aproximaram. O homem o chamou com certa cautela:

"Jovem herói... o que está fazendo?"

Astracar se virou, surpreso pela abordagem. Depois, soltou um sorriso caloroso que imediatamente desarmou qualquer tensão no ar. Sua expressão iluminada parecia mudar completamente o clima, deixando os aldeões à vontade.

"Vocês devem estar com fome, não é? Vamos fazer um churrasco! Sekiro já foi buscar os javalis."

Os aldeões ficaram impressionados, e um clima de animação começou a crescer. Mas o momento foi interrompido pelo som de cavalos ao longe. Uma tropa do Império Light se aproximava, suas armaduras brilhando sob o sol. Os aldeões recuaram, assustados, enquanto Astracar continuava tranquilo, cuidando do fogo.

Um dos soldados desmontou e, com arrogância, caminhou até Astracar, segurando-o pelo ombro.

"Garoto, o que você pensa que está fazendo? Não sabe que esta área é perigosa?"

Astracar parou de mexer na fogueira e lentamente se virou, sua expressão mais séria do que nunca. Sem dizer nada, ele retirou de sua bolsa o símbolo que Apollo havia lhe dado. Ao ver o objeto, o soldado congelou, seus olhos arregalados em espanto. Ele imediatamente caiu de joelhos, seguido por toda a tropa.

"Perdoe-me, Eminentis! Não sabia que era o senhor!"

Astracar arqueou uma sobrancelha, confuso. "Eminentis? O que é isso?"

O soldado, ainda ajoelhado, respondeu humildemente:

"Eminentis é o título mais elevado que se pode receber sem ser da realeza. Ele é concedido por Reis e Imperadores tendo de uma a dois eminentis por reino e império. Sua presença inspira respeito absoluto, e suas ordens não podem ser desobedecidas. Quem carrega este título é uma figura de reverência, tanto para o Império quanto para seus aliados. Abaixo apenas no Imperador, em resumo Uma figura Lendária. "

Astracar franziu o cenho, desconfortável com a explicação.

"Eu não pedi por isso. Só recebi este símbolo depois de alguns acontecimentos... complicados. Não sabia que ele vinha com todo esse significado."

O soldado ergueu a cabeça, hesitante.

"Com todo respeito, Eminentis, a Honra, não escolhe por acaso. Você foi reconhecido como digno por razões que talvez nem mesmo saiba ainda."

Enquanto isso, Sekiro retornava com dois javalis nos ombros. Ao ver os soldados ajoelhados e a tensão no ar, ele parou e lançou um olhar questionador para Astracar.

"Perdi alguma coisa?"

Astracar apenas suspirou, guardando o símbolo. "Nada de mais. Parece que sou algum tipo de figura lendária agora. Mas, por enquanto, vamos focar no churrasco."

Ele voltou ao trabalho no fogo, deixando os soldados e aldeãos atônitos com sua simplicidade. O chefe do vilarejo, inspirado pela humildade e força de Astracar, se aproximou.

"Se precisar de ajuda com o churrasco, será uma honra, Eminentes."

Astracar sorriu novamente. "Sem formalidades. Pegue algumas ervas e temperos. Hoje é dia de festa."

E assim, aldeões, soldados e Sekiro começaram a preparar juntos uma celebração que jamais esqueceriam, unindo todos em torno do fogo e da liderança carismática de Astracar.