72 - A verdade perdida

Astracar exalava poder, e a atmosfera ao seu redor parecia vibrar com sua presença. Charlotte, apesar de toda sua determinação, sentiu um aperto no peito ao olhar para seu irmão. Algo nele havia mudado.

“Meu irmão ainda está ali… ou se perdeu no poder?”

Eleonora, sua capitã mais fiel, segurou o cabo da espada com firmeza. Sua postura era tensa, pronta para agir a qualquer momento. Equidona, ao seu lado, manteve sua lâmina em uma posição estratégica, avaliando cada detalhe da situação.

Então, Astracar rugiu.

Seu rugido não era apenas um som—era uma onda de energia devastadora que varreu as nuvens negras do céu, dissolvendo-as como se nunca tivessem existido. O sol brilhou novamente, espalhando sua luz pelo continente, como se o próprio mundo estivesse respondendo ao poder dele.

No extremo norte do continente, uma figura sentiu essa mudança.

Eclipse,que residia naquela região, ergueu os olhos com um sorriso predatório. Ele sentiu a ressonância da energia de Astracar atravessar o continente

“Finalmente vou alcançar o que quero... e você também, garoto.”

Ao seu lado, sua filha Queen o observava com uma expressão confusa.

 “Pai… do que você está falando?”

Eclipse não respondeu de imediato. Seu olhar permaneceu fixo no céu, onde o brilho do sol parecia mais intenso do que nunca.

De volta a Charlotte e suas capitãs…

Assim que Astracar parou de rugir, ele deu um único passo à frente rápido demais para ser seguido pelos olhos humanos. Em um instante, estava diante de Charlotte.

O instinto de Eleonora e Equidona falou mais alto, e ambas atacaram por reflexo. Suas lâminas brilharam no ar enquanto cortavam em direção ao pescoço de Astracar.

Mas ele parou ambas com um único dedo.

O impacto gerou uma onda de choque, e um silêncio pesado tomou conta do campo de batalha.

Astracar sorriu, relaxado.

 “Meninas, que nervosismo é esse?”

Ele então virou sua atenção para Charlotte, seu olhar intenso e curioso.

 “Charr… fiquei estranho nessa forma?”

Charlotte respirou fundo, mantendo-se firme. Algo estava errado.

“Você... mudou, Astracar.” Ela estreitou os olhos. “Esse poder... você ainda é você?”

Astracar apenas sorriu. Ele ergueu a mão, e a energia ao seu redor se manifestou em faíscas douradas misturadas ao negro, dançando no ar como chamas vivas.

 “Charr… é claro que sou eu.” Sua voz era serena, mas carregada de um peso que ela não reconhecia. “Mas admito... algo dentro de mim mudou.”

Foi nesse momento que ele percebeu.

O peso invisível. O sutil bloqueio em sua própria existência.

Ele viu além das aparências. Viu a verdade.

E então sussurrou, quase para si mesmo:

 “Nós estamos presos.”

Charlotte franziu a testa.

 “O que você quer dizer com isso?”

Eleonora,Equidona e Sekiro também pareceram confusas e confuso.

 “Presos?” Eleonora repetiu, observando-o com cautela.

Astracar olhou para o céu, para o horizonte, e finalmente compreendeu a sensação que o incomodava há tanto tempo.

 “Esse continente… não é só um território isolado.” Ele disse, a voz carregada de certeza. “Existe uma barreira ao nosso redor. Ninguém entra. Ninguém sai.”

Charlotte sentiu um calafrio percorrer sua espinha.

“O quê?”

 “E pior…” Astracar continuou. “Ela limita nosso crescimento. Nenhum ser vivo aqui pode ultrapassar o estágio Amortal. Qualquer avanço além disso é suprimido.”

O silêncio tomou conta do ambiente.

 “Isso não faz sentido…” Charlotte murmurou. “Quem faria algo assim? E por quê?”

Astracar olhou para suas mãos, sentindo a energia fluir através delas, agora ciente da limitação imposta a ele e a todos ali.

“Alguém que teme o que podemos nos tornar.”

No extremo norte…

Eclipse permaneceu imóvel, sentindo as palavras de Astracar ecoarem na energia do mundo.

Então, ele sorriu.

“Ah... então você finalmente percebeu.”

Queen olhou para ele, incrédula.

“Pai… você sabia disso?”

Eclipse desviou o olhar do céu e encarou sua filha com diversão nos olhos.

“É claro que sim. Eu estive esperando o dia em que alguém forte o suficiente perceberia.”

Queen cruzou os braços, desconfiada.

 “E agora? O que vai fazer?”

O sorriso de Eclipse se alargou.

 “Guerra.”

Ela piscou, surpresa.

“Guerra? Como assim, achei que voce ia avisar para eles?”

Eclipse voltou seu olhar para o céu, onde a barreira invisível se ocultava, impedindo o continente de ver o que existia além.

 “Para isso a guerra deve ser iniciada, para mudar esse continente para sempre, apenas um dos lados sairá vivo, isso será uma guerra total!”