Capítulo 19

Incapaz de mentir novamente, ele suspirou e olhou para sua irmã, que estava segurando a bandeja contra o queixo.

— Onii-sama, você vai me explicar o que está acontecendo aqui?

— Me desculpe, Sayuri. Eu vou te explicar tudo em casa.

Naomi, sentindo-se excluída da conversa, olhou para Naoya com ciúmes e puxou a manga da camisa dele, chamando sua atenção.

— Nao-kun, você não pode deixar sua noiva de lado enquanto fala com outras garotas. Eu sou a única garota a quem você deve dar atenção.

— Noiva? Mas a noiva dele é a...

Enquanto Sayuri respondia a Naomi, foi interrompida por Naoya, que pressionou a mão sobre sua boca.

Sayuri arregalou os olhos, surpresa com a ação de Naoya. Ele a olhou com uma expressão de desespero, tentando transmitir uma mensagem silenciosa para que ela não falasse mais nada.

— Sayuri, por favor — sussurrou ele, tentando manter a calma na situação caótica. — Eu prometo que vou explicar tudo depois.

Naomi olhou de um para o outro, sem entender o que estava acontecendo, mas claramente não gostando da atenção que Naoya estava dando à sua irmã.

— Nao-kun, por que você está agindo tão estranho? — perguntou Naomi, cruzando os braços e batendo o pé impacientemente.

Antes que Naoya pudesse responder, um cliente que estava sentado em uma mesa próxima chamou Sayuri.

— Garçonete, pode me trazer a conta, por favor? — disse o cliente, acenando para chamar a atenção dela.

Sayuri olhou de volta para Naoya, ainda confusa, mas assentiu levemente, indicando que atenderia o cliente. Ela se afastou relutantemente, enquanto Naomi permanecia ao lado de Naoya, claramente esperando uma explicação.

Naoya suspirou profundamente, percebendo que precisava acalmar Naomi antes que a situação piorasse.

— Naomi, eu prometo que vou te dar toda a atenção que você merece, mas precisamos resolver algumas coisas primeiro — disse ele suavemente, tentando tranquilizá-la. — Vamos continuar o nosso passeio e depois eu vou explicar tudo, ok?

Naomi fez um biquinho, mas finalmente assentiu, embora ainda parecesse insatisfeita. Naoya sabia que a verdadeira explicação teria que esperar até que estivesse pronto para falar toda a verdade para elas e corrigir a confusão que havia causado.

Ele claramente não estava pronto para isso, ainda mais sabendo da personalidade e do temperamento explosivo que Naomi tinha. Esperar por um momento oportuno seria uma missão difícil, mas, por ter causado toda a confusão até aqui escondendo a verdade, Naoya estava preparado para o que estava por vir.

Enquanto caminhavam para a estação, Naomi olhava fixamente para Naoya com um olhar furioso. Seu olhar era como uma lâmina perfurando-o.

— Por que você está me encarando tão fixamente? — perguntou ele, tentando esconder seu desconforto.

— Desde quando você se tornou um traidor? — disparou Naomi.

Aquela pergunta fez com que Naoya parasse sua caminhada e sentisse como se tivesse levado um soco no estômago.

— Como você chegou a esta conclusão tão precipitada? — perguntou ele, tentando manter a voz calma, apesar do turbilhão de emoções dentro dele.

Naomi cruzou os braços e o encarou, seus olhos brilhando de raiva e mágoa.

— Como cheguei a esta conclusão? — ela repetiu, sua voz tremendo. — Você está escondendo algo importante de mim, Naoya. E agora, você me deixa de lado para falar com outras garotas, inclusive sua irmã. Como você acha que isso me faz sentir?

Naoya sentiu um aperto no peito ao ver a dor nos olhos de Naomi. Ele sabia que tinha que ser honesto, mas as palavras simplesmente não saíam.

— Naomi, eu... — começou ele, mas foi interrompido pela repentina ligação, ele retirou seu celular do bolso e hesitante atendeu a ligação.

— O que você tem a me explicar sobre? — perguntou ela, olhando para Naoya que segurava seu celular.

Naoya assentiu lentamente e, sem dizer mais nada, começou a caminhar novamente, seguido por Naomi, que não havia entendido a súbita atitude dele. O silêncio entre eles era pesado, e Naomi não sabia se poderia perguntar sobre o que estava acontecendo.

Chegando na frente da estação, ela segurou o braço de Naoya. Quando ele virou o rosto para Naomi, ela percebeu que o rosto dele estava molhado de lágrimas. Ela o abraçou, tentando confortá-lo, mesmo sem saber o porquê de ele estar chorando.

— Naoya, o que está acontecendo? Por que está chorando? — perguntou ela, tentando manter a voz firme.

— Meu pai… ele está no hospital… — respondeu ele, a voz quebrada pela emoção.

Naomi sentiu um aperto no peito ao ouvir isso e apertou ainda mais o abraço, oferecendo o máximo de consolo que podia.

— Eu sinto muito, Naoya. Vamos lá agora. Você precisa estar com ele — disse ela suavemente, tentando transmitir força e apoio.

Naoya assentiu, limpando as lágrimas rapidamente.

— Sim, precisamos ir. Conversamos depois.

Os dois seguiram juntos, a tensão do momento unindo-os em um silêncio solidário enquanto se dirigiam ao hospital. Naoya sabia que ainda havia muito a explicar a Naomi, mas por enquanto, a prioridade era estar ao lado de seu pai.

Ao chegar ao hospital, Naoya correu para a recepção para receber notícias sobre seu pai. Com as informações em mãos, ele se dirigiu ao quarto dele. Ao chegar à porta, hesitou por um momento antes de girar a maçaneta.

Quando entrou, viu seu pai deitado na cama, em um sono sereno. Aproximando-se devagar, ele estendeu a mão e a pousou gentilmente na testa de seu pai.

— Pai, não se esforce muito. Cuide melhor da sua saúde — sussurrou Naoya, a voz carregada de preocupação e carinho.

Naomi, que havia seguido Naoya, permaneceu silenciosamente à porta, observando a cena com um olhar de solidariedade. Ela sabia que aquele momento era importante para Naoya e seu pai, e esperava que ele encontrasse alguma paz ali.

Naoya se sentou ao lado da cama, segurando a mão de seu pai, e permaneceu assim por um tempo, deixando que as emoções fluíssem livremente. Ele sabia que ainda havia muito a enfrentar, mas naquele momento, estar ao lado de seu pai era tudo o que importava.

Naoya ficou sentado ao lado da cama, segurando a mão de seu pai, sentindo a fragilidade e a força de sua conexão. Naomi se aproximou lentamente e colocou a mão no ombro de Naoya, oferecendo seu apoio silencioso.

— Obrigado por estar aqui, Naomi — disse ele, sem tirar os olhos de seu pai. — Eu sei que as coisas estão confusas agora, mas agradeço por não ter me deixado sozinho.

Naomi assentiu, compreendendo a profundidade do momento.

— Sempre estarei aqui para você, Nao-kun. Vamos passar por isso juntos.

O tempo passou devagar enquanto eles esperavam. O som rítmico dos monitores médicos e a respiração suave de seu pai eram os únicos ruídos na sala. Eventualmente, um médico entrou, trazendo uma atualização sobre o estado de saúde do pai de Naoya.

— Sr. Naoya, seu pai teve um colapso devido ao estresse extremo e problemas de saúde não tratados. Ele vai precisar de repouso e tratamento contínuo, mas esperamos uma recuperação positiva com os cuidados adequados.

Naoya respirou fundo, sentindo uma mistura de alívio e preocupação.

— Obrigado, doutor. Vou fazer o possível para garantir que ele receba os cuidados necessários.

Depois que o médico saiu, Naoya se virou para Naomi.

— Eu ainda tenho muito a te explicar, Naomi. Mas este ainda não é o momento certo para conversarmos, e ainda não é o momento certo para te dar uma resposta concisa.

Naomi olhou para ele, os olhos cheios de compreensão e determinação.

— Vamos resolver tudo juntos, Nao-kun. Mas agora, vamos cuidar do seu pai e garantir que ele se recupere.

Naoya sorriu, sentindo um pouco de paz em meio ao caos. Com Naomi ao seu lado, ele sabia que poderia enfrentar os desafios que vinham pela frente. Eles permaneceram ao lado do pai de Naoya, prontos para enfrentar o que o futuro lhes reservasse, mas juntos.

Após algumas horas, o pai de Naoya finalmente abriu os olhos, fazendo com que Naoya chorasse de felicidade.

— O que aconteceu? Onde estou? — perguntou seu pai, a voz fraca e confusa.

— Você está no hospital, pai. Você desmaiou devido ao excesso de trabalho — explicou Naoya, segurando a mão dele com carinho.

— Ah, então foi isso. Mas quem é você? — perguntou seu pai, olhando para Naoya com uma expressão de total desconhecimento.

Naoya olhou para seu pai incrédulo, sem acreditar no que acabara de ouvir.

— Pai… eu sou o Naoya, seu filho — respondeu Naoya, sua voz começando a tremer.

Seu pai o olhou com um olhar vazio, como se ele realmente não o reconhecesse. As lágrimas nos olhos de Naoya começaram a rolar novamente. Ele não conseguia entender por que aquilo estava acontecendo e por que seu pai havia esquecido dele.

Naomi, percebendo a situação, aproximou-se de Naoya e colocou a mão em seu ombro.

— Naoya, ele pode estar desorientado por causa do colapso. Vamos falar com os médicos para entender melhor o que está acontecendo.

Naoya assentiu, tentando se recompor. Ele sabia que precisava ser forte, mas a dor de ver seu pai sem reconhecê-lo era quase insuportável.

Eles saíram do quarto e foram até a sala dos médicos, onde explicaram a situação. O médico que os atendeu olhou para Naoya com uma expressão de seriedade e compreensão.

— É possível que seu pai esteja sofrendo de amnésia temporária devido ao estresse extremo e ao colapso que ele teve. Vamos fazer alguns exames para entender melhor a extensão do problema e para ver como podemos ajudar na recuperação dele.

Naoya assentiu, tentando manter a esperança. Ele sabia que a situação era grave, mas também sabia que precisava ser forte, tanto para seu pai quanto para si mesmo. Com Naomi ao seu lado, ele sentiu uma pequena chama de esperança de que, juntos, poderiam superar essa nova dificuldade.