Sayuri olhou para uma foto deles quando crianças, as lágrimas voltando aos seus olhos.
— Eu achei que seria a única a estar no coração do Onii-sama.
Enquanto Sayuri abraçava seu travesseiro, lembrando do calor do abraço de seu irmão, ela se martirizava ao perceber que ele estava cada dia mais distante. Naoya, sem entender a mudança repentina nas ações de Sayuri, se aproximou da porta e bateu novamente, tentando fazer com que ela abrisse.
— Sayuri, por favor, me diga o que está acontecendo com você. Abra a porta e me deixe entrar.
— Onii-sama, eu já disse, não fale comigo, não pense em mim, nem se preocupe comigo. Eu não quero falar com traidores, e não tente novamente falar comigo.
Ao ouvir isso, Naoya se afastou, sentindo-se derrotado, e voltou para seu quarto. Sayuri se aproximou da porta, estendendo a mão e apoiando-a sobre ela.
— Onii-sama, você se transformou em um traidor e se afastou de mim. Por que você fez isso?
Ela encostou as costas na porta e sentou-se no chão. A dor em seu peito era algo que ela não conseguia entender e não sabia por que sofria tanto ao pensar em seu irmão.
Enquanto Naoya lia um mangá animadamente, uma notificação em seu celular chamou sua atenção. Ao pegar o celular para ver a notificação, ele se assustou com o conteúdo.
"Akagawa-san, foi um prazer te conhecer. Perto de você me sinto tão segura que meu coração dispara. O que será que é isto?"
Aquela mensagem repentina de alguém a quem ele tinha certeza de que não havia passado seu número deixou-o confuso. As perguntas sobre como ela havia conseguido seu e-mail eram algo que ele não conseguia entender, e ele hesitou em responder à mensagem.
— Será que a pessoa que me manda mensagens sem se revelar e a Inoue-san são a mesma pessoa? Não, não pode ser. Mas, eu nunca dei meu e-mail para ela. Como ela conseguiu? — pensou ele.
"Inoue-san, fico feliz que se sinta segura perto de mim, mas uma pergunta: como conseguiu meu número?"
Após enviar a mensagem, Naoya não obteve resposta por alguns momentos. Enquanto se convencia de que Inoue-san era a pessoa que enviava mensagens anônimas, uma nova notificação chegou.
"Akagawa-san, me desculpe. Eu realmente não queria ser rude te mandando mensagem assim tão de repente. Eu não queria te assustar. Peguei seu número com o Shinozaki-san."
Aquela resposta fez com que Naoya se tranquilizasse, mas ao mesmo tempo surgiram novas perguntas em sua cabeça: há quanto tempo Rafael conhecia a Aoki?
"Como está sendo a convivência com sua atual esposa e sua amiga de infância? Sua amiga de infância já te pediu para que cumprisse metade da sua proposta? Fiquei curiosa sobre uma coisa: sua atual noiva sabe da existência da sua amiga de infância e vice-versa?"Enquanto Naoya se conformava com o fato de que as duas pessoas eram diferentes, uma nova mensagem anônima chegou para ele. Ele ficou curioso para saber como aquela pessoa sabia de tantas coisas sem ele ter conhecimento de sua existência.
Quando a manhã chegou, Naoya, indisposto para ir à escola, se levantou. Sua mente ainda estava processando as mensagens que haviam chegado na noite anterior e a situação de Sayuri o preocupava muito. Descendo as escadas, ele notou que Sayuri não estava tomando café da manhã. Ele tomou seu café sozinho pela primeira vez. A repentina mudança de atitude de Sayuri estava preocupando-o. O que estaria acontecendo?
Ao abrir seu armário de sapatos, Naoya percebeu que havia uma carta sobre seus sapatos. Seria esta sua primeira carta de amor? Ele rapidamente retirou a carta e a guardou no bolso. Enquanto trocava os sapatos, sua curiosidade falou mais alto. Ele estava curioso sobre o conteúdo da carta. Vencido pela curiosidade, ele abriu a carta e leu o conteúdo.
"Akagawa-san, desde o primeiro dia que te conheci, não parei de pensar em você. Minha mente está cheia de pensamentos sobre nós dois, e meu peito aperta e meu coração sempre acelera quando estou perto de você. Me encontre na sacada no final da última aula."
Seu coração disparou. Aquela era a primeira vez que ele recebia uma carta de amor, mesmo depois de tudo o que havia acontecido. Sua ansiedade aumentou para ver o que realmente aconteceria no final da última aula. Sua mente projetava várias cenas diferentes de possíveis desfechos na sacada da escola.
Quando o sinal da última aula tocou, Naoya sentiu seu coração acelerar. Aquela seria a primeira vez que ele estava sendo chamado para a sacada da escola. Ele já havia ido lá algumas vezes, mas sempre sozinho e sem motivo algum.
Cada degrau subido parecia tornar impossível subir o próximo. Seu coração estava muito acelerado e seu peito apertava com uma dor latente. Ao chegar ao último degrau, ele hesitou em girar a maçaneta da porta. Depois de alguns minutos, respirou fundo e girou a maçaneta. O brilho do sol refletiu sobre seus olhos, fazendo com que ele os fechasse brevemente. À sua frente, estava uma garota de costas, encostada no alambrado, admirando a vista e com o cabelo sendo acariciado pela leve brisa.
Quando ela se virou, Naoya corou levemente. Ela segurou uma mecha de cabelo enquanto sorria.
— Está um belo dia hoje, não é, Akagawa-san?
— S-sim, está um belo dia.
— A brisa que acaricia a nossa pele é um belo momento para uma declaração, não acha?
Aquela pergunta fez com que Naoya corasse e não conseguisse manter o foco. Não importava como aconteceria, aquele era realmente um bom momento para uma confissão de sentimentos. O que ele poderia fazer naquele momento? Como ele reagiria àquela situação tão inesperada? Seus sentimentos ainda estavam bagunçados devido à chegada de Naomi e à convivência com Mayumi.
Ele não queria machucar Aoki, mas também não conseguiria dar uma resposta concisa para ela.
A possível confissão de Aoki estaria colocando ele em um posição desconfortável pois ele se sentiria no direito de dar uma resposta para ela que não ferisse seus sentimentos, e também não o deixasse com remorso.
— Akagawa-san, desde que eu te conheci. Meu coração está disparado e eu não consigo pensar em mais nada que não seja você. meu peito aperta quando eu não te vejo e sinto uma falta de ar quando passamos tempo afastado. por isso eu queria te pedir, por favor me deixe ser sua…
— Inoue-san, desculpe mas no momento eu não posso aceitar sua…
— … Empregada…
— Con…fissão… Êh? o que você acabou de dizer?
Após ouvir o que Aoki havia dito, Naoya, ficou confuso achando que tinha lido errado o ambiente, tentando entender o que ela havia dito para ele, isso era muito além do que ele havia imaginado e muito além do que ele jamais havia fantasiado na sua vida.
— Eu havia pedido se você poderia me deixar ser sua empregada.
Ao ouvir o que Aoki tinha dito, Naoya corou, seu rosto havia ficado completamente vermelho e sua vergonha estava tomando conta de seu corpo, ele havia entendido a situação e lido o clima totalmente errado.
— Me desculpe Inoue-san eu havia entendido errado, eu achei que você estava… se … confessando para mim.
Aoki ao ouvir sentiu suas bochechas esquentarem, seu rosto ficou totalmente vermelho e ela tentou se explicar.
— Akagawa-san, me desculpe se deu a entender isso, eu sinto muito. Eu realmente não achei que você entenderia isso. eu sinto muito, eu sinto muito, eu sinto muito…
— Não se desculpe, o erro foi meu. eu que… me deixei levar e li o clima errado. — respondeu ele se martirizando.
Após Naoya se explicar, o clima entre eles ficou pesado e nenhum dos dois conseguiram dizer uma palavra. após um tempo em silêncio Aoki fez um gesto de dogeza e se afastou de Naoya correndo para o portão sem se despedir ou receber a resposta da sua pergunta.
Depois de um tempo processando o que havia acontecido ali, Naoya se virou e seguiu para sua casa. seu telefone vibrou notificando uma nova mensagem recebida.
"É realmente fascinante as declarações, mas que pena que sua primeira declaração foi de uma garota pedindo para ser sua empregada, quem sabe um dia podemos nos encontrar e finalmente você receber uma declaração de uma forma correta. Será que você estaria feliz em me conhecer?"
Aquela mensagem acendeu em sua mente uma dúvida que ao mesmo tempo havia sido respondida, a pessoa que mandava mensagens para ele sem se identificar estudava naquela mesma escola e acompanhava cada movimento de Naoya de perto e sempre o estava observando de longe, fugindo de sua visão e percepção.
Enquanto caminhava em direção a estação, ele não deixava de se perguntar quem era aquela pessoa e o porque ela sabia tanto sobre ele e nunca se revelava, qual era o real motivo de ela estar se escondendo e não querer se mostrar para ele. Isso também ligava o alerta do porque ela estaria sendo tão cautelosa e não querendo se mostrar para ele. mesmo que ele quisesse conhecê-la.
— Por que esta pessoa não fala quem realmente ela é? o que ela tanto está escondendo, o que mais importante o quanto ela sabe sobre mim? — pensou ele.
Enquanto raciocinava sobre quem poderia ser a pessoa que tanto lhe enviava mensagem, seu trem chegou atrapalhando todo o seu raciocínio. Quando deu um passo para entrar no trem sentiu olhares o observando de longe, ao virar ele não conseguiu encontrar nada de diferente ou uma pessoa em uma atitude diferente das demais.
Enquanto se sentava no banco uma notificação chamou sua atenção, uma nova mensagem da "garota desconhecida" havia chegado.
" Eu não aconselharia pegar o trem, vai que você realmente se encontra com quem você tanto procura. Bom, não adianta dizer, você sempre faz o que bem quer."
Quando terminou de ler aquela mensagem, ele se assustou, a possibilidade de ele encontrar ela era muito grande e de acordo com o conteúdo daquela mensagem ela estava no mesmo trem que ela. Uma chance que ele não poderia perder de modo algum.
Sentindo-se motivado, ele se levantou e começou a passear pelos vagões do trem em busca da pessoa, mas como encontrá-la se ele não tinha noção de quem ela seria. Após um tempo procurando ele desistiu e voltou para o vagão a qual estava, mas ao voltar uma sensação o perseguia: A sensação de estar sendo observado. Ele olhou em volta e não conseguia encontrar a pessoa que tanto o observava. após desistir desta procura uma nova notificação havia chegado para ele.
"Foi fofo ver você me procurando, mas te aconselho a não fazer isso novamente. Eu vou te dar um aviso: Não me procure, nem tente me rastrear por este número de telefone. deixe que quando for a hora, EU irei até você. você não precisar vir até mim. até lá, me aguarde pacientemente."