Diante do salão lotado de convidados, Naoya sentia-se cada vez mais nervoso. A dúvida o consumia: seria aquela realmente a decisão certa? Estaria ele verdadeiramente convicto disso? À sua frente, na primeira fileira, estavam as famílias dos noivos. Ambas pareciam radiantes com a escolha de Naoya, e o clima solene e alegre do evento fazia as mães dos noivos se emocionarem.
Naquela igreja, amigos, parentes, convidados e os padrinhos aguardavam ansiosamente. As luzes suaves e a música ambiente criavam uma atmosfera de expectativa, enquanto Naoya tentava acalmar o coração acelerado e reunir a confiança necessária para dar o próximo passo.
Naoya respirou fundo, tentando acalmar o turbilhão de emoções que o invadia. O peso da decisão parecia aumentar a cada segundo, e ele lutava para manter a compostura diante dos olhares atentos dos presentes. Enquanto caminhava lentamente em direção ao altar, sua mente relembrava momentos importantes: os conselhos do pai, os risos de sua irmã mais nova, e os momentos compartilhados com a pessoa que, naquele dia, ele prometia honrar e proteger para sempre.
A cerimônia começava, e o celebrante pronunciava as palavras iniciais, mas Naoya mal ouvia. Seus olhos vagaram até a noiva, que aguardava do outro lado do salão, pronta para se juntar a ele no altar. O olhar dela era calmo e confiante, cheio de ternura e expectativa. Isso trouxe a Naoya um breve alívio — ver que ela parecia tão segura em relação ao compromisso dava a ele um pouco mais de força.
Então, as portas da igreja se abriram, e ela começou a caminhar em sua direção, com um sorriso gentil no rosto. A cada passo, ele sentia a ansiedade diminuir, substituída pela percepção do que realmente significava aquele momento. Era uma promessa de união, construída não apenas por sentimentos, mas por decisões conscientes e pela força de caminhar juntos.
Quando ela finalmente chegou ao altar, Naoya estendeu a mão, e seus dedos se encontraram em um toque firme, mas delicado. Ele respirou fundo mais uma vez e, naquele instante, ao olhar nos olhos dela, teve a certeza de que, apesar das dúvidas, estava pronto para dar esse passo ao lado dela.
— Naoya, esperei tanto tempo por este momento. Agora, finalmente, nos tornaremos senhor e senhora Akagawa. Estou tão feliz — disse ela, com um sorriso radiante.
As palavras dela tocaram o coração de Naoya profundamente, pois ele havia sonhado com aquele dia e superado tantos conflitos internos para finalmente realizar seu maior desejo.
— [Nome da noiva], eu prometo te fazer a garota mais feliz do mundo. Olhando para você, não tenho dúvidas de que é a pessoa com quem quero passar o resto da minha vida — respondeu ele, a voz firme e cheia de emoção.
Enquanto ele segurava a mão dela com carinho, a noiva sorriu, e o leve rubor em suas bochechas fez o coração de Naoya disparar. Naquele momento, o celebrante fez a pergunta, trazendo-o de volta do devaneio:
— [Nome da noiva], você aceita Naoya Akagawa como seu esposo, para amar e respeitar, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte os separe?
— Eu, [Nome da Noiva], aceito você Naoya Akagawa, como meu futuro marido.
Após ouvir um sim com sinceridade vindo da noiva, ele respirou fundo e manteve sua calma, aquele era um momento importante para ele e tinha tudo para ser memorável.
— Naoya Akagawa, você aceita [Nome da Noiva] como sua esposa, para amar e respeitar, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte os separe?
Naoya respirou fundo após ouvir aquela pergunta, aquele era o melhor momento e o mais decisivo da sua vida, onde a resposta dele iria definir o rumo de sua vida trazendo felicidade ou não.
— Eu, Naoya Akagawa, aceito você [Nome da noiva] como minha futura esposa.
— Pelo poder a mim entregue, eu vós declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva.
Sentindo um misto de nervosismo e felicidade, Naoya se virou para sua noiva e levantou o véu que cobria o rosto dela, ao olhar fixamente para sua esposa ele se assustou ao ver o rosto de Sayuri.
— Onii-sama, está na hora de levantar. Você irá se atrasar para a escola.
— Sayuri?
Com o enorme susto, Naoya acorda assustado e bate sua cabeça na de Sayuri que estava em cima dele. Com o impacto, Sayuri cai no chão massageando sua testa dolorida.
— Onii-sama, é rude responder a sua irmã desta forma tão violenta.
— Me desculpe Sayuri. Mas primeiramente por que estava em cima de mim?
Sayuri se levantou e se sentou na cama ao lado dele e abaixou levemente sua cabeça, não mantendo um contato visual com Naoya.
— I-Isso não importa. Eu só queria acordá-lo.
Sayuri se levantou e caminhou em direção à porta, mas antes de sair, parou e lançou um último olhar para Naoya, com um sorriso travesso nos lábios.
— Não fique se achando demais, onii-sama. Não tem nada aí que valha a pena aparecer mesmo.
As palavras dela atingiram Naoya como uma lâmina, deixando-o momentaneamente sem resposta. Ele sentiu seu orgulho masculino ser profundamente ferido, mas antes que pudesse reagir, Sayuri já havia saído, descendo as escadas com um sorriso de vitória estampado no rosto.
Naoya suspirou, passando a mão pelos cabelos enquanto olhava para o teto.
— Por que ela sempre tem que ser assim? — murmurou para si mesmo, resignado.
Apesar do começo peculiar de seu dia, a escola parecia oferecer um pouco de alívio. Os dias haviam se tornado mais tranquilos ultimamente, já que seus colegas de classe finalmente pararam de se importar com ele. Isso era algo que ele valorizava; o silêncio e a paz dentro da sala de aula eram um contraste bem-vindo à caótica rotina que tinha em casa.
Enquanto estava no terraço, Naoya aproveitou para observar o ambiente e refletir. Ele sabia que Sayuri adorava provocá-lo, mas se perguntava por que exatamente ela fazia isso com tanta frequência. Ainda assim, o sorriso dela antes de sair de seu quarto continuava em sua mente, o que o fez balançar a cabeça, tentando afastar o pensamento.
— Preciso me concentrar no dia — ele pensou, antes de seguir em frente.
Naoya, tentando aproveitar o intervalo para organizar os pensamentos. No entanto, o silêncio foi interrompido pelo toque do sino, sinalizando o fim do intervalo. Ele suspirou e desceu de volta para a sala de aula, esperando que o resto do dia passasse sem incidentes.
Quando ele entrou na sala, o professor já estava no local, mas, para sua surpresa, havia alguém ao lado dele: uma garota que ele reconheceu imediatamente.
— Classe, atenção! Hoje temos uma nova aluna que se juntará a nós — anunciou o professor, sorrindo. Ele gesticulou para a garota ao seu lado, incentivando-a a se apresentar.
A garota deu um passo à frente, com uma postura confiante, e se apresentou com uma voz clara e determinada:
— Olá, meu nome é Mayumi Hanazono. Acabei de me mudar para cá e espero que possamos nos dar bem.
A sala imediatamente se animou. Sussurros e comentários podiam ser ouvidos por toda parte, muitos dos colegas admirados pela beleza e elegância de Mayumi. Mas antes que o alvoroço diminuísse, ela continuou:
— Ah, e só para esclarecer algo... Eu sou a noiva de Naoya Akagawa.
O que era um simples burburinho transformou-se instantaneamente em caos.
— O quê?! — exclamou uma das garotas na sala.
— Ele tem uma noiva?! — outra perguntou, incrédula.
Os olhares de choque logo se voltaram para Naoya, que estava sentado próximo à janela. Ele congelou, sentindo uma mistura de confusão e pânico, enquanto as atenções da sala se focavam nele como um holofote.
— Como ele conseguiu uma noiva assim?! — murmurou um dos garotos, com um tom claramente invejoso.
— Não é justo! — disse uma das garotas, com uma voz irritada.
Os olhares que antes eram de admiração direcionados a Mayumi agora se transformavam em olhares assassinos direcionados a Naoya. Comentários hostis começaram a surgir, e o ambiente ficou mais pesado.
— Ele não merece isso.
— Aposto que tem algo de errado aí.
Naoya colocou a mão na testa, tentando processar a situação e, ao mesmo tempo, ignorar os olhares fulminantes de todos ao seu redor.
— Mayumi, o que você está fazendo?! — ele murmurou para si mesmo, com os olhos fixos na garota, que, ao contrário dele, parecia completamente à vontade com a confusão que causara.
Mayumi, percebendo o impacto de suas palavras, sorriu levemente e inclinou a cabeça em direção ao professor.
— Acho que já disse o suficiente. Estou pronta para me sentar.
O professor, claramente surpreso com a reação da turma, pigarreou e tentou retomar o controle.
— Certo, certo. Vamos nos acalmar. Mayumi, por favor, sente-se ali — disse ele, apontando para uma carteira ao lado de Naoya.
Ela caminhou até o lugar indicado, ignorando os cochichos e comentários. Quando passou por Naoya, ela lançou um breve olhar para ele, acompanhado de um sorriso que só o deixou ainda mais desconfortável.
— Isso vai ser um problema... — ele pensou, sentindo que o dia estava longe de terminar tranquilamente.
Ele se virou para Mayumi, admirando-a com o uniforme do mesmo colégio que ele, as perguntas do motivo de ela ter se mudado para a mesma escola cresceu na sua mente.
— Por que você escolheu a mesma escola que eu? — perguntou ele diretamente.
Após as palavras de Naoya acertarem os ouvidos de Mayumi, ela se virou e olhou diretamente para ele.
— Eu…