O Próximo Passo

Caverna dos caídos - 13:20PM

Após os eventos passados, Ryuji, Miyako e Kazuhiko adentravam na caverna, com Ryuji dando suporte pra Kazuhiko caminhar e Miyako segurando Rafael de costume, que o mesmo já tinha até aceitado seu destino de ficar preso.

Kazuhiko: — Sério, me sinto um cadáver ambulante... Nem sinto minhas pernas tocarem o chão.

Ryuji dava um sorriso descontraído, enquanto relembrava que tinha levado um chute no meio de suas pernas.

Ryuji: — Olha... Eu também quase fiquei no seu nível, sério... Não pense que só por que é amigo dela, que irá suavizar a força do chute, nunca faça merda com ela pro começo de conversa.

Kazuhiko riria, de forma dolorosa, fazendo uma careta.

Kazuhiko: — Mesmo que esteja numa condição precária, eu não gostaria de levar um chute dela também...

Miyako os encarava, com um olhar frio e penetrante, sem dizer nada, ela avançava, entrando em um quarto improvisado, onde todos as mobílias era feitas de pedras e lajes, ela colocava Rafael em um canto e se sentava.

Miyako: — Vocês enrolam demais... Coloque-o na cama de uma vez.

Ryuji: — Ah, certo.

Ambos caminhavam mais um pouco, onde Ryuji colocava Kazuhiko na cama de pedra o mais gentil que podia, ele falhava miseravelmente.

Kazuhiko: — Ai, merda! Tá querendo terminar de me matar??

Ryuji: — Desculpa, princesa

Ryuji se afastava, se sentando em uma outra cadeira feito de pedra, e os quatros ficavam se encarando em silêncio por um tempo desconfortável.

Rafael: — É...

Miyako: — Cala a boca!

Rafael soltava algumas lágrimas, vendo que seu destino provavelmente já estava selado. Enquanto Miyako finalmente se levantava em direção de Kazuhiko.

Miyako: — Então é você quem está precisando de assistência médica? Parece que Rafael realmente vai ser útil por uma vez.

Kazuhiko: — Ein? Por que você fala como se não tinha vindo aqui e já me explicou sobre isso?

Rafael finalmente reagiria, fazendo um "X" com os braços como um sinal de negativo.

Rafael: — Vocês estão de sacanagem comigo não é? Vocês me sequestram, me tratam que nem me bosta e me xingam, me oprimem e agora querem que eu cure este mesmo homem que matou um dos meus colegas e o MEU LÍDER?!

Miyako suspirava, já esperando uma resposta como essa desde o início, então ela pegava uma adaga e apontava em seu pescoço.

Miyako: — Escute aqui, seu merda—

Kazuhiko ergueu a mão lentamente, interrompendo Miyako antes que ela pudesse terminar sua frase. Sua expressão era serena, mas carregava um peso que silenciou o ambiente.

Kazuhiko: — Miyako... Não precisa disso.

Ela hesitou por um momento, depois bufou e abaixou a adaga, cruzando os braços e se afastando. Rafael ainda tremia levemente, mas tentava manter uma postura firme.

Kazuhiko: — Rafael… Eu não te culpo por hesitar. No seu lugar, eu também hesitaria. Você perdeu tudo por apenas seguir ordens. Seu líder… Sua posição… Sua segurança. E agora, está aqui, acorrentado, sendo tratado como um prisioneiro.

Rafael desviou o olhar.

Kazuhiko: — Eu entendo. Porque eu já passei por isso, bom... Pelo menos algo semelhante.

Rafael olhou para ele, surpreso.

Kazuhiko: — Eu também fui usado,. Eu também fui jogado pra uma guerra celestial por uma presença maligna que entrou sem mesmo me dar uma opção de ver se era isso mesmo que eu queria. E quando percebi isso, já era tarde demais. Eu já tinha perdido tudo. Minha amiga, Azazel… Meu próprio senso de identidade, e a incansável pensamento que minha família pode estar morta por eu fazer parte do alvo dos anjos.

A voz dele era calma, mas cada palavra carregava um peso doloroso. Rafael sentia isso. Pela primeira vez, olhava para Kazuhiko não como um inimigo, mas como alguém que talvez entendesse sua dor.

Kazuhiko: — Você foi apenas um peão no jogo de Miguel. E quando ele caiu, ninguém voltou para te buscar. Ninguém se importou se você estava vivo ou morto. Você percebe isso, não é?

Rafael apertou os punhos, tremendo.

Rafael: — … Eu percebo.

Kazuhiko fechou os olhos por um momento e respirou fundo antes de continuar.

Kazuhiko: — Eu não quero te explorar, Rafael. Eu não sou Miguel. Não sou um chefe ou quero ser um líder de anjos caídos que apenas dá ordens. Então vou te fazer uma proposta justa.

Ele olhou diretamente nos olhos do arcanjo, sua voz carregada de sinceridade.

Kazuhiko: — Cure minhas feridas… E, em troca, eu te darei liberdade. Você poderá ir para onde quiser, sem correntes, sem ameaças.

O silêncio tomou o quarto. Rafael olhava para Kazuhiko como se tentasse encontrar alguma armadilha oculta em suas palavras. Mas ele não encontrava.

Rafael: — Você está… falando sério?

Kazuhiko apenas assentiu.

O arcanjo fechou os olhos e riu baixinho, incrédulo.

Rafael: — Eu realmente não tenho escolha, não é? Se eu negar, vocês vão me forçar… Se eu aceitar, posso finalmente sair daqui.

Kazuhiko: — Sim. Mas essa decisão ainda é sua.

Rafael soltou um longo suspiro e então se ajoelhou no chão frio. Fechou os olhos, suas asas tremendo levemente enquanto começava a murmurar em uma língua antiga.

Então, aconteceu.

Uma luz verde intensa começou a emanar de seu corpo, preenchendo toda a caverna. Era como se o próprio conceito de cura tivesse se manifestado ali. A energia pulsava, como ondas quentes e reconfortantes, e Kazuhiko sentiu seu corpo inteiro se regenerando. Não apenas suas feridas sumiram, mas sua própria aparência mudou. Ele sentiu sua pele renovada, sua força voltando, como se estivesse renascendo.

Quando a luz diminuiu, ele olhou para suas mãos. Elas estavam limpas, sem cicatrizes. Ele não sentia mais dor.

Miyako: — Isso… foi incrível.

Miyako, com um olhar de surpresa, nunca viu um nível de cura naquele nível, parecia algo impossível de qualquer um fazer isso.

Ryuji: — Isso foi assustador.

Ryuji só cruzou os braços, vendo como aquilo era uma coisa era absurdamente forte.

Kazuhiko se levantou devagar, testando seus movimentos. Ele olhou para Rafael, que ainda estava ajoelhado, um pouco ofegante, como se tivesse gastado uma enorme quantidade de energia.

Kazuhiko: — Obrigado, Rafael.

Rafael apenas suspirou, exausto.

Miyako caminhou até ele e, sem cerimônia, começou a remover as correntes demoníacas. Com um estalo metálico, elas caíram no chão.

Rafael massageou os pulsos, ainda surpreso por estar livre. Ele olhou para Kazuhiko.

Rafael: — Então… É isso? Eu posso ir?

Kazuhiko sorriu levemente.

Kazuhiko: — Pode. Mas… Ir para onde?

Rafael piscou, confuso.

Kazuhiko: — A hierarquia angelical foi destruída. Você não tem mais para onde voltar. E, além disso…

Ele se aproximou, sua expressão brincalhona.

Kazuhiko: — Eu posso muito bem espalhar para todo mundo que "O grande Rafael" curou o inimigo mortal que matou Uriel e Miguel.

Rafael congelou.

Rafael: — … Você não faria isso.

Kazuhiko apenas deu de ombros.

Kazuhiko: — Foi só uma brincadeira.

O arcanjo suspirou pesadamente, percebendo que havia caído direitinho na armadilha mental de Kazuhiko. Mas antes que pudesse se irritar, ouviu algo inesperado.

Kazuhiko: — Rafael… Você não percebeu? Você ainda é puro. Mesmo num sistema angelical corrupto, tudo que queria era passar tempo com seus amigos. Você não podia negar os pedidos deles, então seguiu ordens. Mas, no fim… Você foi usado. Como eu.

Rafael olhou para ele, sentindo uma estranha conexão surgir entre eles.

Kazuhiko ergueu a mão para ele.

Kazuhiko: — Venha para o nosso lado. Aqui, eu vou te mostrar o que é amizade de verdade.

Rafael hesitou.

Kazuhiko: — Aqui, ninguém vai te usar. Aqui, eu irei bater em cada um que tentar te bater. Não importa se você é um humano, um demônio, um anjo caído, um caçador de anjos, ou até mesmo um arcanjo.

Ele sorriu.

Kazuhiko: — Se ficar com a gente… Você será parte da nossa família.

O silêncio reinou na caverna. Rafael olhou para a mão estendida à sua frente. Ele podia recusá-la. Ele podia sair e tentar encontrar um novo propósito sozinho.

Mas ele sabia.

Ninguém mais iria procurá-lo.

Ninguém mais se importava com ele.

Exceto, talvez... essas pessoas.

Lentamente, ele ergueu sua mão e segurou a de Kazuhiko.

Rafael: — … Tá bom.

Kazuhiko sorriu, e Miyako olhou para o lado, cruzando os braços.

Miyako: — Tsc. Tanto trabalho para sequestrar ele e agora ele se junta a nós sem nem precisar de tortura.

Ryuji riu.

Ryuji: — Eu chamo isso de eficiência, nosso colega parece que upou sua persuasão no máximo.

Kazuhiko: — Bem... Agora com que isso foi resolvido, a partir de agora, se eu ver alguém zombando ou ameaçando ele, terá que lidar comigo pessoalmente não sei porquê mas...

Kazuhiko olhava novamente pra Rafael, que estava confuso.

Kazuhiko: — Por algum motivo... Talvez ele seja a pessoa mais importante do nosso esquadrão, e que nos salvará da morte certa...

Depois daquela interação, um estrondo gigantesco aconteceria, tremendo toda a caverna, todos eles ficavam surpresos.

Miyako: — O-O quê?! Ataque inimigo agora?!

Kazuhiko estava sério, parece que sabia que tinha algo muito forte dentro da caverna.

Kazuhiko: — Não temos muito tempo, temos que lutar!

Ryuji: — Isso é loucura, seus poderes nem mesmo retornaram, se tu for, vai ser o mesmo que suicídio.

Kazuhiko: — Não tenho uma escolha! Temos que evitar ainda mais mortes, já não temos muito sobrando!

Um dos soldados caídos entrava no quarto, quando todos já estavam prestes a sair.

Soldado caído: — Relatório! Parece ter uma presença que acabou de adentrar na caverna, e atualmente está na sala do Olho do Conhecimento!

Kazuhiko: — Certo, obrigado pela a informação, todo mundo, vamos!

De forma apressada, todos os caídos, junto com a equipe de Kazuhiko chegavam no local, o ambiente estava coberto por uma aura vermelha, e o grande olho estava fechado, com sangue saindo nele, e no meio, estava uma figura, observando o mesmo.

Kazuhiko: — Mas que merda?! Quem diabos é você?!

O homem que tinha seus cabelos roxos com pontas brancas, sua cicatriz marcante e seu terno com a mesma cor exótica de seu cabelo olhava pro grupo adentrando, vendo Kazuhiko no meio.

???: — Ah sim, eu até mesmo esqueci que tinha sobreviventes por aqui.

Todos os anjos caídos ficaram espantados ao ver a figura, como se eles não só sabem quem ele é, como uma presença única, todos eles ficavam de joelhos, como se fosse automático sem dizerem um palavra, Kazuhiko ficava surpreso com a atitude deles, fazendo o questionar mais ainda quem era aquele.

Kazuhiko: — Eu perguntei... Quem é você?!

???: — Certamente uma criatura barulhenta...hm?

O homem olhava pra Rafael, que o mesmo ficava extremamente irritado, porém ainda parecendo calmo, uma veia aparecia em seu rosto, demonstrando um ódio tremendo.

???: — Ora ora... Parece que fez até mesmo uma amizade com um arcanjo... Esse pedaço de merda, só de ver seu rosto me dá uma vontade de vomitar, vou o finalizar com as minhas próprias mãos, inseto.

O homem calmamente caminharia na direção deles, já cada um sacando sua arma, Miyako era a primeira a avançar, ativando suas adagas e deixando rodeadas de chamas negras, enquanto Ryuji, ainda se mantinha em posição pra sacar sua katana, esperando o momento certo.

???: — Que criatura mais burra... Pulando diretamente pra morte.

Com um simples olhar, Miyako ficava paralisada em pleno ar e com um movimento de olhar, a jogava contra a parede, por algum motivo, não tão forte quanto poderia, Ryuji vendo aquilo, desistiria.

Ryuji: — Esse homem... Não tem aberturas, ele é invencível...

Ryuji permanecia paralisado, sentindo um medo anormal crescendo sobre ele.

Ryuji: — Que merda é essa?! Meu corpo não se move...

O homem casualmente continuava a andar, já colocando Rafael em seus joelhos com a presença que estava esmagando o Arcanjo, porém, antes de avançar mais, Kazuhiko entrava na frente do homem.

Kazuhiko: — Isso é o máximo que tu vai passar.

Miyako, ainda se recuperando de ter sido jogada que nem boneca contra a parede, olhava a cena e viu Kazuhiko, frente a frente com o homem misterioso.

Miyako: — Sai daí seu louco! Tu não tem nenhuma chance sem seus poderes!!

Kazuhiko a ignorava, o encarando por baixo, já que o homem era ridiculamente grande, em torno dos 1,90 metros de altura, o homem o encarava, com mais uma veia aparecendo em seu rosto.

???: — Saia da minha frente, ou eu realmente irei te matar.

Kazuhiko dava apenas uma risada nervosa, batendo no seu peito com o punho.

Kazuhiko: — Pode vir! Quero ver tentar, eu já disse que não irei perdoar ninguém que ameaçar Rafael, um novo integrante da minha família!

Com aquelas palavras, tudo ficava um silêncio, os anjos caídos não podiam fazer nada além de reverenciar aquele homem, Ryuji estava paralisado, Rafael com medo, e a Miyako ainda se recuperando, o homem encarava Kazuhiko, que mesmo sabendo que não tinha poder algum, demonstrava um leve sorriso, em seguida de uma gargalhada que tremia toda a caverna, era tão alto que todos tampavam seus ouvidos, menos Kazuhiko, que não recuava em nenhum momento.

???: — Aiai... sério, faz um tempo que não rio tanto desse jeito... Eu começo a ver por que meu filho gostou tanto de você, Kazuhiko Shogo.

Kazuhiko, confuso, olhava pra ele, parecendo que o homem sabia muita coisa sobre ele.

Kazuhiko: — Merda, só quem é você?! E que filho é esse??

O homem riria mais um pouco, e logo se afastava um pouco, com a aura que antes emanava toda a sala, se comprimindo até o ambiente voltar ao mesmo, Ryuji saía do seu estado paralisado, e Rafael ficava tão confuso quanto Kazuhiko.

???: — Ah certo, ninguém daqui tirando os anjos caídos me conhecem, muito bem.

O homem se virava novamente, desta vez jogando várias flores na sala, que as mesmas se multiplicavam e já inundavam todo o chão, ele colocava sua mão em seu peito e reverencia perante Kazuhiko.

???: — Muito prazer... Meu nome é Lúcifer, o grande criador da organização rebelde dos anjos caídos e pai do falecido líder dos anjos caídos, Azazel.

O silêncio que se seguiu foi esmagador. Todos os anjos caídos já sabiam a verdade, mas ouvir aquele nome diretamente da boca do próprio Lúcifer era como um golpe final em suas almas. Kazuhiko ficou estático por um momento, tentando processar tudo.

Miyako arregalou os olhos, sua mente lutando para compreender a presença da própria entidade que desafiou os céus. Ryuji engoliu em seco, sentindo o suor escorrer por sua testa. Rafael, no entanto, foi quem mais sentiu o impacto. Seus olhos tremiam de puro choque e confusão. Um arcanjo, ajoelhado perante o rei dos anjos caídos.

Kazuhiko deu um passo à frente, ainda atordoado.

Kazuhiko: — Então... você é o pai de Azazel?

Lúcifer abriu um sorriso leve, mas seus olhos carregavam uma profundidade sombria.

Lúcifer: — Sim. E foi uma pena... ele era um demônio de cabeça quente, mas ainda assim, meu filho, além de um grande líder, por isso e muito mais, não posso abandoná-lo nesse planeta.

O nome de Azazel fez o peito de Kazuhiko pesar. Ele se lembrou do sacrifício dele, da forma como caiu, e agora estava diante do próprio pai do falecido líder dos anjos caídos. Mas por que Lúcifer estava ali?

Kazuhiko: — O que você quer, Lúcifer?

Lúcifer virou-se de lado, observando o Olho do Conhecimento coberto de sangue.

Lúcifer: — Simples. Avisar o que está por vir... e levar o corpo do meu filho comigo.

Todos ficaram em alerta ao ouvir aquilo. Os anjos caídos hesitaram, mas nenhum ousou contestar Lúcifer. Kazuhiko, no entanto, deu um passo à frente.

Kazuhiko: — Você quer levá-lo pro inferno?

Lúcifer o olhou diretamente nos olhos.

Lúcifer: — Onde mais ele deveria estar? Ele pode ter falhado, mas Azazel foi um líder, um guerreiro... E fico surpreso, vocês Shogos sempre conseguem me entreter, vocês realmente são únicos.

Kazuhiko ficou sem palavras por um momento. O peso das dúvidas que tinha sobre quem ele realmente era, e num pisque em sua memória, ele lembraria de seu pai.

Kazuhiko: — Espere... E o meu pai? O que você disse antes... Você sabe algo sobre ele? Onde ele está?!

A sua voz era preenchida por um certo desespero, mas Lúcifer parecia não se importar muito sobre isso.

Lúcifer: — Olha, não posso dizer nada sobre isso, é extremamente confidencial, e se ele souber disso, ele vai destruir pelo menos a metade do inferno, e não quero isso pro meu reino, aquele homem é realmente perigoso, mas eu sinto que em breve vocês se reencontraram.

Lúcifer em alguns instantes, desaparecia e reaparecia com o corpo de Azazel, que ainda estava bastante conservado.

Lúcifer: — Agora, sobre o próximo passo, não tenho muito tempo...

Ele então caminhou lentamente até Kazuhiko. O jovem sentiu a presença esmagadora de Lúcifer mais uma vez, mas, mesmo assim, não recuou.

Lúcifer ergueu a mão e tocou a testa de Kazuhiko com dois dedos.

Lúcifer: — Acorda.

Uma explosão de energia percorreu o corpo de Kazuhiko. Seu coração acelerou, seus músculos se contraíram e sua mente foi jogada num turbilhão de memórias e poder. Ele sentiu seu espírito queimar, como se algo dentro dele estivesse sendo despertado à força.

E então, em meio à escuridão de sua mente, uma voz ecoou.

Kokuei: ((Tsc... até que enfim, moleque.))

Kazuhiko arregalou os olhos ao sentir uma força familiar ressurgir dentro de si. Seu corpo pulsava com energia, seu sangue fervia, e a dor da ausência de poder desaparecia.

Lúcifer recuou, observando Kazuhiko recuperar seu fôlego.

Lúcifer: — Você vai precisar disso se quiser sobreviver ao que vem a seguir.

Kazuhiko olhou para suas próprias mãos, sentindo o retorno de sua força. Era como se uma parte de si que havia sido arrancada finalmente tivesse voltado ao lugar.

Lúcifer então se afastou e virou-se para o grupo uma última vez.

Lúcifer: — Esse é o último desafio antes da grande jornada... o verdadeiro teste que decidirá se vocês têm o direito de continuar.

Ele fez uma pausa dramática antes de revelar a verdade:

Lúcifer: — Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse estão a caminho.

Todos ficaram em choque. Ryuji e Miyako se entreolharam, incapazes de esconder o terror no olhar. Rafael arregalou os olhos.

Kazuhiko, ainda sentindo a energia correr por seu corpo, cerrou os punhos.

Kazuhiko: — Então é isso... Se eu fizer isso, eu poderei ver meu pai?

Lúcifer sorriu levemente.

Lúcifer: — Quem sabe... Nos veremos de novo, Kazuhiko Shogo, não me esquecerei do rosto da pessoa que fez meu filho ficar feliz.

E com isso, ele desapareceu na Escuridão, junto com o corpo de Azazel.

Continua...