Estratégia

Caverna dos Caídos – 13:30 PM

Lúcifer havia desaparecido como se nunca tivesse estado lá. O corpo de Azazel também sumira, e Kazuhiko questionava se isso tinha um significado mais profundo. Ele sabia que não era apenas um capricho do inferno—havia algo a mais nessa decisão. Mas antes que pudesse aprofundar seus pensamentos, uma voz ecoou em sua mente.

Kokuei: ((Você pensa demais em um cadáver, Kazuhiko. Acho que está se esquecendo do que realmente importa: a qualquer momento, outra guerra pode começar, e os Quatro Cavaleiros serão os protagonistas. Você deveria focar em bolar uma estratégia, porque, para ser sincero… com seu time atual, seria um milagre se conseguisse derrotar ao menos um deles.))

Kazuhiko cerrou os punhos. Ele sabia que Kokuei estava certo.

Kazuhiko: ((Eu sei disso. Devo agradecer a Lúcifer por ter liberado os Pecados dentro de mim novamente e por me dar informações valiosas… mas, antes de mais nada, como eu perdi tudo em apenas uma batalha?))

Kokuei: ((Eu não te avisei antes porque não houve tempo, mas alguns anjos da hierarquia mais alta possuem selos passivos. Esses selos se ativam automaticamente quando o anjo é derrotado, erradicando qualquer mal dentro de um certo raio. Como você enfrentou Hiroy, é provável que ele possuísse esse poder.))

Kazuhiko: ((Isso não me tornaria inútil sempre que matasse um anjo superior com esse tipo de habilidade?))

Kokuei: ((Boa pergunta. Existem algumas exceções, como Lúcifer. Ele é imune a esse tipo de coisa. Pelo que me lembro, ele disse que usava um artefato único, mas não faço ideia de onde ele possa estar.))

Kazuhiko: ((Entendo… e afinal, como você sabe de tudo isso?))

Kokuei: ((Você me subestima. Esqueceu que eu tive um caso com o "Senhor"? Sou uma entidade, Kazuhiko. Conversar com Lúcifer e outras entidades divinas faz parte da minha existência.))

Kazuhiko refletiu por um momento antes de soltar sua pergunta seguinte.

Kazuhiko: ((Então isso significa que você tem informações sobre o que está por vir… os Cavaleiros.))

Kokuei: ((Ah… eles. Faz muito tempo que não tenho contato com aqueles demônios. Nem mesmo eu gosto de ficar perto deles. São imprevisíveis, suas intenções mudam constantemente, e ninguém sabe se servem alguém de fato ou apenas seguem seus próprios desejos. O que importa é que, no momento, eles decidiram que querem esta guerra. E quem está puxando as cordas disso tudo… bem, é óbvio.))

Kazuhiko sentiu uma leve pontada na cabeça antes que a voz de Kokuei ressoasse mais claramente.

Kokuei: ((Primeiro, Enoch, o Tirano Dourado. Ele acredita ser um rei destinado a governar tudo o que existe. Mas não se engane, ele não lidera exércitos—ele os rouba. Sua aura faz com que até seus próprios inimigos o sigam cegamente. Quando ele chega, não há batalhas. Há apenas traição e rendição. Você pode pensar que tem aliados, mas na presença dele… todos podem se tornar seus servos.))

Kokuei riu de leve antes de continuar.

Kokuei: ((Depois temos Raiden, o Flagelo Carmesim. Ele foi o primeiro a erguer sua lâmina nesta guerra. Ele não precisa de motivos para lutar. A própria batalha é seu prazer, seu propósito. Não existe raciocínio com ele, não existe negociação. Se ele o vê como inimigo, então você será destruído, não importa o que aconteça. Seu corpo está em constante combustão, queimando tudo ao seu redor. Você pode chamá-lo de espadachim, mas a verdade é que ele é um desastre natural em forma humana.))

Kazuhiko engoliu em seco. Mesmo sem ver os Cavaleiros, Kokuei transmitia a brutalidade deles com clareza.

Kokuei: ((E então, Nergal, o Devorador de Mundos. Se fome fosse uma entidade, seria ele. Mas sua fome não é apenas por comida. Ele devora a própria existência ao seu redor—poder, magia, almas, tudo. Ele não se alimenta porque precisa, mas porque o vácuo dentro dele nunca será preenchido. E você acha que pode lutar contra isso? Não. Você pode apenas tentar sobreviver antes de ser engolido pela ausência que ele representa.))

Havia apenas um último nome a ser dito.

Kokuei: ((Por fim, Abaddon, o Rei do Vazio. Aquele que não precisa lutar, pois tudo que existe um dia cairá diante dele. Sua lâmina não mata—ela apaga. Aqueles que ele julga dignos de seu toque não apenas morrem. Eles desaparecem. Sem alma, sem memória, sem legado. Você não pode ressuscitar alguém que foi apagado por Abaddon, porque nem mesmo os deuses se lembram deles. Ele é o fim inevitável.))

Um silêncio denso tomou conta da mente de Kazuhiko. Ele sentia a respiração pesada, processando cada palavra.

Kazuhiko: ((... Então… não importa o que eu faça, eles virão.))

Kokuei sorriu de forma maliciosa em sua mente.

Kokuei: ((Oh, sim. Eles virão. E quando chegarem, Kazuhiko, você verá que o verdadeiro Apocalipse nunca foi apenas uma profecia… mas uma promessa.))

Kazuhiko: (( Novamente sou o centro disso tudo, meus amigos... este planeta pode simplesmente virar uma cópia do inferno... Preciso de mais poder de fogo, mesmo se eu desse a minha vida, sinto que esses quatro são bem piores que Hiroy.))

Kokuei: (( e pode apostar que sim, são lendas que não foram criadas pelo "Senhor" e sim, apenas nascidas, se tornando soldados primordiais que fazem o que desejam, por milênios atrás tu até poderia ter uma chance... Mas agora, todos eles estão em auge. E sobre poder de fogo... Não se preocupe, eu sinto que novas forças aparecerão, em breve))

Kazuhiko: (Merda, merda! Eu realmente tenho que fazer algo... Mas o quê? O que diabos eu faço??!)

Antes que Kokuei pudesse responder, Miyako percebeu a frustração estampada no rosto de Kazuhiko. Sem hesitar, ela se aproximou e pousou a mão sobre seu ombro.

Miyako: — Ei, você tá bem? Ficou aí paradão neste canto, suando feito um porco... Por acaso tá apertado pra cagar?

Kazuhiko se sobressaltou, seu semblante sério desmoronando para dar lugar a um misto de desconforto e confusão. Enquanto isso, Miyako ria baixinho, cobrindo o sorriso com a mão.

Kazuhiko: — Sua idiota! Óbvio que não! Eu só… estou ansioso com o que está por vir. Isso pode ser demais para mim... Não, para todos nós.

Miyako suspirou, dando-lhe um leve tapa nas costas.

Miyako: — Você fala isso, mas esqueceu que, junto com cem anjos caídos e seu líder, conseguiu exterminar mais de noventa mil anjos e ainda derrotar o comandante deles? Olha, pra mim, isso já era algo impossível… Mas olha onde você tá agora. E, dessa vez, não está sozinho. A gente pode não ser os mais fortes agora, mas vamos lutar com tudo que temos. Então para com isso. Nós somos uma família, não somos? Você mesmo disse. E família não deixa ninguém se afundar sozinho.

Kazuhiko ficou em silêncio por um momento, surpreso. Era sempre assim… Miyako aparecia do nada e dizia exatamente o que ele precisava ouvir. Ele desviou o olhar, coçando a cabeça com um rubor discreto no rosto, mas logo abriu um pequeno sorriso.

Kazuhiko: — Você tem razão… Não importa se isso parecer impossível. Enquanto estivermos juntos, seremos invencíveis. Obrigado, Miyako.

Ao ouvir isso e ver o sorriso genuíno no rosto de Kazuhiko, Miyako corou instantaneamente. Seu olhar vacilou, e, como se fosse uma defesa automática, sua atitude mudou completamente.

Miyako: — Seu merda, eu só falei isso porque não quero um líder se cagando nas calças na hora da luta! Agora vem logo, você já ficou tempo demais nesse canto!

Antes que ele pudesse responder, ela o agarrou pelo braço e o arrastou até onde estavam Ryuji, Rafael e alguns outros Caídos. Mas, em vez de reclamar, Kazuhiko apenas sorriu, aproveitando aquele momento.

No inferno

Scarlett e Ryōshi continuavam massacrando monstros sem parar. Onde o tempo era bem mais rápido comparado na dimensão normal, eles passariam 10 dias em apenas meia hora no que seria na Terra, onde a maior parte do trabalho era feita apenas por Ryōshi, enquanto Scarlett assistia com um sorriso sádico, deliciando-se com o sofrimento alheio.

Scarlett: — Você é insano! Está há dez dias inteiros lutando, procurando por Lúcifer… você é realmente um humano??

Scarlett se movia de maneira peculiar, rápida e imprevisível, eliminando qualquer monstro em seu caminho sem nem ao menos olhar para eles. Parecia que apenas sua presença já era suficiente para fazê-los desaparecer da existência.

Ryōshi começava a demonstrar sinais de cansaço. Afinal, apesar de todas as modificações que sofreu, ele ainda era humano. Mas mesmo exausto, seu domínio da espada permanecia afiado. Ele desferiu um corte aparentemente simples no ar e, ao guardar sua lâmina na bainha coberta por esculturas em latim, tudo ao seu redor foi cortado ao meio.

Incluindo Scarlett.

A metade superior de Scarlett flutuava, gargalhando enquanto via sua parte inferior despencar.

Scarlett: — Olha minhas pernas! Eu tenho umas entranhas até que bem bonitas, hahaha!

Ryōshi ignorou a reação do demônio e murmurou com uma expressão séria:

Ryōshi: — Eu preciso encontrá-lo… senão, meu filho realmente irá morrer…

E, como se aquelas palavras fossem um comando, Lúcifer apareceu diante dele, carregando o corpo sem vida de Azazel em seu braço. Ele olhou diretamente para Ryōshi, ignorando completamente Scarlett.

Lúcifer: — Por acaso estava procurando por mim?

A surpresa de Ryōshi foi rapidamente substituída pela raiva.

Ryōshi: — Você enlouqueceu?! Como pode simplesmente sumir do inferno para ir à Terra assim?! Você tem noção do que poderia ter acontecido se tivesse desaparecido por mais tempo?!

Lúcifer deu uma breve olhada ao redor, observando o cenário coberto de cadáveres e a trilha interminável de monstros decepados. Por um instante, demonstrou um leve interesse.

Lúcifer: — Impressionante. Eu realmente não esperava que tu conseguiria segurar tudo isso sozinho por tanto tempo. Eu só precisei buscar o corpo de Azazel… além de ter o privilégio de conhecer teu filho.

Lúcifer fez uma pausa, refletindo antes de continuar:

— Tenho que admitir… além de ser exatamente tão impulsivo e primitivo quanto você, ele tem um potencial gigantesco. Parece carregar uma maldição ainda maior que a sua, Ryōshi.

Ryōshi abriu a boca para responder, mas, antes que pudesse dizer qualquer coisa, Scarlett interrompeu a conversa, flutuando casualmente entre eles, de cabeça para baixo.

Scarlett: — Hmmm… Então você é Lúcifer? Realmente parece assustador. E ei… parece que você também gosta de carregar corpos mortos por aí, que nem eu!!

Lúcifer recuou levemente, criando uma distância de segurança. Pela primeira vez em muito tempo, algo parecia incomodá-lo.

Lúcifer: — Você… é estranho. Não te reconheço e nem mesmo sinto sua presença. Por acaso seria uma daquelas "crianças"?

Scarlett: — Não me compare com aqueles idiotas! Eu sou bem melhor! Sou independente e não preciso seguir ninguém! Eu apenas encontrei esse humano perambulando e me interessei… então estou seguindo ele por enquanto.

Lúcifer estreitou os olhos, analisando Scarlett.

((Esse cara… eu não consigo medir seu nível de maldição. É como se ele fosse um completo nada… Eu preciso ter cuidado com essa criatura.))

Lúcifer exalou, visivelmente desinteressado.

Lúcifer: — Saia da minha frente. Não vê que estávamos conversando?

Scarlett: — Hm… Sem graça. Só não te mato porque faz a mesma coisa que eu gosto de fazer…

Scarlett flutuou para o lado, girando no ar enquanto continuava a observá-los com um sorriso distorcido.

Lúcifer voltou sua atenção para Ryōshi.

Lúcifer:

— Agora, sobre o motivo de eu estar aqui… Sei que Kazuhiko tem um potencial amaldiçoado gigantesco, mas, Ryōshi, você sabe tão bem quanto eu que é impossível ele vencer esta guerra.

Lúcifer cruzou os braços, a sombra de um sorriso surgindo em seu rosto.

— Não importa se ele usar tudo o que tem no arsenal, ele apenas morreria.

Ryōshi franziu a testa, cerrando os punhos.

Ryōshi: — Então você só veio aqui para me dizer que meu filho está condenado?!

Lúcifer: — Não. Eu decidi ajudá-lo… só desta vez.

Os olhos de Ryōshi se arregalaram em surpresa.

Lúcifer: — Eu enviarei três dos meus soldados mais leais e poderosos para lutar ao lado dele. Beelzebub, Asmodeus e Leviathan.

Os nomes ecoaram pelo ambiente como se carregassem um peso próprio. Ryōshi sentiu a gravidade da situação aumentando.

Ryōshi: — Você tem certeza disso? A burocracia infernal permite algo assim?

Lúcifer riu baixinho.

Lúcifer: — Com minha autoridade especial sobre os termos para subir à dimensão normal… talvez não tenhamos problemas.

O Príncipe do Inferno olhou diretamente para Ryōshi, seus olhos queimando com um brilho intenso.

— Mas Ryōshi, se nem mesmo com essa ajuda Kazuhiko for capaz de vencer… então ele nunca teve chances desde o começo.

Ryōshi estava extremamente irritado, seus punhos tremiam e tudo que ele podia pensar naquele momento era sair daquele lugar e ajudar seu filho, mas ele sabe que não pode fazer isso.

Ryōshi: — Eu apenas, queria poder sair daqui, estou aqui a 3 anos e sinto que fiz nenhum progresso na minha missão aqui...

Lúcifer apenas dava uma leve risada, desta vez se virando, indo na direção onde muito de longe daria pra ver um gigantesco castelo.

Lúcifer: — Não se preocupe... Sua missão se finalizará com sucesso, apenas continue o bom trabalho para liberar seu potencial máximo, e daí sim poderá se tornar um humano com potencial divino, já que você faria de tudo pra proteger a sua família, não é mesmo?

Ryōshi permanecia quieto, olhando pro relógio dele, onde o ponteiro estava ainda mais próximo do Apocalipse, ele sabia que o que estaria pra acontecer, seria catastrófico. Scarlett permanecia suas risadas, enquanto ainda flutuava.

Scarlett: — Parece que... As coisas começarão a esquentar lá fora, eu queria ver... Será que posso fazer isso??

Ryōshi apenas o ignorava, vendo Lúcifer desaparecer no horizonte, ele lembraria de sua missão no começo de conversa.

Ryōshi: — Beleza... Vamos ver.

Ele tirava um pergaminho antigo de seu bolso, o mesmo tirava o selo que continha um poder bem oculto, uma leve explosão ocorreria assim que ele tirasse, o pergaminho parecia agora ter uma vida própria, saindo de sua mão e se abrindo em pleno ar, agora estando estática. Scarlett ao olhar aquilo, seu sorriso desaparecia, ao ver a lista absurda que continha pra despertar o seu potencial em nível divino.

Ryōshi: — Vejamos... ainda falta muita coisa.

Pergaminho Sagrado de Ryōshi

"Aqueles que merecem serão aqueles que trabalham. Não existe força sem treino, não existe poder sem sacrifício, não existe ambiguidade sem a ganância. Se tu quiser ser aquele a ser escolhido, complete esta lista. Apenas então, transcenderás."

Regras Fundamentais:

1. A cada erro, um preço – Se falhar em qualquer etapa, será punido com a perda de uma parte da sua essência. Se cair para menos de 30%, serás apagado da existência.

2. A senda não aceita covardes – Nenhum obstáculo pode ser evitado ou burlado. Caso tente, será reiniciado desde o começo, sem memória do progresso anterior.

3. Tempo é irrelevante – O pergaminho não possui um limite de tempo. No entanto, a cada milênio sem progresso, um fragmento da alma será corroído.

4. O testemunho do cosmos – Cada ação será gravada nas estrelas. Mentir ou trapacear resultará na ira das entidades superiores.

5. A porta se fecha para os indignos – Se for considerado indigno a qualquer momento, o pergaminho desaparecerá e jamais será recuperado.

Provas da Ascensão:

1. Extermínio das Anomalias Demoníacas

"O primeiro passo é livrar o cosmos das impurezas."

— Matar 1 quadrilhão de anomalias demoníacas.

— Processo: (358.987.451.634.841 / 1.000.000.000.000.000)

— Abreviado: (358 trilhões/ 1 quadrilhão)

2. A Jornada dos Cem Reinos Esquecidos

"Caminhe pelos cem reinos caídos e colete suas chamas espirituais."

— Encontrar e absorver as almas de 100 governantes esquecidos, cada um protegido por um exército de espectros indomáveis.

— Se falhar em coletar pelo menos 90% das chamas, todo o progresso será resetado.

3. A Derrubada do Colosso Celestial

"O terceiro passo exige força e estratégia, pois até os deuses tremem diante do Colosso."

— Derrotar o Colosso Celestial, um titã que transcende as galáxias.

— Ele se regenera a cada 24 horas. Deve ser destruído em um único golpe final absoluto, ou retornará mais forte.

4. O Julgamento das Sete Eternidades

"A mente dos mortais se curva diante da eternidade. Tu deves suportá-la."

— Ser aprisionado por sete eternidades em um limbo onde o tempo não existe.

— Se sucumbir à loucura ou perder a identidade, tornar-se-á parte do limbo para sempre.

5. A Provação dos Deuses Esquecidos

"Quando o próprio tempo se inclinar diante de ti, os antigos deuses virão para testar tua alma."

— Sobreviver a um duelo contra cinco deuses esquecidos, cada um possuindo poder absoluto sobre uma lei do universo.

— Se um único deles te julgar indigno, serás erradicado antes do amanhecer seguinte.

6. O Fim do Próprio Destino

"Tu não podes transcender enquanto fores uma peça do jogo. Torna-te o mestre."

— Enfrentar e derrotar o Guardião do Destino, aquele que controla todas as linhas do tempo.

— Para isso, é necessário queimar a própria linha do tempo, deixando de existir por um instante antes de renascer.

7. O Último Sacrifício

"Para receber tudo, deve estar disposto a perder tudo."

— Sacrificar seu nome, sua história e seu propósito.

— Se for incapaz de seguir em frente sem eles, então jamais foste digno da transcendência.

Conclusão:

"Aquele que completar todas as provas terá seu nome gravado no firmamento e ascenderá além dos limites da criação. Mas cuidado: nem todos os que chegam ao fim desejam continuar."

Scarlett ao ler tudo, aquele sorriso desaparecia, olhando diretamente pra Ryōshi.

Scarlett: — Você é um homem louco... Até aonde você deseja ir ora conseguir tal poder?

Ryōshi pegava o pergaminho do ar, colocando o selo novamente, o que fazia o pergaminho parar de debater, olhando pra uma nova horda interminável de monstros vindo até ele e retirando sua espada da sua bainha.

Ryōshi: — Você nunca entenderá, o que um homem pode fazer pra proteger sua família.

Seus olhos brilhavam num vermelho intenso, Scarlett já não via mais graça naquilo, mas não deixava de dar um sorriso.

Scarlett: — Que bom que meus olhos não me enganaram... Você realmente é alguém diferente, Ryōshi.

Na terra

A terra tremeu. Não como um terremoto natural, mas como se o próprio mundo tivesse prendido a respiração diante do que estava prestes a acontecer.

Kazuhiko sentiu a pressão no ar mudar, como se algo muito maior que ele estivesse se aproximando. Ele já tinha experimentado a sensação de presenças avassaladoras antes, mas essa... essa era diferente. Era um peso ancestral, algo que carregava a essência da destruição e do pecado.

De dentro da caverna, ele olhava para fora, o vento gélido açoitando seu rosto. As sombras se contorceram na entrada, como se o próprio mundo temesse as entidades que se aproximavam.

Foi então que eles apareceram.

Três figuras colossais emergiram das trevas, cada uma exalando uma aura de puro domínio. Eles não precisavam falar para serem reconhecidos; suas presenças gritavam seus nomes na mente de Kazuhiko.

Beelzebub, o Senhor das Moscas, pisava com imponência, seu corpo coberto por um manto negro pulsante, como se fosse feito de sombras vivas. Seus olhos cobertos pelo seus cabelos, mas brilhavam como brasas famintas, e um enxame de insetos girava ao seu redor, sussurrando segredos impuros ao vento.

Asmodeus, o Príncipe da Luxúria, caminhava com uma elegância cruel. Sua presença era intoxicante, e Kazuhiko sentiu sua mente ser invadida por um desejo súbito e incontrolável de se aproximar. Seu sorriso era enigmático, quase debochado, como se já soubesse exatamente o que todos ali estavam pensando.

Leviathan, a Serpente dos Mares, se movia com a calma de quem poderia destruir tudo a qualquer momento. Seu olhar era profundo como um abismo sem fim, carregando um peso de eras incontáveis. O próprio ar parecia se tornar mais denso com sua chegada, como se o mundo estivesse prestes a ser engolido pelo oceano de sua existência.

Kazuhiko automaticamente colocou a mão no cabo de sua lâmina, seus músculos tensos, prontos para a batalha. Seu instinto gritava que estava diante de inimigos mortais.

— Se querem lutar, fiquem à vontade — disse ele, tentando soar inabalável, mesmo com o suor frio escorrendo por sua nuca.

Beelzebub riu. Um som gutural, repleto de ecos sinistros.

Beelzebub: — Relaxa, garoto. Se quiséssemos te matar, já teria acontecido.

Kazuhiko estreitou os olhos, sem baixar a guarda.

Asmodeus deu um passo à frente, observando-o como um predador curioso diante de uma presa que ainda não decidiu se vale a pena devorar.

Asmodeus: — Viemos aqui por ordens superiores. Nosso mestre deseja que você saia vitorioso na guerra contra os Cavaleiros.

Kazuhiko sentiu um arrepio na espinha.

Kazuhiko: — Mestre? Por acaso você está dizendo do...

Foi Leviathan quem respondeu, sua voz carregando o peso das profundezas, acenando com a cabeça.

Leviathan: — Isso mesmo, Lúcifer nos enviou. Estamos aqui para garantir que você cumpra seu destino.

O silêncio se estendeu por um momento. Kazuhiko sentiu seu coração martelando no peito.

Lúcifer. O próprio Senhor do Inferno havia enviado seus príncipes para auxiliá-lo.

Isso mudava tudo.

Ele engoliu em seco, encarando as três entidades à sua frente.

Kazuhiko: — Heh... Parece que Lúcifer no final das contas, se interessou por mim..

A guerra contra os Cavaleiros havia acabado de se tornar muito mais séria.

Continua…