Antártica - 15:00PM
Castiel e Kazuhiko estavam lutando incansavelmente, cada soco e golpe que eles realizavam tremia toda a antártica, parecia que estava prestes a desmonorar a cada segundo passado.
Beelzebub tinha finalmente movimentado, Raiden estava morrendo de excitação, ele estava esperando aquele momento desde o início dessa guerra afinal, lutar.
Raiden: — Isso... Venha!! Samá, envie a primeira frota pra interditar o movimento de Beelzebub, eu descerei logo depois.
Samá: — Acho que isso não será mais possível, meu lorde...
Raiden: — Ahn? Enlouqueceu? Como assim?
Raiden olhava novamente para a frente, e agora via algo chocante.
Beelzebub: — Bom, aqui já é o suficiente, todas as tropas, recuar.
O exército inteiro dava meia volta, e simplesmente iriam embora, deixando todos os soldados de Raiden confusos, e principalmente Raiden, que estava estático.
Raiden: — Como eles podem fazer algo desse tipo... Na minha frente...
Samá: — Acalme-se, meu lorde. Isso é obviamente uma tática de te fazer irritado e estragar nossa formação para perseguir ele.
Raiden: — Foda-se.
Raiden começava a descer de sua base, com uma aura que emanava morte, Samá o perseguia.
Samá: — Novamente, eu pedi pra você se acalmar! Como seu general, não posso deixar meu lorde cair numa armadilha tão óbvia como essa—
Raiden: — Samá... Você sabe por quê eu fui escolhido pra ser um cavaleiro do Apocalipse da Guerra?
Samá: — É Por que você gosta de lutar?
Raiden: — Não. Por que é essa a essência da humanidade desde seus tempos iniciais. Eu nasci no meio da guerra, minha mãe deu a luz de mim enquanto soldados atiravam incansavelmente para a proteger.
Samá: — Eu entendo como se sente meu lorde, mas não é por quê você trabalha com isso significa que você pode simplesmente —
Raiden: — Eu odeio todos, Samá. Eu nunca entendi por que eles tinham que lutar, morrer pra uma nação, a ganância humana de sempre querer mais território, mais poder, e agora estou indo para demonstrar a você, como a ganância pode afetar todos nós.
Assim, Raiden junto com Samá partiriam rapidamente na perseguição de Beelzebub.
Beelzebub: — Como esperado... Morderam a isca.
Miyako olhava pra atrás, vendo e analisando qualquer sinal, mas ela notava algo incomum.
Miyako: — Eles... Estão nos seguindo no mesmo ritmo que a gente, acho que a intenção deles não é nos perseguir, mas sim apenas manter uma certa distância entre nós.
Beelzebub: — Estranho, isso não algo que imaginaria um cavaleiro da Guerra fazer, será que me enganei sobre este Raiden?
Raiden os acompanhava, em cima de seu cavalo vermelho, sua aura ainda permanece instável e prestes a explodir, mas ele permanecia calmo, Samá que estava ao seu lado tentava compreender o que Raiden estava querendo fazer.
Raiden: — Nós humanos, nascemos pra um objetivo pleno e auto explicativo, Samá.
Samá: — ?
Raiden: — Você sabe por quê eu te recutrei como um dos meus campeões, mesmo sendo um mero humano?
Samá: — Acho que é por que eu matei aqueles soldados filisteus completamente sozinho.
Raiden: — Não. Não importa se tu mata 1, 10, 100 ou até mil soldados sozinho, eu vi algum em você. O desejo de viver.
Samá: — O desejo... De viver?
Raiden: — Exatamente, você nunca questionou o motivo dos soldados sempre irem pra guerra, mesmo sabendo que sua vida esteja em jogo?
Samá: — Pra proteger sua nação, obviamente...
Raiden: — Inicialmente, até que pode ser, mas ao decorrer da guerra, nada daquilo importa mais, e daí que a verdadeira essência dos humanos brilham... O desejo de viver.
Raiden afirmava seu punho, enquanto estendia até Beelzebub.
Raiden: — "Lute para viver" foi essas as palavras finais da minha mãe após ser morta em uma explosão dos inimigos. Eu ainda era uma criança de 4 anos, mas mesmo assim, eu tive que pegar uma arma pra continuar vivendo. É por isso, que toda a guerra é sobre continuar vivendo, um teste para ver o qual necessário precisa ser pra continuar com a sua vida, alguns fazem coisas absurdas com sua própria espécie, e eu vejo nos olhos daquele ser...
Raiden agora parava por um momento, ao observar mais a figura de Beelzebub.
Raiden: — Ele não tem desejo de viver, lutar ou muito menos sentir a sensação, o fogo da sua vida, gritando para continuar vivo. Tudo aquilo é uma casca para a escuridão que ele carrega, e é por isso que rasgarei sua pele e irei te mostrar como é viver.
Samá: — ...Eu nunca te vi assim, você ficou assim só por causa dele?
Raiden permanecia quieto, agora se movimentando novamente, seguindo o exército de Beelzebub.
Beelzebub virou-se levemente sobre o cavalo, sua expressão agora ficava tão vazia que nem mesmo a sombra da empolgação ou do medo surgia em seus olhos. Apenas um murmúrio escapou de seus lábios.
Beelzebub: — Você ainda não entendeu, não é? Eu nunca estive fugindo.
O chão abaixo de Raiden tremeu. O céu escureceu. Uma energia sufocante dominou o campo de batalha, mas Raiden continuava calmo, seguindo até ele lentamente.
Raiden: — Você está perdido, Beelzebub. você usa táticas militares apenas para esconder o fato de você não se importar com isso, aposto que você não queria estar aqui, e sim no puro abismo do seu amado inferno... Mas agora vou te mostrar, como é viver de verdade.
Beelzebub: — Que seja, irei destruir completamente sua ideologia te matando bem aqui.
Ele levantava a franja dele que cobria seus olhos, os mesmos brilhavam intensamente em suas cores diferentes, e ele ficava com um sorriso medonho.
Raiden: — Então era real, você se esconde da realidade pra esconder sua loucura... Muito bem.
Assim, como antigamente na guerra santa, o tempo parava completamente, deixando todos imóveis, Raiden iria caminhando, ignorando completamente a frota de defesa do inimigo e ficando frente a frente de Beelzebub.
Raiden: — Você é estupidamente lento para uma mosca.
Raiden estendia sua mão até Beelzebub, mas o olho de cor azul de Beelzebub brilhava ainda mais, criando uma barreira invisível ao seu redor, que após atravessar um pouco, a pele, carne e músculos da mão de Raiden eram completamente mastigados e devorados no pleno ar, sobrando apenas ossos do mesmo.
Raiden: — Hm? Parece que algo o protegeu...
Assim, Beelzebub sorria ainda mais, redirecionando seu olhar diretamente pra Raiden.
Beelzebub: — O que foi? Pensei que você quisesse me matar, por quê parou no meio?
Raiden: — Impossível, você está reagindo mesmo eu sendo tão rápido? Eu estou no mínimo uns 2 attosegundos.
Beelzebub: — Não importa sua velocidade, mesmo eu parado sou o suficiente para implementar minha maldição... Praga Temporal.
Logo após ele falar aquilo, Seu outro olho, desta vez vermelho, brilhava, e com isso, alguns insetos começariam a sair da pele de Beelzebub, onde o próprio tempo que estava supostamente parado, mas apenas estava numa ritmo ridiculamente lenta, os insetos devorariam toda a alteração que Raiden estava propondo com a sua velocidade. Assim, retornando ao normal. Os soldados ao lado se assustariam ao ver Raiden tão perto de Beelzebub, todos instintivamente tentavam o perfurar e cortá-lo, mas era ineficaz.
Raiden: — Você tem um belo poder, eu posso sentir só com isso que você não é um dos príncipes de Lúcifer atoa, mas saiba que se tu acha que cairei apenas com isso, você está extremamente enganado.
Antes que Raiden pudesse fazer algum outro movimento, Samá derrepente aparecia atrás de Beelzebub, numa tentativa de executar ele com sua arma, que era uma adaga curvada.
Beelzebub: — Hm?
Felizmente, Miyako estava atenta com qualquer tipo de emboscada, que entrava logo na frente de Samá pra bloquear o seu ataque por cima, com as suas duas adagas.
Samá: — Me perdoe, meu lorde. Não consegui finalizar com sucesso.
Beelzebub: — Não precisava disso, minha jovem. Eu sabia muito bem da posição dele.
Miyako: — Cala a boca, eu não ligo se tu sabia ou não...
Miyako usava suas adagas para pressionar Samá, logo chutando ele pra mais longe, que apesar de ter levado aquilo, ainda sim permanecia intocável.
Miyako: — Eu apenas ligo em terminar essa guerra de uma vez, então foque na merda do seu inimigo que está na sua frente.
Raiden riu, sua voz ecoando como trovões em meio ao caos. Seu sorriso era de puro entusiasmo, pois sentia o cheiro da guerra pulsando no ar.
Raiden: — Haha! Parece que ela tem mais vida em querer lutar do que o próprio líder desse exército, que piada.
Do outro lado, Beelzebub permanecia em silêncio. Seu olho azul brilhava intensamente, analisando cada aspecto da existência de Raiden. O olho vermelho, pulsante como um coração prestes a explodir, exalava uma aura de fome insaciável.
Raiden ergueu seu braço pro lado, onde um buraco surgia do gelo de baixo do braço dele, pequenos trovões vermelhos surgia no campo de batalha e lentamente uma lança divina começava a surgir do buraco, Raiden logo a pegava, com seus músculos já tensionados como molas prestes a disparar.
Raiden: — Calado, hein? Pelo menos está levando isso a sério. Isso é bom. Venha, Beelzebub! Venha sentir como é viver de verdade!
Beelzebub sorriu de forma quase imperceptível, e então desapareceu.
Raiden mal teve tempo de reagir. Quando percebeu, o mundo ao seu redor havia se tornado um vórtice de escuridão pulsante, e sua lança—antes firme em sua mão—começou a se decompor no ar.
Raiden:— Tsc... Então é assim que funciona sua barreira?
Ele rosnou, saltando para trás antes que sua própria carne fosse devorada pelo espaço ao redor de Beelzebub.
Mas Beelzebub não parou. Com um simples olhar, seu olho vermelho brilhou, e do chão começaram a emergir milhares de insetos demoníacos. Cada um deles zumbia com uma frequência capaz de despedaçar os nervos de um humano comum, e suas mandíbulas podiam devorar aço como se fosse pão velho.
Raiden girou sua lança, e com um movimento quebrou a barreira invisível ao seu redor, avançando como um meteoro carmesim.
Raiden: — Deus da Investida!!
Ele atravessou o campo de batalha com velocidade quatrilhões de vezes maior que a luz, deixando um rastro de destruição absoluta. Cada soldado que estivesse no caminho—aliado ou inimigo—era reduzido a cinzas pelo impacto.
Mas Beelzebub estava pronto. Seu olho azul brilhou mais uma vez, e uma segunda barreira foi criada dentro do próprio espaço, desviando a trajetória de Raiden no último segundo.
Raiden surgiu em meio a um enxame de criaturas aladas. Em um instante, sentiu suas mãos queimarem.
Raiden: — Huh?!
Seus músculos começaram a ser devorados dentro do próprio tempo, como se sua própria existência estivesse sendo corroída.
Beelzebub: — Praga Temporal.
Beelzebub murmurou, e o tempo ao redor de Raiden se desfragmentou. Seu próprio corpo começou a se diluir em fragmentos de passado, presente e futuro, tornando-o uma aberração sem forma.
Mas então, um riso ecoou no meio da distorção.
Raiden: — Pff... Hahaha!
Raiden segurou sua própria lança, mesmo com seu corpo fragmentado. Sua expressão era de pura euforia.
Raiden: — Você acha que manipular o tempo pode me parar?! Eu sou a própria guerra! E enquanto houver guerra... eu só fico mais forte!
Seus olhos brilharam em carmesim, e a realidade foi reescrita.
Um estrondo abalou a Terra.
Miyako que estava ao lado, estava lutando pra sua vida, mão por quê estava lutando com Samá, mas sim pelo o puro caos que estava ao lado dela.
Miyako: — Seu merda! Vai acabar matar é todo mundo desse jeito, não há vitória em uma guerra se não tiver ninguém pra comemorar ela depois!
Samá como uma serpente, chegava tão rapidamente que por pouco, Miyako não defendia a tentativa de apunhalada dele.
Samá: — Isso eu posso concordar, mas ainda sim, seu amiguinho Beelzebub não vai aguentar muito tempo, Raiden tem um potencial igual ao infinito, nada pode pará-lo em uma guerra, e não me importaria se eu morresse no processo se isso significasse a vitória dele.
Miyako: — Que nojo... Você é bem pior que eu imaginava, eu cansei disso, vou te matar.
Os dois mortais tentavam apunhalar um ao outro, mas o reflexo e o tempo de reação deles eram idênticas, junto com a suaa velocidade, ninguém conseguia acertar de verdade.
Voltando
O tempo começou a acelerar ao redor de Raiden, ignorando a praga temporal. Sua lança se tornou um borrão de destruição absoluta, e em um instante, ele atravessou a barreira de Beelzebub pela força bruta.
Beelzebub tentou desviar, mas sentiu algo estranho.
Beelzebub: — O quê...?
Seu corpo havia sido perfurado antes mesmo do golpe ser desferido. Raiden já havia analisado seu estilo de combate e usado seu Olho do Massacre para prever o instante exato do desvio.
A lança atravessou o abdômen de Beelzebub, rasgando suas entranhas como se fossem feitas de papel.
Mas então, Beelzebub sorriu.
Beelzebub: — Tolo.
O olho vermelho brilhou, e milhões de insetos começaram a brotar de dentro de sua ferida aberta. Em segundos, a lança foi completamente devorada.
Raiden recuou, seu braço sendo parcialmente consumido pelos insetos. Ele sentiu sua força diminuindo.
Raiden: — Tsc... Você está sugando minha energia de guerra...?
Beelzebub se aproximou, estendendo a mão.
Beelzebub: — Sim. E agora... você sentirá a fome do próprio vazio.
Ele ativou sua última maldição:
Beelzebub: — Gula Celestial.
O céu ficou negro. Tudo ao redor começou a ser sugado para um único ponto: o próprio Beelzebub. Ele se tornou um buraco negro de fome insaciável, devorando o conceito da guerra em si.
Raiden cambaleou. Sua força duplicada começou a ser consumida.
Mas então...
Ele riu.
Raiden: — Heh... Então você quer devorar a guerra...?
Ele ergueu os olhos, e um brilho carmesim dominou sua expressão.
Raiden: — Então eu só preciso te dar uma guerra que você não pode comer!
Seus olhos brilharam com um vermelho profundo. Sua presença se expandiu.
Raiden: — AVATAR DA GUERRA!!
O campo de batalha tremeu. O próprio espaço começou a se dobrar, e um novo conceito surgiu no universo:
Um conflito sem fim.
A fome de Beelzebub encontrou uma guerra que não podia ser vencida. Um ciclo eterno de batalhas, sempre se recriando, sempre crescendo.
Beelzebub tentou devorar a energia, mas a cada vez que engolia, mais guerra surgia. Seu próprio corpo começou a colapsar.
Raiden avançou.
Beelzebub rugiu, lançando todas as suas pragas em um único ataque final. O céu foi coberto por uma escuridão impenetrável.
Mas Raiden... sorriu.
Raiden: — Isso que é viver de verdade, obrigado por esta luta incrível, meu companheiro.
E então, com um único golpe, ele partiu a fome absoluta em dois.
A explosão que veio depois disso engoliu o mundo inteiro.
O resultado?
Beelzebub estava caído no chão, partido verticalmente em dois, sem força, ele olhava pro céu, e tudo que ele via era uma escuridão que era familiar.
Em tempos antigos - Inferno
O Inferno era um abismo sem fim de caos e desolação. As chamas dançavam sem motivo, consumindo tudo ao seu redor, e criaturas indescritíveis vagavam sem destino, gritando, chorando, devorando umas às outras sem jamais se saciarem.
E entre essas anomalias... havia ele.
Uma entidade sem nome. Sem propósito. Sem lar.
Ele caminhava há incontáveis anos, talvez eras, sem saber por que existia. Seu corpo, envolto em sombras e pragas, exalava um cheiro pútrido, uma presença que até os demônios evitavam. Sua própria essência corrompia tudo ao redor. Os poucos seres vivos que cruzavam seu caminho não duravam mais do que alguns instantes antes de murcharem e apodrecerem, reduzidos a carcaças ocas.
Mas ele não se importava. Não porque gostava, mas porque não conhecia nada além disso.
Até ele aparecer.
Uma presença avassaladora cortou o ar infernal como uma lâmina. O céu escuro do Inferno foi rasgado por uma luz dourada, e das chamas emergiu um grupo de quatro figuras.
Lúcifer, o Radiante — Com cabelos brancos com pontas roxas, vestes nobres, uma cicatriz bem destacada em seu rosto e um olhar de absoluto domínio, ele exalava um poder tão intenso que o próprio ar tremia ao seu redor.
Leviathan, a Serpente Abissal — Um guerreiro de olhos frios e corpo imponente e humanoide, que remetia uma serpente do mar, sua postura rígida e calculista mostrava que não tolerava fraquezas.
Asmodeus, o Sedutor Carmesim — O príncipe do desejo, de cabelos vermelhos flamejantes e um sorriso arrogante, carregava um olhar desconfiado ao ver a figura sombria à sua frente.
E por fim...
Azazel, o Pequeno Caído — Apenas uma criança naquela época, de olhos inocentes, mas carregando um peso que nenhum outro demônio poderia compreender.
Lúcifer parou diante da entidade sem nome. Seu olhar penetrante analisava a figura magra e desgrenhada, com cabelos cobrindo o rosto.
Lúcifer: — Qual é o seu nome? — A voz de Lúcifer soou firme, mas sem hostilidade.
Silêncio.
O ser continuou imóvel, encarando o chão. Ele não sabia seu próprio nome.
Lúcifer sorriu de lado.
Lúcifer: — Hm... Você é como uma folha ao vento, perdido nesse inferno, sem destino algum.
Asmodeus cruzou os braços, analisando a criatura com desconfiança.
Asmodeus: — Tem certeza de que devemos levar esse garoto? Olhe para ele. Ele parece nem saber o que é viver.
Antes que Lúcifer respondesse, a pequena figura de Azazel se aproximou, olhando diretamente para a entidade sem nome.
Azazel: — Eu também era uma anomalia, sabe? — Sua voz era doce, inocente. — Vagava pelo vazio quando me chutaram do céu, sem ninguém, até que o Senhor Lúcifer me salvou. Agora... agora eu faço parte da família dele!
A entidade sem nome ergueu a cabeça pela primeira vez. Seu cabelo desgrenhado deslizou ligeiramente, revelando um olhar profundo e vazio.
Lúcifer percebeu o movimento e sorriu.
Lúcifer: — Talvez um dia você encontre algo que valha a pena lutar. Mas até lá... eu sempre irei te proteger, não importa onde esteja. Então, junte-se à minha família.
Silêncio mais uma vez. Mas, dessa vez, um murmúrio escapou da boca da criatura.
???: — ...Por quê?
Lúcifer olhou para o céu escuro e murmurou, como se falasse mais consigo mesmo do que com os outros.
Lúcifer: — Porque preciso provar a uma certa pessoa que ele estava errado. E para isso... eu preciso criar um mundo melhor.
Ele voltou a olhar para a entidade sem nome.
Lúcifer::— Então, junte-se a mim, e eu farei isso acontecer. Mas antes... preciso saber seu nome.
O vento infernal soprou. As chamas iluminaram seu rosto jovem e pálido. Seus lábios se moveram suavemente.
Beelzebub: — Sou... Beelzebub.
Lúcifer abriu um sorriso.
Lúcifer: — Ótimo nome, Beelzebub. Então, a partir de hoje, você será o Príncipe da Gula e, acima de tudo... parte da minha família.
Azazel bateu palmas, animado.
Azazel: — Siiim! Vamos, venha com a gente!
Beelzebub olhou para ele. Pela primeira vez em sua existência, sentiu um calor estranho dentro de si.
Ele sorriu de leve, um sorriso pequeno, mas sincero.
Beelzebub: — Tenho um poder nojento. Eu sou... inútil. Tem certeza disso?
Lúcifer riu.
Lúcifer: — Não me importo com seus poderes. Não me importo com sua aparência, sua força ou sua personalidade. Se for parte da minha família, então nós construiremos juntos o novo mundo.
O vazio dentro de Beelzebub pareceu desaparecer por um momento, junto com o brilho de seus olhos que escapava de seus cabelos que cobria seu rosto.
Beelzebub: — Sim... ficarei feliz em ser parte da sua família.
Presente
Antártica estava em ruínas.
O corpo de Beelzebub estava partido verticalmente ao meio, sangue jorrando de sua carne exposta. Seus olhos, antes famintos por poder, agora brilhavam por um motivo diferente.
A fome de viver.
Com as últimas forças que lhe restavam, ele enfiou a mão ensanguentada no bolso e tirou um pequeno frasco... um frasco de sangue infernal.
O sangue de Lúcifer.
Raiden, no auge de sua força, olhava para ele com um brilho de respeito nos olhos.
Raiden: — Heh. Ainda consegue se mexer? Impressionante.
Beelzebub, ofegante, abriu um sorriso fraco.
Ele lembrou-se do passado.
Lembrou-se de Lúcifer, de Azazel, de Asmodeus e Leviathan.
Lembrou-se de sua família.
Ele abriu o frasco e despejou o sangue em sua boca despedaçada.
BOOOOOOM!
Uma explosão infernal irrompeu, abalando todo o campo de batalha. Chamas negras e douradas envolveram Beelzebub, enquanto seu corpo se reestruturava.
A aura que emergiu dele fez até Raiden dar um passo para trás.
— Isso... isso não é possível, como conseguiu se recuperar depois daquilo?
A terra tremia. O ar queimava. O céu se rasgava.
Agora, o campo de batalha parecia um cemitério de aço e sangue.
Os poucos soldados que tinham restado, se devoravam como feras, corpos espalhados como restos de um banquete macabro. Mas nenhum deles importava.
Não ali.
Não entre os dois titãs que restavam.
No centro do caos, Raiden, o Cavaleiro da Guerra, estava no auge de seu poder. Seu corpo reluzia em ouro carmesim, e sua lâmina, forjada pelo sangue de incontáveis guerras, pulsava como um coração prestes a explodir.
Beelzebub, partido ao meio momentos atrás, agora se erguia envolto em chamas infernais, sua forma se reconstruindo, renascendo de uma forma que ninguém jamais havia visto.
Mas antes da luta recomeçar, ele falou.
Beelzebub: — Você está enganado, Raiden.
A voz de Beelzebub ecoou, cortando o ar pesado.
Raiden arregalou os olhos por um breve momento. Aquele olhar... Não era o de um monstro em busca de poder. Era o olhar de um homem que finalmente entendia por que queria viver.
Beelzebub: — A verdadeira essência da humanidade não é a guerra. Nunca foi.
O chão estremeceu sob seus pés, e sua aura se expandiu, uma mistura de caos e luz, fome e propósito.
Raiden riu, girando sua lança sobre os ombros.
Raiden: — Oh? E o que mais poderia ser?! Os humanos vivem para lutar, morrer e conquistar! A guerra moldou impérios, destruiu reinos, criou lendas! Até mesmo você, Beelzebub, só se tornou forte por causa disso!
Beelzebub limpou o sangue de sua boca, um sorriso amargo surgindo em seus lábios.
Beelzebub: — É verdade... Eu fui criado pelo inferno, moldado pelo caos, e consumido pela fome.
O ar ao seu redor distorcia, sua pele rachava em padrões divinos, enquanto as pragas que antes apenas destruíam agora fluíam como energia viva.
Beelzebub: — Mas, pela primeira vez, eu finalmente entendi algo.
Seus olhos se voltaram para Raiden, brilhando não com a fome insaciável de sempre, mas com determinação.
Beelzebub: — Não é a guerra que dá sentido à existência. É a família.
O olhar de Raiden se estreitou.
Raiden: — Hah! Que absurdo sentimental! A família é frágil! Morre! Se esvai com o tempo! Você está me dizendo que todo o poder que tem... todo o massacre que causou... foi por um laço invisível?!
Beelzebub permaneceu inabalável.
Beelzebub: — Foi exatamente por isso que eu me perdi. Porque acreditei que poder e destruição eram tudo. Porque achei que minha fome nunca poderia ser saciada. Mas então... eu lembrei.
O céu se rasgou acima deles.
As sombras do passado ecoaram em sua mente.
Lúcifer lhe estendendo a mão.
Azazel sorrindo para ele.
Leviathan, Asmodeus, todos aqueles que andaram ao seu lado.
Sua família.
Ele encarou Raiden, e pela primeira vez em toda a batalha... Raiden sentiu um calafrio na espinha.
Beelzebub: — Você nunca entendeu, Raiden. Não são as batalhas que fazem alguém forte.
O gelo abaixo de Beelzebub explodiu, e uma forma colossal emergiu.
Suas asas negras agora tinham tons dourados, suas chamas infernais tremulavam como brasas divinas. Seu corpo não era mais o de um monstro esfomeado, mas sim o de um rei renascido.
O Príncipe da Gula havia se tornado algo novo. Algo mais.
Beelzebub ergueu o olhar, sua voz ecoando como um trovão no coração da guerra.
Beelzebub: — São aqueles pelos quais você luta.
O ar ficou pesado.
Raiden abriu um sorriso selvagem, seus olhos brilhando em êxtase.
Raiden: — Hahahaha! Finalmente... finalmente você despertou de verdade!
Ele apontou sua lança para Beelzebub.
Raiden: — Então venha, Príncipe da Gula! Vamos ver se sua família é forte o suficiente para me parar!
Continua no próximo capítulo.