Minutos antes da chegada de Ryōshi
No meio do nada
Duas figuras apareciam de frente à uma figura grotesca que simbolizava um portão gigante, onde simboliza a entrada do próprio inferno, ou pelo menos, o caminho pra ela.
Uma das figuras estava tocando sua guitarra de forma bem elétrica.
Scarlet: Cara, sério! fazia um tempinho desde a minha última vez nesse lugar, comparado ao inferno, isso aqui parece o paraíso.
Ryōshi: — Certo... Não temos tempo a perder, temos três horas, então é mais rápido só irmos pra aonde está acontecendo a guerra.
Scarlet ficava confuso com a súbita mudança de atitude, considerando que até um tempo atrás no inferno, ele parecia bem irritado, muito puto.
Scarlet: — O que houve com toda aquela ira, mano? Você conseguiu controlar muito rápido, considerando que sua família está em jogo.
Ryōshi respirava fundo, e retirava sua espada da bainha, apontando pra onde eles estariam indo.
Ryōshi: — O inferno é uma coisa, mas se eu perdesse minha calma aqui, poderia acontecer catástrofes por diversas partes da Terra, além de eventualmente, explodir o núcleo dela com a minha energia.
Sua voz estava calma, mas mesmo assim, ele estava se segurando todas as suas emoções explosivas para não haver nenhum impacto, o solo aonde estavam começava a tremer, enquanto Ryōshi com um simples passo, começava a correr em uma habilidade ridícula, deixando rastros de destruição enquanto queimava todos os átomos que estava na frente dele, Scarlet olhava enquanto tocava na nota Dó por uma última vez.
Scarlet: — Caramba... Ele realmente não está de brincadeira... bem, mais diversão pra mim.
Scarlet deixava sua guitarra Ômega nas suas costas, e começava a correr no mesmo ritmo de Ryōshi, apenas acelerando um pouco mais no início pra ficar lado a lado.
Ryōshi: — Vai demorar 50 segundos pra chegar até lá, pode falar o que está te incomodando, eu sei que tu está guardando algo.
Scarlet: — Bela percepção... Bem, é mais uma pergunta, por quê você quer ser tão forte pra proteger algo, sendo que você nem vai estar lá pra supervisionar ela?
Ryōshi: — ...
Ryōshi permaneceu em silêncio por alguns instantes. O som de sua própria velocidade rasgando a realidade era a única coisa que preenchia o espaço entre ele e Scarlet. A cada passo, o chão se despedaçava, e o ar queimava em sua presença, mas sua expressão era serena.
Então, ele finalmente falou.
Ryōshi: — Você acha que proteger alguém significa estar sempre por perto?
Scarlet arqueou uma sobrancelha, esperando a explicação.
Ryōshi continuou, a voz carregada de uma certeza absoluta:
Ryōshi: — Proteger significa garantir que eles nunca precisarão de você.
Scarlet parou de tocar sua guitarra mentalmente.
Ryōshi: — Minha família… eles têm suas próprias vidas, seus próprios caminhos. Se eu estivesse sempre ao lado deles, segurando suas mãos, eles nunca cresceriam. Nunca se tornariam algo além da sombra de um homem que um dia pode desaparecer.
Ryōshi apertou os punhos, a lâmina em sua mão vibrando com um poder que fazia o próprio espaço ao redor se encolher em respeito.
Ryōshi: — Mas o mundo… o mundo não é justo. Ele não espera. Ele não perdoa.
Seus olhos brilharam, refletindo uma determinação que parecia transcender qualquer mortalidade.
Ryōshi: — Por isso, meu objetivo nunca foi apenas proteger. Foi transcender.
Scarlet observava em silêncio.
Ryōshi: — Se eu for forte o bastante, se eu alcançar aquilo que busco, então não haverá mais ameaças. Nenhuma guerra, nenhum deus, nenhum destino poderia sequer pensar em tocar minha família.
Seus passos se tornaram ainda mais rápidos. O horizonte se distorcia, como se a própria Terra estivesse tentando se afastar dele.
Ryōshi: — Estar sempre perto é um luxo. Mas erradicar a necessidade de proteção? Isso…
Seu olhar se fixou no campo de batalha que já se aproximava.
Ryōshi: — Isso é ser absoluto.
Scarlet soltou uma risada baixa, balançando a cabeça.
Scarlet: — Heh… filosofia interessante. Mas, cara, você fala como se fosse possível acabar com todas as ameaças do mundo, além do mais... Há uma chance de sua família nem gostar mais de você, como um: "não precisamos mais de você, tu nem fica aqui mesmo".
Ryōshi não hesitou.
Ryōshi: — Não é questão de "se é possível". É questão de "quando"... E sim... Estou ciente de que quando chegar a hora de revé-los, não será reconfortante pra eles.
Os últimos segundos se esgotaram.
Scarlet: — Bem... Agora vou um pouquinho pra frente, quero ver mais de perto quem organiza tudo isso, até mais!
E então, Scarlet simplesmente desaparecia do lado de Ryōshi, o que significa que ele atingiu uma velocidade equivalente a de luz, mas Ryōshi não se importava.
E então, com um simples corte, Ryōshi atravessou a barreira da guerra.
Antártica - 15:20 PM
Kazuhiko: — Pai...?
Kazuhiko olhava Ryōshi no horizonte, completamente paralisado pelo o choque das sequências de eventos que ocorria, ele não podia sentir nada naquele momento a não ser a única lágrima que caía em seu rosto avermelhado de sangue.
Kokuei: (( Então é esse seu pai...? Realmente, não parece um simples humano, ah sim... Eu sinto, trilhões e trilhões de almas nas costas dele, ele com certeza passou um bom tempo no inferno.))
Ryōshi: — Filho...
Antes dele andar na direção de Kazuhiko, o mar que estava dividindo pela a metade agora sofria um corte que partia as ondas em duas, um corte negro, que apenas de encostar, matava qualquer átomo existente.
Abaddon: — Hah... Não sei quem é você, mas tu não será aquele que fará a diferença, nosso mestre ancião já está em um nível incompreensível pra um mero mortal como você entender...
O corte vinha de Abaddon, a cavaleira que até então permanecia de certa forma passiva na batalha inteira, a trombeta que ela antes segurava, se transformava em uma foice com duas pontas, uma na frente e a outra atrás (como se fosse uma picareta) .
Ryōshi: — ...
A água cairia novamente, inundando a passagem que Ryōshi tinha feito, Asmodeus vendo aquilo, fazia Ryōshi levitar até um dos blocos de gelos, o caçador ficava confuso por um certo momento, tendo sua atenção chamada pelo o catalisador.
Ryōshi: — Não precisava disso, sabe.
Asmodeus: — Cala boca fodão! Tou tentando facilitar o nosso trabalho, e eu nem sei quem é você, mas sei que Lúcifer te reconhece, então não precisa me agradecer pela a minha grande gentileza!
Abaddon deu um passo à frente, sua foice de lâmina dupla girando lentamente em suas mãos. Seu olhar era sereno, mas sua voz carregava a certeza de um destino inevitável.
Abaddon: — Vocês ainda não entenderam, não é? — Sua voz era fria, quase maternal, mas sem um pingo de compaixão. — O Apocalipse não é um castigo. Não é um ato de crueldade. É apenas o próximo ciclo da existência. Um ciclo do qual vocês se recusam a fazer parte.
A cavaleira da Morte ergueu sua arma, e a própria atmosfera pareceu ceder à sua presença. O gelo abaixo dela rachou, os ventos cessaram, como se o próprio tempo respeitasse sua palavra.
Abaddon: — Eu não estou aqui para destruir vocês. Estou aqui para libertá-los.
Kazuhiko apertou os punhos, sentindo sua alma estremecer com aquelas palavras. A presença de Abaddon era algo que ele nunca havia experimentado antes. Ela não estava tentando assustá-los… Ela estava dizendo a verdade.
E então, a voz de Enoch retumbou como um trovão.
Enoch: — Tolos! Vocês se agarram a uma ilusão frágil chamada vida, sem compreender a sua própria insignificância! — Ele ergueu sua trombeta, agora transformada em uma lâmina dourada, brilhando com a essência da lei divina. — A eternidade não foi feita para vocês! O Paraíso e o Inferno são conceitos ultrapassados. O que vem agora… é a verdadeira renovação.
Ele abriu os braços, e uma energia celestial começou a se expandir ao seu redor, varrendo a água congelada e erguendo um círculo dourado no céu, como se um novo sol estivesse nascendo ali.
Enoch: — Vocês resistem ao Apocalipse como se tivessem escolha. Mas eu pergunto… — Seus olhos brilharam como duas estrelas moribundas. — Quem já viu um inseto vencer uma tempestade?
O poder de Enoch e Abaddon explodiu, criando uma pressão esmagadora. Leviathan, ainda em sua forma original, rugiu, criando uma tempestade de proporções absurdas. Beelzebub permaneceu firme em um dos blocos de gelo que ainda restava, seu enxame de pragas se multiplicando ao infinito, enquanto Asmodeus tecia uma melodia hipnotizante, tentando contrabalancear o caos absoluto que estava prestes a ser liberado.
E foi nesse momento que Ryōshi falou.
Sua voz, diferente de todas as outras, não carregava arrogância, medo ou fúria.
Era apenas certeza.
Ryōshi: — Eu não sei se sou um inseto diante dessa tempestade, Enoch. Mas sei de uma coisa…
Ele ergueu sua lâmina. O espaço ao redor se partiu, como se o próprio tecido da realidade não fosse capaz de conter sua presença.
Ryōshi: — Se eu for morrer hoje, não será nas mãos de deuses que falam demais.
Kazuhiko sorriu, sentindo seu sangue ferver, mesmo com todas as perguntas, dúvidas, ele só podia ficar do lado de seu pai naquele momento.
Kazuhiko: — Então vamos quebrar essa tempestade, pai. Vamos salvar a mãe juntos.
Os olhos de Ryōshi brilhavam um pouco, após veros olhos de seu filho estarem tão brilhantes, mesmo diante de todo esse caos, ele respirava fundo.
Ryōshi: — Sim, vamos.
Ryōshi tocava no ombro de Kazuhiko, e em um instante, ele desaparecia, em um piscar de olho, o caçador já estava correndo na direção das entidades, com sua lâmina.
Ryōshi: — Desculpa, mas estou com um pouco de pressa.
Ele fazia vários cortes no ar, o que deixavam todos confusos por um momento, mas Kazuhiko não se importava, ele acompanhava um pouco da velocidade que Ryōshi estava, Kazuhiko emanava agora novamente uma aura amarelada, indicando que sua Ganância estava sendo ativada novamente.
Kazuhiko: (( Por quê ele está apenas balançando a lâmina no ar e gastando sua energia assim...?))
Kazuhiko pensava enquanto observava seu pai, Kokuei respondia, em um tom irônico.
Kokuei: ((Quem sabe, mas a arma dele... Com certeza é algo especial, apenas observe.))
Asmodeus parecia irritado, juntamente com as suas duas outras cabeças, que expressava o mesmo sentimento.
Asmodeus: — Esses caras são loucos! Ir de frente com esses caras que estão agora em um outro nível.
Beelzebub soltava uma leve gargalhada, batendo no ombro de Asmodeus e logo andando na frente.
Beelzebub: — Bom, seja como for, ainda temos que matar eles... E o nosso líder é do tipo apressado, e pra ser sincero, eu também sou...
Ele dava um grande pulo até as costas do Leviathan. Miyako e Ryuji olhava pra ele, em silêncio.
Beelzebub: Todos vocês, subam. Não iremos mais bancarmos uma de Npcs que não faz nada além de ficar de queixo caído.
Asmodeus coçava sua cabeça, soltando um leve suspiro, enquanto olhava pros jovens.
Asmodeus: — Bom, acho que à este ponto, todos ficamos loucos, venham vocês dois.
Miyako olhava uma última vez para o Kazuhiko indo para o que poderia ser a morte dele, seus olhos brilhavam numa intensidade notável.
Ryuji: — Hey, para de babar, temos que ir, precisa de uma mãozinha pra subir?
Ryuji zombava, enquanto pulava, juntamente com Asmodeus nas costas de Leviathan.
Miyako: — Cala a boca... Eu só estava checando se ele não ia morrer rápido demais.
O sistema aparecia ao lado dela, mas ela arregalava os olhos quando via a mensagem dentro do quadro
Isso é uma mentira, seu desejo de proteger Kazuhiko Shogo supera cada vez mais as minhas expectativas, logo suas adagas irão evoluir novamente!
Miyako ficava ainda mais indignada, e corava um pouco, mas disfarçava tudo aquilo com uma explosão de raiva.
Miyako: — QUE PORRA DE MENSAGEM É ESTA?! ARGH, JÁ ODEIO ESTE SISTEMA!
Ryuji olhava pra ela confuso, vendo ela gritando pro nada.
Ryuji: — Que sistema é esse que tu tá falando? Para de enrolar e vem logo, sua merda.
Miyako fechava o bico, claramente ainda estando irritada e subia logo na serpente, Beelzebub caminhava até a cabeça de Leviathan e dava dois tapas na cabeça do mesmo.
Beelzebub: — Ei, seguinte meu amigo... Eu sei que tu está um pouco desnorteado, mas está vendo aqueles dois que tão no céu, brilhando no meio da escuridão imensa? Vamos matar eles.
Leviathan não entendia nem a metade do que ele dizia, mas instintivamente após ele ver os dois cavaleiros, ele rugia, tremendo todo o pólo sul, e ela começava a deslizar no mar com facilidade, indo até Enoch e Abaddon.
Asmodeus: — Preparem-se, já é um milagre de todos nós ainda estarmos vivos, mas não se precipite, um erro sequer e podemos todos morrer, ei Beelzebub, você usou o frasco também né? Eu notei que sua pele mudou.
Beelzebub ignorava por um momento, vendo o horizonte dominado pela a completa escuridão.
Asmodeus: — Se quiser, eu ainda tenho o meu frasco. Eu não irei precisar dele.
Beelzebub: — Tem certeza disso...? Tu pode precisar dele em um momento crítico, sabe.
Asmodeus sorria, abrindo a boca de uma das suas cabeças e jogando para Beelzebub, que o mesmo pegava com firmeza.
Asmodeus: — Eu assumo a responsabilidade caso eu morrer, não se preocupe.
Beelzebub acenava e Asmodeus se virava para os dois, que mal estavam aguentando a pressão do ar na cara deles por estarem indo tão rápido, então estavam se segurando firmemente nas escamas da serpente.
Asmodeus: — Jovens! É hoje que suas vozes irão fazer história, iremos impedir este apocalipse, e quando sairmos daqui, eu juro que nós saíremos pra beber uma boa cachaça!
Miyako estressava, olhando pra ele com seriedade enquanto se esforçava pra não sair voando.
Miyako: — Eu e o meu irmão ainda temos 17 anos, seu velho.
Asmodeus ria ainda mais.
Asmodeus: — Hahaha! Melhor ainda, isso significa que vocês estarão na luxúria mais cedo.
No céu coberto pela a escuridão, Abaddon que combinava com a cor do céu, quase como se ela fosse um com o céu, girava sua foice, preparando novamente um outro corte horizontal para atingir todos de uma vez, mas Enoch impedia com a sua lâmina dourada.
Enoch: — Não vamos destruir a diversão tão rápido matando todos de uma vez, faz tempo que tive que me transformar pra algo.
Então, a foice de Abaddon zumbia pelo ar, agora carregada por uma energia de morte densa, que logo disparava um corte vertical onde estavam os dois indo até eles, Kazuhiko sentia algo se aproximando, mas sua visão não conseguia captar o ataque. Seu corpo, no entanto, reagiu instintivamente – um calafrio percorreu sua espinha, sua respiração ficou pesada, e seu coração disparou.
Kazuhiko: — Eu sinto que algo está vindo, pai!
Ryōshi: — Eu sei...
O Caçador parou de realizar aqueles cortes aparentemente aleatórios no ar e assumiu uma postura defensiva. Kazuhiko sentiu seu corpo ficar mais pesado. A presença de Abaddon era sufocante, como se a própria morte estivesse tentando se aninhar em seu peito.
Kokuei sussurrou em sua mente, sua voz carregando um tom de urgência e ironia.
Kokuei: (( Você é mesmo burro... Você viu aqueles cortes no ar e não entendeu nada? ))
Kazuhiko: — O quê...?
Kokuei: (( Ele não estava atacando aleatoriamente. Ele já cortou o espaço ao nosso redor. ))
Antes que Kazuhiko pudesse reagir, Ryōshi moveu um dedo. Um único gesto, e então—
CRACK
O espaço se rompeu em dezenas de fendas invisíveis ao redor deles. O ataque de Abaddon, que vinha oculto pela escuridão, colidiu diretamente contra uma dessas fendas e foi completamente redirecionado. O céu se rasgou como se fosse papel, abrindo buracos negros onde o corte se dissipou.
Kazuhiko sentiu um arrepio ao perceber o quão absurda era essa habilidade. Ryōshi não só havia cortado o espaço, como havia feito isso antes mesmo de Abaddon atacar, criando zonas onde qualquer movimento futuro já estava condenado a falhar.
Ryōshi olhou para Kazuhiko com um sorriso frio.
Ryōshi: — Pegou a lição?
Kazuhiko: — Você já sabia que ela ia atacar... antes mesmo dela pensar nisso.
Ryōshi: — Heh. E eu nem precisava prever pra isso, tava tão óbvio já que éramos um alvo fácil, mas eles vão se arrepender por me subestimar...
O Caçador avançou, sua lâmina cintilando como um predador pronto para dilacerar sua presa. Cada passo que dava no ar criava estalos na realidade, enquanto Kazuhiko sentia sua Ganância pulsar dentro dele, absorvendo aquela energia caótica ao redor e fortalecendo ainda mais seu corpo.
No entanto, antes que Ryōshi pudesse atingir Abaddon, Enoch apareceu diante dele, sua espada dourada brilhando como um sol em meio à escuridão.
Enoch: — Você realmente acha que pode vencer tão facilmente?
Ryōshi sorriu.
Ryōshi: — Claro.
A lâmina de Enoch colidiu contra a de Ryōshi. O impacto fez o ar vibrar, rasgando a própria atmosfera e criando uma explosão de energia. Ondas de choque desceram em direção ao oceano, partindo as águas e expondo o fundo do mar por alguns instantes.
Enquanto isso, Kazuhiko sentia algo estranho. Seus olhos se estreitaram quando percebeu que, ao mesmo tempo em que sua Ganância o fortalecia, algo em seu corpo também estava sendo drenado.
Kazuhiko: — O que está acontecendo...?
Kokuei riu dentro de sua mente.
Kokuei: (( Parece que sua Inveja está ativando novamente, desde a sua última lita contra Castiel. Você está inconscientemente regulando seu poder para ser igual ao do inimigo. Isso significa que, se esse desgraçado for mais forte que você, você automaticamente fica no mesmo nível que ele. Mas... isso também significa que você não pode ficar mais forte que ele. ))
Os olhos de Kazuhiko brilharam por um instante.
Kazuhiko: — Então, se eu quiser vencer... preciso fazer algo a mais.
Enquanto refletia sobre isso, Beelzebub, Asmodeus, Leviathan, Miyako e Ryuji já estavam engajados em sua própria batalha.
Leviathan rugiu, abrindo sua boca e disparando uma rajada de energia destrutiva na direção dos cavaleiros. Abaddon, sem hesitar, ergueu sua foice negra e cortou a energia ao meio como se fosse nada.
Beelzebub riu ao ver isso.
Beelzebub: — Oh? Então é assim que vocês jogam?
Ele moveu a mão, e de sua palma saiu um enxame de sombras, que voaram como lâminas afiadas na direção de Abaddon. A Ceifadora girou sua foice, criando um vórtice de energia negra que engoliu os projéteis.
Ryuji e Miyako avançaram.
Ryuji: — Vamos acabar logo com isso!
Miyako, ainda irritada pela mensagem do sistema, apenas bufou antes de afirmar suas mão nas adagas dela. Elas brilharam por um instante e mudaram de forma. A lâmina agora parecia feita de um metal prateado e divino.
Miyako: — …A evolução das minhas adagas.
Ela sentiu a nova energia percorrendo seu corpo.
Asmodeus olhou para isso com um sorriso.
Asmodeus: — Parece que temos uma pequena guerreira aqui.
Miyako: — Cala a boca, você estragou o meu momento.
O campo de batalha estava em total caos. A escuridão densa cobria o céu, mas no meio dela, Kazuhiko e Ryōshi brilhavam como tochas incandescentes. O jovem sentia algo queimando dentro dele, um calor avassalador que crescia a cada segundo. Sua Luxúria vibrava em seu peito, e sua aura dourada pulsava violentamente, irradiando energia que parecia distorcer o ar ao seu redor.
Kokuei: (( Finalmente… ))
Kokuei murmurou em sua mente, sua voz carregada de satisfação.
Kazuhiko arfava, tentando compreender a mudança repentina. Seu corpo parecia mais leve, seus sentidos ampliados. Ele enxergava cada partícula ao seu redor, sentia a vibração da atmosfera, a pressão do ar, o fluxo de energia dentro dos inimigos e até mesmo o menor deslocamento de poeira no vento.
Kazuhiko: — O que está acontecendo...? Não é o mesmo quando eu usei isso da última vez...
Kokuei soltou uma risada baixa.
Kokuei: (( Sua Luxúria não é só resistência infinita. Você tem algo muito maior. ))
A aura dourada ao redor de Kazuhiko explodiu. Seus olhos brilharam como sóis em miniatura, e sua pele absorveu a luz que emanava dele mesmo. Uma força colossal e cálida se espalhou por seu corpo. Ele não apenas sentia a energia ao seu redor, ele a compreendia, a dominava.
Kazuhiko: — Eu... consigo sentir tudo... — Ele sussurrou, apertando os punhos. — Até os menores movimentos...
Foi então que Enoch parou enquanto tentava bloquear ainda o golpe de Ryōshi. Pela primeira vez desde o início do confronto, sua expressão arrogante vacilou. Ele sentiu a mudança na atmosfera, o poder avassalador que emanava de Kazuhiko.
Kazuhiko: — Tch… Isso não é bom.
O Caçador simplesmente recuava novamente, ajustando a sua lâmina para Enoch e desapareceu.
Atravessando o espaço como um borrão, ele surgiu na frente do cavaleiro dourado, sua espada cortando o ar em ângulos impossíveis. A casualidade cinética agia sem lógica compreensível — cada ataque era inevitável, cada desvio era uma certeza. Ele não precisava prever os movimentos do inimigo, pois sua lâmina já estava onde precisava estar.
Enoch ergueu sua espada em um reflexo afiado, mas no instante em que tentou contra-atacar, sentiu o corpo sendo puxado contra sua vontade. O próprio conceito de movimento estava sendo distorcido por Ryōshi.
Enoch: — O que diabos é essa habilidade…?!
Ryōshi não respondeu. Seu olhar era afiado, sua lâmina inexorável. O som do metal cortando o ar ressoou como trovões abafados, enquanto os golpes de Ryōshi forçavam Enoch para trás.
Kazuhiko, agora completamente desperto, avançou logo em seguida. Sua energia solar queimava intensamente, e quando socou o vazio, uma onda de puro calor irradiou para frente, dobrando o espaço com a força da radiação.
Kazuhiko: — Vamos ver quem realmente vai morrer primeiro.
A distância, João observava o caos se desenrolar. Seu olhar era vazio, mas não de indiferença—havia compreensão ali, um conhecimento que pesava em sua alma. Scarlet, ao seu lado, acompanhava cada momento da batalha com um sorriso quase divertido, enquanto Raiden e Samá estavam inquietos. Eles não aguentavam mais.
Raiden: — A gente tem que ir — Raiden disse, cerrando os punhos. Sua mandíbula estava travada de frustração. — Não dá pra só assistir.
Samá assentiu, tensa. Seu corpo tremia de adrenalina, pronta para agir a qualquer momento.
Mas João permaneceu imóvel, a expressão inalterada.
João: — Esperem.
Raiden franziu a testa, sentindo um peso naquela única palavra.
Raiden: — Esperar? — Sua voz carregava incredulidade e raiva contida. — Mestre ancião, entendo que você queira seguir a profecia da forma de como está agira, mas do jeito que tá indo, o único apocalipse que vai acontecer é a gente vendo nossos colegas morrerem na nossa frente sem fazer nada!
Scarlet soltou uma risada baixa, zombeteira.
— Olha só… o senhor da guerra está falando sobre querer salvar seus coleguinhas de classe com crise de consciência. Que adorável.
Raiden a ignorou, voltando-se para João.
Raiden: — Você vai mesmo ficar parado? Só olhando?
João suspirou, seus olhos voltando-se brevemente para Raiden antes de se fixarem novamente no campo de batalha. Ele não autorizou. Mas também não impediu.
João: — Faça o que quiser.
Raiden arregalou os olhos, confuso.
Raiden: — Como é?
João então falou, sua voz carregada de um peso quase bíblico:
João: — A insistência gera o destino inevitável… Mas as consequências desse destino serão suas.
Por um instante, um silêncio desconfortável tomou o grupo. Raiden sentiu um arrepio percorrer sua espinha.
Ele odiava admitir… mas algo nas palavras de João fez com que sua determinação hesitasse, porém, ele estava convicto.
Raiden: — Que caia, eu não serei aquele a ver meus colegas que fiquei milênios no lado deles morrer por causa de uma simples profecia... Samá, estamos indo.
Scarlet cruzou os braços e soltou um suspiro exagerado, arqueando uma sobrancelha com um sorriso malicioso.
Scarlet: — Ah, a teimosia dos heróis… Sempre tão previsível, não queria estar no seu lugar como um líder agora.
João não respondeu. Apenas continuou observando enquanto Raiden e Samá desapareciam no horizonte, mergulhando direto no caos absoluto.
No horizonte, Abaddon continuava serena, suas asas negras se expandindo como uma tempestade viva, enquanto golpeava Leviathan com um impacto sísmico. O gigante marinho foi lançado para trás, deslizando pelo chão com um estrondo, mas não caiu.
Antes que Abaddon pudesse avançar, Beelzebub surgiu como um vulto, sua podridão misturado com as suas pragas temporais, que diminuía constantemente o tempo ao redor dela para que seus movimentos ficassem mais lentos, enquanto as outras pragas iam espalhando-se no ar ao tentar corroer a armadura negra da cavaleira. Abaddon desviou por um triz, mas Asmodeus aproveitou a brecha, lançando correntes infernais que se prenderam ao braço da cavaleira.
Asmodeus: — Hah, eu também tenho algumas cartas na manga!
Ryuji e Miyako não perderam tempo. Ryuji apareceu acima de Abaddon em um instante, sua lâmina banhada em chamas negras descendo com brutalidade. Miyako, por sua vez, lançava suas duas adagas simultaneamente, criando uma corrente de explosão cinética.
Mas Abaddon não se preocupava com aquilo.
Com um único puxão, ela quebrou as correntes de Asmodeus, sua aura destrutiva explodindo ao redor, repelindo Beelzebub e bloqueando a lâmina de Ryuji com o próprio antebraço. O raio de Miyako se dissipou como se ela nunca tivesse lançado desde o começo, tudo isso diante da força bruta dele.
Abaddon: — Vocês acham que ISSO é suficiente para me parar? — A voz dela ecoou como um trovão.
Leviathan rugiu, sua serpente titânica envolvendo Abaddon e o puxando para baixo.
Asmodeus: — Não... mas vai ser divertido tentar.
O sorriso de Asmodeus mal teve tempo de se firmar quando um estrondo cortou o campo de batalha.
Uma explosão de energia elétrica rasgou o céu, seguida de um clarão dourado que fez até mesmo Abaddon parar por um instante. Os olhos de Beelzebub se estreitaram, sentindo um cheiro familiar no ar.
Raiden e Samá tinham chegado.
Raiden: — Porra, demoramos muito? — Raiden estalou o pescoço, girando a lança em sua única mão. Seu corpo ainda carregava as marcas da última luta, mas a ferocidade em seu olhar era mais intensa do que nunca.
Samá, ao seu lado, soltou um suspiro, sua aura flamejante tremeluzindo como uma miragem infernal.
Samá: — Estamos aqui agora, não estamos? Então vamos acabar com essa merda logo.
A presença dos dois quebrou completamente o ritmo da batalha. Leviathan hesitou por um instante, seus olhos reptilianos analisando os recém-chegados. Beelzebub rangeu os dentes, sentindo o gosto amargo da memória—ele se lembrava do momento exato em que Raiden perdeu a mão para ele.
E então Raiden sorriu.
Raiden: — Sentiu minha falta, Beelzebub?
O demônio não respondeu. Mas o ar ao seu redor tremeu, ele dava um leve sorriso após rever Raiden.
Abaddon aproveitou a distração.
Com uma explosão de poder bruto misturado com morte, ela se libertou da serpente de Leviathan, quebrando suas presas com pura força física. Beelzebub tentou se afastar, mas Raiden já estava em cima dele. Samá avançou em Asmodeus com uma fúria destrutiva.
O campo de batalha entrou em erupção mais uma vez.
E no meio do caos, Abaddon olhou para Raiden por um breve momento.
Abaddon: — Pensei que tu iria dormir pra sempre... Aliás, O mestre não pediu pra que tu ficasse com ele?
Raiden: — É, mas não podia simplesmente ignorar mais a situação, então vamos terminar isos rápido pra salvar a bunda do Enoch.
Então, com um rugido de guerra, os dois partiram para a matança. Na cabana destruída, João estava ficando impaciente, e Scarlet notava aquilo.
Scarlet: — O que foi, velhote? Por acaso está querendo mijar?
João apenas ignorava, olhando fixamente enquanto tremia de leve, com um sorriso psicótico preenchendo sua face.
João: — Mais... 14 minutos.
Scarlet ficava confuso, já que ele notava a mudança de personalidade sobre a expressão do Ancião, que parecia sempre ser sereno, ele pegava sua guitarra Ômega e ficava tocando notas suaves.
Scarlet: — Não sei por quê você está desse jeito agora... Mas sinto que, por algum motivo... Esses 14 minutos, irão significar tudo nessa guerra... Merda, isso é tão empolgante!!
Ele engrossava as notas tocadas, tocando um rock pesado, mas João ficava quieto, fixo, como se o mundo ao seu redor estivesse em puro silêncio, ele abria sua boca novamente pra repetir mais uma vez;
João: — Mais... 14 minutos.
Continua…