10 Minutos

Antártica - 15:24 PM

Enoch estava sendo pressionado.

Enoch: — Argh!

Ryōshi e Kazuhiko estavam dando golpes sincronizados, Com o Caçador fazendo cortes no nada, mas depois que Kazuhiko dava um golpe e Enoch tentava contra-atacar, o corte reaparecia do espaço e o acertava ele, fazendo recuar momentaneamente.

Enoch: — Merda... Merda!

Ryōshi reaparecia atrás dele, perfurando ele, que o mesmo desviava. Mas o caçador apenas sorria.

Ryōshi: — Não importa aonde, meu golpe sempre irá te pegar.

Kazuhiko com uma explosão de poder, iria diretamente em Enoch, desferindo um soco solar tão forte que mesmo ele defendendo com a sua espada dourada, foi o suficiente de pressionar sobre o peito dele.

Enoch: — Maldito... Como você está ficando tão forte em tão pouco tempo?!

Kazuhiko: — Estou evoluindo conforme eu te espanco.

Mas não era só isso, a tentativa de perfuração de Ryōshi reaparecia novamente, desta vez, perfurando a barriga de Enoch subitamente.

Enoch: — Porra...

Ryōshi: — Perante a minha lâmina, você sempre será um alvo fácil.

Ryōshi novamente chegava por trás, enquanto Enoch ainda estava se defendendo do soco de Kazuhiko.

Ryōshi: — É o seu fim.

Ryōshi respirava profundamente, e ele desferia centenas de milhares de cortes em segundos nas costas de Enoch, que não acontecia nada além da lâmina atravessar o corpo de Enoch, Ryōshi recuava, exalando o ar que tinha juntado na sua respiração.

Enoch: — Não zombe comigo!!

Enoch numa explosão de poder, dava um soco no Kazuhiko que fazia ele voa longe e iria até uma das poucas montanhas de gelo que ainda restava do continente sul.

Enoch: — Vou te mostrar, seu merda, que você está mechendo com um Cavaleiro da conquista, Enoch!!

Enoch avançava cegamente, disparando várias energias em forma de raios negros ao seu redor, mas Ryōshi conseguia reagir aquilo com facilidade, e quando Enoch estava prestes a perfurar, o dano era anulado completamente, só atravessando o peito de Ryōshi.

Enoch: — Como?! A minha arma consegue ferir até pessoas que são intangíveis! Então como?!

Ryōshi dava um sorriso leve, colocando delicadamente seu dedo na lâmina dourada de Enoch.

Ryōshi: — Isso que acontece quando se meche com um homem de família, Conquista... Agora exploda.

Kazuhiko se recuperava, se recompondo e logo olhava pra cima, vendo algo que ele não parecia acreditar.

Enoch: — O quê...?!

O corpo de Enoch começava a se despedaçar em pequenos pedaços, que ficavam se multiplicando constantemente.

Enoch: — Foi naquela hora que me cortou...?!

Ryōshi não respondia, mas ele agora colocava a mão no peito de Enoch e empurrava levemente, retirando uma peça inteira do peitoral dele.

Ryōshi: — Que nem uma quebra cabeça... Possuí uma estrutura quando se é montada corretamente, mas seu eu bagunçar só um pouco seus átomos... Você desmonta.

Enoch estava em choque, nunca em sua vida tinha visto um mortal fazer tais coisas, muito mais fazendo ele parecer apenas uma criança perante ao poder dele.

Enoch: — Simplesmente... Quem é você?!

Ryōshi suspirava novamente, balançando a cabeça.

Ryōshi: — Eu já te disse, sou um pai de família, e quero proteger minha família.

Enoch se desesperava, ele sabia que iria perecer se ele fizesse algum movimento delicado.

Enoch: — E-Espere um momento! Se tu me matar, eu sou o único quem sabe onde está a sua esposa, e eu morrerei com essa informação! Então é melhor—

Ryōshi: — Não ligo, tenho outros métodos.

Ele assoprava o rosto de Enoch, que após aquilo acontecer, todas as peças de seu corpo se despedaçava, e assim esfalerava em pó, que caía no mar gélido, com a visão de Enoch sendo preenchido com a escuridão total.

Séculos atrás…

O garoto corria pelos campos dourados de um reino distante, o sol refletindo em suas vestes brancas. Sua risada ecoava ao vento, um som puro e livre.

???: — Enoch! Venha aqui, sua mãe quer que você pare de fugir!

Ele se virou e viu seu irmão mais velho, rindo enquanto tentava alcançá-lo.

Enoch: — Só se me pegar, Caleb!

A infância de Enoch foi repleta de momentos como esse. Ele era apenas um menino que sonhava em se tornar um grande guerreiro, alguém que protegeria os outros e jamais fugiria de uma luta. Seu pai era um general renomado, sua mãe uma mulher sábia e amorosa. Ele cresceu ouvindo histórias sobre heróis, sobre reis justos e cavaleiros que venciam batalhas impossíveis.

No pôr do sol tingia o céu de laranja e dourado. No alto de uma colina, duas crianças observavam o mundo abaixo delas—campos vastos, pequenas vilas e, ao longe, os muros do reino que chamavam de lar.

Enoch e Caleb estavam agora deitados na grama, exaustos depois de um longo dia de treinamento. O vento soprava suavemente, trazendo consigo o cheiro de trigo e terra molhada.

Caleb: — Um dia, Enoch… nós vamos mudar esse mundo.

Enoch, com apenas oito anos, olhou para o irmão mais velho com curiosidade.

Enoch: — Mudar como?

Caleb sorriu.

Caleb: — Quando formos grandes o bastante, quando formos fortes o bastante… não deixaremos que ninguém mais passe pelo que vimos hoje.

O sorriso de Enoch sumiu. Ele sabia do que Caleb estava falando.

Naquela manhã, eles haviam presenciado uma cena terrível—soldados marchando sobre uma vila rebelde, queimando tudo, arrastando pessoas como se fossem apenas números. Não importava quem estava certo ou errado. No fim, os fracos sempre eram esmagados, mas pra eles, vendo aquilo já se tornou parte de suas manhãs.

Enoch: — Mas como vamos fazer isso?

Caleb estendeu a mão para o céu, como se tentasse alcançar as nuvens.

Caleb: — Nós seremos fortes. Mais fortes do que qualquer um. E quando chegarmos lá, vamos proteger todos. Vamos garantir que ninguém precise temer perder sua casa… perder sua família, iremos conquistar estas terras, mas não pro mal! E sim pra abrigar esse povo e proteger eles pra sempre!.

Ele então virou a cabeça para o irmão mais novo, seu olhar determinado.

Caleb: — Prometa pra mim, Enoch. Não importa o que aconteça, nós nunca seremos como eles. Nunca tomaremos de alguém aquilo que não podemos devolver.

O garoto ficou em silêncio por um momento. Ele não sabia o que dizer.

Então, estendeu o dedo mindinho.

Enoch: — Eu prometo.

Caleb sorriu e entrelaçou seu dedo no do irmão.

Caleb: — Então é uma promessa. E um dia… nós cumpriremos ela juntos.

Eles ficaram ali por mais um tempo, observando o sol desaparecer no horizonte.

Mas a realidade sempre foi cruel.

O fogo consumia sua casa. As bandeiras inimigas tremulavam sobre os muros caídos do reino. O chão estava coberto de corpos—soldados, civis, mulheres e crianças que não tiveram a chance de fugir.

E Enoch?

Ele estava ajoelhado no meio do massacre, segurando o corpo de seu irmão.

Caleb: — Você… cough... você precisa correr…

Enoch: — Não… não, por favor, fique comigo! Você prometeu pra mim que nós iríamos salvar esse povo junto, proteger e cuidar deles!!

Mas Caleb já não conseguia mais ouvir. Seus olhos vidrados olhavam para o céu, enquanto o sangue escorria por sua boca.

Caleb: — Desculpa... Irmão, eu...fui fraco... Por favor sobreviva... Seja forte...

Naquela noite, Enoch aprendeu a verdade sobre o mundo: heróis não existem, e justiça é uma ilusão criada pelos fracos para se confortarem.

A vila ardia.

O céu, antes pacífico, agora era um manto negro coberto por fumaça e cinzas. O cheiro de sangue e madeira queimada impregnava o ar, e os gritos dos inocentes ainda ecoavam entre as casas em ruínas.

Enoch: — Não… Não… Isso não pode estar acontecendo…

Enoch apertou os punhos, sentindo algo dentro dele se quebrar.

Ódio.

Dor.

Raiva.

Ele não sabia quem exatamente havia feito isso—os soldados do rei? Os rebeldes? Os saqueadores que vieram depois?

Não importava.

Eles tiraram tudo dele.

Então, por que ele deveria se importar com promessas? Por que deveria se importar com ser justo, com ser um herói?

Se Caleb, o mais forte e mais bondoso entre eles, havia sido massacrado como se fosse nada… então que chance alguém como ele teria?

O garoto tremeu, sentindo as lágrimas caírem sem controle.

E então, uma voz suave cortou o silêncio.

???: — Você não pode se perder agora, criança.

Enoch ergueu a cabeça, o olhar confuso e ainda tomado pela dor.

Diante dele, uma figura caminhava calmamente pelos destroços, sua silhueta iluminada pelo brilho do fogo ao redor. Ele trajava vestes brancas e longas, simples, mas impecáveis, e seus olhos… seus olhos tinham algo diferente.

Uma calma que parecia impossível naquele lugar de morte.

???: — Se levantar agora pode ser difícil… Mas você ainda pode escolher que tipo de homem irá se tornar, siga as últimas palavras de seu irmão, não faça a morte dele ser em vão.

O desconhecido se ajoelhou ao lado de Caleb, fechando os olhos do jovem com delicadeza.

???: — Ele morreu com honra. Protegendo o que acreditava.

Enoch sentiu um nó se formar em sua garganta.

Enoch: — E de que adianta? Ele morreu de qualquer forma… Ele não protegeu nada.

A voz dele estava cheia de desespero, de um rancor que ainda não sabia expressar.

O homem misterioso não desviou o olhar.

???: — Ele protegeu você.

Aquelas palavras atingiram Enoch como um golpe.

A respiração dele ficou pesada, e ele olhou para Caleb novamente.

Ele morreu… para que ele vivesse.

O desconhecido se levantou, o fogo atrás dele tremulando como se obedecesse sua presença, era o João, o antigo apóstolo de Jesus de Nazaré.

João: — Eu vi muitos caírem para o ódio. Para a vingança. Sei o que isso faz com um homem.

Ele olhou diretamente nos olhos de Enoch.

João: — Mas eu também vi o que acontece quando alguém escolhe seguir um caminho diferente.

Ele colocou a mão no ombro de Enoch.

João: — Não deixe que a dor o molde em algo que você não reconheceria. Aquele que morreu por você merece mais do que isso.

O silêncio se prolongou entre os dois.

Enoch olhava para seu irmão, para aquele que sempre acreditou nele… E pela primeira vez, ele não sabia o que fazer.

Ele queria gritar, chorar, prometer que vingaria Caleb.

Mas algo naquelas palavras, algo no olhar daquele homem, fez com que ele hesitasse, lembrasse da promessa que ele tinha feito pra Caleb.

E naquela noite, enquanto as chamas consumiam o que restava de sua vila…

O coração de Enoch ficou dividido.

Agora, o corpo de Enoch afundava lentamente. A escuridão o cercava, e com ela, o frio cortante da água. Ele sentia seu corpo se dissolvendo, partícula por partícula.

E, naquele momento, a promessa voltava para ele como uma lâmina atravessando seu peito.

"Nunca tomaremos de alguém aquilo que não podemos devolver."

Ele falhou.

Ele não só quebrou a promessa. Ele esmagou ela, jogou no chão e pisoteou sem olhar para trás, ele via a sua versão menor, ainda feliz e brincando com seu irmão, antes de se perder no poder.

O que ele conquistou em troca? Poder? Glória?

Nada.

Tudo que ele fez foi criar mais pessoas como ele.

Me perdoe, Caleb...

Enoch sumia, se tornando um com a água do mar gélido.

Ryōshi olhava de cima, agora pousando no chão ao lado de seu filho.

Kazuhiko: — Isso foi incrível pai! Você é muito forte—

Kokuei e Ryōshi falavam ao mesmo tempo para ele:

Silêncio, um momento de silêncio.

Kazuhiko: ...?

Ryōshi olhava pra baixo, vendo a água de onde Enoch tinha caído, ele ficava silencioso por um momento, mas logo se virava, indo na direção da outra batalha.

Ryōshi: — Ele era fraco, mas não pelo o motivo que sabemos, a falta de convicção deste cavaleiro fez com que ele não lutasse pra vencer, mas sim pra sobreviver... Aqueles olhos, ele queria algo, mas ele esqueceu completamente do que era. Realmente lamentável.

Kazuhiko: — Mas ele sequestrou a minha mãe... Ele brincou comigo, corrompeu um anjo puro apenas por que ele podia, foi ele quem causou tudo isso...

Ryōshi: — Não temos direito de fala, agora estamos indo num caminho sem volta, ele apenas fez aquilo por que não podia vencer sozinho desde o início, ele era um estrategista afinal, agora... Deixe ele descansar, ainda temos uma guerra pra terminar.

No campo de batalha.

Asmodeus: — Calma aí, pequeno jovem!

Samá avançava rapidamente na direção dele, mas ele conseguia sentir o fluxo perfeitamente, dando leves batidas pra desviar perfeitamente sem nenhum esforço.

Samá: — Por quê você só desvia, demônio?!

Asmodeus: — Ah, por que não quero sujar minhas mãos com um ser tão vulgar quanto você!

Enquanto isso, Raiden e Beelzebub se encaravam por mais um momento, ambos sorrindo ao ver um ao outro.

Beelzebub: — Terei certeza de levar mais que uma mão desta vez...

Um dos olhos de Beelzebub brilhavam novamente, enchendo com uma vermelhidão notável.

Raiden: — Quero ver você tentar, sua mosca, agora que aquela transformação acabou, eu posso acabar com você sem problemas.

Raiden dava um passo pra frente, reativando seu avatar de Guerra, já que ele estava completamente recuperado graças aos poderes divinos de João.

Beelzebub: — Interessante, seria realmente uma pena se eu tomasse mais um desses...o que será que aconteceria?

Beelzebub retirava um frasco que continha sangue, obviamente de Lúcifer, Raiden reconhecia aquilo e via que era o motivo dele ter perdido a mão, mas por algum motivo, ele não impedia.

Beelzebub: — Eu gostaria de saber... O quanto eu preciso de tomar este sangue pra que eu tenha aquela transformação de forma permanente?

Raiden: — Para de enrolar, todos nós sabemos disso, só quero ter uma luta boa até a minha morte.

Beelzebub olhava pro frasco e logo pra Asmodeus, que estava lutando levemente com Samá, ele ficava com um pouco de receio, mas ele lembrava que Asmodeus disse;

"Tu vai precisar mais do que eu."

Beelzebub abria o frasco e logo bebia, e como na primeira vez, seu corpo modificava imediatamente, diferente da última vez, não teria um casulo como da última vez, a pele dele só explodiria e saía a criatura com a anatomia de uma mosca gigante, com seus dois olhos de mosca.

Raiden: — Isso! Finalmente sentirei na pele a morte novamente, mal posso esperar!

Abaddon fazia uma cara irritada, mesmo que era apenas uma caveira, mas ela ignorava aquele comentário, lidando com Leviathan, junto com os irmãos caçadores.

Ryuji desviava dos cortes de morte de Abaddon com uma leve facilidade, já que a Katana ficava brilhando enquanto desviava, enquanto Miyako tentava fazer o mesmo, lançando suas adagas como explosões cinéticas pra tentar dispersar o corte da Morte.

Leviathan por sua vez, usava sua mobilidade e tamanho pra bloquear a maioria dos cortes junto com a aura de morte emanada de Abaddon.

Leviathan: — RAWRAAAAAA!!

Leviathan rugia incansavelmente, gerando as placas tectônicas se mexerem, Miyako e Ryuji pousavam de volta na cabeça da serpente.

Ryuji: — E aí irmã, como é lutar contra a morte?

Miyako pegava suas adagas de volta, que voltavam telepaticamente nas suas mãos após pousar.

Miyako: — Achei que seria pior, nunca imaginei que nós saímos de caçar anjos e caídos para isso, mas as vezes penso que ainda é um milagre de estarmos vivos...

Ryuji dava uma olhada pra sua Katana e para as adagas de Miyako.

Ryuji: — Temos que agradecer ao mestre depois, foi ele quem entregou estas armas para nós, afinal.

Miyako: — Então...as mensagens que aparecem vem das minhas adagas?

Ryuji: — Ah, isso é apenas uma loucura sua, nunca vi tal arma fazer isso.

Miyako se estressava novamente, pra variar, mas não dava tempo pra reclamar, pois Abaddon ia diretamente até eles, mas era impedido bem na hora pelo o Ryōshi e Kazuhiko, que chegavam bem a tempo, bloqueando a foice dela, que era tão longa que Ryōshi estava de um laod e Kazuhiko de outro.

Ryōshi: — Não achou mesmo que eu ia deixar você fazer qualquer coisa com os companheiros do meu filho?

Kazuhiko: — Cala a boca pai, desse jeito tu está roubando todo o meu brilho!

Ryōshi: — Haha, foi mal, força de hábito.

Abaddon ficava incrédula, pensando que Enoch realmente foi derrotado assim tão fácil?

Abaddon: — Impossível, vocês não podem ter matado ele tão facilmente...

Kazuhiko: — Ele apenas morreu por quê não tinha motivação forte, ele se perdeu de quem ele realmente queria ser.

Abaddon parou por um instante.

Algo dentro dela queimava, mas não era raiva. Não era ódio.

Era desprezo.

Ela sabia que Enoch não era fraco. Ele pode ter se perdido, pode ter cometido erros, mas não era alguém que simplesmente cairia tão facilmente. Ainda assim… ele caiu.

E isso significava que não havia mais motivo para hesitação.

A aura ao redor dela começou a se dissipar, mas não como se estivesse enfraquecendo—era como se tudo ao seu redor estivesse sendo devorado pelo vazio. A foice em suas mãos tremeu levemente, e um silêncio aterrorizante tomou conta do campo de batalha.

A primeira a sentir algo errado foi Miyako. Seu corpo estremeceu involuntariamente.

Miyako: — O que… é essa sensação?!

PERIGO DE MORTE EMINENTE, DEVIDO AO ALTO RISCO CONTRA O SEU ALVO DE PROTEÇÃO, SUAS ADAGAS GANHARÃO UMA EVOLUÇÃO TEMPORÁRIA!

AVISO: SE RECUAR AGORA, TUAS ADAGAS IRÃO SE TRANSFORMAR EM CINZAS E NUNCA SERÁ CAPAZ DE UTILIZAR ELAS NOVAMENTE, PASSANDO PRA UM OUTRO PORTADOR.

Miyako ficava em choque após ver essa mensagem aparecer ao seu lado, e via que suas adagas ficavam brilhando constantemente as cores do universo.

Miyako: — Mas que merda é essa?!

Miyako olhava de relance do aviso, e dava um sorriso nervoso, levantando suas adagas para cima.

Miyako: — Eu não pretendia fugir mesmo, não faz o meu estilo.

Ryuji franziu a testa, recuando um passo.

Ryuji: — Algo está errado…

Kazuhiko e Ryōshi mantiveram suas posturas de combate, mas até mesmo o caçador notou que algo havia mudado.

Abaddon, lentamente, ergueu a cabeça. Seus olhos, antes cheios de fúria e sede de batalha, agora eram vazios.

Não havia mais emoções.

Não havia mais hesitação.

Ela desligou sua própria humanidade.

Ela se tornou a própria Morte.

Leviathan, que observava ao fundo, sentiu algo incomum—não medo, mas um pressentimento avassalador. Ele, um dos mais antigos e temidos, sentiu que algo estava errado.

Abaddon girou sua foice uma única vez. O ar ao redor dela foi sugado em um instante, como se a própria existência estivesse sendo apagada ao seu redor.

E então…

Ela desapareceu.

Kazuhiko arregalou os olhos, sentindo um arrepio cruel em sua espinha.

Kazuhiko: — Onde—?!

Kokuei: ((Atrás, ela foi atrás de você. ))

Assim como Kokuei previu, uma sombra apareceu atrás dele. Fria. Silenciosa. Inevitável.

Mesmo com o aviso de Kokuei, ele não teve tempo tempo de reagir, a lâmina negra da foice de Abaddon já estava passando pelo espaço onde sua cabeça deveria estar.

Num reflexo sobrenatural, Ryōshi puxou Kazuhiko pela gola, desviando-o por um milésimo de segundo. Mas a foice ainda pegou de raspão, abrindo um corte que não sangrou, apenas apagou parte do ombro de Kazuhiko da existência.

Kazuhiko: — MAS QUE PORRA É ESSA?!

Ryōshi, pela primeira vez em muito tempo, sentiu que precisava levar essa luta a sério.

Miyako e Ryuji saltaram para trás, tentando ganhar distância, mas foi inútil.

Abaddon não existia mais como um ser físico.

Ela era apenas a Morte em forma pura.

E nesse instante, eles perceberam.

Não importava sua força.

Não importava suas habilidades.

Apenas um erro. Apenas um golpe.

E era o fim.

Abaddon lentamente virou a cabeça na direção deles, e pela primeira vez depois de muito tempo, Ryōshi sentiu na pele uma sensação que não sentia como mortal.

Ryōshi: — Bom... Agora terei que enfrentar a maior fraqueza de qualquer mortal, a morte, faz tempo que não sinto meu sangue ferver desse jeito.

Na consciência de Kazuhiko, enquanto ele colocava sua mão no lugar onde foi apagado, Kokuei se pronunciava novamente.

Kokuei: ((Essa é uma boa hora de eu trocar de lugar contigo, você não vai conseguir lidar com ela agora.))

Kazuhiko: — Cala a boca! Eu vou matar ela, nem que seja a última coisa que eu faço, e não viu deixar você possuir meu corpo novamente que nem da última vez, eu também sou forte, sabe...

Kokuei: ((Muleque... certo, mas você está por sua conta e risco, não se esqueça de usar a arma contra ela, ela é a sua única chance de derrotar a morte temporariamente.))

Miyako ficava do lado de Kazuhiko e de Ryōshi.

Ryōshi: — Huh?

Miyako: — Não questione, eu vou ir primeiro.

Abaddon estava imóvel, sua foice gotejando o vazio absoluto onde antes existia matéria. Seus olhos mortos analisavam os guerreiros diante dela.

Eles não eram nada além de números esperando serem riscados de uma equação inevitável.

Miyako apertou as adagas em suas mãos, sentindo uma onda de energia cósmica percorrer seu corpo. As lâminas pulsavam com os segredos do universo, cores vibrantes girando em sua superfície como um oceano de estrelas.

Ela não sabia o que estava acontecendo, mas sabia o que precisava fazer.

Miyako: — Se minha única escolha é lutar ou perder tudo... então eu vou lutar até o fim.

Ela se lançou para frente.

O tempo se distorceu ao seu redor.

Cada movimento era como se estivesse atravessando um milhão de realidades ao mesmo tempo, escolhendo a única onde seu golpe acertaria.

Suas adagas se chocaram contra a foice de Abaddon.

O impacto não causou um som, mas apagou uma pequena porção do espaço ao redor, como se aquela fração da existência nunca tivesse estado ali.

Abaddon girou sua lâmina, tentando cortar Miyako, mas as adagas se dobraram no tempo e no espaço, permitindo que ela desviasse de um ataque que já deveria tê-la atingido.

Enquanto isso Kazuhiko olhava para o vazio onde antes estava seu ombro. Não era uma ferida comum. Não havia carne, sangue ou dor. Aquela parte dele simplesmente não existia mais.

Abaddon havia apagado um pedaço de sua existência com um único golpe.

Por um momento, ele sentiu um frio profundo no peito. Ele nunca enfrentou algo assim. Regeneração não adiantava. Seu corpo sequer reconhecia que aquela parte deveria estar ali.

Ele fechou os olhos e ativou Gula e Inveja simultaneamente. O ar ao redor dele tremeu, como se o próprio universo recusasse o que ele estava prestes a fazer. Seu corpo se contorceu enquanto ele tentava preencher o vazio com algo roubado da própria realidade.

Kazuhiko: — Se eu não existo mais ali… então eu tomarei a existência de outra coisa — ele murmurou.

Um rugido espectral ecoou dentro dele. A Gula não apenas consumia poderes, mas sim conceitos. E já que ele já absorveu vários anjos,e um Arcanjo, ele conseguia criar algo novo.

Ele devoraria a própria ideia de um "ombro".

As sombras se retorceram ao redor do vazio, puxando pedaços de realidade perdida. Fragmentos de memórias, de existência e de matéria se uniram, forçando o universo a aceitar algo que já não deveria estar ali.

Seus ossos e músculos se reconstruíram, mas não de carne e sangue. Seu novo ombro era feito de energia devorada, de ecos de outros seres. Ele não apenas tinha um ombro novo—ele tinha um conceito reescrito de um ombro.

Ele abriu e fechou a mão, sentindo os poderes das almas dentro dele vibrando em cada movimento. A nova parte de seu corpo estava viva, instável e poderosa.

Kazuhiko riu.

Kazuhiko: — Eu roubei meu próprio ombro de volta.

Kokuei dava uma leve risada, como se ele estivesse orgulhoso.

Kokuei: ((Está apredendo muito bem seus poderes, Kazuhiko. ))

Na distância, Scarlet estava até com um balde de pipoca que tinha pegado em um lugar aleatório de Terra, ao lado de João, que estava constantemente contando os minutos.

João: — 10 minutos...

Os olhos deles estavam cobertos de camadas de pupilas que rodeavam infinitamente, Scarlet olhava para João, já agoniado de ter que ficar ouvindo aquilo a cada 10 minutos.

Scarlet: — Mano, acho que você está precisando de um médico, você já está velho... Eu sei como é, ei, minha esposa é uma ótima psicóloga—

João parava, e dava um pequeno olhar de relance em Scarlet.

João: — Você realmente não entende... Tudo que está aqui, acabará, não sobrará nada além pó, assim que o céu sair a escuridão... Ela logo será cobrida pelo o branco, se eu fosse você, eu sairia daqui, enquanto ainda tem uma chance.

Scarlet ria ainda mais após ouvir aquilo, se sentindo ainda mais empolgado que antes.

Scarlet: — Incrível! Simplesmente indo! Não imaginava que tudo isso aconteceria, fico feliz agora que estou aqui! Agora nem preciso mais lutar, isso aqui já é puro cinema!

João: — Seu louco...

Scarlet: — Eu vivo pelo o caos cara, somos completamente opostos.

João lentamente voltava ao seu transe, contando os minutos que restavam.

Scarlet: — E depois me chamam de louco... Cada um que se ver por aí.

Scarlet voltava sua atenção de volta ao caos, enquanto Antártica estava desmonorando cada vez mais.

João: — 10 minutos...

A voz começava a ecoar pelos os arredores do Pólo sul, como um sussurro, que ia aumentando a cada minuto.

10 minutos restantes.