Oceano Índico - 12:41 PM
Kazuhiko estava voando pelo o oceano, que estava completamente conturbado, já que o continente Africano foi jogado pra mais perto do Continente asiático, Kazuhiko apenas olhava, com um olhar triste.
Kazuhiko: — É tão difícil cuidar das pessoas no seu próprio país... Imagina em um outro continente, você acha que ainda tem sobreviventes?
Ryuji olhava de relance, vendo o caos e a destruição por causa das placas tectônicas, e a África por ser mais perto do antigo Polo sul, naturalmente foi uma das mais afetadas.
Ryuji: — Difícil... Ei, não estamos com tanta pressa assim, a informação e relatório sobre aonde cada caçador pode ter mudado, eu perdi o contato com eles a muito tempo.
Kazuhiko: — Isso me faz lembrar... Por quê você e a Miyako decidiram caçar anjos e caídos?
Ryuji: — Não gosto de lembrar... Mas é ódio, os anjos nos fizeram de escravos, e se seu pai não tivesse aparecido... Não sei se eu e minha irmã estaríamos vivos pra contar a história, por isso que se eu ver qualquer anjo... Eu mato.
Ryuji olhava diretamente para Kazuhiko, que atualmente, se assemelhava à um anjo.
Ryuji: — Talvez o próximo... Seja você.
Kazuhiko: — Porra, você está me assustando! Eu vou te jogar no mar!
Kazuhiko começava a se debater enquanto voava, o que desesperava também o Ryuji.
Ryuji: — Calma! Calma! Era brincadeira!!
Na distância, mais especificamente no solo africano, uma figura mascarada observava aquelas duas figuras se aproximando no continente.
O homem puxava um rádio de seu bolso, ligando ela e apertando pra transmitir a sua voz em alemão.
???: — Zwei verdächtige Gestalten nähern sich dem afrikanischen Kontinent…
A figura colocava novamente no seu bolso, logo desaparecendo no meio da névoa de pó.
Ryuji: — Enfim, que tal nós descermos pra ver se tem alguns sobreviventes? Nós precisamos de mão de obra, então é a nossa obrigação salvar eles de uma morte certa e tratar eles bem.
Kazuhiko: — Certeza? Isso pode nos atrasar, mas não posso recusar quando se trata em ajudar o próximo, vamos!
Kazuhiko rapidamente chegava em um lugar (antigamente, Quênia) totalmente destruído, elevações sobrenaturais das terras, e puro silêncio. Eles não escutavam nada além de destroços caindo.
Kazuhiko: — Olhando agora, eu ia chutar que a explosão aconteceu ontem... Que horrível, não vejo nenhum sinal de vida.
Ryuji: — Ah vamos, não seja tão pessimista, sobreviventes aqui não ficariam andando pro lado e pro outro.
Kazuhiko olhava pra ele, com um olhar confuso.
Kazuhiko: — Agora que percebi, desde quando você começou a falar de uma forma tão liberal? Nem parece você.
Ryuji riria, alisando sua barba enquanto caminhava pela a frente.
Ryuji: — Bom, tive algumas aulinhas com o nosso anjo favorito, ele me ensinou várias coisas, e eu ensinei o que sabia pra ele.
Kazuhiko bufou e cruzou os braços.
Kazuhiko: — Você é um caso perdido... Mas enfim, vamos focar no que importa.
Ambos continuaram caminhando entre os escombros do que um dia foi uma cidade vibrante. Agora, o solo era um mosaico de destruição: rachaduras gigantescas rasgavam o asfalto, edifícios desmoronados formavam montanhas de concreto e aço retorcido, e um cheiro estranho pairava no ar—uma mistura de fumaça, sangue seco e terra exposta.
A cada passo, o silêncio absoluto os envolvia, tornando a devastação ainda mais angustiante. Nenhum grito, nenhum choro, nenhum pedido de socorro. Apenas o som ocasional do vento cortando os destroços e de estruturas desabando ao longe.
Kazuhiko parou ao lado de um carro virado de cabeça para baixo, sua lataria amassada e vidro quebrado. Ele se abaixou, tentando ver se havia algo dentro.
Kazuhiko: — Nada... Nem mesmo corpos. É como se as pessoas tivessem simplesmente desaparecido.
Ryuji: — Ou foram arrastadas por alguma coisa.
A frase fez um calafrio subir pela espinha de Kazuhiko. Ele se levantou e olhou ao redor, sentindo um desconforto crescente.
Kazuhiko: — Você acha que… os caçadores resgataram essas pessoas?
Ryuji: — Provavelmente. Mas algo me diz que não foram só um, o que parece ser impossível, um simples caçador não poder recuar um continente inteiro sozinho, e além do mais...
Ryuji apontou para um conjunto de marcas profundas no chão. Eram como pegadas, mas absurdamente grandes, com garras que se afundaram no concreto como se fosse argila.
Ryuji: — Parece que não tinha apenas caçadores ao redor...
Kazuhiko engoliu em seco.
Kazuhiko: — Seja lá o que fez isso… ainda pode estar por perto.
O som de pedras deslizando chamou a atenção dos dois. Imediatamente, Ryuji puxou sua katana, enquanto Kazuhiko instintivamente abriu suas asas, preparando-se para qualquer ameaça.
A poeira subia no ar, e uma sombra surgiu entre os escombros.
???: — … Vocês não deveriam estar aqui.
A voz era rouca e cansada, mas carregava um tom de autoridade. Quando a poeira assentou, puderam ver a figura diante deles: um homem alto, de pele escura e vestindo roupas esfarrapadas, com um rifle pendurado no ombro e um olhar penetrante. Seu corpo estava coberto de cicatrizes, e seu rosto mostrava a expressão de alguém que já tinha visto o inferno de perto.
Kazuhiko deu um passo à frente.
Kazuhiko: — Então… ainda há sobreviventes.
O homem olhou para eles, avaliando-os com cautela, antes de dar um leve suspiro.
???: — Japonês, ein? Sim… mas por quanto tempo, essa é a verdadeira questão.
Kazuhiko e Ryuji trocaram olhares, tentando avaliar a situação. O homem à frente deles parecia exausto, mas ainda mantinha uma postura firme. Seus olhos carregavam um peso indescritível, como se ele já tivesse visto e perdido mais do que qualquer um poderia imaginar.
Ryuji: — Você parece ser alguém importante. Qual o seu nome?
O homem hesitou por um momento, depois respondeu com uma voz rouca.
???: — Tenente Ibrahim Ngoma. Exército do Quênia… ou o que sobrou dele.
Kazuhiko: — Então você é um soldado. Está sozinho?
Ibrahim apertou os lábios, desviando o olhar por um instante antes de responder.
Ibrahim: — Não. Ainda há alguns de nós. Poucos… mas estamos vivos.
Kazuhiko sentiu um alívio momentâneo, mas a tensão ainda pairava no ar.
Kazuhiko: — E os outros civis? Onde eles estão?
Ibrahim baixou o olhar, apertando o punho. Ele hesitou antes de responder.
Ibrahim: — Quando o cataclismo aconteceu… tentamos evacuar o máximo de pessoas possível. Mas a terra não apenas tremeu, ela se partiu. Fendas gigantes engoliram cidades inteiras. O mar avançou quilômetros terra adentro. E então… eles vieram.
Ryuji franziu o cenho.
Ryuji: — "Eles"? Quem são "eles"?
Ibrahim respirou fundo, como se reunir forças para falar.
Ibrahim: — Criaturas. Monstros que nunca vimos antes. Não são apenas animais selvagens tentando sobreviver, são algo mais… inteligentes. Eles não caçam por necessidade, caçam por prazer. E parece que têm um objetivo.
Kazuhiko sentiu um arrepio. Algo sobre a forma como Ibrahim falava indicava que ele tinha visto coisas que não conseguia esquecer.
Kazuhiko: — Isso deveria ser impossível... Monstros? Em pleno 2048?
Ryuji olhava pra Kazuhiko, com uma expressão séria agora.
Ryuji: — Isso pode ter afetado alguma coisa na dimensão... Talvez estes monstros sejam do próprio inferno, não duvidaria que a explosão fez com que algo se abrisse e começar a sair monstros e criaturas mutantes.
O homem apenas escutava, não parecendo muito surpreso, pois ele mesmo já viu aquelas criaturas grotescas, algo que não saiu da Terra, e sim do submundo.
Ibrahim: — É notável que vocês não são normais... Um está com asas que parecem de um anjo... E outro está carregando esta espada que emana algo sinistro sobre ela... Por acaso sofreram mutações?
Kazuhiko: — Ah! Nada disso, é meio difícil explicar tudo, mas saiba que fomos nós que impedimos a explosão de atingir seu ápice, infelizmente não conseguimos prever ou ao menos proteger o mundo diante daquela explosão.
Ibrahim: — Rapaz... Está me dizendo que você, e este outro jovem estavam em Antártica, tentando nos proteger dessa "explosão"? Hah... O mundo realmente virou de cabeça pra baixo.
Ryuji soltou um leve suspiro, cruzando os braços.
Ryuji: — Foi mais complicado do que parece. Nós fizemos o possível, mas... não foi o suficiente.
Ibrahim olhou para os dois por um momento, avaliando-os novamente. Era difícil acreditar na história, mas, ao mesmo tempo, depois de tudo que havia testemunhado, a ideia de duas pessoas enfrentando o impossível já não parecia tão absurda.
Ibrahim: — Seja como for, vocês chegaram na pior hora possível. Esses monstros… eles não estão apenas vagando sem rumo. Eles têm líderes.
Kazuhiko e Ryuji se entreolharam.
Kazuhiko: — Líderes?
Ibrahim assentiu, seu olhar ficando mais pesado.
Ibrahim: — Alguns são maiores, mais inteligentes… e comandam os outros. Eles se organizam, como um exército. Não sei de onde vieram, mas sei que estão se espalhando. E se não fizermos algo logo… não vai sobrar ninguém.
O silêncio pairou entre eles por alguns instantes. A ideia de monstros liderados por criaturas ainda mais perigosas tornava a situação muito pior do que já era.
Kazuhiko: — Você mencionou sobreviventes. Onde eles estão?
Ibrahim: — Em um abrigo subterrâneo, a alguns quilômetros daqui. Mas não podemos ir até lá agora.
Ryuji estreitou os olhos.
Ryuji: — Por quê?
Ibrahim olhou para os céus, como se estivesse ouvindo algo ao longe. Então, sua expressão se fechou.
Ibrahim: — Porque eles estão vindo.
Antes que pudessem reagir, um rugido ensurdecedor ecoou pela cidade devastada. O chão tremeu, e, ao longe, entre os destroços, sombras começaram a se mover.
Kazuhiko abriu suas asas, sentindo um arrepio percorrer sua espinha.
Kazuhiko: — Ryuji… acho que vamos ter que lutar.
Ryuji puxou sua katana, um sorriso predatório se formando em seu rosto.
Ryuji: — Já estava na hora.
Ibrahim segurou firme seu rifle, cerrando os dentes.
Ibrahim: — Espero que vocês sejam tão fortes quanto parecem… porque dessa vez, não há para onde correr.
Ryuji: — Que bom, pois nenhum de nós dois estávamos planejando tal coisa.
O ser aparecia no meio dos escombros, ele possuía um corpo retorcido, coberto por uma pele escura e rachada, como se estivesse queimando por dentro. Seus olhos eram buracos negros, sem vida, e sua boca se abria em um sorriso distorcido, com fileiras de dentes afiados.
Ibrahim: — Um deles…
Antes que pudessem reagir, a criatura soltou um grito agudo e as ruínas ao redor começaram a se mexer. Mais daquelas aberrações surgiam dos escombros, rastejando como insetos gigantes. Eles se moviam de maneira antinatural, com articulações estalando a cada passo.
Kazuhiko: — Esses são os tais monstros de que você falou?
Ibrahim: — Sim… e se preparem, porque atirar neles não adianta.
A primeira criatura pulou em direção ao trio. Ryuji foi o primeiro a reagir, desembainhando sua katana em um movimento veloz. O corte foi limpo, dividindo a criatura ao meio e a queimando com chamas negras… mas algo inesperado aconteceu.
A carne retorcida da aberração se contorceu perante as chamas, e no lugar de uma criatura, agora havia duas pegando fogo. Ambas soltaram um riso sinistro antes de avançar novamente, como se elaa já estivessem acostumadas com a dor daquelas chamas.
Ryuji: — Ah, merda…
Antes de Ryuji ser atingido, Kazuhiko ativava uma dos seus pecados, uma mistura da Luxúria e Ganância, seus punhos eram cobertos por uma luz brilhante, quase divina, mas era apenas energia solar, o mesmo desferia um golpes tão forte que explodia a parte superior dos dois demônios, mas os dois se regeneravam quase que instantaneamente pelas as suas partes inferiores.
Kazuhiko: — Tsc... Então precisa obliterar completamente estes bixos...
Ibrahim: — Isso mesmo… e rápido. Eles não cansam.
As duas criaturas riram mais uma vez, seus corpos retorcidos assumindo formas ainda mais grotescas. Garras começaram a crescer de suas mãos, e seus olhos brilharam com um vermelho profundo, como se se alimentassem da fúria dos guerreiros diante delas.
Sem perder tempo, Ibrahim retirou um pequeno frasco de dentro de seu casaco e o esmagou no chão. Uma fumaça prateada se espalhou pelo campo de batalha, fazendo as criaturas hesitarem por um breve momento.
Ryuji: — O que é isso?
Ibrahim: — Pó de sal misturado com cinzas sagradas… mas não vai segurá-los por muito tempo. Precisamos de um ataque que os desintegre completamente.
Kazuhiko cerrou os dentes, concentrando sua energia solar. Seu corpo brilhou intensamente, e um calor escaldante tomou conta da área. O chão abaixo de seus pés começou a rachar, enquanto sua aura crescia ainda mais.
Kazuhiko: — Se eles se regeneram, então só temos que queimar cada pedaço deles até que não sobre nada!
Ele avançou contra as criaturas com velocidade absurda, seus punhos brilhando como miniaturas de sóis. Com um único golpe, ele vaporizou uma das aberrações completamente, suas cinzas se dissolvendo no ar. Mas antes que pudesse se virar para a segunda, esta já havia se fundido com outra forma nas sombras, crescendo e assumindo um tamanho ainda maior.
Ryuji: — Isso tá ficando pior…
A criatura agora tinha o dobro do tamanho, seu corpo coberto por ossos negros e uma boca gigantesca, cheia de fileiras de dentes afiados. Ela soltou um rugido que fez o chão tremer e então avançou, suas garras mirando direto no peito de Kazuhiko.
Ibrahim: — Jovem, sai daí!
Mas era tarde demais. As garras cortaram o ar e...
???: — Eine weitere Anomalie erkannt ... Beginnen Sie mit der Eliminierung.
A figura mascarada chegava derrepente, despedaçando a figura com um soco, que tinha um soco inglês.
???: — Ausschalten.
Após falar aquelas palavras, a figura entrava em um surto, ele tentava se regenerar sua cabeça, mas não conseguia, ele caía no chão, se debatendo, tentando seu máximo pra regenerar sua parte perdida, mas ele não conseguia, assim... Morrendo, eventualmente.
O silêncio que se seguiu foi quase ensurdecedor. A criatura, que segundos atrás era uma ameaça monstruosa, agora jazia no chão, debatendo-se inutilmente até que sua existência foi completamente apagada.
Kazuhiko recuou um passo, sentindo um arrepio subir pela espinha. Não era a primeira vez que via algo ser destruído, mas a forma como aquele desconhecido desintegrou a aberração… aquilo era algo diferente.
A figura ficou de pé, imponente, o ar ao seu redor pesado e carregado de um tipo estranho de energia. Ele usava um longo casaco negro, resistente, adornado com símbolos prateados que lembravam runas antigas. Sua máscara escondia completamente o rosto, revelando apenas dois olhos brilhantes como brasas. E em sua mão, o punho inglês ainda pingava um resquício da matéria corrompida da criatura.
Então, ele olhou diretamente para Kazuhiko.
???: — Ein Engel...? (Um anjo…?)
Kazuhiko ergueu uma sobrancelha, sentindo um déjà vu imediato.
Kazuhiko: — Por quê eu sinto que já passei por isso...
Antes que pudesse continuar a brincadeira, o desconhecido se moveu como um raio. Sem hesitar, o alemão avançou contra Kazuhiko, seu punho envolto em uma energia brutal.
Kazuhiko mal teve tempo de reagir antes que o golpe fosse lançado. Ele ergueu o braço para bloquear, mas a força do impacto foi absurda, o jogando vários metros para trás, seus pés abrindo sulcos no chão.
Kazuhiko: — Merda… esse cara é forte.
O mascarado não deu trégua. Ele girou no ar, preparando outro golpe que vinha como um meteoro. Kazuhiko revidou com um soco infundido com sua energia solar, e os dois impactos colidiram, criando uma explosão de força pura que rachou o solo ao redor.
Kazuhiko: — Tsc... esse cara tá mesmo tentando me matar!
Antes que a luta pudesse escalar ainda mais, uma voz cortou o ar como uma lâmina.
Ryuji: — WULFRIC?!
O nome fez o alemão parar imediatamente. Ele virou a cabeça para Ryuji, os olhos brilhantes por trás da máscara encarando o espadachim com intensidade.
Wulfric: — ...Ryuji?
O silêncio caiu sobre o grupo mais uma vez. Mas agora, uma tensão diferente pairava no ar.
Ibrahim olhou para Ryuji, confuso.
Ibrahim: — Você conhece esse maluco?
Ryuji estreitou os olhos, apertando os punhos.
Ryuji: — Sim…
Wulfric manteve-se imóvel por um momento, seus olhos incandescentes examinando Ryuji como se tentasse confirmar se era realmente a mesma pessoa que conhecera anos atrás. O silêncio durou apenas alguns segundos antes de ser quebrado por sua voz rouca e carregada de sotaque.
Wulfric: — Ryuji...? Você está... vivo.
Havia um certo alívio na sua voz, misturado com surpresa genuína. Mas sua expressão logo endureceu novamente ao lançar um olhar afiado para Kazuhiko, que já havia se recomposto da troca de golpes.
Wulfric: — Você... por quê... aliado de um anjo?
Sua fala era truncada, como se ele estivesse se esforçando para formular a frase no idioma local.
Kazuhiko, ainda massageando o ombro após o impacto, suspirou, revirando os olhos.
Kazuhiko: — De novo essa história? Já é a segunda vez...
Antes que Wulfric pudesse reagir, a metamorfose de Kazuhiko se desfez, e sua aparência humana ficou visível novamente. Os olhos brilhantes sumiram, as marcas sobrenaturais desapareceram, e ali estava ele: um "simples" humano.
O alemão piscou algumas vezes, confuso, e então murmurou algo em sua língua nativa antes de suspirar pesadamente.
Wulfric: — Scheiße... (Droga...)
Ele ergueu ambas as mãos num gesto de rendição e lentamente retirou a máscara, revelando um rosto pálido, marcado por cicatrizes discretas e um olhar severo, mas agora repleto de constrangimento.
Wulfric: — Eu... errei. Me desculpem.
Ryuji cruzou os braços, observando o antigo conhecido com um olhar avaliador.
Ryuji: — Quase nem te reconheci... A última vez que nos vimos, ainda éramos adolescentes.
O caçador alemão assentiu lentamente, colocando a máscara em seu cinto antes de finalmente relaxar a postura.
Wulfric: — O tempo muda tudo... Vieles ist passiert. (Muitas coisas aconteceram.)
Ele então se voltou para o grupo e respirou fundo antes de começar a explicar.
Wulfric: — Estas... anomalias. Elas... verbreiten sich... espalhar. Todo o continente.
Sua dificuldade com o idioma era evidente, mas o tom grave em sua voz deixava claro o peso da situação.
Wulfric: — Os caçadores... decisão. Formar grupo... temporário. Precisamos... kontrollieren… controlar os monstros.
O silêncio caiu sobre o grupo. Era evidente que a situação era séria.
Kazuhiko cruzou os braços, analisando o homem à sua frente.
Kazuhiko: — Então vocês estão caçando essas coisas... Isso explica a pressa em me socar.
Wulfric soltou um suspiro pesado.
Wulfric: — Ja... E você parecia... um deles.
Ryuji descruzou os braços e deu um passo à frente.
Ryuji: — Isso significa que a situação é pior do que imaginávamos. Se caçadores de diferentes regiões estão se unindo, então essa ameaça está saindo do controle.
Wulfric assentiu, os olhos ainda carregados com o peso do que viu.
Ibrahim, que até então observava a conversa com os braços cruzados, finalmente deu um passo à frente, sua expressão carregada de desconfiança.
Ibrahim: — Certo, então deixa eu ver se entendi... Esses monstros estão aparecendo não só pelo continente inteiro, e sim o mundo inteiro, certo? Mas desde quando isso começou? E como vocês, caçadores, pretendem "controlar" algo que parece estar só piorando?
Seu tom era firme, sem a menor intenção de ser apenas um espectador daquela conversa. Ele sabia que, mesmo sendo um simples humano, estava envolvido naquela situação tanto quanto qualquer um ali.
Wulfric olhou para ele por alguns segundos, como se estivesse ponderando se valia a pena explicar tudo. No entanto, ao perceber a seriedade nos olhos de Ibrahim, decidiu não ignorá-lo.
Wulfric: — Os primeiros... casos. Pequenos. Criaturas anormais, mas fracas. Pensamos... Natürlich... normal. Mas... três meses atrás... algo mudou.
Kazuhiko: — Espere, então estes bichos entraram na Terra como criaturas inofensivas, mas logo viraram aberrações como aquelas?
Wulfric: — Ja, não tenho muitas informações sobre eles... Mas só sei que vieram do Hölle, inferno. Se não fizermos nada... o mundo zerstören... será destruído.
Ibrahim: — Isso só pode ser brincadeira, certo? caçadores sobrenaturais, um cara que consegue se transformar em anjo e agora criaturas demoníacas vindo diretamente do inferno?!
O silêncio que se seguiu às palavras de Ibrahim pesava como uma âncora. Mesmo sendo um simples humano, ele não conseguia ignorar o peso da situação.
Kazuhiko: — Ei, Ibrahim… Sei que é muita coisa pra processar, e que tu já passou por muito sofrimento tentando sobreviver este pós apocalipse, mas esse é o nosso mundo agora.
O rapaz soltou uma risada nervosa e cruzou os braços.
Ibrahim: — Ah, claro. E aposto que no final vamos descobrir que o diabo em pessoa está por trás disso, né?
Wulfric: — Nicht genau… não exatamente.
Todos voltaram os olhos para o alemão, que agora parecia hesitante.
Ryuji: — O que você quer dizer com isso?
Wulfric ficou em silêncio por um momento antes de continuar.
Wulfric: — Caçadores... estudam esses fenômenos. Alguns... antigos. Muitos pensam que... Himmel e Hölle, céu e inferno, sempre existiram. Mas... isso errado.
O grupo trocou olhares confusos.
Wulfric: — Estes lugares... criaturas... eles não são... divinos. Eles... fabricados.
Aquela palavra fez um arrepio percorrer a espinha de Ibrahim.
Ibrahim: — O que quer dizer com "fabricados"?
Wulfric suspirou, tirando sua máscara e revelando seu rosto sério, e mesmo sendo um jovem, já demonstra o quanto ele já teve que passar por essas situações.
Wulfric: — Céu e Inferno... foram criados. Assim como estas criaturas que estamos enfrentando. Alguém... ou alguma coisa... quer que acreditemos que são parte da ordem natural. Mas... são armas.
A expressão de Kazuhiko se fechou.
Kazuhiko: — Isso é ridículo... Você tá dizendo que toda a mitologia sobre céu e inferno é falsa?! E os arcanjos que enfrentei? E João? Tudo era falso?!
Wulfric: — Nein. Não falsa. Mas... manipulada.
Ryuji passou a mão pelo rosto, tentando digerir aquilo.
Ryuji: — Isso só complica as coisas…
Ibrahim suspirou pesadamente.
Ibrahim: — Deixa eu ver se entendi… Não bastava monstros aparecerem do nada, agora temos que lidar com algum tipo de conspiração cósmica?
Wulfric: — Ja.
O humano esfregou a têmpora, frustrado.
Ibrahim: — Ótimo. E como diabos a gente luta contra isso?
O alemão cerrou os punhos.
Wulfric: — Encontrando... quem está por trás disso. E... eliminando.
O grupo permaneceu em silêncio por um momento. O vento frio soprava entre eles, carregando a sensação de que algo muito maior estava prestes a acontecer.
Então, Wulfric deu um passo à frente, cruzando os braços.
Wulfric: — Por isso… e pelo mundo estar sendo diretamente afetado, os caçadores se viram na obrigação de juntar forças.
Ryuji ergueu uma sobrancelha.
Ryuji: — Você quer dizer que… os caçadores, que sempre foram conhecidos por sua individualidade e rivalidade, decidiram se unir?
Wulfric assentiu.
Wulfric: — Ja. Cada um de nós está monitorando um continente. Eu, Wulfric Himmelsjäger, estou liderando a área da África. Viktor é responsável pela América do Norte. Arjun, pela América do Sul. Zoya, pelo continente europeu. E… Ryōshi deveria estar encarregado do continente asiático.
Ele fez uma pausa, sua expressão se tornando mais sombria.
Wulfric: — Mas percebi que ele abandonou de vez seu posto como caçador.
Kazuhiko estreitou os olhos.
Kazuhiko: — Então tem um buraco enorme na defesa da Ásia…
Wulfric soltou um suspiro pesado.
Wulfric: — Genau. Nosso líder quer reunir todos para uma reunião o mais rápido possível. Se quiserem, podem participar. Seria uma honra ter você e sua irmã de volta à ativa, Ryuji.
O espadachim cruzou os braços e olhou para o lado, refletindo. Antes que pudesse responder, Kazuhiko se adiantou.
Kazuhiko: — Ela já está muito ocupada lidando com as situações de sobrevivência. Isso seria puxar gente demais.
Wulfric assentiu.
Wulfric: — Entendo. A prioridade dela deve ser proteger os que estão sob sua guarda.
A conversa parecia estar se encaminhando para uma decisão, mas então, Ibrahim deu um passo à frente, sua expressão determinada.
Ibrahim: — Eu quero ir junto.
Os olhos do grupo se voltaram para ele.
Ibrahim: — Meu povo, as pessoas que eu estou protegendo… estão cansadas. Cansadas de rezar todos os dias para não serem massacradas por esses monstros. Se eu tiver algo a fazer para mudar isso… então eu farei.
Houve um silêncio. Então, Wulfric observou o humano por um momento antes de esboçar um pequeno sorriso.
Wulfric: — Interessante. Há sim uma possibilidade de você se tornar um caçador.
Ibrahim franziu o cenho.
Ibrahim: — Como assim?
Wulfric: — Tudo depende da vontade das armas.
Aquelas palavras intrigaram a todos.
Ryuji: — "Vontade das armas"?
Wulfric: — Ja. Existem várias categorias de armas dentro da organização dos caçadores. E algumas… escolhem seus portadores.
Ele olhou diretamente para Ibrahim.
Wulfric: — Talvez você seja apto a usar uma delas.
O coração de Ibrahim acelerou. Ele não sabia exatamente o que aquilo significava, mas uma coisa era certa: se houvesse uma chance de lutar de verdade, ele a agarraria com tudo.
O vento cortante soprava entre as árvores, enquanto o grupo processava todas as informações. Havia tensão no ar, mas também uma decisão tomada.
Wulfric olhou para cada um ali, como se estivesse medindo sua determinação. Então, ele se virou, pegando um pequeno dispositivo de comunicação do bolso interno do casaco.
Wulfric: — Nossa reunião será em território neutro… Russland.
Ryuji suspirou, cruzando os braços.
Ryuji: — Claro, nada como um clima congelante para discutir o destino do mundo.
Kazuhiko sorriu de canto.
Kazuhiko: — Melhor do que o Saara, eu acho…E bem, não pode piorar mais, já que não já estivemos num ambiente ultra congelante, como a Antártica.
Ibrahim, por outro lado, apenas respirou fundo, tentando conter a adrenalina que começava a correr em suas veias. Agora não havia mais volta. Ele estava prestes a entrar em um mundo completamente diferente.
Ibrahim: — E quando partimos?
Wulfric olhou para ele com seriedade antes de dar a resposta final.
Wulfric: — Jetzt... Agora.
Sem mais palavras, ele girou o pulso e ativou o dispositivo. Um círculo de energia se formou no solo, brilhando em um tom azulado. O portal para a Rússia estava pronto.
Ryuji ajustou a espada na cintura, Kazuhiko estalou os dedos, sentindo a energia fluir, e Ibrahim, apesar da apreensão, manteve-se firme.
Um passo adiante, e o destino deles já estava selado.
Continua no próximo capítulo.