Hora da Caça

Rússia - 12:50 PM

Covil dos Aetherbond

Kazuhiko permanece calado após ter escutado tudo aquilo, pensando sobre as propostas que ele e Ezra fez pra se ajudarem, Ibrahim dava um passo à frente da grande mesa, onde o mesmo parecia um tanto quanto impaciente com tudo aquilo.

Ibrahim: — Entendo toda essa parte de matar todas essas anomalias demoníacas e procurar Jesus... Mas eu só vim por causa que Wulfric me disse que eu podia me tornar um caçador.

Ezra olhava levemente pro alemão, mas Wulfric apenas disfarçava o olhar, colocando sua máscara novamente.

Ezra: — É mesmo? Bem... É verdade que agora tem uma vaga graças a incompetência de Ryōshi, mas não sei o qual capaz tu pode ser.

Ibrahim: — Wulfric disse que pra ser apto pra ser um caçador, é necessário uma grande força de vontade e ser apto pra arma te aceitar.

Ezra soltou um riso seco, cruzando os braços.

Ezra: — Força de vontade e compatibilidade com uma arma… Sim, isso é essencial. Mas não é só isso.

Ibrahim arqueou uma sobrancelha.

Ibrahim: — E o que mais precisa?

Ezra o encarou com intensidade, sua expressão séria.

Ezra: — Um caçador não é apenas um guerreiro com uma arma especial. É alguém que encara o desconhecido sem hesitar. Alguém que aceita que, uma vez que cruzar essa linha, nunca mais terá uma vida normal.

Ibrahim manteve o olhar firme.

Ibrahim: — E você acha que eu não estou pronto para isso?

O homem com um rosto coberto de cicatrizes, virava sua cabeça na direção de Ibrahim, o analisando completamente.

Arjun: — Não é sobre estar pronto... Você não sabe como irá ser, como a arma irá tratar a pessoa... Alguns é bem mais doloroso que qualquer criatura que tu for enfrentar...

Arjun se levantava, seu corpo era gigante, porém cada parte dele tinha marcas de cicatrizes espalhados em cada canto de seu corpo.

Arjun: — No emu caso, a minha arma se fundiu com a minha alma... E bem, foi um processo doloroso.

Viktor, que estava do outro lado, soltava uma risada rouca, levantando seu braço monstruoso.

Viktor: — O mesmo pra mim, no entanto, eu sou bem mais forte, então a minha arma apenas manifestou meu braço, você só deu azar de nascer mais fraco, indiano.

Arjun virou a cabeça lentamente na direção de Viktor, seu olhar afiado como uma lâmina.

Arjun: — E você deu sorte de nascer sem cérebro, russo.

O clima na sala ficou pesado. Viktor apenas riu, não se importando com a provocação. Ibrahim, no entanto, manteve seu foco em Ezra.

Ibrahim: — Eu não me importo com a dor. O que preciso fazer?

Ezra observou o alemão por um momento antes de falar.

Ezra: — Você precisa encontrar a sua arma. Ou melhor, deixá-la encontrar você.

Ibrahim franziu a testa.

Ibrahim: — O que isso significa?

Foi Wulfric quem respondeu, sua voz abafada pela máscara.

Wulfric: — Cada caçador verdadeiro tem uma conexão com sua arma. Não é algo que se escolhe… A arma decide. Se ela te aceitar, você sobrevive. Se não… bem, você já pode imaginar o que acontece.

Ibrahim sentiu um calafrio percorrer sua espinha, mas não demonstrou hesitação.

Ibrahim: — E como faço isso?

Ezra abriu um pequeno sorriso.

Ezra: — Nós temos um lugar pra isso.

Kazuhiko, que até então apenas observava, cruzou os braços.

Kazuhiko: — Um lugar? Vocês guardam armas neste tal lugar?

Ryuji: — Eu estive lá uma vez, mas não peguei a katana de lá, como eu te disse anteriormente, foi seu pai que seu essas armas pra mim e minha irmã. O lugar era... O Santuário das Lâminas.

Kazuhiko virava para Ryuji que estava do seu lado, um pouco confuso sobre o nome lugar.

Kazuhiko: — O Santuário das Lâminas?

Ezra assentiu.

Ezra: — Exato, parece que tu não ficou tão distante de seu trabalho, Ryuji.

Ryuji: — Não me entenda mal, eu apenas parei por quê não tinha mais motivos pra caçar, devido à nossa situação atual.

Zoya, que até então estava calada, finalmente se pronunciou, sua voz carregada de ironia.

Zoya: — Vocês realmente vão levar esse novato pro Santuário? Quantos morreram lá mesmo? Ah, é… A maioria.

Ibrahim não se deixou abalar.

Ibrahim: — Eu vou, se isso significa proteger meu país, minhas pessoas, como um antigo soldado, é o meu dever.

Ezra sorriu.

Ezra: — Então se prepare. Vamos partir ao anoitecer.

A sala permaneceu em silêncio. Wulfric, de braços cruzados, desviou o olhar para Kazuhiko.

Wulfric: — E você? Não vai perguntar nada?

Kazuhiko suspirou, seus olhos carregados de pensamentos profundos.

Kazuhiko: — Eu só quero ver até onde isso vai.

Com isso, a reunião terminava com um clima denso e carregado de expectativas. Ibrahim, decidido, já aceitara seu destino, mas ninguém ali parecia realmente convencido de que ele sairia vivo do Santuário das Lâminas.

Santuário das Lâminas - 18:50 PM

A noite tinha pairado no céu, cobrido por diversas auroras boreais, o grupo chegava numa caverna que estava conectado por um corredor imenso, parecia não ter um fim, mas eles finalmente chegariam numa grande porta dupla de ferro.

A mesma porta maciça de metal se abriu lentamente com um ranger profundo, como se milênios de história e poder ecoassem pelo som. O ar dentro do santuário era diferente — carregado, denso, como se a própria atmosfera estivesse impregnada com as intenções e legados de incontáveis guerreiros que já haviam pisado ali antes.

Ibrahim foi o primeiro a entrar, seguido de perto por Ezra, Wulfric, Kazuhiko e o restante do grupo. Assim que cruzaram o limiar, as tochas ao longo das paredes se acenderam sozinhas, lançando um brilho dourado e trêmulo sobre as estruturas.

A sala principal do Santuário era vasta, imensa a ponto de ser difícil discernir onde terminava. Mas o que realmente chamava atenção era o corredor no teto — uma estrutura invertida, como se o próprio espaço tivesse sido distorcido por alguma força além da compreensão humana.

As armas que preenchiam esse corredor não estavam presas a suportes ou ganchos. Elas flutuavam, cada uma com uma aura distinta. Algumas eram feitas de um metal negro e opaco, outras brilhavam em tons de azul, vermelho ou dourado, irradiando calor, frio ou eletricidade. Havia espadas, lanças, machados, adagas e até mesmo armas cujo formato desafiava qualquer lógica convencional. Algumas eram retorcidas, como se tivessem sido moldadas pelo próprio caos. Outras eram de um design tão impecável que pareciam obras de arte em sua forma mais pura.

No solo, um gigantesco símbolo estava gravado, como um selo mágico que pulsava lentamente, emitindo um brilho sutil. Linhas intricadas percorriam todo o chão, conectando-se ao corredor acima, como se ambos fizessem parte de um único circuito energético.

O lugar não era apenas um repositório de armas. Ele estava vivo.

Ibrahim sentiu um arrepio profundo, mas se manteve firme.

Ezra — Bem-vindo ao Santuário das Lâminas.

O tom de sua voz não carregava qualquer emoção, mas era impossível ignorar a reverência implícita.

Zoya — É aqui que sua coragem vai ser testada de verdade, soldado.

Kazuhiko percorreu o olhar pela imensidão da sala. O teto invertido e repleto de armas flutuantes o incomodava, como se estivesse desafiando sua própria percepção de realidade. Ele não era estranho a bizarrices, mas algo ali parecia... diferente.

Ele cruzou os braços e olhou para Ezra.

Kazuhiko — Como um lugar desses pode existir? E por que há tantas armas que parecem ter consciência própria?

Ezra riu baixinho, apoiando a mão na cintura.

Ezra — Curioso, hein? Bom, há muitas teorias, mas a mais aceita entre os estudiosos é que, há muito tempo, existia uma associação de forjadores místicos. Mestres da arte de criar armas que transcendiam o comum, armas que quase possuíam vida própria. Eles passaram seus ensinamentos por gerações e gerações… até que algo aconteceu.

Kazuhiko arqueou uma sobrancelha.

Kazuhiko — Algo aconteceu?

Ezra assentiu.

Ezra — Algo grave. Tão grave que os forjadores deixaram de existir. Alguns dizem que cada arma aqui possui a alma de um forjador, selada dentro do metal como um último sacrifício. Outros acreditam que os forjadores se sacrificaram voluntariamente para um bem maior.

Wulfric, que ouvia a conversa sem interromper, deu um passo à frente e completou:

Wulfric — O que se sabe com certeza é que esta sala foi descoberta por uma geração antiga de caçadores. E desde então, só aqueles que são realmente dignos podem empunhar uma dessas armas.

Kazuhiko permaneceu em silêncio. Ele não tinha apego à ideia de caçar, mas a menção do Santuário despertava memórias que ele preferia manter enterradas. O peso de guerras passadas pressionava sua mente, junto com uma leve curiosidade sobre tudo aquilo.

Ibrahim, que ouvia atentamente, olhou para as armas suspensas no ar e perguntou:

Ibrahim — Então, significa que essas armas não são apenas ferramentas?

Zoya — Exato. Algumas aceitam um portador. Outras... o rejeitam de maneiras brutais.

O comentário fez o ambiente esfriar. Ibrahim engoliu seco, mas manteve a postura firme.

Ezra sorriu e cruzou os braços.

Ezra — Agora que você sabe a história, está pronto para tentar?

Ibrahim respirou fundo. Ele sabia que não havia caminho de volta.

Ibrahim — Estou pronto.

Wulfric apontou para o centro da sala, onde as armas começaram a brilhar levemente.

Wulfric — Então vá. E veja qual delas te aceita.

Kazuhiko continuou observando, silencioso. Ele não sabia dizer o que era mais intrigante: a existência da sala... ou o que Ibrahim estava prestes a enfrentar.

Ibrahim dava alguns passos à frente, mantendo os olhos fixos nas armas no teto.

Ibrahim — Então... como isso funciona?

Wulfric deu um passo à frente e apontou para o selo no chão.

Wulfric — Fique ali no centro. E espere.

Ele obedeceu sem hesitar. Assim que seus pés tocaram o centro do selo, um vento invisível percorreu toda a sala, fazendo com que as armas no teto começassem a vibrar. Algumas tremiam levemente, enquanto outras giravam lentamente, como se estivessem analisando o recém-chegado.

Agora, restava saber qual lâmina escolheria Ibrahim. E, mais importante ainda... se ele sobreviveria ao processo.

Kazuhiko permaneceu pensativo. Ele não tinha apego algum à ideia de caçar, mas a menção do Santuário despertava memórias que ele preferia manter enterradas.

Ibrahim agora mantia sua postura firme no centro do selo, sentindo o peso invisível daquele momento sobre seus ombros. O vento espectral que percorreu a sala parecia carregar vozes, ecos de guerreiros que vieram antes dele, alguns triunfantes, outros… esquecidos.

As armas vibravam, algumas ressoando em frequências tão altas que pareciam gritos silenciosos. Nenhuma delas parecia imediatamente atraída por Ibrahim, o que causava uma certa inquietação entre os presentes.

Ezra cruzou os braços, observando.

Ezra — Interessante… Normalmente, alguma arma já teria se manifestado.

Zoya inclinou a cabeça, um sorriso sarcástico nos lábios.

Zoya — Talvez ele não seja digno, afinal.

Ibrahim ignorou os comentários e manteve-se imóvel. Wulfric, ao lado, analisava a situação com olhos atentos.

Wulfric — Não se trata de dignidade. Algumas armas são mais exigentes que outras.

Arjun mantinha seu foco para o que estava acontecendo na sua frente, cruzando seus braços marcados com uma expressão séria.

Arjun: — Paciência, eu consigo ver que ele já foi escolhido por um.

De repente, um estalo seco ecoou pelo Santuário. Uma das armas, que até então pairava em silêncio absoluto, começou a se mover.

Era uma lança negra, de cabo espiralado, decorado com inscrições arcaicas em prata. A lâmina na ponta era longa e curva, como a garra de uma criatura primitiva. À medida que ela descia lentamente, sua presença tornou-se sufocante.

Kazuhiko observava tudo com atenção. Ele não conhecia aquele tipo de lança… mas algo nela o incomodava.

A arma flutuou até parar na altura do peito de Ibrahim. Seu corpo reagiu instintivamente, seu coração acelerando, seus músculos se enrijecendo. Então, sem aviso, a lança disparou em sua direção.

Ele tentou se esquivar, mas era tarde demais.

A lâmina perfurou seu ombro esquerdo, atravessando carne e osso, fixando-se nele como se estivesse se fundindo à sua essência. Ibrahim gritou, sentindo uma dor que não era apenas física. Era algo mais profundo, algo que rasgava sua alma.

Ezra não interveio. Nem Arjun, nem Viktor. Ninguém. Eles apenas observavam.

Zoya — Bem-vindo à verdadeira iniciação, soldado.

As veias de Ibrahim começaram a escurecer ao redor da ferida, como se algo estivesse se espalhando dentro dele. Ele sentiu sua mente ser invadida por visões — campos de batalha antigos, guerreiros tombando um a um, uma presença gigantesca observando tudo das sombras.

A lança… tinha uma consciência. E agora, estava dentro dele.

Ibrahim apertou os dentes, recusando-se a cair de joelhos. Seu corpo tremia, mas ele suportou.

E então, a dor parou.

A lança brilhou por um breve instante antes de se soltar de seu ombro, flutuando novamente diante dele. Mas agora, Ibrahim sentia algo diferente.

Ele estendeu a mão. E a arma se encaixou perfeitamente nela.

O selo no chão brilhou uma última vez antes de desaparecer, e o vento espectral cessou.

Ezra soltou um pequeno suspiro.

Ezra — Bom… Parece que você sobreviveu.

Viktor riu.

Viktor — Só não morra na primeira missão, novato.

Ibrahim respirou fundo, sentindo a energia da arma pulsando em sua mão. Ele não sabia exatamente o que acabara de acontecer, mas uma coisa era certa.

Ele não era mais um soldado.

Ele é um caçador.

Antes dele raciocinar melhor sobre a lança que ele tinha recém ganhado, o rádio chiou, cortando o silêncio na sala. A voz feminina, urgente e profissional, preencheu o ambiente.

???: — Aqui é a Central. Ezra, detectamos uma alteração anômala em Califórnia. O número de anomalias ainda é desconhecido, mas continua aumentando.

Ezra se inclinou levemente para frente, as mãos nos bolsos do casaco longo. Seu sorriso se alargou na penumbra criada pela aba do chapéu, e o tapa-olho brilhou num vermelho vívido.

Ezra: — Ouviram isso, pessoal? Parece que deus quis testar Ibrahim, aparentemente, então já sabem o que isso significa... É hora de caçar.

Ibrahim apertou a lança em sua mão, sentindo a presença da arma dentro de si, como se ela respirasse junto com ele. Ainda era uma sensação estranha, mas ele teria tempo para se acostumar. Agora, tinham uma missão.

Ibrahim: — Bem conveniente aparecer uma missão bem na hora que eu peguei a minha arma...

Zoya virava na direção de Ezra, prestando mais atenção e sendo mais séria sobre o assunto.

Zoya: — Califórnia, hein? Isso não parece bom.

Wulfric encaixa sua máscara perfeitamente sobre o seu rosto, suspirando entre ela.

Wulfric: — Nunca é.

Eles seguiram pelo corredor do complexo subterrâneo até chegarem ao hangar. Uma aeronave negra, robusta e angular os aguardava. As luzes de emergência piscavam enquanto mecânicos corriam de um lado para o outro, preparando os veículos para decolagem.

Kazuhiko: — Que merda é essa...

Ryuji dava uma leve risada com a reação de seu amigo ao seu lado.

Ryuji: — Aposto que tu nunca pensou que nós, caçadores seríamos da moda moderna não é? O mundo está acabando, mas ainda estamos em 2048.

Kazuhiko: — Claro claro... Não tou surpreso.

Ryuji: — Haha, claro.

Viktor subiu primeiro, jogando uma mochila sobre um dos assentos.

Viktor: — Então, novato. Pronto para encarar o desconhecido?

Ibrahim respirou fundo e entrou na nave, sentando-se ao lado dele.

Ibrahim: — Se eu disser que não, vão me deixar aqui?

Zoya riu, afivelando o cinto.

Zoya: — Claro que não. Agora você é um de nós. E nós sempre entramos de cabeça.

Ezra foi o último a subir, caminhando despreocupado. Quando a porta se fechou atrás dele, ele bateu duas vezes no metal.

Ezra: — Levem-nos para o inferno, rapazes.

Kazuhiko: — Hm... O qual rápido isso é? A gente não poderia só correr e chegar lá em um instante?

Ezra olhava pra ele, mantendo seu sorriso.

Ezra: — Tolo, todos sabem que nós temos que ter uma classe, e temos que entrar numa entrada dinâmica. Ah... Sobre a sua pergunta, não se preocupa, ele é rápido o suficiente.

A aeronave tremia levemente enquanto subia cada vez mais alto. As luzes do painel piscavam, indicando a estabilização da nave. Os caçadores estavam espalhados pelos assentos, cada um reagindo à decolagem à sua maneira.

Ibrahim se segurava firme na lateral da poltrona, o olhar fixo no chão da aeronave, claramente desconfortável com a situação.

Ibrahim: — Então... tem certeza que essa coisa não vai explodir no meio do caminho?

Viktor girou uma faca entre os dedos, recostado despreocupadamente no assento ao lado.

Viktor: — Se explodir, pelo menos será rápido. Melhor que ser rasgado ao meio por um bando de criaturas do submundo.

Ibrahim: — Uau. Reconfortante. Obrigado.

Wulfric, que estava polindo as pontas de seu soco inglês, soltou uma risada gutural.

Wulfric: — Você se acostuma, Neuling. No começo, todo mundo se preocupa com explosões. Depois de um tempo, o problema passa a ser os pousos.

Arjun, que até então mexia em um tablet holográfico, levantou o olhar com um sorrisinho de canto.

Arjun: — Estatisticamente falando, a chance de um pouso desastroso é maior do que a de uma explosão em pleno voo.

Ibrahim arregalou os olhos.

Ibrahim: — Por que diabos vocês acham que isso ajuda?!

Kazuhiko, ainda desconfiado da nave, olhou para Ezra.

Kazuhiko: — Certo, mas e sobre a entrada dinâmica que você mencionou antes?

Ezra manteve seu sorriso enigmático.

Ezra: — Ah, sim. Veja bem... a chegada é sempre importante. Queremos causar impacto, ser memoráveis, deixar uma boa—

Arjun: — Impressionar as moças.

Ezra: — Isso também, só que você precisa passar uma maquiagem pra tampar isso, se não tu afasta todas elas, haha.

Zoya olhava de relance, ainda com a sua meia máscara.

Zoya: — Eu estou aqui ainda, sabe.

Ezra: — Ah... Você é excessão, já que é irmã de um brutamonte.

Viktor: — Ты маленький засранец. ( Seu merdinha.)

Kazuhiko suspirou.

Kazuhiko: — Se tudo der errado e a nave cair, pelo menos teremos uma entrada memorável...

Ryuji bateu de leve no ombro dele, rindo.

Ryuji: — Finalmente pegou o espírito da coisa!

Zoya, que já havia afivelado o cinto, deu um tapa na lateral da nave.

Zoya: — Independentemente de como for, a única certeza é que vamos estar no meio da confusão.

Viktor: — Sempre.

Wulfric: — É pra isso que estamos aqui.

A aeronave vibrou novamente quando os motores impulsionaram o veículo a toda velocidade para o destino. O grupo, apesar da tensão, exalava uma energia inconfundível—uma mistura de loucura e camaradagem. Eles estavam prontos para encarar o inferno.

Kazuhiko: — Aonde eu fui me meter...

Ryuji: — Ei, pelo menos é melhor do que ficar num canto depressivo cuidando de pessoas todos os dias, pelo menos agora estaremos salvando elas dessas aberrações.

Kazuhiko: — Certo... Eu irei fazer de tudo pra salvar essas pessoas e proteger a minha família.

Ryuji: — Claro, uma miniatura de seu pai.

Kazuhiko: — Não vou ser que nem ele! Eu não tenho interesse em passar minha vida no inferno.

Ryuji: — Haha, isso é bom, continue assim. Nós apenas iremos pra procurar Jesus.

Ezra: — Parem de falar vocês dois! Temos que fazer isso épico, e vocês estão estragando isso!

Wulfric: — Großartiger Anführer ... (Grande líder... )

E então, eles partiriam para Califórnia.

Em outro lugar...

A vastidão da dimensão era uma pintura distorcida do próprio caos. As leis do tempo e do espaço se dobravam, fragmentavam-se e se reescreviam em ciclos infinitos. O céu era um turbilhão de sombras, iluminado apenas pelos rasgos brilhantes que cortavam a realidade como feridas expostas. Eram fendas, portais para lugares que não deveriam existir, pulsando com um brilho doentio, oscilando entre o visível e o impensável.

No centro desse turbilhão, uma figura permanecia imóvel, quase como se fosse uma extensão natural desse plano amaldiçoado. Sua silhueta era esguia, mas errática—como se sua própria forma fosse um reflexo distorcido no vidro quebrado da realidade. Seu rosto estava oculto sob um capuz esfarrapado que parecia se fundir com a escuridão ao seu redor, e seus olhos, quando visíveis entre as sombras, brilhavam com um brilho antinatural, um tom de âmbar incandescente que contrastava com o fundo negro e púrpura da dimensão.

A cada instante, partes de seu corpo se fragmentavam em pequenos cubos de pura energia negra, girando no ar antes de se recompor como se nunca tivessem se desfeito. Suas mãos, alongadas e finas como garras, pulsavam com uma energia maliciosa, os dedos se movendo como se estivessem puxando fios invisíveis, manipulando as próprias fendas que rasgavam o espaço ao redor.

Atrás dele, uma das fendas pulsou de maneira diferente das outras. Algo do outro lado tentava atravessar, mas ele apenas ergueu uma das mãos e o portal se fechou com um som seco, como um trovão abafado. Ele riu baixinho, sua voz reverberando pela dimensão distorcida, ecoando de maneira não linear, como se estivesse sendo ouvida tanto no presente quanto no passado ao mesmo tempo.

???: — O tempo já não faz sentido aqui... Mas para eles... ah, para eles, a contagem regressiva começou.

Seus olhos se voltaram para uma das fendas que mostrava uma visão do mundo real—uma aeronave cortando os céus rumo à Califórnia. Ele observou em silêncio por alguns segundos antes de erguer um dedo, desenhando um símbolo invisível no ar. A fenda piscou, como se estivesse reagindo ao seu comando.

???: — Vamos ver do que vocês são feitos...

E com isso, a figura mergulhou na fenda, sua forma distorcida sendo devorada pela própria escuridão. A dimensão se contorceu por um breve instante, antes de cair novamente no silêncio caótico de sempre.