10 Mandamentos

Las Vegas - 19:10

Os caçadores estavam cercados pelas as 10 figuras, cada um emanando uma aura que dostorcia o ar completamente, criando mini fendas ao redor deles.

Ezra na frente, olhava para a figura principal, que estava mascarada com alguns detalhes, e seu olhos âmbar se destacando no topo da arranha-céu. Mas invés de ficar preocupado, o caçador soltava uma grande risada que cobria todo o ambiente silencioso com sua risada distorcida.

Ezra: — Hahahahaha! Sério, são vocês que estão fazendo essa bagunça toda? 10 figuras que não tem nada mais pra fazer além de causar caos alheio, vocês são uma piada!

Kazuhiko permanece calado, se conectando mentalmente para conversar com Kokuei.

Kazuhiko: (Quem são estes? Eles não parecem anjos, talvez demônios que sairam destas fendas)

Kokuei se mantinha em silêncio, observando cada um na visão de Kazuhiko.

Kokuei: (Talvez... Sejam as leis fundamentais de Jesus Cristo, mas tem algo diferente sobre eles, parecem mais... Distorcidos entre a bondade e maldade)

Kazuhiko: ( Está me dizendo que estas figuras são...?!)

As figuras desciam no mesmo tempo no chão, e no mesmo instante, todos os cercavam em formato de circulo, e a figura mascarada se aproximava perto de Ezra.

???: — Não sei se percebeu... Mas este mundo já está destinado a perecer. Um mundo que se tornará mais um andar do inferno.

Kazuhiko: — Você disse... Inferno? Vocês sabem alguma coisa sobre inferno?!

???: — Se sabemos... você diz? Pois bem...

Ele dava uma rápida olhada para todos, e em um instante, uma grande fenda se partiria no chão aonde estavam pisando, sugando todos para uma dimensão distorcida, mas na verdade, se formava em um simples campo de grama, com fazendas no fundo, Ibrahim foi o primeiro a questionar as figuras.

Ibrahim: — Aonde vocês nos colocaram, demônios?

A figura observava a paisagem supostamente calma e pacífica, mas derrepente, a grama verde se transformava em monte de larvas verdes que tentavam comer as pernas de todos os caçadores.

???: — Isso é apenas um quinto do que é o inferno... Eu e todos os meus irmãos ficamos trancados nesse lugar por décadas, milênios de anos, esperando o nosso salvador que nos criou viesse e nos libertasse disso, mas isso não aconteceu... Invés disso, quando ele nos deixou, o mundo apenas decaiu, todos os ensinamentos, não matar, não furtar, não mentir... Todos foram quebrados diversas e diversas vezes, ao ponto que perdemos nossas funções e nos jogaram nesse poço sem fundo, por quê vocês acham que essa paisagem é tão calma, vocês que questionam? Por quê o inferno é a retratação da visão humana, e o que passa dentro da imaginação de todos.

Zoya: — Então... É isso que o inferno realmente é?

Zoya questiona, enquanto dá uma olhada para todas as outras figuras os cercando. Mas uma das figuras que parecia ser feminina, a mesma segurava uma vela e tinha uma boca extremamente grande, com grandes dentes predadores saíndo pro lado de fora, com seus olhos amarelos que pareciam invadir a alma de qualquer um que encarasse demais.

???: — Você não sabe de nada... Mulher. Eu, Ilyona Do Desejo Brilhante, irei mostrar o verdadeiro inferno.

Antes da figura feminina fazer algo, O homem que agora tinha uma aparência de um homem sobre uma armadura fina e um capacete que continha uma coroa de espinhos de ferro, o mesmo tinha em seu pescoço uma cruz de cabeça pra baixo, parava ela de avançar.

Varnak: — Pare, Ilyona, não pode fazer nada ainda sem a permissão do nosso líder, não até ele demonstrar toda a verdade.

Ilyona: — Tsc...

A figura principal olhava levemente pra ambos, mas não dizia nada, em vez disso, ele olhava para Kazuhiko.

???: — Você... Emite uma essência diferente, eu consigo sentir um poder corrompido que destaca destes outros... Por acaso, você está indo contra a dinvidade?

Kazuhiko sem medo, dava um passo à frente, olhando diretamente nos olhos da figura imponente.

Kazuhiko: — Eu estou fazendo isso pois gostaria de mudar este mundo, não importe o quanto isso custa, eu quero minha família feliz, assim como o resto deste mundo.

A figura não dizia nada, muito pelo o contrário, ele parecia levemente desapontado com aquelas palavras.

???: — Que pena, e eu achando que você era diferente dos demais... Você é o mesmo que todos aqui presentes, tentando proteger este submundo que era pra ter terminado há um ano atrás, mas o nossa única esperança, João... Estragou tudo. Não podemos ficar em paz, pois eu quero destruir este mundo, acabar com toda a humanidade, até não sobrar nenhuma alma viva.

Com isso, a atmosfera ficava mais densa. O céu, mesmo nessa dimensão alternativa, começava a se tingir de vermelho opaco, como se sangrasse do próprio tecido da realidade. Os caçadores, apesar de experientes, sentiam uma pressão absurda sobre seus ombros — como se cada palavra dita pelas figuras tentasse reescrever suas convicções.

A figura principal, de olhos âmbar, finalmente levanta a mão direita coberta por uma luva negra marcada com símbolos antigos, e em um tom quase calmo, ecoa:

Dominus: — Que se quebre o silêncio. Que se nomeiem... os caídos.

Uma figura encapuzada, com correntes pendendo dos pulsos e uma face de caveira, com diversos agulhas douradas saindo de sua cabeça, se adiantava, recitando com voz múltipla — como se mil vozes falassem ao mesmo tempo:

Orikal: — Sou Orikal, o Invocador Profano. Faço do nome dos deuses minha arma, minha escada, meu brinquedo. Nenhuma divindade está acima da minha vontade.

Outra figura surgia ao lado com os pés flutuando, com roupas de sacerdote corrompidas e sinos pendurados que tocavam sozinhos. Enquanto uma grande máscara branca com vários furos vermelho e um sorriso cravado, a máscara tinha 8 pontas e cobria de nariz pra cima do rosto dele..

Zar'Khala: — Eu sou Zar'Khala, o Festim do Caos. Celebro os dias sagrados com gritos, não com orações. Minhas preces são desordem e meus hinos... ruína.

A seguir, uma mulher alta, de olhos cegos, carregando pergaminhos queimados nas costas, abre os braços lentamente, ela continha várias faces ao redor de sua cabeça.

Velmira: — Me chamam de Velmira, a Devassa Eterna. Não há limites para meus desejos, nem corpo que me recuse. Eu sou o toque do fim que nunca sacia.

Threx, o quinto a se pronunciar, parecia mais uma estátua viva feita de ossos fundidos e aço. Seu rosto era uma máscara amarela que cobria toda sua cabeça, deixando de fora apenas seus olhos e sua boca sorridente, a máscara também continha diversos pregos presos sobre o mesmo.

Threx: — Sou o Carrasco. Threx. Cruzo caminhos, não para caminhar... mas para aniquilar. Todo obstáculo é lixo — e eu sou o fogo da limpeza.

Do lado oposto, uma figura baixa e risonha surgia com o rosto coberto por uma máscara branca, parecida com Zar'khala, porém ele cobria todo seu rosto e saía apenas 7, ele vestia um casado que parecia pesado, contendo várias preciosidades saindo pra fora.

Kovar: — Kovar, o Ladrão do Mundo. Se algo brilha, me pertence. Se algo respira... talvez também. Pedir é para fracos.

Em seguida, surgia uma com uma armadura que cobria todo seu corpo, apenas deixando seu sorriso distorcido pra fora, come se ele quisesse sempre falar algo. Ele continha asas negras e uma espada vermelha — cada pedaço de sua armadura e espada sussurrava histórias contraditórias.

Syri: — Syri, a Voz da Mentira. Tudo que digo pode ser verdade — mas nunca será. A verdade é relativa. Eu? Absoluto.

E então, como se o mundo tremesse com sua presença, uma criatura de corpo imenso, quase etéreo, coberta de tatuagens vivas e olhos em cada membro, com sua barriga com várias faces e caveiras, surgia.

Merodach: — Me chamam de Merodach, o Glutão dos Sentidos. Se existe prazer, eu o conheci. Se há vício, eu o inventei. Prazer é poder — e eu sou o rei.

Dominus, então, dá um passo à frente, sua capa ondulando mesmo sem vento, e por fim, declara com voz imponente:

Dominus: — Eu sou Dominus, O Culto ao Poder. Primeiro dos Mandamentos. Último dos Deuses. Quebrado... como todos vocês serão.

Ele levanta a mão e aponta para Kazuhiko.

Dominus: — Agora, respondam. Quem entre vocês está pronto para ser julgado... pelos Deixados para Trás?

Ezra recuava um pouco, após ver todas aquelas figuras agora se revelarem suas verdadeiras indentidades e aparências, mas nunca retirava seu sorriso.

Ezra: — Então é isso? Iremos lutar sem ao menos tentar entrar em consenso? Podemos ajudar vocês. Tenho certeza que seu criador não gostaria dessa destruição em massa.

Dominus: — Gostando ou não, ele nos abandonou, e não tentou em nenhum momento interver o mal, então quem é o verdadeiro mal aqui, é ele. Então matarei todos aqueles que ele chama de "irmãos" quando ele ver isso.

Antes deles perceberem, o primeiro a se mecher era Threx, que erguia o cutelo gigante dele na direção de Ryuji numa velocidade inimaginável.

Ezra: — Então é isso? Iremos lutar sem ao menos tentar entrar em consenso? Podemos ajudar vocês. Tenho certeza que seu criador não gostaria dessa destruição em massa.

Dominus (voz carregada de desprezo): — Gostando ou não, ele nos abandonou. Nunca interveio no mal… Então me diga, quem é o verdadeiro vilão aqui? Quando ele vir o sangue dos "irmãos" escorrendo por minhas mãos, talvez sinta algo.

Antes que alguém pudesse responder, Threx já havia se movido.

Um borrão gigante de músculos e metal avançando com seu cutelo erguido sobre Ryuji.

O impacto viria seco. Mas então… um som de estalo.

CLACK.

Wulfric surgia entre eles, o punho cerrado e brilhando com energia ancestral.

Seu soco inglês rúnico atingiu o cutelo com força bruta — e por um segundo, a lâmina de Threx simplesmente... se desativou. Como se nunca tivesse existido.

Threx: — O quê…?!

Wulfric: — Eu escolho o que fica ligado... e o que se apaga.

Num giro, Wulfric socou o chão, desativando temporariamente a gravidade em volta de Threx, fazendo o brutamontes flutuar sem controle. Ele girou os ombros, pronto pra outro round.

Do outro lado, Zar'Khala começava a distorcer o espaço em volta de Viktor, tentando dobrar a realidade ao seu favor. O chão sumia, o céu ficava abaixo, o tempo se emaranhava.

Mas Viktor abriu o sobretudo e revelou seu braço esquerdo: um monstro de carne viva e tecnologia pulsante.

Viktor: — Pode tentar dobrar o mundo.

Mas esse braço... nunca esteve preso a ele.

Com um rugido mecânico, o braço monstro devorou a distorção, sugando e rasgando a ilusão como carne podre. Em seguida, Viktor arremessou o braço em direção a Zar'Khala como um chicote deformado, agarrando sua garganta e arrastando-o pelo campo como um brinquedo quebrado.

Viktor: — Você dobra leis.

Eu rasgo elas.

Enquanto isso, Syri se aproximava de Arjun, querendo implantar medo, dúvida, memórias falsas — mas algo estava estranho. Syri recuou subitamente.

Syri: — O que é você…?

Arjun andava calmamente, olhos vazios, como se o mundo ao redor estivesse morto.

Cada passo dele infectava o solo. As árvores apodreciam. As nuvens escureciam.

Arjun: — Eu sou a praga que a criação não esperava.

Símbolos negros surgiam em seu corpo e começavam a se espalhar pelo ar. Syri tentou manipular a mente de Arjun, mas seus próprios pensamentos começaram a ser amaldiçoados.

Cada memória que Syri tocava o fazia sangrar por dentro.

Arjun: — Toque-me... e seu destino apodrece junto.

Já Zoya se movia no flanco, calmamente. Ela ergueu o Telescópio Espectral, e girando lentamente o mecanismo, a lente brilhou.

Em segundos, o telescópio se desdobrou, formando uma imensa lança de pura luz cósmica.

Zoya: — Vi o fim do tempo.

Vocês não estavam nele.

Ela lançou a lança como um cometa contra Velmira, que tentava seduzir e distrair Ezra. A lança se dividiu em centenas de setas que rasgavam o plano astral, impedindo qualquer manipulação sensorial.

Velmira gritou ao ser atravessada por uma flecha que a prendeu entre dois pontos temporais — presa entre o agora e o nunca.

E então veio Ibrahim.

Em silêncio, ele ergueu a Lança Negra do Julgamento.

Ibrahim: — Escolho a sentença.

Ele apontou a lança contra Dominus, que estava no ar, preparando uma explosão solar que destruiria tudo em quilômetros.

Ibrahim: — Remissão? — perguntou a si mesmo.

— Condenação...? — murmurou, sentindo a presença de algo… mais sombrio.

Ibrahim: — Não... — seus olhos brilharam em negro.

— Extinção.

A lança brilhou com um fogo frio, e quando ele a lançou, o espaço se rasgou em um vórtice negro. A ponta tocou a energia solar de Dominus e a desfez, reduzindo-a a partículas não reconhecíveis pela realidade.

Dominus cambaleou levemente, mas não perdendo sua postura.

Ibrahim: — O que foi declarado como irrecuperável… Deixa de existir.

Ezra então se posicionou ao centro, olhos fechados, sentindo o campo estremecer.

Os Mandamentos agora enfrentavam não apenas força bruta… mas armas feitas para destruí-los conceitualmente.

Ezra: — Ainda há tempo para recuar...

Dominus: — Não há mais tempo pra nada, agora todos reconhecem suas armas.

Ezra: — Huh? Do que você está falando? Vocês estão sendo humilhados, eu acho na verdade que vocês ficaram muito tempo sem lutar de verdade, vocês podem ser mais fortes que for, nunca irão superar nós, caçadores.

Dominus apenas erguia os braços, onde uma presença divina antiga aparecia em forma de silhueta detrás dele.

Dominus: — Iremos melhorando... nós temos todo o tempo do mundo... Osíris.

Assim, o mundo parava, nada se mexia e tudo se desmanchava, porém... Kazuhiko conseguia observar tudo acontecendo, apesar de não conseguir se mexer.

Kazuhiko: — O que está acontecendo?!

Kokuei: (Ele ativou Osíris, ele irá reiniciar o tempo... Este cara é perigoso, graças à mim, você não foi afetado por isso, já que estou acima do tempo e da dinvidade, mas você sentirá um desconforto enorme ao ver que você voltará no início.)

Dominus veria que Kazuhiko não estava sendo afetado totalmente, mas não importa, ele reiniciava completamente o ciclo, agora desta vez, todos estavam na sua posição, porém, todos os mandamentos pareciam agir de forma diferente.

Threx: — Entendo...

O carrasco olhava para Wulfric, parecendo que ele sabia de algo amais.

Kazuhiko: — Cuidado, Ryuji, aquele cara vai!—

Antes dele terminar o aviso, o carrasco pulava na direção dele novamente, repetindo as mesmas ações, Wulfric entrava na frente, mas Threx desta vez recuava seu cutelo, já prevendo o contra-golpe do alemão e dando um chute na barriga dele, que fazia o mesmo cuspir sangue e ser lançado violentamente pros escombros.

Ryuji: — Como...?!

Threx: — Haha, tolos!

Após aquilo, Threx erguia novamente seu cutelo mágico, antes mesmo do Ryuji sacar sua katana, mas a katana dele brilhava antes de ser atingido, onde o caçador conseguia não só sacar, como defender perfeitamente do golpe do carrasco.

Threx: — Hm?! Como você conseguiu defender disso?

Ryuji: Porque agora... Irei te matar.

Outros mandamentos não ficavam parados, Ilyona aparecia ao lado de Ryuji, na tentativa de assoprar a vela na mão da mesma, no entanto, Kazuhiko dava uma voadora na face do mandamento.

Ilyona: — Não, não...

Os olhos amarelos brilhavam por um breve momento, e a chama da vela ficava vermelha assim que era atingida.

Ilyona: — Eu desejo que tu sinta a minha dor invés de mim.

E assim, o impacto magicamente era refletido na face de Kazuhiko, quebrando o nariz do jovem e o jogando para atrás.

Dominus olhando tudo aquilo, parecia um pouco entediado, então em um instante, ele ativaria um outro poder, apenas erguendo seu braço direito na direção de Kazuhiko.

Dominus: — Venha... Izanagi.

Com aquilo, tudo que Kazuhiko via desaparecia, Ezra gritava enquanto via Kazuhiko sendo sugado, mas já era tarde, ele estava num lugar cheio de esqueletos, cadáveres podres e o chão coberto de poça de sangue, em tudo que é lugar, não tinha céu, não tinha atmosfera, não havia nada, apenas a morte.

Kazuhiko: — Mas que merda é essa?!

Dominus: — Esse é o plano intermediário de Izanagi, o Receptáculo do Fim. Um espaço fora do tempo e da criação, onde apenas aqueles marcados pela morte podem caminhar.

Kazuhiko cambaleava, tentando se manter de pé. Cada passo afundava mais em algo viscoso e pútrido. O fedor da morte corroía suas narinas, enquanto vozes sussurravam nomes que ele nunca ouvira, mas que pareciam chamá-lo desde o nascimento.

Kazuhiko: — Por que... me trouxe pra cá?

Dominus, surgindo como uma sombra viva no horizonte vermelho-escuro, caminhava lentamente em sua direção. Seus pés não tocavam o chão, mas deixavam pegadas de carne necrosada por onde passava.

Dominus: — Porque você ainda é ingênuo. Porque você acredita em força justa, em vitórias limpas, e acima de tudo... porque você é fraco. Você nunca poderá fazer a diferença. Por que apesar de sempre vencer, você perde. Tu mata mas sofre. Tu corta mas tu sangra. Entende? Você nunca foi vitorioso. João morreu também por ser ingênuo, mas você? Não, você é apenas fraco, um fraco que sempre necessita de algo pra continuar, fraco mentalmente... puxa, você é um total fracasso, como consegue viver por tanto tempo?

Kazuhiko: — Pois diferente de você... Eu estou sempre acreditando naquilo que eu valorizo... Um mundo onde possa prosperar em paz, sem guerras, sem violência, sem mortes desnecessárias, eu vou mudar este mundo pro melhor, e mesmo eu sendo o mais fraco...

Kazuhiko dava um passo à frente, e sua pegada separava todo o sangue que estava entre os dois.

Kazuhiko: — Eu sempre acharei um caminho.

Dominus ficou em silêncio por um momento, observando o sangue se espalhar entre eles, e ele retirava sua máscara, demonstrando sua face, com uma marca gigante em sua testa, apesar de sua aparência jovem, era claro que ele tinha uma face de um sofredor.

Dominus: — Eu fui criado pela a mesma coisa, mas viu o que aconteceu? Dois milênios inteiros e nada mudou. Tudo continuou nessa violência. Do que adianta tentar mudar algo desse tipo? Os humanos tem a natureza de dominar, ter o poder, e o poder gera violência, e violência causa morte, furto, guerras, pecados. Não há nada neste mundo que mereça ser salvo.

Ele rasgava a fenda ao lado dele, puxando uma katana que tinha vários pontiagudos gigantes, pareciam várias mini-foices juntas em uma só lâmina, e ao lado dele, aparecia um lobo gigante que cobria todo o cenário negro da dimensão.

Dominus: — Que venha ó... Lobo da profecia... A destruição inevitável... A personificação do Ragnarok... Fenrir.

Kokuei: ( Ferrou, garoto... Sobrevive, como sua vida dependesse disso, pois realmente dependerá.)

Kazuhiko: — Você é um hipócrita! Você quer acabar com a violência com mais sofrimento e violência! Que tipo de face Jesus faria se vesse você fazendo isso?!

Dominus estalava a língua, agora erguendo a lâmina e a descendo, e com isso, vários cortes dimensionais, Kazuhiko ativava em suas costas, um dos seus pecados "ganância" para desviar de todos os cortes, mas antes dele perceber, o lobo dava um simples movimento com sua pata no ar, mas já era o suficiente deste corte atravessar o ar e cortar o peitoral de Kazuhiko em três riscos enormes.

Dominus: — Do que adianta fazer de outra forma... Mesmo que haja paz no início, o ciclo sempre se inicia, e Jesus nunca mais esteve aqui pra ver todo o nosso sofrimento, nunca pôde abraçar ou abençoar aqueles que mais oraram o nome dele, nos abandonou sem nem olhar para atrás.

Kazuhiko caía de joelhos com o peito cortado, sentindo o sangue quente escorrer por dentro da roupa. O impacto não era só físico, mas espiritual. As palavras de Dominus pesavam como as lâminas que quase o partiram.

Kazuhiko: — ...Talvez Ele tenha sumido mesmo... Mas isso não quer dizer que o que Ele ensinou morreu. Se Ele não voltou... então talvez seja nossa responsabilidade viver o que Ele acreditava.

Ele firmava os pés na poça de sangue abaixo dele e voltava a se erguer, mesmo tremendo.

Kazuhiko: — Não vou desistir só porque o mundo desistiu de mim. E se o céu tá vazio... então eu vou subir até lá e acender uma nova luz!

Os olhos dele brilhavam em dourado pela primeira vez — um brilho diferente da ganância, algo mais puro. A aura ao redor dele oscilava entre ouro e preto, como se os pecados estivessem entrando em conflito com algo dentro dele.

Dominus franzia o cenho, curioso, mas também irritado.

Dominus: — Tsc... Luz pura e pecado em um mesmo corpo...? Isso não faz sentido. Você não deveria existir...

Kazuhiko: — Pois acostume-se... porque eu vou ser o erro nesse mundo que vai corrigir todos os outros.

Kazuhiko avança, mesmo ferido, com sua espada envolta em uma energia híbrida, indo direto em direção ao olho de Fenrir.

Dominus: — Que seja... Fenrir, você estará livre do meu poder, para que eu possa usar outra dinvidade ao meu favor...

O lobo não falaria nada, como se ele não estivesse com a total compreensão por não ser o universo dele. Dominus erguia os braços em desdém, sussurrando uma linguagem grega:

Dominus: — "Erchomai tou Chronou, Megas Theos tou Kairou..."

As palavras ecoavam por toda a dimensão, reverberando como trovões abafados em meio aos cadáveres silenciosos. O ar começava a distorcer, o sangue no chão retrocedia, os corpos voltavam a se mexer por milésimos de segundo, como se o tempo estivesse... se rebelando.

Dominus: — Que Chronos, o Pai do Tempo, venha ao meu chamado... E me conceda o fluxo de todas as eras!

Um gigantesco relógio de areia surgia por trás de Dominus, cada grão brilhando como uma estrela apagada, girando em todas as direções. O tempo não era mais linear ali — era caos organizado. Dominus estalava os dedos e, no mesmo instante, Kazuhiko parava no ar, congelado no meio do golpe.

Kazuhiko: — (O que... meu corpo... não se move?!)

Dominus: — A dádiva de Chronos me permite reescrever a ordem... por sete minutos. Tempo suficiente para te reduzir a menos que um suspiro.

Ele caminhava lentamente até Kazuhiko, que lutava contra a paralisia, seus olhos tentando brilhar mais forte para resistir à manipulação.

Dominus: — E então, pequeno messias, onde está sua luz agora? Ela brilha... mas não move ponteiros.

Kazuhiko fechava os olhos. O sangue escorria, mas a aura dourada vibrava intensamente. Dentro de sua mente, vozes ecoavam — de João, de Ryuji, até mesmo de pessoas que ele nunca conheceu diretamente, mas que morreram por algo parecido com aquilo que ele defendia.

Kazuhiko: — Eu vou te vencer... Não importe o que eu faça... Eu sei que irei te vencer.

De volta à realidade...

Orikal ficava olhando pra cima, pensando enquanto rezava, Zar'khala olhava pra ele, parecendo que já sabia do que se tratava.

Zar'khala: — Dominus está pegando seu poder emprestado novamente?

Orikal: — Se for para dar uma lição à aqueles que se recusarem a se joelhar perante ele... Que seja.

Zar'khala: — É... Pena que você não é muito útil agora.

Arjun se levantava dos escombros atrás dele, um pouco ferido, mas nada muito grave.

Zar'khala: — Você é uma criatura um tanto quanto persistente... Ein?

Arjun: — Você tem sorte de que você possui algo que de fato me afeta... Mas seu destino continuará o mesmo.

Arjun avançava que nem um demônio em Zar'khala, Orikal se colocava por trás do dançarino.

Zar'khala: — Tente... Pois você irá perecer antes mesmo de—

Arjun chegava no último momento, distorcendo a realidade ao redor de Zar'khala, e no mesmo momento, o indiano dava um soco brutal no peito do mandamento, mas era defendido com os braços do mesmo, graças as realidades sendo constantemente mudadas ao redor do dançarino divino.

Zar'khala: — Não importe o qual rápido você seja... O destino não mudará.

Arjun: — Foda-se o seu destino... Eu sou supero o inevitável.

Zar'khala não falaria nada, ele apenas aguentava o soco enquanto já se preparava para o seu contra-ataque... No entanto, ele viu algo atrás de Arjun, um demônio que reside dentro dele. A arma que pertencia ao seu corpo agora se manisfestava, a aura se expandia e tomava uma forma, além de fazer várias ilusões em cima das realidades distorcidas.

Arjun: — Eu sou...

Wulfric que estava tentando sobreviver aos ataques Ilyona e Threx, enquanto dava suporte ao Ryuji.

Wulfric: — Scheiße! (Merda!) Se ele continuar desse jeito... A arma irá possuí-lo totalmente! Ibrahim! Ajuda aqui com o Ryuji, eu tenho que desativar a arma de Arjun, antes que seja tarde!!

Ibrahim acenava e rapidamente iria até Wulfric, Threx tentava impedir a fuga do alemão, mas Ibrahim impedia com a sua lança negra.

Ibrahim: — Aonde pensa que está indo, grandalhão?

Threx: — Filha da puta!

Enquanto isso, Zar'khala tentava recuar de Arjun, mas o soco do indiano não parecia soltar dos braços dele, como se tivesse colado, Arjun o olhava, com uma aparência cada vez mais monstruosa, sua voz saía como se tivesse saído de Tártaro.

Arjun: — Eu vou destruir sua máscara... Seu rosto... Seu nome... Sua existência...Maledictum... Maximum!!

Wulfric: — Não, Arjun!

No instante em que Arjun gritou, uma explosão de energia amaldiçoada varreu a região, como se o próprio tempo hesitasse em continuar. O céu se partia em fragmentos de espelhos distorcidos, refletindo múltiplas versões de Zar'khala — todas morrendo, sendo apagadas, desaparecendo como memórias rejeitadas pelo universo.

Zar'khala gritava, não por dor, mas por sentir sua essência... ser dilacerada em níveis conceituais. Sua forma física resistia, mas a ideia de quem ele era começava a ruir.

Zar'khala: — O que você... está fazendo comigo...?!

Arjun (voz demoníaca, distorcida): — Maledictum Maximum é o fim do ser. Você sente isso? Essa náusea na alma? Isso é o universo tentando te esquecer.

Wulfric corria como um louco em direção à cena, ativando diversos selos e conjurações em runas germânicas. As pernas sangravam, o peito arfava, mas ele não parava.

Wulfric: — Se ele ativar a forma total da arma… o Arjun que a gente conhece vai deixar de existir! Ele vai virar a maldição em si!

Orikal, mesmo distante, olhava aquilo com um leve sorriso no canto dos lábios, sussurrando para si:

Orikal: — Heh... O verdadeiro inferno não é um lugar... é uma escolha.

Zar'khala recuava aos tropeços, pela primeira vez sem controle total das realidades, enquanto Arjun começava a perder sua forma humana, braços alongando, olhos multiplicando-se no rosto, e uma mandíbula negra se formando onde antes era o maxilar.

Wulfric, finalmente se aproximando, lança uma de seus socos ingleses na cabeça de Arjun, ao mesmo tempo que grita:

Wulfric: — Vergib uns! Löse dich! (Perdoe-nos! Dissolva-se!)

O impacto foi ensurdecedor.

O punho de Arjun, revestido por maldição pura e ódio primitivo, colidiu com a face de Zar'khala, quebrando não apenas a máscara, mas um século de arrogância esculpido em cada fibra de seu ser.

Zar'khala voava metros para trás, sua forma girando no ar como uma marionete cortada das cordas. A parte superior do seu rosto agora exposta — olhos marcados por linhas de choro antigo, expressão de alguém que já foi humano... mas há muito deixou de ser.

Zar'khala (caído, cuspindo sangue negro): — Você... ousa me tocar... nesse estado?

Mas antes que Arjun pudesse desferir o golpe final, o soco inglês de Wulfric encostava com força contra a lateral do crânio distorcido de Arjun, e uma luz antiga e sagrada explodia do impacto. Runas se ativavam, girando no ar como engrenagens do próprio universo tentando impedir uma calamidade.

Wulfric (gritando com o próprio Arjun): — Volta pra mim, porra! Você não é só essa arma! Você é meu aliado, meu amigo, meu irmão!

A mandíbula negra de Arjun tremia, seus olhos múltiplos pareciam chorar — mesmo sendo monstruosos, mesmo não sendo mais completamente humanos. O ar ao redor ficou pesado, como se o tempo estivesse decidindo o que manter e o que apagar.

Arjun gritava, sua forma monstruosa sendo retraída aos poucos, como se estivesse sendo arrancada de dentro dele à força. Wulfric segurava seu corpo com força, mesmo tremendo, mesmo sangrando:

Wulfric: — Você é mais do que maldição... mais do que veneno...

Você é Arjun, porra!

A aura negra estourava em todas as direções...

E o campo de batalha tremeu.

Zar'khala, ajoelhado, olhava aquilo com um misto de horror e fascínio.

Ele tinha sentido. Pela primeira vez em eras... respeito.

Enquanto isso, Arjun respirava com dificuldade, ainda ajoelhado ao lado de Wulfric. Seu corpo tremia, as marcas da corrupção ainda visíveis como fissuras negras espalhadas por sua pele, mas sua forma humana retornava pouco a pouco. Os olhos, agora apenas dois, encaravam o chão enquanto o peso da maldição se acomodava de novo dentro de si — como uma fera adormecida, mas não derrotada.

Zar'khala se erguia devagar, limpando o sangue escuro que escorria do canto da boca, o rosto finalmente exposto. Não havia glória ali, apenas desprezo, orgulho ferido... e algo mais humano.

Zar'khala: — Hah... Por um momento, você realmente me preocupou.

...Isso não acontece há muito tempo.

Arjun, com a ajuda de Wulfric, se levantava. Seus olhos encontravam os de Zar'khala, e agora, não havia ódio ali... mas convicção absoluta.

Arjun: — Se até você sentiu algo... então é sinal de que posso ir ainda além.

Não preciso perder a mim mesmo para vencer monstros como você.

Zar'khala sorria de lado, exausto, mas debochado.

Zar'khala: — Você acha que venceu?

Não se engane... isso foi só o prelúdio.

E então, sem aviso, o dançarino desaparecia, como se as próprias dobras da realidade se recusassem a segurá-lo por mais tempo — deixava para trás apenas as distorções oscilando no ar.

Wulfric caía de joelhos, ofegante.

Arjun olhava para as próprias mãos, onde a aura maldita oscilava, inquieta, viva.

Mas ele permanecia firme. O caos dentro dele agora obedecia.

Wulfric (sorrindo, mesmo cansado): — Você segurou o abismo, porra...

Arjun (frio, mas lúcido): — Não segurei.

Convenci o abismo de que sou mais perigoso que ele.

Wulfric arfava, limpando o sangue do rosto com o antebraço, forçando um sorriso enquanto olhava ao redor do campo devastado.

Wulfric: — Que seja… ainda temos trabalho pra fazer.

Não sabemos o que aconteceu com Zoya, Viktor e Ezra — eles estavam mais pra frente…

Mas aqueles outros mandamentos com certeza estão lutando contra eles agora.

E o Kazuhiko... sumiu, junto com aquele tal de Dominus.

Arjun olhava para o céu quebrado, como se algo invisível pairasse ali, observando.

Arjun: — Certo… apesar da gente estar bastante ferido, não vamos recuar.

Vamos dar suporte pro Ryuji e Ibrahim.

Ambos seguem juntos, correndo, mesmo cambaleando, mesmo destruídos — pois ainda não acabou.

O campo de batalha se estende diante deles... E os céus rugem.

No escuro...

Um espaço vazio. Lá estava ele, o jovem ajoelhado, enquanto estava preso numa dimensão de morte, enquanto cadáveres e esqueletos subiam em cima dele. Kazuhiko estava preso ainda pelo tempo de Chronos, com o seu corpo dilacerado, a espada caída ao lado. Dominus o segurava pelo pescoço, olhos frios, lâmina da sua katana-foice, encostada na clavícula do jovem. O sangue escorria em silêncio.

Dominus: — Você fala como um mártir... mas sangra como um pecador.

Kazuhiko tentava levantar o olhar, mas era como se um peso divino o esmagasse. O chão abaixo dele estava repleto de sombras e memórias — os pecados dançavam como vultos atrás de seus olhos.

E foi quando uma voz ecoou no plano astral. Uma presença antiga, esquecida até mesmo pelos deuses.

Kokuei.

Kokuei (voz etérea, como se sussurrasse do âmago da alma):

— Orgulho não é arrogância...

...é saber que mesmo caído, mesmo em pedaços,

você ainda é digno de ser temido.

Dominus franzia o cenho, sentindo uma pressão sutil no ar.

Um novo kanji começava a surgir lentamente nas costas de Kazuhiko, tremeluzindo em um dourado puro e violento.

Kazuhiko (quase inconsciente, murmurando):

— Eu... ainda não acabei...

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO