Las Vegas - 19:24 PM
Os caçadores ficaram pra matar o restante dos monstros gerados pelas as fendas infernais, depois de um tempo, a lua já estava no meio céu avermelhado, onde as estrelas mal daria pra se ver.
Ezra: — Este é o último.
A besta demoníaca pulava em cima do caçador, o que o mesmo apenas o parava em pleno ar com uma das suas mãos, o parando completamente enquanto o agarrava pelo o pescoço.
Ezra: — Wulfric.
Com esta simples ordem, Wulfric mesmo ferido, tinha sido realizados esparadrapos improvisados em sua barriga, em um simples movimento, ele ficava do lado de Ezra e dava um gancho de direita na cabeça da monstruosidade.
Wulfric: — Desligar!
Com isso, a cabeça do monstro seria completamente obliterado, enquanto o restante do corpo se contorcia levemente, mas sem ligar sua regeneração, eventualmente se dissolvendo no chão.
Ezra: — Muito bom. Com isso nossa missão está concluída no momento.
Zoya e Viktor apareciam logo após, com olhares aliviados.
Ezra: — Como está situação, conseguiram achar sobreviventes?
Zoya, ainda ofegante, limpava o sangue seco que escorria pela lateral de seu rosto, enquanto Viktor, apoiado em uma espada improvisada feita de destroços, caminhava lentamente até o grupo.
Zoya: — Encontramos alguns… Estavam escondidos nos escombros dos prédios. Cerca de quarenta pessoas, entre adultos e crianças.
Viktor: — Muitos estavam feridos... Sem água, sem medicamentos... Alguns não vão resistir se não agirmos rápido.
Ezra fechou os olhos por um instante, como se pesasse o peso de cada vida perdida em seus ombros.
Ezra: — Certo. Ibrahim e Ryuji já devem estar cuidando da primeira leva de evacuação. Vamos dividir em grupos e escoltar os sobreviventes restantes até o ponto de extração.
Wulfric passou a mão pela barriga, sentindo a dor dos ferimentos, mas forçou um sorriso.
Wulfric: — Mais alguns metros andando e juro que apago... Mas bora.
O som distante de sirenes ecoava pela cidade destruída, misturando-se com o chiado das chamas ainda acesas entre os escombros. A lua avermelhada parecia sangrar sobre o que restava de Las Vegas.
O grupo se reuniu rapidamente, as roupas rasgadas, os rostos cobertos de fuligem e sangue seco. Cada passo ecoava entre os prédios destroçados, como se a cidade inteira estivesse segurando a respiração.
Ezra olhou para cada um deles, medindo o estado físico e mental dos companheiros.
Ezra: — Viktor, Wulfric, Zoya... vão para o setor norte com os civis.
Arjun e Ibrahim, cuidem do setor oeste.
Ryuji e eu vamos cobrir o leste e o sul.
Kazuhiko, você vai ficar na retaguarda. Qualquer coisa estranha... evacue imediatamente.
Kazuhiko assentiu em silêncio, ainda com o olhar pesado pelo que tinha enfrentado.
Ezra: (com voz firme) — Sem heroísmo. Sem desvios. Só sobrevivência.
O grupo se separou rapidamente.
Setor Norte – Viktor, Wulfric e Zoya
Zoya liderava, com Viktor logo atrás, servindo de apoio para Wulfric, que teimava em manter o ritmo apesar dos ferimentos.
Entre os civis, havia crianças chorando, idosos em choque, e mães abraçadas a filhos cobertos de poeira.
Zoya: (baixando o tom para tranquilizar) — Vamos sair daqui... Vocês estão seguros agora.
Wulfric carregava duas crianças pequenas nos braços, e mesmo com o rosto suado de dor, esboçava um sorriso para acalmá-las.
Wulfric: — Aposto que vocês vão ter boas histórias pra contar... tipo conhecer um caçador de verdade, nein?
Viktor mantinha os olhos atentos ao redor, protegendo-os de qualquer desabamento ou perigo iminente.
Viktor: — Meu corpo... Realmente mudou, aquela alma que Kazuhiko me deu... Parece realmente ter feito a diferença, talvez assim...
Wulfric: — Ei, Viktor! Termine de evacuar estes civis!
Viktor: — Certo...
Do outro lado, Arjun, com seu corpo coberto de sangue e cicatrizes, liderava silenciosamente um grupo de sobreviventes pelos becos.
Criança: — Olha, mãe... Aquele homem está todo ferido...
A mãe rapidamente puxou o braço do menino para baixo, olhando para Arjun com um misto de medo e respeito.
Mãe: — Não aponte, querido. Ele... ele é o motivo de estarmos vivos.
Arjun ouviu.
Ele sempre ouvia.
Mas não respondeu. Apenas caminhou adiante, o olhar fixo no caminho irregular à frente, carregando um jovem adolescente ferido nas costas, como se ele pesasse menos que uma pena.
A cada passo, gotas de sangue escorriam pelas fendas abertas em sua pele, misturando-se à poeira e ao cheiro de queimado.
A criança continuou olhando para ele com admiração silenciosa.
Criança: (sussurrando) — Ele parece um herói...
Arjun parou por um breve momento.
Olhou para o garoto por sobre o ombro.
Seu rosto, coberto de sangue seco, queimada e cicatrizes — tão grotesco e assustador — suavizou-se levemente.
Uma expressão quase imperceptível, entre um sorriso triste e um olhar resignado.
Sem dizer uma palavra, ele ajeitou o menino ferido nas costas e voltou a caminhar.
Enquanto isso, Ibrahim, robusto e firme, carregava dois idosos nos ombros com uma facilidade quase sobrenatural.
Ibrahim: (gritando para o grupo) — Fiquem juntos! Não parem de andar, não importa o que vejam ou ouçam!
Arjun, com seu olhar de lobo, ajudava uma mulher grávida a atravessar uma ponte improvisada de escombros, seus movimentos calculados para garantir que ninguém caísse.
No sul, Ryuji corria entre as ruínas, os olhos atentos varrendo cada canto em busca de sobreviventes.
Seus pés deslizavam pela areia misturada com poeira e vidro quebrado, enquanto seus dedos calejados puxavam corpos frágeis presos sob montes de concreto.
Ryuji: (gritando) — Tem alguém aqui?! Se puder se mover, grite!
De dentro de uma viga caída, uma mão trêmula se ergueu. Sem pensar, Ryuji saltou, usou a sua katana para cortar pedaços de ferro torcido, e puxou uma jovem adolescente, tossindo sangue, para fora dos escombros.
Ryuji: — Aguenta firme! Vamos tirar você daqui...
Enquanto isso, Ezra avançava com uma serenidade quase sobrenatural.
Apesar da exaustão evidente, os olhos semicerrados e o suor que escorria pela sua mandíbula, sua presença continuava sólida, como um farol no meio do inferno.
Cada pedaço de concreto que bloqueava o caminho dos civis era removido com um único toque de suas mãos, como se ele ignorasse as próprias dores e limites.
Sua respiração era pesada, mas o ritmo nunca quebrava.
À frente deles, uma rua inteira havia colapsado, formando um mar de destroços.
Ryuji correu até Ezra, ofegante.
Ryuji: — São mais do que pensei... (olhando para a multidão escondida entre os escombros)
Ezra olhou para o campo devastado à frente — famílias ensanguentadas, crianças sem sapatos, idosos carregando pequenos pedaços do que restava de suas vidas.
Por um breve momento, seus olhos endureceram, e ele apertou os punhos.
Ezra: (baixando a voz, com uma determinação inquebrantável) — Nós vamos tirar todos daqui.
Nem que eu tenha que carregar cada um nas costas.
Ele disse isso sem raiva, sem desespero — apenas com a frieza cortante de quem não aceitaria outro final.
Ryuji engoliu em seco. Era fácil esquecer que, por trás da calma de Ezra, havia uma fúria silenciosa contra o mundo que permitiu que aquilo acontecesse.
Ezra: (caminhando para frente) — Me ajuda a abrir caminho. Cada segundo que perdemos... alguém morre.
Ryuji: (assentindo) — Sim, senhor.
Sem trocar mais palavras, eles se moveram juntos.
Ezra erguia vigas inteiras, abrindo passagens, enquanto Ryuji corria pelas brechas, puxando os feridos, acalmando os assustados, guiando os desorientados.
E mesmo enquanto seus músculos gritavam de dor, mesmo quando o calor sufocante das chamas ameaçava consumir tudo ao redor, eles não paravam.
Não podiam parar.
Não enquanto houvesse vidas a serem salvas.
Kazuhiko caminhava lentamente, protegendo a retaguarda dos grupos. Cada barulho distante fazia seus músculos se enrijecerem, o corpo sustentado apenas pela força de vontade. Seus pés arrastavam-se entre destroços e sangue seco, enquanto o peso dos pecados e da batalha anterior o esmagava mais a cada passo.
Em sua mente, a voz de Kokuei ecoava fria e amarga:
Kokuei: ( Infelizmente é assim que deveria ser. Depois de liberar o Orgulho, tua energia foi drenada quase por completo. Nem mesmo a Luxúria conseguiu suportar tanto tempo assim, já que tu ficou lutando com ele durante anos.)
Kazuhiko respirava com dificuldade, sentindo as pernas quase cederem. Seu olhar, turvo e cansado, recaía sobre as famílias tentando sobreviver, arrastando seus entes queridos, crianças agarradas a brinquedos quebrados, malas rasgadas cheias de lembranças inúteis.
Kazuhiko (pensando): — Droga... Por que eles recuaram? Eles poderiam ter nos matado eventualmente de cansaço.
Ele apertou o punho discretamente, tentando manter a consciência desperta. Mas a dúvida corroía sua mente. Mesmo exausto, Kazuhiko sabia que Dominus e os outros Mandamentos não haviam recuado por misericórdia. Era algo mais sombrio... Eles perceberam que, depois de tanto tempo em combate, suas presenças distorciam o espaço, quebravam as leis naturais do plano mortal. Se continuassem ali, o próprio mundo ruiria antes que suas vítimas morressem — e isso iria contra o que eles mesmos buscavam preservar.
Dominus não havia recuado por fraqueza. Tinha sido estratégia.
Um recuo frio, calculado... esperando o momento em que a vitória não significasse apenas cinzas.
Kazuhiko soltou o ar com dificuldade, sentindo a garganta seca.
Kazuhiko (pensando): — Então eles também... não querem destruir tudo... Não ainda.
Kazuhiko (pensando): — No entanto... E depois? O que irá acontecer se os Mandamentos voltarem... o que eu vou fazer? Como vamos lutar desse jeito?
Por alguns segundos, a resposta não veio. Só o som abafado do vento quente e das sirenes distantes. Então, Kokuei respondeu, com uma voz mais sombria que antes:
Kokuei: (Eles são imortais. O fato de tu ter conseguido deixar uma cicatriz em Dominus mostra que atingiste o ápice da mortalidade. No entanto, eles não vão morrer... até que seja desfeito o que foi escrito no Monte Sinai. Só assim conseguirá achar algo pra conseguir derrotá-los.)
Kazuhiko parou por um instante, encarando o céu vermelho e a lua tingida de sangue. A palavra ecoou como uma profecia inevitável em sua mente: Monte Sinai.
Respirando fundo, ele voltou a caminhar. Mesmo exausto, mesmo quebrado, mesmo sem ter todas as respostas... ele sabia que não podia parar.
Ponto de extração - 23:48
Pouco a pouco, os grupos se reuniam no ponto de extração — um terreno aberto onde antigos campos de futebol agora serviam de abrigo improvisado.
Paramédicos e membros da resistência se apressavam para atender os feridos.
Ezra fez a contagem visual. Cada caçador, cada civil que cruzava a linha segura, era como um peso retirado de seu peito.
Ezra: (sussurrando para si mesmo) — Mais um trabalho concluído...
Zoya ajudava a acomodar as crianças em macas improvisadas. Viktor mantinha vigilância, com seu braço monstruoso pulsando de forma acelerada. Wulfric, sentando-se com dificuldade, finalmente cedeu ao cansaço, sorrindo ao ver as crianças brincando com ele.
Ibrahim organizava mantimentos e cobertores para os recém-chegados. Arjun, silencioso como sempre, montava barricadas em volta do campo.
Ryuji trouxe a última família, amparando um menino que chorava baixinho.
E Kazuhiko... Kazuhiko permaneceu parado por um momento, olhando para o céu noturno sujo de fumaça e fuligem, onde a lua ainda sangrava.
Andressa (pelo rádio): — Aqui é o QG. Confirmação de evacuação bem-sucedida. Ponto seguro estabelecido. Vocês fizeram um ótimo trabalho, Aetherbond.
O rádio chiava, e por um momento, o silêncio caiu entre eles. Um silêncio pesado, cheio de cansaço, de alívio amargo... e de perguntas sem resposta.
Ezra soltou o ar devagar, largando os ombros pela primeira vez em horas. Mesmo com o corpo latejando de dor, ele sabia: era uma vitória. Pequena, mas ainda assim, uma vitória.
Zoya, sentada ao lado de Viktor, passava uma bandagem improvisada em seu próprio braço. Seus olhos, normalmente frios e calculistas, vacilaram brevemente ao ver uma criança adormecendo abraçada ao seu casaco sujo.
Wulfric, deitado de costas na grama seca, olhava para o céu avermelhado, rindo baixinho entre uma careta de dor e outra.
Wulfric: — Ei... alguém conta pra aquelas Sterne (estrelas) que a gente ganhou?
Ibrahim organizava mantimentos com movimentos mecânicos, enquanto Arjun, sempre em silêncio, terminava de erguer a última barricada ao redor do abrigo improvisado.
Era como se todos eles soubessem que aquilo não era o fim. Só mais uma pausa entre tempestades.
Ryuji, sujo de sangue seco, pousava a mão no ombro do menino que resgatara, passando-lhe uma força silenciosa. Seus olhos buscavam Kazuhiko entre a multidão.
E lá estava ele.
Kazuhiko permanecia parado, encarando a lua suja e mutilada pela fumaça.
O corpo estremecendo discretamente, a mente pesada como chumbo.
Por dentro, Kokuei permanecia em silêncio. Nenhuma provocação. Nenhuma ironia.
Apenas o eco sombrio da última revelação: Monte Sinai.
Kazuhiko sabia que Dominus e os Mandamentos tinham recuado... não por fraqueza, não por piedade.
Recuaram porque prolongar aquela guerra sem fim teria destruído o próprio mundo antes de sua vitória.
Kazuhiko (pensando): — Eles querem vencer... mas querem algo para dominar no final.
Ele soltou um suspiro baixo, o peito doendo, como se cada respiração fosse uma batalha à parte.
Kazuhiko (pensando): — Estamos vivos... mas estamos longe de estar prontos.
Ele se virou, encarando seus companheiros.
Ezra de pé, exausto mas firme.
Zoya e Viktor cuidando dos feridos.
Wulfric sorrindo, apesar das costelas quebradas.
Ibrahim, Arjun e Ryuji, em silêncio, mas juntos.
Era isso.
Aetherbond.
Uma equipe pequena... mas forte.
E enquanto Kazuhiko caminhava lentamente em direção a eles, sentindo o peso dos pecados se arrastando como correntes invisíveis, sabia que ainda havia muito pela frente.
Muito sangue.
Muita dor.
Muitos sacrifícios.
Mas também...
Ainda havia algo para proteger.
E ele protegeria.
Nem que fosse a última coisa que fizesse.
CONTINUA...