"Eve Rosette."
Aquilo chamou a atenção do Sr. Blair. Sua cabeça se ergueu da bagunça de papéis à sua frente e, pela primeira vez, nossos olhos se encontraram.
Seus olhos castanhos eram afiados, uma mistura de curiosidade e cansaço, mas havia algo cativante neles — como se ele tivesse visto demais, mas ainda estivesse em busca de mais.
Por um momento, o caos da sala desapareceu no fundo.
Ele me estudou cuidadosamente, seu olhar firme e investigativo, como se tentasse entender por que alguém como eu estaria na frente de seu laboratório decadente.
Sua aparência desalinhada, juntamente com a profundidade em seus olhos, fazia-o parecer um homem que vinha lutando batalhas difíceis por tempo demais, mas que ainda tinha o fogo para continuar.
Ele se recostou levemente, cruzando os braços enquanto um sorriso lento e deliberado surgia em seu rosto, parecendo mais uma carranca. "Eve Rosette... e o que a senhorita Rosette deseja comigo."
Eu sorri. "Quero investir em seu projeto de nanorrobôs."
O sorriso de Miguel desapareceu, substituído por uma carranca profunda. "Você? Uma investidora?"
Eu assenti, ainda sorrindo.
Ele zombou, balançando a cabeça. "Vá para casa, criança. Não tenho tempo para babás agora. Estou ocupado. Emily, mostre a porta para esta princesa."
Meu sorriso vacilou. Ser dispensada por causa da minha idade estava ficando cansativo e, honestamente, eu estava ficando cansada disso.
"Bem, não posso culpá-lo por ser cético," eu disse, com a voz firme, "mas meu nome não é prova suficiente de que não estou brincando?"
Miguel bufou. "Sua reputação te precede, Senhorita Rosette. Você não deveria estar atrás de Cole Fay agora?"
Meu sorriso vacilou. Até ele sabia disso? Minha vida amorosa era praticamente a manchete favorita de todos os tablóides, especialmente no mundo do entretenimento.
Os jornais estavam sempre cheios de rumores de que eu estava atrás de Cole Fay, ou pior, de como eu era uma vergonha para o nome Rosette. Estava cansativo, e honestamente eu estava surpresa que as pessoas ainda não estivessem entediadas com isso.
Em vez de me ofender, soltei uma pequena risada. "Vejo que sou *realmente* popular, até aqui."
Miguel levantou uma sobrancelha. "Você quer dizer infame?"
Encolhi os ombros, jogando meu cabelo para trás. "Tudo o que você ouviu, é tudo mentira. Já superei Cole Fay. Hoje em dia, estou mais interessada em investimentos."
Ele piscou. "O quê?"
"Você sabe, fazer meu dinheiro crescer."
"Eu sei do que você está falando," ele respondeu, me olhando cético. "Mas ainda não acredito em você. Você não tem idade suficiente para investir legalmente."
"Desde que eu tenha o dinheiro, posso fazer qualquer coisa," eu disse, me aproximando e apoiando casualmente na mesa dele. "É realmente tão difícil acreditar que eu quero investir na sua empresa? Ou você falta confiança no seu próprio trabalho?"
Miguel encontrou meu olhar com uma expressão inescrutável. "Estou confiante de que meu trabalho terá sucesso. Mas não tenho tempo para entreter uma pirralha como você. Se quer brincar, vá procurar outra pessoa. Estou muito ocupado agora."
Eu realmente não poderia culpá-lo por me dispensar. Afinal, ele provavelmente lidou com incontáveis rejeições e a última coisa que ele precisava era algum garoto rico fingindo ser investidor.
Pelo que eu descobri, ninguém queria tocar no projeto da QuantumLyfe porque era um risco. Ser o primeiro de seu tipo fazia dele um pioneiro, mas também um risco enorme.
Os investidores estavam com muito medo de apoiar algo tão não testado.
O conceito de tecnologia de nanorrobôs era inovador, mas esse era exatamente o problema — ninguém queria ser o primeiro a apoiar uma tecnologia experimental não comprovada.
Os investidores temiam que demorasse demais para ser aperfeiçoada ou que o público não confiasse nela. A falta de precedentes tornava-o um risco, e a maioria das empresas preferia esperar por uma aposta mais segura, deixando alguém mais assumir a queda inicial se algo desse errado.
Ser o primeiro muitas vezes significa lidar com os desafios mais difíceis, como superar problemas técnicos e ceticismo do público, e a QuantumLyfe estava presa nessa zona de incerteza, assustando potenciais investidores.
Parecia que eu teria que provar meu valor.
Sem dizer uma palavra, tirei uma pasta elegante da minha bolsa e coloquei firmemente na mesa de Michael Blair. Seus olhos se voltaram para ela, mas sua expressão permaneceu fria.
"Isto," eu disse, dando um leve toque na pasta, "deveria fazer você mudar de ideia."
Eu me inclinei ligeiramente para frente, minha voz caindo. "Vamos encurtar a conversa. Você precisa de dinheiro, e eu preciso de negócios. É uma situação ganha-ganha para ambos. Sem jogos, sem fingimentos. Eu sei do que a QuantumLyfe é capaz — você está sentado em algo inovador, mas sem financiamento, você está parado no limbo."
Seu olhar permaneceu na pasta, mas ele não se moveu. Eu continuei. "Não sou apenas mais uma investidora de mentira jogando dinheiro por aí. Fiz minha pesquisa. Conheço seu projeto de cabo a rabo. Com o apoio certo, seus nanorrobôs poderiam mudar o mundo. E estou pronta para fazer isso acontecer."
Por um momento, Miguel ficou em silêncio, sua expressão guardada e inescrutável. Eu podia notar que ele ainda estava cético, mas agora ele estava ouvindo.