O Presente

Mais tarde naquela noite:

Lina havia se acomodado no quarto de Cole, como frequentemente fazia. Enquanto seu irmão gêmeo estava vidrado no computador, digitando em silêncio, ela se espalhava confortavelmente em sua cama king-size de pijama, tagarelando sem se importar com nada.

"Tive o dia mais cansativo hoje!" exclamou Lina, virando-se de bruços e apoiando o queixo nas mãos. "Tive que tomar o seu lugar, sabia? Foi tão cansativo!" Ela sorriu, cutucando-o. "Acho que você me deve alguma compensação por cobrir seu lugar."

Cole nem sequer olhou para ela, seus dedos teclando como se ela não estivesse ali.

Não se importando com a indiferença dele, Lina suspirou, virando-se de costas novamente. "Ah, a propósito, você sabia que a Eve é realmente pequena? Quero dizer, sou pelo menos uma cabeça mais alta que ela! Isso me surpreendeu totalmente."

"Nós somos apenas altos," murmurou Cole, olhos fixos na tela.

Os lábios de Lina se curvaram em um sorriso astuto. "Oh? Você está defendendo ela agora?"

As sobrancelhas de Cole se franziram, a tensão na testa quase cômica enquanto seus lábios se comprimiam em uma linha ainda mais apertada.

Lina apenas riu mais. "Não entendo por que você não gosta dela, irmão. Ela é linda, e acho que aqueles rumores sobre ela são totalmente falsos. No baile, eu esperava que ela fosse pegajosa, sempre me importunando sobre você, mas ela nem menciona você! É meio que... revigorante." Porque todo mundo estava pedindo que Cole cuidasse dela como se ela fosse sua cuidadora pessoal.

Ainda assim, Cole permaneceu em silêncio, como se a conversa fosse abaixo dele.

"Então," continuou Lina, mudando para um tom contemplativo, "você não gosta de nenhuma mulher além da Mãe e eu. Tem certeza de que quer mesmo seguir com este noivado com a Eve?"

"Não me importa quem seja. Só quero me livrar disso," Cole respondeu, sem perder o ritmo na digitação.

Lina revirou os olhos dramaticamente. "Se você dissesse que não queria, o Pai e a Mãe provavelmente cancelariam tudo."

"Qual é o ponto? Acabará acontecendo eventualmente. Não há sentido em lutar contra o inevitável."

Lina soltou um suspiro profundo, olhando para o teto. "Imagino que sim. Quero dizer, na nossa família, casamento é mais um negócio do que qualquer outra coisa. Faz sentido. Você já conhece a Eve, e ela está apaixonada por você há muito tempo."

Ela parou, sua expressão se tornando mais séria. "Mas... você está bem com isso? Quero dizer, ela realmente ama você, mas você não sente o mesmo, sente? Não é cruel amarrá-la a um casamento sem amor?"

Os dedos de Cole congelaram sobre o teclado por um momento, um pequeno sinal de que as palavras dela haviam penetrado, mesmo que só um pouco.

"Pelo menos por consideração ao passado," Lina acrescentou suavemente, "você poderia salvá-la desse tipo de vida. Ela sempre amou você, mas tudo o que vai receber em troca é... isso. Um marido frio e distante. Não é um destino cruel?"

Cole suspirou, finalmente girando a cadeira para encará-la.

Lina piscou, momentaneamente atordoada pelo olhar intenso dele. Ele era a imagem cuspida de seu pai, Cain Fay, mas dez vezes mais intimidador com aquele comportamento taciturno e tom indiferente. Cain havia abrandado com os anos, graças à mãe de Lina, Leana, mas Cole? Ele herdara a antiga implacabilidade do pai, e agora, usava isso como armadura.

"Desde quando você se importa com os sentimentos dela?" ele perguntou, cruzando os braços.

Lina franziu os lábios, pensando. "Desde agora, acho. Eu não gostava dela antes — ela estava sempre atrás de você, e isso me irritava. Mas agora... ela pareceu... diferente. Ela nem mesmo se anima quando fala sobre você. É como se ela se forçasse apenas para dizer seu nome. Se eu não soubesse mais, acharia que ela te odeia. Aconteceu algo entre vocês?"

Cole não respondeu, seu olhar endurecendo enquanto voltava à tela. "Estou ocupado. Pode sair agora? Você tem seu próprio quarto."

Lina riu, rolando na cama novamente. "Mas eu gosto daqui. Além disso, é solitário no meu quarto. Pelo menos aqui, eu tenho você."

"Pare de ser uma criança," disse Cole, embora a repreensão não tivesse qualquer intensidade real.

O entretenimento leve deles foi interrompido por uma batida na porta. Uma das empregadas da casa entrou, curvando-se ligeiramente.

"Senhorita Lina, você tem um pacote."

Lina se animou imediatamente, a excitação borbulhando na voz. "De quem é?"

"Senhorita Eve Rosette," a empregada respondeu.

"Oh?" A curiosidade de Lina foi aguçada enquanto ela pegava o pacote. Assim que a porta se fechou atrás da empregada, ela rapidamente o abriu, encontrando um pequeno cartão descansando no topo. Ele dizia: Querida Lina, um pedido de desculpas por antes, Eve.

"Desculpas? Pelo quê?" Lina murmurou, inclinando a cabeça em confusão. "Ah... deve ser por causa daquele incidente com a empregada dela."

Deixando o cartão de lado, Lina puxou o presente que estava embaixo dele. Seus olhos se arregalaram de surpresa. Era um lindo retrato em aquarela desenhado à mão dela e Dylan dançando mais cedo naquele dia. As figuras foram capturadas em meio a um giro, quase animadas na forma como pareciam reais. Os traços delicados do pincel e as cores vibrantes deram à peça inteira um brilho etéreo.

Era... bonito.

E Lina amou.

"O que é isso?" A voz de Cole cortou seu deslumbramento enquanto ele olhava por cima do ombro, notando sua animação.

Lina rapidamente escondeu o cartão atrás das costas, as bochechas corando. "N-nada!"

Ela não queria que seu irmão soubesse que havia recebido algo tão pessoal de Eve.

De todas as joias caras, bolsas de edição limitada e roupas luxuosas que já havia recebido, este simples cartão em aquarela era o mais significativo. Era claro que Eve tinha desenhado sozinha, especialmente porque sua assinatura estava cuidadosamente escrita na parte inferior como um selo de aprovação de um artista.

Lina nunca soube que Eve poderia desenhar, mas, por outro lado, ela realmente não sabia muito sobre ela. Sempre a descartou como apenas outra garota apaixonada perseguindo Cole, mas isso... isso era diferente.

Lina de repente sentiu uma pontada de culpa. Ela havia julgado mal Eve, agrupando-a com as outras sem nunca dar a ela uma chance.

Talvez fosse hora de mudar isso.

Ela agarrou o cartão com força, sua mente correndo. Ela prepararia um presente próprio em retorno.