Por Trás das Máscaras

O Sr. Hanz era uma lenda no mundo da dança formal, um nome sussurrado entre a elite quando se tratava de coreografia.

Os ricos e poderosos o procuravam, oferecendo somas exorbitantes apenas para que ele coreografasse suas performances. Seu estúdio estava localizado no coração de Nova York, uma instalação moderna e elegante que era um testemunho de seu sucesso.

Quando chegamos, o saguão estava vazio, suas superfícies polidas brilhando sob o brilho suave das luzes elegantes. Não era surpreendente — o lugar era exclusivo. Você não entrava simplesmente no estúdio do Sr. Hanz; cada visita exigia um agendamento, marcado até o minuto.

"Desculpe pelo aviso de última hora, Candy," Lina disse à recepcionista com sua habitual graça.

Candy, uma mulher cuja postura correspondia à elegância do estúdio, exibiu um sorriso profissional. "Para você, Senhorita Lina, o Sr. Hanz encurtou sua viagem. Ele voltou de um desfile de moda em Paris assim que soube que você estaria chegando."

Lina riu suavemente, balançando a cabeça. "Ele realmente não deveria ter se incomodado tanto. Nós ficaríamos bem treinando com os assistentes dele."

O sorriso de Candy não vacilou. "Não para você, Senhorita Lina. Apenas o Sr. Hanz supervisionará suas sessões."

"Obrigada," Lina disse, sua voz gentil mas firme. "Estamos com um pouco de pressa, então, se você não se importar, vamos direto para lá."

"Claro. Por aqui."

Enquanto trocavam gentilezas, eu estava perdido em pensamentos, lembrando da última vez que estive aqui. Naquela época, o Sr. Hanz nem se deu ao trabalho de aparecer. Nem uma vez. Eu havia treinado com todo o meu coração, desesperado para impressionar, mas para ele, eu era apenas mais um rosto na multidão.

Isso não importava agora, no entanto. Eu não estava mais investido neste mundo. Tudo o que eu queria era passar os próximos meses e desaparecer — sumir em uma vida simples, longe do sufocante drama familiar daqui.

Distraído, esbarrei em Dylan, o sempre presente guarda-costas de Lina. Sua presença era tão silenciosa quanto imponente.

Eu tive que inclinar a cabeça para trás apenas para encontrar seus olhos, azuis gelados e penetrantes, um forte contraste contra sua tez pálida. A herança de Dylan era tão impressionante quanto sua aparência, uma mistura de australiano e japonês, com talvez algo mais no meio.

Ele não reagiu, não falou. Seu rosto permaneceu inexpressivo, uma máscara que ele usava bem. Eu tinha ouvido os rumores — como ele havia ficado órfão jovem, acolhido pelos Fay, e designado como guarda-costas pessoal de Lina desde a infância. Ele estava sempre lá, um sentinela silencioso ao lado dela.

Seus traços eram marcantes, maçãs do rosto altas, olhos grandes, linhas do maxilar proeminentes, rosto pequeno com lábios beijáveis para selar todo aquele presente — quase perfeito demais, o tipo de rosto que faria qualquer um mirar por um pouco de tempo a mais. Mas sua personalidade? Era como a de Cole — fria, distante e indiferente.

Não, obrigado. Eu já tive minha cota de tipos bonitos e inexpressivos, o tipo que faz você desmaiar num momento e se sentir invisível no próximo. Eu tive o suficiente para durar uma vida inteira.

Romance? Eu superei isso. Nesta vida, não valia a pena o problema.

Minha vida dos sonhos agora? Desaparecer em alguma pequena vila remota onde ninguém me conhece, cercado por um exército de gatos e cachorros, vivendo o tipo de existência tranquila e sem dramas que envolve mais sonecas e pelos de animais do que pessoas. Envelhecer com um exército peludo parece perfeito!

Sem uma palavra, Dylan se afastou, permitindo que passássemos enquanto entrávamos na espaçosa sala de ensaio. O ar dentro vibrava com a energia de incontáveis horas de dedicação, um espaço onde sonhos eram criados e aperfeiçoados. E, no entanto, tudo em que eu conseguia pensar era o quanto eu queria estar em qualquer outro lugar.

O Sr. Hanz, um homem careca, esbelto, com pele escura suave e um ar de flair, cumprimentou Lina no momento em que entramos na sala de ensaio. Sua empolgação estava em seu rosto, seu sorriso radiante iluminando sua expressão enquanto ele a beijava na bochecha.

"Lina Fay, que honra é esta!" ele exclamou, sua voz tão grandiosa quanto sua reputação.

Lina retribuiu o sorriso, embora com um toque de embaraço. "Desculpe pelo aviso repentino, Sr. Hanz. Você não precisava se apressar de Paris. A viagem deve ter sido cansativa."

Os olhos arregalados de Hanz ficaram ainda mais arregalados em descrença exagerada. "Bobagem! Pelo seu evento de dança? Eu não perderia por nada neste mundo!"

Mas o sorriso de Lina vacilou enquanto ela dava um pequeno passo para trás, gesticulando em minha direção. "Na verdade, não é para mim. É para o aniversário de dezoito anos de Eve. Você sabe que ela e meu irmão deveriam compartilhar a última dança na festa, certo?"

O sorriso forçado de Hanz mal chegou aos olhos enquanto ele me lançava um olhar rápido, sua atenção voltando rapidamente para Lina. "Ah, claro. Mas onde está o jovem Mestre Cole?"

"Ele não pôde vir," Lina disse, desviando o olhar. "Eu estava esperando que, se você não se importasse, talvez eu pudesse substituí-lo por enquanto?"

Os lábios de Hanz se franziram enquanto ele batia no queixo, ponderando. "Hmm, o porte e o estilo de dança de um homem são bastante diferentes, minha querida..." Seus olhos de repente se iluminaram ao pousarem em Dylan, parado estoicamente por perto. "Ah, já sei! Por que não deixá-lo praticar com você?"

O rosto de Lina ficou rosa delicadamente. "E-eu?"

Agora era dolorosamente óbvio — Lina gostava de Dylan. Seus olhares furtivos, o suavizar do sorriso e o rubor quase imperceptível sempre que seus olhares se encontravam — tudo entregava seus sentimentos. Por mais impecável que fosse, nem Lina conseguia esconder seus sentimentos.

Mas Dylan? Ele parecia tão indiferente como sempre, sua expressão ilegível enquanto estava ali, insensível ao charme dela.

Eu não pude deixar de me perguntar se ele sentia algo por ela. Como ele poderia não sentir? Lina era o pacote completo — beleza, graça, inteligência e poder.

No entanto, a ideia de um mero guarda-costas se apaixonando pela filha de uma família como os Fay não cairia bem com ninguém. Talvez fosse essa a razão pela qual ele estava se segurando?

Ou talvez ele realmente não estivesse interessado nela, afinal.