Capítulo 7 - Que você caia em tentação.

๑ ⋆˚₊⋆────ʚ Thalia ɞ────⋆˚₊⋆ ๑

Que você caia em tentação.

Ele realmente quer me ver cair de alguma forma, ele sabe muito bem que eu não tenho escolha a não ser aceitar as suas vontades diante dos outros. Seu plano é me envergonhar enquanto há pessoas nos assistindo, mas obviamente irei ficar calada e apenas aceitar.

- Seria uma honra tomar café com vossa majestade. - Respondo de uma forma calma e sublime.

- Perfeito, agradeço humildemente a generosidade da santa. - Ele responde com sarcasmo.

Eu preciso ter cuidado, não conheço ele bem então preciso ter todo o cuidado possível. Eu conhecia o Zeus antigo, mas não conheço o novo.

- Vamos santa? - Ele estende o seu braço.

Não respondo nada, apenas pego em seu braço com um semblante neutro mas... Dentro de mim ferver de raiva, eu o odeio e desejo ele longe de mim. Ao nosso redor, os empregados continuam com o semblante surpreso, porém, consigo escutar perfeitamente o que eles cochicham.

- Você viu que surpresa? O imperador simplesmente quis tomar café com a santa. - Uma das empregada cochicha.

- Também achei isso estranho, todas as manhãs ele toma café com a senhorita Annaelise. - A outra empregada rebate.

- Você acha que ele está fazendo o certo? - Um empregado cochicha para outro.

- Não me leve a mal, mas a santa não parece combinar com o imperador. Estou acostumado a ver a senhorita Annaelise ao lado dele, com certeza ela combina mais com o imperador. - O empregado responde de forma baixa.

Eu simplesmente odeio poder escutá-los, eles podem estar falando o mais baixo possível mas ainda irei conseguir escutá-los por causa de meus poderes. Posso escutá-los através da minha audição aperfeiçoada mais que o normal, isso é torturante para mim.

- Santa, o que acha disso? - Zeus interrompe os meus pensamentos.

- Do que está falando, Vossa majestade? - Tento fingir não saber.

- Sobre esses cochichos. O que acha deles? Sei que podem ouvir eles - Ele sorri de forma indiferente.

- Não é algo que eu me importe, estou aqui para ser a imperatriz de forma política não a sua imperatriz. - Respondo tentando esconder o aperto em meu coração.

- Por que acha isso? Poderíamos mudar esse seu pensamento.

- Eu prefiro que as coisas aconteçam dessa forma, não tenho ambições grandes e nem ao menos desejo ser maior do que já sou. Quero viver de forma simples e modéstia, se você quiser fique com quantas mulheres quiser, eu não pretendo ter interesse nas suas aventuras.

- Então você apoia o seu marido ser infiel? - Ele se aproxima do meu rosto.

- Não preciso da sua fidelidade, eu estou aqui apenas para usar a coroa.

- E se eu tirar a coroa de você para dar a uma das minhas amantes? Elas com certeza estariam loucas para ocupar o seu lugar.

- Então dê a elas. - Digo sem ao menos pensar duas vezes. - Não desejo viver presa, mas se me for ordenado eu farei conforme me foi dito.

- Às vezes você me deixa entediado, a sua falta de atitude me faz querer repensar neste noivado. - Ele diz de forma despreocupada.

- Então repense, e me deixe ser livre.

- Não, não acho que essa seja a opção certa. Pode não parecer agora, mas futuramente você com certeza vai me entreter. - Ele para de andar.

- Eu só preciso fazer você entender que vai ficar presa a mim o resto da sua vida, te farei se dedicar inteiramente a mim, viver por mim. - Ele coloca a sua mão em meu rosto.

- Eu terei que recusar o seu desejo. - Tiro a mão dele do meu rosto. - Eu, só estou aqui para ser a imperatriz, não preciso que tenha interesse em mim.

- Por que você não vai se prostituir com aquelas mulheres imorais que você faz atos carnais? Elas com certeza te darão o que você tanto quer.

- Mas é você que será a minha esposa, não as prostitutas com quem durmo. Você é a minha imperatriz, a mãe dos meus filhos. - Ele segura a minha mão.

- Tenha filhos com aquelas imundas, no meu corpo você não toca. - Solto a mão dele que estava no meu braço.

- Eu já toquei, e poderei tocar novamente se me der vontade. Você é a minha imperatriz e tem o dever de me dar herdeiros.

- Não me chame de sua imperatriz, isso me dá nojo. Eu prefiro ser exilada do que dormir com um homem que dorme com um monte de putas.

- Se você não sabe nem ao menos respeitar a "sua" mulher, nunca saberá governar o reino da forma certa.

As minhas palavras parecem ter acertado ele como uma flecha, seu semblante ficou furioso a ponto de ele me desferir um tapa forte. Pelo impacto acabou caindo no chão com força, eu imaginei que ele fosse louco mas não pensei que seria tanto a esse ponto.

- Vossa majestade! - O mordomo grita.

Ele o ignora e se ajoelha diante de mim me perfurando com o seu olhar ameaçador. Sua respiração é quente e ameaçadora, ela penetra no meu ouvido como uma coisa ruim.

- Você é minha, por bem ou por mal. - Ele sussurra de forma pesada e amedrontadora. - Estou sendo bonzinho com você, então aceite a minha bondade.

- Eu estou acima de você e sempre será assim, você consegue me entender?

Eu não respondo nada, apenas o olho com um olhar de desprezo e sem misericórdia enquanto meu rosto está vermelho por causa do tapa.

- Sabe, esse seu olhar tem algo que me atrai, mas não sei exatamente o que é. - Ele diz confuso enquanto segura o meu queixo.

- Confesso que me interessa de alguma forma, isso é impressionante. - Ele desce a sua mão até o meu peito.

- Me atrai muito. - Ele volta a se aproximar do meu ouvido com um sussurro.

- Bem, acho que é melhor tomarmos café agora. - Após falar de uma forma sarcástica, ele me tira do chão e me carrega em seus braços.

- V-Vossa majestade! - Grito desesperada.

- Levem um médico para o domo de cristal, aproveitem e levem o café da manhã até lá.

- Sim majestade! - Os empregados que estavam atrás de nós responderam com nervosismo.

- Me solte! - Tento fazê-lo me soltar enquanto bato em seu peito.

- Você queria entrar lá, então agora vai entrar comigo. - Ele responde enquanto sorria maliciosamente.

- Eu não quero entrar no lugar que você frequenta com a sua amante! - Digo em alto e bom som.

- Não perguntei em nenhum momento se você quer ou não, vai porque eu quero. - Ele diz de forma direita.

Ele continua me carregando com facilidade, ignorando minhas tentativas inúteis de me soltar. Minha raiva borbulha, mas ele parece se alimentar disso, como se o meu desespero fosse um jogo para ele vencer.

- Você é insuportável! - gritou, minha voz carregada de frustração.

- E você é teimosa. Talvez seja por isso que somos um par tão interessante. - Ele responde com um tom casual, como se estivesse discutindo o clima.

Chegamos ao domo de cristal, e a visão me tira o fôlego por um momento. É deslumbrante, com paredes inteiramente feitas de vidro que refletem a luz do sol da manhã, criando padrões dourados pelo chão. O ambiente deveria ser um refúgio de paz, mas, nas mãos dele, é apenas mais uma arena para o poder que exerce sobre mim.

Ele me coloca no chão com delicadeza inesperada, como se quisesse confundir meu ódio com a gentileza momentânea.

- Sente-se. - Ele ordena, apontando para uma cadeira próxima à mesa já preparada.

- Não estou machucada, não preciso de médico. E certamente não preciso de café da manhã com você. - Meu tom é firme, mas meu coração está acelerado.

Ele se aproxima, inclina-se até ficarmos no mesmo nível, e seus olhos encontraram os meus.

- Você vai sentar. Vai comer. E vai ouvir. - Sua voz é baixa, mas carrega uma autoridade que faz meu corpo inteiro se tencionar.

Engulo em seco, mas não recuso.

- Ouvir o quê? Mais uma palestra sobre como devo me submeter às suas vontades? Mais ameaças vazias para me lembrar do quanto você acredita que me controla?

Ele sorri, mas o gesto não tem alegria. É frio, calculado.

- Não são ameaças vazias, minha imperatriz. São promessas. - Ele se endireita e se afasta, ocupando o lugar oposto na mesa. - Você está acostumada a resistir, mas isso vai mudar. Com o tempo, você vai entender que não há fuga.

Os criados entram em silêncio, trazendo bandejas com o café da manhã e deixando-as sobre a mesa. Eles evitam nossos olhares, claramente desconfortáveis com a tensão no ar.

Sento-me, mas não por obediência - faço isso porque sei que ficar de pé só prolongará esse jogo de poder.

- Eu nunca vou entender você. - Minha voz sai baixa, mas carregada de desprezo. - Você quer tanto me quebrar, mas por quê? O que ganha com isso?

Ele me encara por um momento, e, pela primeira vez, vejo algo diferente em seus olhos. Algo quase humano.

- Porque você é a única pessoa neste reino que ousa me desafiar. - Ele pega uma taça de cristal e a gira entre os dedos, sem beber. - E eu não sei se quero destruir isso... ou possuir.

Suas palavras me atingem como um golpe. A confissão, embora velada, é uma verdade que eu não esperava.

- Você nunca vai me possuir. - Respondo, minha voz firme, mas meu coração pesado.

- Não subestime minha paciência, Santa. - Ele se inclina sobre a mesa, aproximando-se perigosamente. - Você pode até tentar resistir, mas no fim... tudo neste reino pertence a mim. Inclusive você.

Meus punhos se fecham sobre o colo. O ar parece pesar dentro do domo, como se a luz não pudesse penetrar a escuridão entre nós.

- Você nunca terá o que deseja de mim. - Declaro, segurando seu olhar, mesmo que minhas palavras sejam um desafio arriscado.

Ele apenas sorri, com a calma de alguém que acredita ter todo o tempo do mundo.

- Veremos.

- Você me lembra uma mulher que eu conheci a muito tempo atrás. Vocês são parecidas em questão de personalidade, até mesmo de aparência. - Ele comenta enquanto pega uma xícara de chá para beber.

- De quem você está falando? - Pergunto curiosa.

Será que ele pode estar falando da mulher que foi a minha mãe? Se não me engano, ela já foi noiva dele.

- Essa mulher nunca chegou a ser minha noiva, mas chegou perto de ser. Uma pena que ela era alguém difícil de se controlar, ela apenas seguia o que achava certo e adorava bater de frente comigo.

- Porém, ela não me pertencia.

- Não te pertencia?

- Sim, ela era noiva de outro homem. Uma vez tentei tomar ela pra mim, mas ele preferiu ser sentenciado a morte do que viver ao meu lado.

- Então eu fiz a vontade dela e a matei.

- Você a matou? - Digo surpresa e um pouco em choque.

- Mas essa história não te interessa, só saiba que se você tentar se nivelar perto de mim eu irei te matar, assim como fiz com ela. - Ele murmura com um semblante assustador.

- Você não é especial por ser a minha noiva, se eu quiser, posso te matar a qualquer hora. - Ele sorriu de forma maliciosa.

- Eu não me importo, com tanto que eu morra seguindo as minhas vontade.

- Apenas diz isso pra se consolar. Você é uma mulher fraca, sua função é apenas estar do meu lado.

- E se você quiser passar do limite, mandarei cortar a sua cabeça em praça pública. Eu não tenho medo de matar mais uma santa.

Mais uma santa? Isso me lembra... Ele já falou isso uma vez.

- Mais uma santa? O que quiser com isso? - Levanto da mesa com um semblante sério.

Ele não me responde, apenas toma a sua xícara silenciosamente enquanto me olha com um olhar indiferente.

- Tome o seu café e vá fazer as suas obrigações. - Ele diz de forma calma.

- Eu te fiz uma pergunta. - Digo de forma arrogante, minha pergunta parece ter deixado ele enfurecido novamente.

- Faça o que eu mandei e fique calada.

- Mas eu- - Ele me interrompe gravando uma faca na mesa.

- Você é surda? - Ele se aproxima do meu rosto enquanto segura a faca que está gravada na mesa. - Cale a boca e engula esse pão, ou você prefere que eu te faça engolir outra coisa?

Fico assustada com a sua atitude violenta e grosseira, não é uma boa hora tentar fingir ser durona, há horas que devemos pensar com a cabeça. Eu apenas me sento, mas continuo com o meu olhar de desprezo direcionando a ele.

- Vossa majestade... - Um empregado aparece de repente.

O empregado parece estar relatando algo importante, nem ao menos consegue ouvir o que ele está falando.

- Irei me retirar. - Ele diz de forma direta e seca. - Tome o seu café e volte às suas obrigações.

Eu não respondo nada, apenas finjo que não ouvi. Vendo a minha insensatez, ele apenas se vira e sai junto com o empregado. O ar finalmente volta para mim novamente.

๑ ⋆˚₊⋆────ʚ Continua ɞ────⋆˚₊⋆