Capítulo 6: Entre O Amor E O Dever
Helena se obrigou a obedecer às ordens de seu pai para manter Isolde a salva, fazendo exatamente tudo o que ele a ordenava. Com as mãos sujas de sangue, ela eliminou aqueles que Ragnar considerava traidores. Seus olhos, antes cheios de fúria e determinação, agora estavam vazios, consumidos pela culpa. Cada execução pesava sobre sua alma, mas ela sabia que não havia escolha. Se quisesse manter Isolde viva, precisava continuar.
Passou-se uma semana de tormento. Helena vagava pelo castelo como uma sombra, escondendo seus sentimentos por trás de uma máscara fria e inabalável. Mas era impossível ocultar completamente a dor. Os servos evitavam seu olhar, temendo a escuridão que parecia envolvê-la. Durante as noites, trancada em seu quarto, ela chorava silenciosamente, odiando-se por cada vida que tirara.
A cada amanhecer, precisava encarar seu pai e fingir que nada dentro dela havia mudado. Mas a verdade era que tudo estava desmoronando.
Enquanto isso, Eduardo a procurava. Ao saber das palavras que Helena proferiu em frente ao povo, correu para Harvel. Ao chegar aos portões do castelo, foi impedido pelos guardas.
— Não podem me impedir de vê-la! — bradou Eduardo, a fúria em sua voz.
Dentro do castelo, Helena ouviu sua voz e correu até os portões, lutando contra os guardas que tentavam detê-la.
— Deixem-me ver Eduardo! — berrou de longe, sua voz carregada de desespero.
Eduardo percebeu que algo estava errado. A maneira como Helena lutava para alcançá-lo, como sua voz tremia. Ela estava sendo mantida prisioneira.
Ragnar, observando tudo de longe, caminhou até a filha mais tarde, encontrando-a sentada em um banco, o semblante bravo.
— Eu permitirei que você veja Eduardo — disse Ragnar, sua voz baixa e calculista. — Mas apenas para terminar com ele. Ele está atrapalhando sua trajetória. Você pertence a Harvel, Helena. Está na hora de aceitar isso.
Helena ergueu o olhar para o pai, o ódio queimando em seus olhos. Sabia que Ragnar não lhe daria escolha. Se quisesse ver Eduardo, precisaria feri-lo da pior forma possível.
Helena sentiu o peso das palavras do rei, um calafrio percorrendo sua espinha. Ela sabia que, ao se recusar, Eduardo, o príncipe que ela começava a amar, e as pessoas que tanto significavam para ela estariam em risco. Ragnar sempre soubera onde ferir mais fundo.
"Você não pode fazer isso", ela respondeu com a voz firme, tentando esconder o medo que ameaçava dominar seu corpo. "Eu não vou cumprir suas ordens." Falou Helena.
Ragnar sorriu de maneira sádica, seus olhos frios como gelo. "Acha que tem escolha, Helena? Não subestime o que posso fazer. Se você se recusar, não só Isolde, mas Eduardo e todas as pessoas que você ama, sofrerão as consequências. Você realmente quer ver isso acontecer?"
O silêncio que se seguiu foi esmagador. Helena sentiu o peso da ameaça, o dilema se tornando cada vez mais insuportável. Ela amava Eduardo, amava as pessoas ao seu redor, e a simples ideia de colocá-los em perigo fazia seu coração se apertar. Ela não sabia até onde Ragnar iria, mas tinha certeza de que ele era capaz de tudo.
O olhar de Helena se estreitou, e ela respirou fundo, tentando reunir a coragem necessária. A pressão sobre seus ombros era quase insuportável, e sua mente girava, tentando encontrar uma saída. Ela sabia que o rei Ragnar era implacável, e qualquer hesitação poderia significar a perda de tudo o que ela mais amava.
"Não me obrigue a fazer isso", Ragnar continuou, o tom ameaçador mais frio que nunca. "Você sabe o que estou disposto a sacrificar."
Helena olhou para ele, o ódio queimando dentro dela. Ela jamais permitiria que alguém controlasse sua vida dessa forma, mas sabia que a escolha era cruel. Sua mão se fechou em um punho, e a raiva se misturou ao desespero. Ela não queria ceder, mas... Eduardo. Ele não merecia ser puxado para o meio disso.
Com a voz mais calma do que sentia, Helena finalmente disse: "Diga o que quer, Ragnar. Eu farei o que for necessário."
O sorriso do rei se alargou, mas não havia satisfação em seus olhos. Era a vitória de um homem que sabia que tinha o poder, que havia conseguido dobrar a princesa que ele considerava uma ameaça. "Muito bem", disse ele, com uma frieza perturbadora. "Obedeça às minhas ordens, ou você verá o preço das suas escolhas."
Helena sentiu um nó apertar em seu estômago. Ela estava entrando em um jogo perigoso, e não sabia se seria capaz de sair dele sem perder o que mais importava.
Helena se aproximou de Eduardo, seu coração apertado, mas com a decisão clara em sua mente. Ela sabia o que precisava fazer, e não havia mais volta. O rei Ragnar a observava, e o guarda estava ali, próximo, atento a cada palavra trocada entre eles. Helena não podia ser franca com Eduardo na frente dele, então ela apenas fez o que seu pai queria, sem explicar os verdadeiros motivos.
"Eduardo," começou Helena, sua voz tremendo, mas firme. "Eu… não posso mais ficar com você. As coisas mudaram, e eu… eu não sinto mais o mesmo."
Eduardo a olhou, surpreso, sem acreditar no que estava ouvindo. "Helena, não pode ser… O que você está dizendo?"
Ela desviou o olhar, tentando não ceder à dor que a consumia. "Eu… eu simplesmente não sinto mais nada. As coisas mudaram para mim. Você não entende, mas isso é o que é melhor para mim. É o que eu preciso."
A dor no rosto de Eduardo era visível, mas Helena não podia ceder. Não podia deixar que ele soubesse a verdade. Não podia revelar os motivos que a forçaram a tomar essa decisão. O guarda, ali perto, observava atentamente, e ela precisava agir rápido.
No momento em que o guarda olhou para o outro lado, distraído por um breve segundo, Helena aproveitou para deslizar a carta para as mãos de Eduardo, sem que ele percebesse. Ela fez isso de forma sutil, mas com a urgência de quem sabe que o tempo está contra ela. "Leia isso quando voltar para o seu palácio", disse ela, sua voz suave e quebrada.
Ela então se afastou rapidamente, sem olhar para trás, seu coração partido, mas com a certeza de que não havia outra opção. O guarda, ainda distraído, não percebeu a troca.
Eduardo, com o coração em pedaços, ficou ali, parado, assistindo a mulher que ele amava se afastar. Ele não entendia o que estava acontecendo, mas, sem saber, estava prestes a descobrir a verdade.
Assim que ele voltou para o palácio de Yuna, ele foi direto para seus aposentos, onde finalmente abriu a carta que Helena lhe entregara. As palavras eram claras e dolorosas, revelando o que ela não pôde dizer a ele:
"Eduardo,
Se você está lendo isso, significa que o que eu disse não foi apenas uma despedida, mas uma verdade que você não queria ouvir. Eu não posso mais ficar com você, porque eu não sinto mais o mesmo. O rei Ragnar tem feito com que minha vida se torne um campo de batalha, e eu não posso mais lutar contra isso.
A situação no palácio está desmoronando, e meu coração está tão partido quanto o seu. Eu sei que você não entende agora, mas o que aconteceu foi muito mais profundo do que você imagina. Não podemos mais confiar em ninguém, além de nós mesmos. E, por mais que me doa, não posso mais estar com você.
Sinto muito, Eduardo, mas isso é o que eu preciso fazer.
Com amor,
Helena"
Ao terminar de ler, Eduardo ficou paralisado. As palavras de Helena cortaram mais fundo do que ele imaginava. Ele não sabia se acreditava no que ela dissera ou se algo mais estava por trás disso tudo. Mas o que ficou claro para ele foi que Helena estava em perigo, e que ele precisava descobrir a verdade, não importa o custo.