Verdades ocultas

A lua ainda pairava sobre Lunaris quando Cedrik atravessou os portões do castelo. Suas botas estavam cobertas de poeira, e o cansaço da viagem pesava sobre seus ombros, mas ele não hesitou em seguir diretamente para a sala do trono, onde Eleonor o aguardava.

A rainha estava de pé, próxima à lareira, o olhar perdido nas chamas, como se sua mente vagasse entre estratégias e preocupações. Ao vê-lo entrar, ela se virou rapidamente, a expectativa visível em seus olhos.

— O que conseguiu? — sua voz carregava urgência.

Cedrik fez uma breve reverência antes de responder:

— O rei Locthar concordou em ajudar, mas sua prioridade continua sendo a segurança de Sythara. Ele não enviará seu exército inteiro para a guerra, mas garantiu reforços estratégicos e suprimentos para manter Lunaris forte.

Eleonor suspirou, aliviada, mas sua expressão logo se fechou em preocupação.

— Isso será suficiente?

Cedrik hesitou antes de responder.

— É um começo. Não podemos confiar apenas nisso, mas já é mais do que tínhamos antes.

Eleonor assentiu lentamente, sua mente já formulando os próximos passos.

Enquanto Lunaris se preparava para a incerteza do futuro, em Thalgal, uma conversa diferente se desenrolava.

Dentro de uma tenda iluminada apenas pela luz trêmula das tochas, Nyx encarava Darius, os braços cruzados, uma expressão pensativa no rosto.

— Algo não me sai da cabeça, Darius — sua voz cortou o silêncio.

Ele ergueu uma sobrancelha, aguardando.

— O ataque à carruagem naquela noite… todos os alvos principais foram eliminados ou capturados. Mas o bebê… o príncipe… nunca encontramos o corpo.

Darius inclinou-se para frente, estreitando os olhos.

— Está dizendo que ele pode estar vivo?

Nyx respirou fundo, como se tentasse organizar os próprios pensamentos.

— Estou dizendo que nunca tivemos certeza. No caos daquela noite, ninguém confirmou a morte da criança. E se ele sobreviveu? E se ele estiver em algum lugar, crescendo, sem saber quem é?

O silêncio entre os dois se prolongou, pesado. Darius quebrou a tensão com um sorriso frio.

— Se for esse o caso, precisamos descobrir antes que ele descubra por si mesmo.

Nyx assentiu, e ali, naquele momento, uma nova caçada começava.

Ela trocou um olhar rápido com Darius antes de virar-se para a entrada da tenda.

— Se nunca tivemos certeza da morte do príncipe, está na hora de descobrir a verdade. Precisamos falar com os homens que estavam lá naquela noite.

Darius arqueou uma sobrancelha, mas um sorriso de interesse surgiu em seus lábios.

— Acha que alguém pode ter visto algo e não relatou?

Nyx cruzou os braços, pensativa.

— O ataque foi caótico. No meio do sangue e do fogo, é possível que tenham deixado passar alguma coisa. Ou alguém.

Darius soltou um suspiro lento, seus olhos brilhando sob a luz fraca das tochas.

— Então vamos ver se algum dos nossos soldados tem uma memória falha… ou uma consciência pesada.

Pouco tempo depois, um pequeno grupo de soldados foi reunido dentro da tenda. O fogo das tochas projetava sombras trêmulas nas paredes de lona, dançando ao ritmo do vento gelado que soprava lá fora.

Darius cruzava a tenda com passos lentos, os olhos afiados passando de um homem para outro…

A tenda estava silenciosa, mas a tensão no ar era palpável. O fogo das tochas projetava sombras trêmulas nas paredes de lona, dançando ao ritmo do vento gelado que soprava lá fora.

Darius cruzava a tenda com passos lentos, os olhos afiados passando de um soldado para outro. À sua frente, um pequeno grupo dos homens que participaram do ataque à carruagem esperava em silêncio, cientes de que cada palavra dita ali poderia selar seus destinos.

— O príncipe de Lunaris — a voz de Darius cortou o silêncio. — Algum de vocês o viu naquela noite?

Ronan sentiu um frio subir pela espinha. Seu coração acelerou, mas por fora manteve a expressão impassível. Mantinha as mãos fechadas ao lado do corpo, evitando qualquer movimento brusco.

Os soldados trocaram olhares rápidos entre si antes de negarem com a cabeça.

— Não, senhor. Não havia bebê algum — um deles respondeu.

Darius estreitou os olhos, analisando cada um com atenção. Nyx, que estava ao lado dele, permaneceu em silêncio, mas Ronan sentiu seu olhar penetrante o avaliando.

— Vocês tinham ordens para eliminar todos — Darius continuou, sua voz carregada de desconfiança. — Se o príncipe estivesse lá, vocês teriam seguido essa ordem, não teriam?

— Sim, senhor — responderam em uníssono.

Ronan sentiu um gosto amargo na boca. Ele sabia que mentir para Darius era perigoso, mas a verdade… a verdade significaria sua morte.

— Vocês revistaram bem a carruagem? — Nyx perguntou, sua voz fria e calculista.

— Sim — outro soldado respondeu de imediato. — Não encontramos nada além dos corpos da rainha e dos guardas.

Ronan assentiu junto aos outros, mas evitou olhar diretamente para Nyx ou Darius.

— Hm… interessante — Darius murmurou, cruzando os braços. Ele se virou lentamente para Ronan, seus olhos como lâminas afiadas. — E você, Ronan? Viu alguma coisa naquela noite?

Ronan manteve sua postura rígida, engolindo em seco antes de responder:

— Não, senhor. Apenas os corpos, como os outros disseram.

Ele percebeu que Nyx o observava atentamente. Seu olhar era inquisitivo, como se estivesse esperando qualquer sinal de hesitação.

O silêncio que se seguiu pareceu durar uma eternidade.

Por fim, Darius exalou lentamente pelo nariz e deu um passo para trás.

— Muito bem — disse, embora seu tom sugerisse que ainda não estava convencido.

Ronan segurou o ar por um momento antes de soltá-lo discretamente. Ele escapara… por enquanto.

Mas no fundo, ele sabia que aquela dúvida não desapareceria tão fácil.

E se Nyx ou Darius resolvessem continuar investigando?

E se um dia descobrissem a verdade?

Se isso acontecesse, ele estaria morto antes mesmo de ter chance de se explicar.