As semanas se passaram, e Thalgal mergulhou em uma busca incansável pelo príncipe desaparecido. Soldados foram enviados a vilarejos próximos ao local do ataque, interrogando moradores, revirando cada canto em busca de qualquer pista. Mas não havia nada. Nenhum rastro. Nenhum testemunho que confirmasse a existência da criança.
Darius começava a se impacientar. Cada dia sem respostas apenas reforçava sua suspeita de que alguém dentro de seu próprio exército poderia estar escondendo a verdade. Nyx, por sua vez, permanecia fria e calculista. Ela sabia que um príncipe perdido significava um problema para o futuro, mas não pretendia desperdiçar mais recursos sem provas concretas.
Enquanto isso, Lunaris permanecia em um tenso estado de espera. O rei Dorian continuava prisioneiro, sem ceder nenhuma informação sobre a pedra de Rubi. Eleonor mantinha as defesas do reino reforçadas, mas Thalgal não havia feito nenhum novo movimento. Era como se estivessem esperando algo—ou alguém.
E em meio a toda essa incerteza, em Sythara, um novo capítulo da história se iniciava.
Na madrugada silenciosa, os corredores do castelo estavam iluminados por tochas trêmulas, enquanto a rainha Selene dava à luz. Locthar permanecia do lado de fora dos aposentos, tenso, ouvindo os sons abafados do trabalho de parto. Cada grito de Selene fazia seu peito apertar, mas ele sabia que não podia interferir.
Então, após horas de expectativa, o choro de um bebê ecoou pelos salões.
Quando finalmente pôde entrar, Locthar encontrou Selene exausta, mas com um sorriso fraco nos lábios. Nos braços dela, envolta em panos delicados, estava sua filha.
— Alina — sussurrou Selene, olhando para o bebê com ternura.
Locthar se aproximou e tocou a pequena mão da filha, sentindo uma onda de emoção percorrer seu corpo. Em um mundo devastado por guerra e incerteza, ali, diante dele, estava o futuro de Sythara.
E enquanto um príncipe perdido continuava sendo procurado sem sucesso, uma princesa recém-nascida dava seu primeiro suspiro de vida.
Já em Thalgal a noite era fria, e o vento cortante sacudia as bandeiras presas às torres do forte. Dentro do salão de guerra, tochas tremulavam nas paredes de pedra, lançando sombras sobre o mapa estendido na mesa central.
Darius estava de pé, os olhos fixos nos territórios marcados em Lunaris, os dedos tamborilando impacientemente sobre a superfície áspera do pergaminho. Nyx, ao seu lado, mantinha-se de braços cruzados, analisando sua expressão com atenção.
— Já esperamos tempo demais — Darius rompeu o silêncio, virando-se para encará-la. — Lunaris ainda está enfraquecido. Eles perderam seu rei, estão divididos e vulneráveis. Este é o momento perfeito para avançarmos.
Nyx inclinou levemente a cabeça, seu olhar afiado.
— Você quer atacar sem garantias? — sua voz era calma, mas carregava um tom de desafio. — Ainda não temos a pedra de Rubi, e não sabemos se o príncipe está vivo ou morto.
Darius soltou um suspiro impaciente.
— A pedra pode estar em qualquer lugar, e se ficarmos esperando, Lunaris vai se reorganizar. Eles já garantiram apoio de Sythara, mesmo que limitado. Se não agirmos agora, corremos o risco de perder nossa vantagem.
Nyx estreitou os olhos, ponderando.
— Você subestima Eleonor — ela disse, cruzando os braços. — Ela pode não ser uma guerreira como Dorian, mas sabe jogar esse jogo. Um ataque precipitado pode acabar nos custando mais do que imaginamos.
Darius deu um passo à frente, apoiando as mãos na mesa.
— E se for o contrário? E se esperar demais nos custar a vitória?
Nyx ficou em silêncio por um instante. Ela entendia o ponto de Darius, mas não gostava da ideia de se mover sem informações concretas. Ainda assim, a hesitação não combinava com ela.
— Então sugira algo prático — ela disse, finalmente. — Não podemos simplesmente marchar para Lunaris sem um plano sólido.
Darius sorriu, um brilho perigoso nos olhos.
— Não precisamos atacar de imediato. Mas podemos provocar. Enviar grupos menores para testar as defesas, sabotar suprimentos, espalhar o caos entre o povo. Se Lunaris se enfraquecer ainda mais internamente, será uma presa fácil quando estivermos prontos.
Nyx ponderou por um momento antes de assentir lentamente.
— Isso… pode funcionar. Mas devemos ser estratégicos. Um erro, e daremos a Eleonor um motivo para fortalecer ainda mais suas alianças.
Darius sorriu de lado, satisfeito por vê-la considerando sua proposta.
— Então começamos os preparativos — ele declarou.
Nyx olhou uma última vez para o mapa de Lunaris e soltou um suspiro.
— Que assim seja.
E assim, enquanto Lunaris tentava se reerguer, Thalgal preparava sua próxima jogada—uma que poderia definir o rumo da guerra.