Ecos na Floresta

Enquanto o rei Dorian reacendia a esperança em meio à escuridão das florestas de Thalgal, do outro lado da fortaleza, o caos tomava uma nova forma.

A fuga não passou despercebida por muito tempo.

Na manhã seguinte ao ataque, um dos generais de Thalgal adentrou os corredores silenciosos da prisão. Esperava encontrar o prisioneiro enfraquecido, talvez morto após o tumulto da noite anterior. Mas encontrou apenas correntes soltas no chão frio e a porta entreaberta, manchada de sangue.

— Ele escapou — sussurrou, incrédulo, antes de lançar um olhar furioso aos guardas caídos.

A notícia se espalhou como fogo entre as muralhas. A comandante Nyx, ao saber da fuga, não escondeu a fúria que crescia em seu peito. Alguém pagaria por aquilo. Alguém precisava pagar.

— Vasculhem cada centímetro dessa floresta! — rugiu ela, derrubando mapas e documentos da mesa em sua tenda. — Ele não pode ter ido longe.

Darius, silencioso no canto da sala, observava. Seus olhos, normalmente impassíveis, carregavam agora algo diferente. Não era medo, nem raiva. Era desconfiança. Porque ele sabia que aquela fuga não havia sido obra apenas do acaso.

Alguém havia ajudado o rei.

E se Dorian realmente tivesse sobrevivido... a guerra ainda não havia terminado.

A floresta que circundava Thalgal era densa, com árvores altas que tocavam o céu e raízes grossas que se entrelaçavam como serpentes sob o solo. Nenhum fugitivo conseguia atravessá-la com facilidade — ainda mais alguém ferido, exausto e sozinho.

Ou ao menos era isso que os soldados acreditavam.

— Dividam-se em grupos de três — ordenou Nyx, já montada em seu cavalo negro, os olhos varrendo o horizonte com frieza. — Verifiquem trilhas, cavernas, qualquer abrigo improvisado. Se ele estiver vivo, estará escondido. E se alguém o estiver ajudando, saberemos.

Os estalos dos cascos sobre a terra úmida ecoaram pela manhã nublada. Pássaros fugiram com o barulho, e a tensão crescia a cada metro adentrado na mata. Os homens sabiam o que significava falhar com Nyx. E sabiam que se o rei chegasse a Lunaris com vida, o curso da guerra poderia mudar.

Um dos grupos encontrou vestígios nas margens de um riacho — galhos quebrados, pegadas desordenadas, manchas secas de sangue. Era recente. Um dos soldados se abaixou e tocou o solo.

— Ele passou por aqui — disse em voz baixa. — E não faz muito tempo.

Nyx não estava longe. Quando foi informada, desceu do cavalo sem dizer palavra. Seus olhos seguiram a trilha até um ponto onde as pegadas sumiam, levadas pela correnteza do rio.

Ela estreitou o olhar.

— Ele está ferido, cansado... e ainda assim escapou debaixo do nosso nariz.

Sua voz saiu carregada de veneno.

— Tragam-me a cabeça dele. Ou tragam quem o ajudou. Porque se o rei Dorian conseguiu fugir... alguém traiu Thalgal.

Ela olhou para Darius, que a acompanhava em silêncio. Mas ele apenas assentiu, escondendo bem as sombras em seus pensamentos.

O jogo estava apenas começando.