Recentemente, uma grande turbulência tomou conta da minha vida. Tudo começou com a perda do meu kit acadêmico, que anteriormente custava em torno de três mil reais. Além disso, perdi meu emprego na APEV e, para piorar ainda mais, tirei zero em duas disciplinas diferentes. Como se não bastasse, meu relacionamento chegou ao fim — a única que me fazia sair de casa, além da companhia da minha mãe e de uma amiga próxima.
Lembro-me de ter chegado em casa completamente frustrado e triste. Tudo o que eu mais queria naquele momento era deitar e chorar. E foi o que fiz. Durante o choro, reclamei, questionei, me perguntei por que passava por tantas provações, sendo que sempre me esforcei para ser uma boa pessoa. Chorei tanto que acabei adormecendo.
Quando acordei, por curiosidade, abri o Tinder e me deparei com quatro novos matches. Fiquei surpreso. No mesmo dia, fui chamado para uma entrevista de emprego e, de forma inesperada, consegui adquirir um kit acadêmico mais acessível.
Foi aí que, sob o título de “VAZIO”, comecei a fazer terapia. Todas as terças-feiras, converso com a psicóloga sobre minha rotina. Moro sozinho, não tenho amigos próximos, e o curioso é que sinto estar me perdendo em uma rotina tediosa, desprovida de qualquer emoção. A vida parece seguir uma sinfonia triste e pouco compensadora, reflexo de tantos problemas e situações que não conseguimos controlar, muito menos prever.